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Full text of "Quadro elementar das relações politicas e diplomaticas de Portugal com as diversas potencias do mundo, desde o principio da monarchia portugueza até aos nossos dias;"

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QUADRO ELEMENTAR 

VIS 

RELAÇÕES POLITICAS E DIPLOMÁTICAS 

DE PORTUGAL 

f.OM AS DIVERSAS POTE^C[AS DO MUMíO 



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A 



OlADRO ELEMENTAR 

DAS 

RELAÇÕES POLITICAS 

E DIPLOMÁTICAS DE PORTUGAL 

COM AS DIVERSAS POTENCIAS DO MUNDO 
DBSDS O FBIACinO 

DA 

MONARCniA PORTUGITEZA 

ATK AOS NOSSOS DIAS ; 
ORDENADO E COMPOSTO! ]:'^ 

PELO ^ 

VISCONDE DE^SAlVTAItEM 

Das A[^ajli?mÍ3í R^-aes itas Scíenda.-^ úa Liãlioa^ B(^lin, Modrídf Napoloa, 
Turim» Mu]jich, UnixelLaâ, e do la^liluio de Frott^^ ele. 

TOMO SEXTO 

lUPieSfiO POB OBDCM DO <;OVEBNO POariTCUEZ 
fiBGUNDA EDtCXo 




LISBOA 

NA TlpOtíBArniA DA ACADEHU HEAL PAS SCIENCJAS 

1864 



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INTRODUCÇÃO. 



No volume precedenie produzimos os numero* 

soâ documenlos inéditos da? relações de Portugal 
tom a França duranle o longo reinado d'ElRei D, 
Mo V. A pessoa desle Sobernno, as qualidades de 
seus Slinislros, a energia da suo polilica exterior, 
e além disso um sem numero de fados curiosissi" 
mos da nossa hisloria inlerna derào ao mesmo vo- 
lumft líi] impnriímcia, r]ije pela primeiríj \gz se pô- 
de avaliar ptlas relações confidencioes e sccrelas 
dos Agentes Estrangeiros o reinado desle Sobera- 
no, mesmo indepeadenlemente da publicação das 
outras partes dcsla obra que respeilão ás nossas 
relações com as demais dolências. 

Assim que aquellas relações imparciaes de allos 
Empregados que lialiílo lodos os meios de obler as 
melhores informações, que erSo testemunhas ocu- 
lares dos faclos, vicríio pôr cm sua verdadeira luz 
03 aconlecimenlos daquella época, e desmentir os. 



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QUADRO ELEMENTAR 

Dia 

kelaçOes politicas e diplomáticas 

DE PORTUGAL 
f.OM AS DI\ERSAS POTENCIAS DO MIINLIO 



destas irslrucções chegou o Embaixador a Lisboa 
no mez de Janeiro do anno seguínle Je 17^3, e 
lu\e a siia Audiência d^EIRci no dia 17 daqucllc 
mez. Era este Diplomala já mui coiiliecido do nosso 
celebre Míiiislro Carvalho por se lerem frequentado 
irniilo em Munich. Informou esle logo a sua Côrle 
que a rcspeilo do Tralado de commercio, (|uo era 
um dos objectos da sira missão, nada se podia fa- 
zer em quanto estivesse em ligor a pragmalica (i), 
e lambem porque os Inglezcs fariào a isso opposi- 
çào. 

O Governo Francez, em consequência destas in- 
formações do Embaixador, lhe ordenou que posesse 
de parle esta negociarão. 

Em Novembro deste nnno se íei ura Assento so- 
bre as Salvas em consequência dií occorrencia que 
houve no Tejo com uma Fragata Ilollandeza, e como 
fosso prohibido salvar no porto de Lisboa desde a 
Torre de Bclem para cima, M- de Cherac nào pôde 
exigir a Salva, mas lendo escripto ao Commandante 
significando-lbe o que elle devia ao pavilhão d"EI- 
Rei de Francíi, recebeo em rcsposla quo, no caso 
que nào existisse a ordem d^ElIlei de Portugal para 
se não salvar, elle Commandanie dn Fragata nao 
deixaria dedar-ltieaSalva na conformidade das sjas 
insirucçOes- O Embaixador de França tcndo-sc cii- 
l3o dirigido ao nosso Governo sobre esto objecto, 
respondeo-lhe o Ministro Carvalho com muila po- 



(t) Videp. 31, 33. 



— XI — 

lidez fjue nfio havia mt^o de dercgjir os regulamen- 
tos geraes sobre este assumpto (1). 

Neste mesmo anno soticilou o Embíiixndor do. 
nosso Governo a faculúaiie jmra vários Aslronn- 
mos Francezes, Memí)ros da Academia dns Scien- 
cias, mandados por Luiz XV, poderem desempe- 
nhar a Commissào scienlifica dis (juc os havia en- 
carregado, de observar em Lisboa um eclipse lo- 
tai, G verificar as longitudes dos Açores e da Ma- 
deira. 

Recebeo EIHei D. José a estes Sábios em audiên- 
cia especial, e lhes deu uma festa. Os Astrónomos, 
penhorados por este acolhimento, entregarão a Eí- 
Rei uma Memoria sobre as ditas obser^açues, a qual 
S. M. acolheo com grande aíTabilidade (t). 

Apezar disto, e sem embargo do bom tratamento 
que o Embaixador do Francfi recebia em a nossa 
CArle, o da boa intclligencia em quo eslava com 
o principal Míaistro, principiou logo a ínforiDar a 
suaCòrlGCom alguma acrimonía, queEIReí D. José 
e os seus Ministros suslentavão sem quebra alguma 
a dignidade <la Coroa Portugueza, nao cedendo neste 
ponto ás Potencias de primeira ordem; e como isto 
ia de encontro com as pretenções tielle Embaixa- 
dor, tratou do indispor a Corte de Versalhes cem 
a nossa, excitando-a a que aos nào cedesse em cousa 
alguma, pois havia ella no entender do Embaixa- 



(1) Yiãt OBcio do SmbaiKador àt 6 de Nov." de i753. 

(2) Fiííí p. 37 e 39. 



— XÍI — 

ííor, cstragaílo o nosso Goveruo com mimos e fine- 
zas (1). 

Em H il'Ãgoslo deslc anno de ilSí faleceu a 
Rainha Mdi tl^EIRci D. Josí. Esta Princeza, refere 

o EEiibaixador» deí\ou todas as suas jotas a ElRei 
seu filho, e lhe entregou um papel em que recom- 
mendou a conclusão do casamento da Frínceza do 
Brazil com o Infante D- Pedro (2). 

Em Janeiro do aeguinte anno de 17o5, reeebeo 
o Embaixador no cabo de oito mezes o Prolocolo 
do eoromonial para a sua onlrada publica. Mas só 
foi pois hospedado oa fornia do estilo em 8 de Junho 
e fez suai pi uosa mente a sua entrada publica (3). 
Na sua audiência dJrigio um longo discurso a El- 
Rei D. José, de qucremeltco copia ásua Côrle (i). 
A demora do arranjo deste Prolocolo e o pouco com- 
miinicalivo que era o Ministro dos Negócios Eslran- 
geiros Carvalho, derào moliTo ao Embaixador de eq 
queixar á sua Ciírlc. Mas o Govcr^no Franoez nào 
se prestou íiijeiramenle ás queixas do seu Embai- 
xador, antes lhe recommendou que se conduzisse 
com circumspecçào e tento coai a nossa Corte. 



(1) Vide OíTicio dcsíc Emhnísíidor dp % d^Agostu, p. M. 
o nota 7'á de p. 4S e 47, nata 77. Ihid. OEIícíq de 30 de Olaio 
de 1755, p. jÍ. 

(2) Vidf p, U e4S. 

(3) Fírfí- p. m cíHf. 

(4) riífíOfTlc, Arch. do Miniskrio lios Nnificííís Eslrnng. 
de Franí:a, vol. I.XWVU daCorrí^spotidcncia do Vortuí^l, 
a p, 56. 



i 



Era tjuanto isto se passava em Portugal, mais de- 
sabridas e complicadas se lornárao as relações en- 
Ire a França e a Inglaterra, Apontaremos aqui em 
substancia as causas que motiváríio estas desaven- 
ças reservaiido-nos de relalal-as tuoÍs circumslan- 
ciadamenti; não sú em a secçào das nossas relaçues 
com a Inglalerra, mas também na hislciria polilica 
das nossiis relações com as Potencias E^lrangeirâs. 
is desavenças a que alludimos remonlavàoaoanno 
de 17S2 ao que se íkavía passado no Congresso do 
Hanover, no qual o Plenipotenciário Francez, M. 
de Vergennes (1), se oppoz aos designios de Jor- 
ge II Rei de Inglaterra. Mas estas dísãidcncias se 
augmcntárào logo depois que a paz d'Aix-]a-Gha- 
pelle se havia concluído, fermentando desde logo 
surdaaienle a guerra ra Europa. As causas prin- 
cipaes erão : L" A reslituiçào das presas feitas no 
mar ; 2/ a reparlíção das Ilhas Caraibes ; g a 3,* 
a mais seria de todas, a fixação dos limiles da Acor- 
dia o do Canadá. 

Em quanto occorriào estas complicações entre 
as duas Curtes, o Governo Frnacez tendo mandado 
augmentar neste anoo de 1733 os armamentos mi- 
litares enviou em Fevereiro deste anno inslrucçòes 
ao seu Embaixador sobre o modo como devia res- 
ponder ao nosso Ministro quand[) elle sobre este 



(1) Esl(^ MíiiÍÂÍro linha estado um Portugal empr^^gadc na 
Embaiiadd cm Lisboa durante a MJssâo de M. de Chnvigny 
da qual tratámos no vol. V desta obra. 




— KíV — 

assumpto o [jurslionasse. Nao lardou com elTeilo o 
timbiiixador em conimunícar ao nosso Ninislro as 
ililas iiislnicrõts. Sipnificou logo islc ao Conilíi de 
Baschi, que EIRei D. Jo^ú via com grande sanlí- 
mciiLo a falia d^hannonia que parecia reinar enire 
as Côrlcs de Friínca e d^liiglalcna (1)< 

Em Julho desle anuo já se liaviao rompido Ds 
lioslílidades enlro as sobredila^ Nações (2j, Uína 
forle esquadra franceza entrou no Tejo, e Elliei 
recobeo em audiência o Almirante e Ioda a ofGcia- 
lidade. o quo deo motivo ao Kmbaíxador de fazor 
ao seu Governo os nnaiores elogios d^ElIteí D. José 
e dos 30U5 Ministros (3}. Mas por oulra parle não 
dissimulava a iirefereiícía que o nosso Govcruo e 
sobre ludo o Ministro Carvalho linhão por Ingla- 
terra, cujo poder marilimo cslc Ministro muilo ad- 
mirava apezar de que a nossa Cúrle se conserva- 
ria neulra! (4). As razoes que porá isso dava o Em- 
baixador sào dignas da attençào do leitor. 

Na presença das desavenças cnlro a França c a 
Inglaterra, concerlarâo-so a nossa Curte com a de 
Madrid para oITerecerenL a sua mediação aGm de 
accommodarem estas dillerenças [5]. Em quanto se 



(1) Vide p. &3. 

(2) Vide Oflic. a p. S8. Flassan dá algumas das peças e 
dociimpiUo^ lic^Li dc^çiavertçji enire as duas Cunhas. [Vide o 
T. VI, p, 32 p srg. ria obra dcslP ntilor). 

(3) Vide p. 60. 

(4) Videp. 61. 

(5) Viáe p. 63, Offic. de 16 d'Oulubro de 1755, 



^- XV — 

enlabulava esta negociação por iiilervençao dos nos- 
sos Miníslros, se levantou iimi) seriai dlscussuo en- 
tre a nosse fórte e a de Fraiu-a acerca do direito 
dWubaine. O nosso Ministro dos Negócios Estran- 
geiros Carvalho, declarou da fúrnia mais positiva 
ao Embaixador Condo de Casctii, que Ellleí do Por- 
tugal não consentiria que seus vassallos fossem su- 
jeitos em Fraara áquelle direito nâo havendo reci- 
procidade em Portugal a rcspeilo dos Francezes (1). 
O Embaixador fazendo esta eomtnunicacíío á sua 
Côrle queixavo-sc de quo Portugal quizesso sempre 
hombrear com a França. 

Inlerrompemos aqui o fio dos negócios políticos 
para chamar a attençào do teilor sobre as relações 
que fez o Embaixador cm 3, 8, II, 15 de Novem- 
bro deste anno do horrível terremoto de Lisboa. 
Conciuio o Embaixador a sua relação dizendo »que 
achara Elltei muito animado e enternecido, e com 
uma grandeza d^alnia digna de um Monorcha (2). w 
Dá grandes louvores ás providencias dadas pelo 
nosso grande Ministro, o qual na presença desta 
lerrivel calamidade havia assumido todo o poder. 
Esle Diplomata julgava impossível a realização do 
projcclo da reedíQcaçao de Lisboa no mesmo logar 
íla antiga cidade (3), Apenas eíta noticia chegou 



(í) Fidfl p. 61. 

(S) Vidf p. 65- 

(3) Vide p. fíS. Sobre a rcedilktiçiio de Líãboa. veja-sc a 
obra intitulada .idminUtraíhn du Itíartfuis de Pombal. T. II. 
p. 177 a 192- 

VI. b 



— XVI 

a Madrid SS. MM. CnlhoUcíís miindárào a ElRei 
D, José quatro carros carregados de dinheiro que 
offcretérjo a El liei íIg Portugal, e tórios os \ iteres 
(Ic que SI3 neceãsilassc (t). Logo lambem que a 
Côrlc de Françn rcccboo íi mesma notrci;i, expudio 
Mp Je Rdiiillé, Ministro dos Nugocios EsLranoeiros, 
um despacho no Embaixador Conde de Baschi em 
27 de Novembro no qual lhe ordenava de dizer a 
EIRci t). José as cousas mais ternas e expressivas. 
Nào se limitou Ellíei de França a estas demons- 
trações, mas ale não deo licença ao Ernh;iixndor 
para se retirar, por ser indispensável, dizia o Mi- 
nislro, a presença de um tteprescnlanle d'l:!ltei do 
França junto de S. M. Ficlelissinta para com as 
suas aãsidui^lades e assislencia dar-lhc uma provo 
da grando parte que S. M. loioava aa afílicçilo d'El- 
Rei tie Portugal (2), Luiz XV cscre\eo além disto 
a ElRei R. Josií cm 8 de Dezembro, Tazendo-lhe o 
offerecímento de ludo quanto necessilasâe (3). 

A nossa Wrle porem nfio aceilou os soccorros 
pecuniários queEIRf^i d^Uespanha lhe mandou, nem 
os que Loiz XV lhe offerecôra (í). 

Recommendamos aos leilores as razões que o 
nosso grande Minislro deo ao Embaixador d^EIRei 
seu Amo não aceitar aquclles ofTcrecimeDlos. O 



(1) Yidejt. 68. 

(2) Videp. 70. 

(3) Fiíííp. 72e80. 

(4) Fídflp.75 e77. 



Governu Francez achtm estas razões I5a pondero- 
sas fjue o Ministro dos Negócios Eelrangciros di- 
ziíi ao Enibíiixador em despacha de 13 d'Abril do 
1756 que laes razoes erão de um pliilosoplio ctirís- 
lào c de am homem (l'Es!ado. Os documenlos of- 
ficiacs []uo produzimos sobre esle objeclo dos soc- 
corros oITerecidos pelas Potencias Esírangoiras pela 
occasiào do desastre de Lisboa provâo quiio mal 
informado filra a csle respeito o anlor da curiosa 
obra iniitiiiado: L Admxnislralwn du Marquis de 
Pombal, publicada cm Amsterdam em 1786, To- 
mo II, p. 81. 

Mesle estado íicánlo as nossas reInçSes com a 
França no fim desle anno: no que se lhe scguio 
de 1756 logo no principio recebeo o nosso Go- 
verno communicnçào da requisição que a França 
fez á Infflíilerra (1), mas elle Embaixador nào dis- 
simula que a uiiiao de Portugal com Inglaterra era 
indissolúvel. O Governo Francez contudo conlj- 
njava a ííizer Iodas a's lenlalivas pnraatlrnhir Por- 
tugal aos scas interesses e deslacar-nos da Ingla- 
lerra, Conlínuoa-se por oulra parle a Iralãr do ne- 
gocio da aboliçRo do díreilo à^Aubaine (?). 

Em 31 de Maro deste anno de 17S6 a França 
tendo flssignado uma Contenção de ueulialidade, 
e um Tratado d'a1liança defe^si^a permaaentc com 
a [mpcralriz Rainlia diJuEigría^ ordenou ao Em- 



(1) Viâep. 79e80. 



— XV ai — 

baixador que coniinunicasse esles aclos á oussa 
Côrlô (1). 

Em 18 de Maio havia a França declarado a 
guerra á Inglaterra (2). 

Nao lendo a nossa Côrle Embaixador em Fran- 
ça, nomeou no 1.° de Junho desle anno o Princi- 
pal Saldanha, irmão do Cardeal, para preencher 
esle logar, 

Ern Agoslo desle onno nomeou Luii XV por seu 
Embaixador em Porlugal o Conde do Merlo para 
succeder ao Conde de Baschi [3)» Teve esle no 
dia 20 d^Agosto a sua auciiencia de despedida da 
Rainha e do Infanle D. Pedro e da Família Real. 
Os Ministros vièrão visilal-o (í). Ficou como Er- 
carregado de Negócios de França depois da par- 
tida do Conde de Baschi, M. do. Sainl-Julien (3)_ 
Ao mesmo tempo parlio para França o Principal 
Saldanha, nomeado Embaixador para a mesma Cor- 
te, e chegou a Pariz em 30 de Novembro deste 
anno (6). Foi esle nosso Embaixador recebido em 



(1) Vide p. 86, c Flassan, T. VI, p. 45. 

Nesta época recebeu o Coode de Ba^hi d'£inei seu Amo 
a ordem do Sanlo Espirito, e foi o Cardeal Patriarcha de 
Lisboa que acccitou a juramento e fiTon^^ào de fè do dilo 
Embaixador. — Arch. do Minislerio dos ^egocio3 Esit&ag., 
volume cilada, í, 38. 

(2) Vitie 4> Mauiruslo em q T. VI de Fhssan, p. 38» 

(3) Vide p. 91. 

(4) Vide p. 94. 

(5) Vide p. 95. 

(6) Vidf ^. Í02, 



— \\\ — 

Versalhes com grandes ileiíionslrações de benevo- 
lência por Luiz XV (1). Hesidio porfim em França 
poucos meze&T pois já em Julho do anno seguinte 
de 17S7 estava aomeado para a Embaixada de Ma- 
drid, e Unha tido a sua audiência de despedidti de 
Luiz XV. Uma das primeiras noUcias que o novo 
Encarregado de Negócios do França mandon á sua 
Côrlo no anno seguinte de 1757 foi a do levanla- 
menlo que houvera no Porlo contra a Companhia 
dos Vinhos (2), o qual fôra promplaníente debel- 
lada pela encrgio das providencias dadas pelo Mi- 
nistro Carvalho (3), 

No anno seguinte de 1758 a maior parle das 
transacções entre as duas Crtries versou alé ao mez 
de Junho sohre o negocio do restabeleci raen lo re- 
ciproco dos Embaixadores nas duas Cortes de Lis- 
boa e de França. 

Em 12 de Setembro communica o Encarregado 
de Negócios á sua Còrle o aUentadooccorrido con- 
tra a pessoa d^Eíttci D. José [i], e participa que 
EIRei havia nomeado a Rainha Itegente do Reino, 
ficando o Miaislro do Reino encarregado da exe- 



(1) Fííítf p» 103. 

(2) Vide Pp 104, Oflic. do Encarref^iido de Negocíui de 8 
de Março áe 1757. 

(3) VidfOm, de Ift d'Abríl. 

(4) Vide p. IH e i15. Sobre eslo attenUdo. veja-te í 
obra : Àdminiitraliim rfu MafguU de PnmbaL T, i\. p. 107 
a 156. 



— XX — 

cuçíío do dilo decreto (1). Os Francezes, os Ita- 
lianos e os Allemàes fizenio canlar itm Te Deum 
nas siías respecli\as Igrejas pelas melhoras d'EI- 
Rei (2). 

Enlrclanto rccebeo o Conde de Mcrle, novo^Em- 
bníxitilor de Fnnç[i nomeado para a COiie de Por- 
tugal, as suns Inslrucçucs, as quacs tório redigi- 
das em li) (ie Joncim do [inno de 175!l. 

Neslas fazia o Duque de Choiseul um relrato pouco 
liF^ongelro do nosso celebre Ministro, sem embargo 
do que rccommonda^a-liie de ter com elle as maio- 
res atlenções (3). Prescrevio-lhe igiioímenlo de pe- 
neirar quacsíoãsem as disposições da Cúrtc do Lis- 
boa: 1," sobre o casanienlo da Princeza do Bpa- 
zil ; 2." sobre os negócios geraes da Europa e so- 
bre a guerra que existia ; 3-" sobre um Iralado de 
commercio ; sobre cujo objecto \ersão a oiaior parla 
das dilas inslrucçòes. 

No dia 30 de Janeiro já csle Embaixador havia 
partido para Lisboa diri^indo-sc como seus ante- 
cessores primeiramente pela Còrle de Madrid, Che- 
gou a Lisboa no dia 3 de Mnío dcsle anno (4], e 
deo logo parle á sua Côrle de Iodas as honras que 
recebera no seu transito desde queenlrára em Por- 



{{) Vidép. 114. Offic. de 7 de Setembro de 1758, e p. 
117a 119. 

(2) Videp. 121. 

(3) Vide estas Inslruccoes a p, 122-129 dc5lc volume- 

(4) Vide p. 144, OÍTic, de 17 de U^io de 1759. 



— XXI — 

logal (l). Te\e a sua primeira audiência tl'EIRi3i 
nn dia 11 do sobreiiílo mez de MíiÍo (2), Em Ju- 
nho seguinte pnilfci[ioii ellc á siin Cdrle a eleva- 
010 á ^rniidcíii du Minislro Stbasliilo Josó de Gar- 
valtio com o lilulo de Conde d^Oeiras. Apczar da 
grande índÍ;^pogição que o Embaixíidor linha coq- 
Ira esle Miiiislro, o Duque do Cfioiseut, Ministro 
dos Ncgíicios Estrangeiros de França, recommen- 
dou-ihe rnni oxpres&EimenIe fogo qne lhe constou 
da nomeacào do Conde de Oeiras, houvesse dali 
cm dianlc d^aiiplicar-ãc n agradar áquellc Minis- 
tro, por isso que El liei D. Jusé acabava de dar ao 
dito Ministro uma recompensa dos seus assignala- 
dos SPrviços (3). 

Adianie iroslraremos o como o Conde de Mede 
execnion eslas rccommendaçííes. Indicaremos en- 
treliinlo ao Irilnr ipie oslc Rmbaí\.:idor, cm vir- 
tude tlí> nrliíío das Buas InslrucçOes relativo ao pro- 
jectado Traindo de commercio, mandou ásua Côrle 
em 10 dt! Julho deste ^nno de 17!í9 uma curiosa 
Mcmnria sobre esle assumpto e da qual transcre- 
vemos neste \oliinie o resumo, pelo muito que in- 
teressa á historia do nosso commerclo (S), 

Por esla uccasiào ennsnllon o Embaixador o seu 
Governo se seria útil de fallar ao Conde de Oei- 




(!) Yidep 145. 
[2] rídfp. 146. 

(3) F/rfsp. ISO. 

(4) Vidép. 150. 



— XXII — 

ras em Portugal fazer á Inglaterra proposições de 
paz como Mediador enire esla Potencia e a Fran- 
ça (1). Mas Luiz XV desapprovou esla iitea do seu 
Bepresentanlo ordenando-Iho, que se abâlivessc não 
só de dar a menor Idea sobre esle assumpto, mas 
mesmo de a admillir no caso do Conde de Oeiras 
lhe fazer a menor abertura (2). Na mesma época 
parece, se acreditarmos o Embaixador, que um 
Enfiado da C6rle de Madrid Marquez da Silva, 
linha frequentes conferencias com o Conde d"Oeí- 
ras, o que dera motivo a asseg\irar-se que se pro- 
jectava o casamento de uma das Princczns filhas 
d'£lEtei D. Joi?é com o Duque de Calábria Qilio 
primogénito d'ElRei de Nápoles f3). Nesta época- 
já depois de 10 annos da vigorosa administração 
do nosso celebre Ministro, o estado das finanças 
era deplorável. O Embaixador de França infor- 
mava a sua Carte que nào bavía em Lisboa nem 
dinheiro nem credito, e que se não pagava a nin- 
guém (í). 

Em outra parle mostraremos como o nosso ha-- 
hjl Ministro reslabeleceo as finanças, augmenlou os 
rendimentos públicos, deixando quando se retirou 



(1) riãc p.is3, 

(2) Vide p. Í3r>, Despacho do Duquf de Choiseul iJc fi 
d"Ag03lo de ITtlí). 

(3) TidB p. 152. Omc. de 19 de Julho de 17S0. 

(í) rW^ p. 171. Offic- Hp 16 d'Oiiluhro. Mo ãf 30. do 
mPsmo niei, p. 173. 



— \\\u — 



do Minislerio maia de setenia milliões de cruzados 
d^econoinjfis. Em Agosto desle anno occorreo na 
costa do Algarve uma batalha naval enlre a es- 
quadra Ingleza e a Frnticezn commandada por M. 
de la Clue. Tendo os Inglezea queimado qualro 
navios da esquadra Franceza debaixo da arlelha- 
ria dos nossos fortes, deu esle fado logar a recla- 
mações da parle da França, reclamações que o lei- 
lor encontrará neste volume (I) juntamente com as 
indicações das represen tacões do nosso Governo ao 
dTnglalerra (2). 

O nosso Co^orno deu as providencias mais ne- 
cosãarias e humanas a favor dos Francezes que sb 
refugiarão no Algarve, era consequência desta ba- 
talha, O Governo trancez, penhorado por eslas me- 
didas e providencias, ordenou ao seu Embaixador 
de agradecer a EIReí D. José em nome de Luiz 
XV- Em quanto islo se passava continuavào as dis- 
cussões entre a nossa Curte o a de Ftoma relativa- 
mente á expulsão doe Jesuítas. O Embaixador de 
França toiiia\a grande inleresse neste negocio. En- 



1) Tiâe p. Í68, Otlic. de 19 d'Ago5lo de 17íí9, |k 169. 
Ollir. de 22 do dilu mei. — DiCti, de 28 dtt nii^smo mei, |i, 
XGQ. — Diia^ de 23 do mesma, c de 4 de Sc lembro, p, 171, 
173. — i)i<o, de 2& do mesmo, p. 178, e de â e O d'Oulu- 
bro, p, 169, e Despacho de 16 do m^smo mez, p- 170, n 
Olfic. de 23 e 30 do dito mer.. p. 173 e 173. Ilespachú do 
Duijue de Cbotscul de 30d"0iitiibro, p. 174.— Díío, de 27 
ih Novembro, p. 178- 

[2] Vidft a Serrão das Relações com a Jn^lalern, 



— XX lY — 

Ire oiilros documenlos que a respeilo desle celebre 
aconleriíiienlo produzimos nesTe \oliime, nolarenjos 
o reffttorio que o Cntide de Merle foz ao spu fio- 
\erna om 11 do Setembro do que o Corulc d'Oeí- 
ras Ihediísera sobre Ri|Uí-l!e nssnnipto (1). Durnnle 
as nugocinções que linhnnios a este respeílu com a 
Ct^rle de Roma (2), obleve o no^so Governo do 
Gabinele Inglcz em consoqucncia dns reclamíiçocs 
que lhe fizera sobre o insullo feilo pelos Commnn- 
danles Ingleses aos forlcs do Algarve lomnndo do- 
baÍAO (l;i arlelliíiría delles os navios da estjundrn c!o 
AlrriH^nle Tranccz La Cluc, que o (Jovcrno Brila- 
níco nifind(i&sG a Lisboa Lord Kinnoul com o ca- 
racier de Embaixador eMraordiuíirio, o qual era 
irmão do Embaixador d'Inglalerra que residia em 
Lisboa (3). Nesla opncn nomeou EIRei D. José, 
D. Anlonio Alvares da Ciinhn, irmàj> de D. Luiz 
da Cuiihn Minislro dos Negócios Eíiirnngeiros, por 
seu Embaixador jiinUj a Luiz XV liei de França [i). 



[1} Tide p- J62, 165. Ifl7, e f71. 

(2) Yidf Ollicia ílc 20 úe ^ovpniliro de 1759, p. 176 e 
178> c Gfficiíis de 27 de j\0Ai'mbn> c de 4 do Deícnjljro, a 
p. 178 e ím. — DUo, de 18 "Jc Dezembro, p, iHi. — DÍto, 
du I.'' tle Janciíodr I TííO. p. iSS. 

(31 TiíJc OíTiciode 25 de Dezembro de 1759. — Diííí, do 
].<" de Jnni^iro de 1760, p, 183. 

(i) Vidf p. f SI c 183, Em a SocrUo dns nossas RelarScs 
com » Inglaterra o leiTor íncontrarn ns documenlos re!ali- 

Tanlo o Embiixador de França nos seus Oflícios coma o 
Duque de Ghoiscul nos sena Despachos escreverão o nome 



Nesle cslado ficarão as nossas negociações com 
a França no fim do anno de 17a9 \ no quo se lhe 
seguio logo no principio sobrevreriío varias inciden- 
les quQ esLÍ\erào a ponlo de nos fiizer perder oa 
benodcios da neutratidaíle qtic mnntinhamos du- 
rante a guojra d;i França e da Inglalcrra. Foi nni 
des1e5 o de ^a^íos sígnaes que o Cunsul d'[nglã- 
lerra resídcnlc em Faro fez a varias Fragalas In- 
glezas piira enirnrem naquelle porlo com o fim de 
impedir o baldeamenlo e descarga do uma polaca 
Francfza que ali eslava surla. O outro foi o oc- 
Gorrido em Vianna do Minho, onde os negocianles 
Ingleses armarão i chalupas, forão alacar um cor- 
sário Francez que conduzia uma preza Ingleza, e 
a relomáríío conduzindo-a ao porto de Vianna (1), 
Rcconimendamos ao leilor a relação da conferen- 
cia que a esle respeilo leve o Embaixador com o 
Ministro Conde d'Oeiras. O Governo Francez op- 
dcnoi» ao Cunde de Míírie de declarar ao nosso Go- 
verno que se níío di?âse immciliala salísfaçào, El- 
Bei de França deixaria do considerar a S. M, Fi- 
deliãsíma como neutro (2). 



de^lc Emtiaii^dor dlnglalerra cotuq o dcmoi no Icilo d» 
Auas rorrcspondt^nciaa, mns ait deve CAcrcTer-se Kínnoal. 

[I) Vidp Officio de Í2 de Fevereiro de 1760. p. 200. A 
p. 20^ c Q03 prodiiiinios a siib«lanci:k das notais que o Etn- 
b;ii\ador pASFOii ao nosso Governo sobre «ste fa^lo, em 19 
e 14 de Fevereiro. 

[â) Vide Despacho de 15 da Janeiro de 1760. p. IS5, 




XWi — 



' Este aconlecimenlo, c niaís ijtie tudo a indispo- 
sição qut) o Conde de Merle linha conlra o nosso 
MjDÍslro Conde de Oeiras, e conlra a sua adminís- 
Iraçíio, prouiovírào cería frialdade para com Por- 
tugal da parte do Gabinete Francez (l), Enlre os 
documentos que produzimos deste anuo, um de 
grande ifileresse í o que diz respeito aos negócios 
do Rio da Prata c da Colónia do Satramenlo (2). 
Não sào menos interessantes as noções que outros 
documentos nos fornecem sobre as grandes rlque- 
£da melallicas que os Paquetes laglezes levavào para 
Inglaterra em cadasetuana. OEmtjaiAadorde Fran- 
ça informava a sua Cúrle a esle respeilo dizendo» 
que toda a riqueza qnc as frotas Iraziào do Erazil, 
passava successivaoiente para Inglaterra (3). Con- 
tinuava entrelanio o Embaixador Ccnde de Merle 
a exigir da nossa Cúrle em virtude das inslrucçôes 
termiranlcs ds sua (i)« unia satisfação pelo facto 
occonido em Vianna do Minho de que acima tra- 
lámos. O nosao Governo |)j'ocedeo corn prudência 
e ooni Rrmeza; mandou devassar do caso, dccrdio 



(1) Vide Despacho do Duque de Choiseul de 3 íJe Feve- 
reiro íle 1760 e de 5 do mesmo mç?., p. I9T c 198. Oíllcios 
do EmbaiKaiiur Cucde de Merle de 22 c i^9 de Jaueiru de 
1760, p. 197 c 19S. e de 5 de Fevereiro, p. 19d. 

(3) Vide Oflícia e Momoría de 29 de Jiineiro de 1760, de 
p. 187 a 196, e Decpacltos df 4 e il de Mar^o do me&mo 
anno, p. SOB e 209, 

(3) 7ÍÍÍÍ p. 207 e 913. c os Despachos, p. 214, 

[i} Vidt p. 208. 



— XXVll — 

que o Juiz JaÃltaiidega seria casligada se por ven- 
tura se achasse culpado, ordenou que fosse a preza 
rolomaJa posta cm deposito aló noyaordom, o dando 
oulras providencias que se acliào mencionadas no 
ofBcío de 11 de Março desle anno de 1760 (!)• 
íSem embargo destas, o Duque do Choiseul, Minis- 
tro dos Negócios Estrangeiros, nào só fez laes amea- 
ças ao nosso Encarregado de Negócios que este ex- 
pedio logo um correio a Lisboa, mas o niesno Mi- 
nistro empregou os lermos mais vivos ao despactio 
de 19 do mesmo mez que dirigio ao Conde de 
Mcrle. 

O pouco aceito que era este Embaixador ao nosso 
Ministro Conde de Oeiras e a indisposição que rei- 
nava enlre a Còrle de Franca e a nossa nesla epo-^ 
ca, fcrào motivo para que o Governo Fraccez dessa 
lieenen ao seu Embaixador para se relirar de Lis- 
boa. Mas este nào julgou por enlSo dever aprovei- 
tar-se desta faculdade, e continoqu a residir em 
Portugal para estar presente durante a Ecnbaixada 
extraordinária de Lord Kinnoul, o qual tiavia lido 
a sua audiência publica d^ElKei D. José em ti desle 
mez de Março (2). 

Em diversos offieios communicou o Conde de 
Merle á sua Corte as noticias de todas as confe- 



(1) Fíiff p. 310. 

(2) vidêp. ai9. 

Em a «ecr;iín ãan no.ssns Rplaci^osdiplomatiras pom Ingla- 
terra daremos iiolii:Ía dcsLa Embaixada extraordinatia. 



- 1- * 



— XX. VIU — 



rencias que o Embaixador extraordinário de Ingla- 
terra linha com os Miniíilros, e lhe expunha as 
conjecturas do que nestas conferencias por ventura 
presumia se havia passiido (1). 

Por este lemp» respondeo o nosso Governo ás 
reclamações d» Franca sobre os fados acontecidos 
em Vianna e no .Algarve com a maio; dignidade 
e com fundamentos irrefutáveis (2). 

Quanto mais o nosso Governo sustentava a sua 
dignidade tanto mais se irrilfiva o Conde de Merle^ 
e tratava na sua correspondência de indispor a Curto 
de Versalhes conlrn a de Lisboa, mas o Duque de 
Clioíscul recommenda\a-lhe do íer toda a contem- 
plação com o Conde de Oeiras ! Eiitrelanloesle Em- 
baixador de tal modo se tinha conduzido durante 
a sua MissSo em Portugal, que o nosso Gtivcrno 
decidÍD-sc a dirigir em 13 de Maio dcslc anuo de 
1760 uma Memoria á Corte de França na qual re- 
feria lodos os asgravos que linha conlra o dito Em- 
baixador, c a mnndou entregar pelo nnsso Minis- 
tro em Pariz, Salema, ao Duque de Choiseul Miais- 
iro dos Negócios Eslrangeiros. 

Em seu devido togar damos este imporlanlissímo 
documento no qual o leitor encontrará todas as par- 
ticularidades relativas ao modo insólito com que o 
mencionado Embaixador se havia portado durante 
a sua residência em a nossa Curie (3). 



(í) Vidí p. 2'2Í2, 925, 330, Ui, 94S. 
{^) Vide p. 223 e 234- 
(3) rHep. 231 > 241, 



— XXIX — 

o Diiq^ie de Choiseul respoiideu a osla longa Me- 
moria dirí^jnflo eíii l\\ de ^laio do mesmo anuo do 
17G0 umn noU na no^^o .HinisEni em P^irlz nn i^iial 
Icnloii om lennoíí fçerat^s do jiistilloar o E(íib;ii\ii- 
dor Coiiiltí de Merlo, allegando que e=lc Diplojuíila 
ha\i;i sempre intormado o Ijiibiiielc FrniictE das 
bonílndes de S. M, Tidelissimn, o fallado srmpre 
com rcvprfincii *!calp SobeiMno, e IroU^do com o 
mnior respoilo a seus Minislros e íis pessoas de sua' 
CúrLe; o concliiin que so a pessoa do Embaixndor 
era dí'sngrad:ivol a S^ H, Fidolissima, este niolivo 
seria suilicÍLinle p;ira que sem mais exame E'ltei 
de Fnmçíj o mandasse recolher, o daria scni do- 
mora plena e iníeira saliífatilo ao mesmo Soliera- 
no (1). Em qiiaalo isLo se passava eiilre a nossa 
Clirle e a do Versalhes, decidio Elllci D, José o 
grave negocio do casamenlo da Princeza do Unizil 
herdeira da Con5a, com sew Tio o Inranle D. Pe- 
dro. Em 8 de Junho deii^te anno cnmmuDicou I). 
Luiz da Cimlui por uma circular ao Corpo Diplo- 
mático esia noiicta. Por esla occnsiao \y?.\o\\ a nossa 
Côrle de estabelecer um novo cereraoiiíal para as 
Audiências dos Embai\adoi'es e maís ministros pú- 
blicos das Narors cslrangeiras. 

Consistia esle em que dVjilào em dianie seriào 
admitlidos o^ dilos Minislros ás Audiências d'El- 
Rei sendo de igual graduação, segundo a anttgui- 



(1) Vide p, 243 ese$. 




— XXX — 



dadc iln aprosenlaçào das suns respecli^ns credeD- 
oiaes (1;. 

Esle rcgulnmÊiilo Tundado Iodo em nzàD, e que 
cortava [>êla raiz todas as disputas d^ precedências 
enire os Ministros cslrangeíros de qtic ha^ía lanlos 
exemplos, foi como \emos a nossa CCríe a primeira 
que tentou iiitroduzíl-o So annos anies que assim 
se regulasse peto Congresso de Vinnna, 

Mas não só o Embaixador de França Conde de 
Merlo contra elle proleslou nos lermos mais alti- 
vos (2), mas igualmente o Gabinete de Versa- 
lhes (3) nao se conformou com esta mudança, e a 
este respeito se explicou nos lermos mais posilivos 
lanlo em a resposla que deu no Minislro de Pa- 
m (4), como nas inslrucções que expedio ao Con- 
de de Merle (fi), as quaes este Embaixador poz em 
execução em Junho desle anno nas declarações que 
a este respeito fez a D. Luiz da Cunha nosso Mi- 
nistro dos Negócios Estrangeiros (6). 

Enlrctonto a Corto de França julgando natural- 
mente que a pessoa do seu dito Embaixador não 
podia continuar a residir em a nossa Cdrle depois 



(1) Yid<rp. 256. 

(2) Vidn^. 247. 

(3) Vide p. 2i7 e scg.^Vide igualmenlc o Despacho do 
Tlitqiie di-ChnlíPuI iíp 96 iíp Junho de 1760, p. 3íí7- — Dilit, 
iIp 29 íio ni<*smo mrí. — /Atrf., p. 2.HR. 

(4) Vide Documento^ p. 26J . 
(&) Vide Dociimonto, p. 25â. 
[6) Vide Docnmeiílo, p, 265. 



— \\\[ — 

da ramosa represenlaçflo qur coiilra elle havia feilo 
o nosso Governo, ortienou-lhe o Duque de Choi- 
seu! ern Despacho de 29 de Junho desle aiino que 
segundo a vonlnde de Luiz XV elle devia voltar 
para França, annunciíindo á ijoísa Côrle que El- 
Rfii seu Amo lhe Wwhn coneedido licença para tra- 
tar dos seus negócios particulnres. 

Esta licejiçfl porím servia só a encobrir q ver- 
dadeira deterrainação do Gabinele Franccz de nrlo 
mandar mais a Portuga! um Embaixador '^1), pois 
ae preparava a mesma Côrle a forçai-nos a entrar 
no famoso Pada de Eamilia e a romper a nossa 
Aliiança com a loglí^lerra, ou no caso contrario 
a nos declarar a guerra, como veremos em oiilra 
parte desla obra. Pelo que acima deitamos subs- 
tanciado e pelo leor dos documenlos que damos 
neste volume se vô, que o Conde de Merlc muílo 
concorreo para jndispój- a Corte do França contra 
a nossa. Todos os seus ollicios e informações sâo 
recheados do lermos acerbos contra os nossos Mi- 
nistros, e principalmente contra o Conde d^Oei- 
ras (2), Em consequência pois da ordem que re- 
cebera para se retirar leve a sua audiência do des- 
pedida de SS. MM. no dia 16 d^AgosIo du mesmo 
anno tle 1760, na qual ElKeí D. José, segundo 



(t) VifiB Despaclio. p. 266. Julho de 1760. 

(2) Vi/ie enlre outros o de 22 de Julho de 1760. p. 266, 
269 e 270, e príncipaimenle a Ofiiciú e^crjpio de Mídridde 
8 de a^lemhTo, p. 375, e a p, 2T6. 

\L C 



— XXMI — 

eile informava a sua Córle, lhe assegurou qjc es- 
lava salisfeito do modo por que elle havia desem- 
penhado as funeiOes do seu MinifilerJo(l} ! Partio 
CP dito Embaixador no dia 23, e ficou Encarregado 
da correspondência ollicial com o Governo Fran- 
cez, M, de Sainl-Julien, o qual havia já exercido 
o cargo de Encarregado de ?Jegocios junlo da nossa 
Ctirlc cm 17S6 depois da partida do Embaixador 
de França Conde de Baschi, como acima disse- 
mos (2). 

Foi expressamente recommendado pelo Duque 
de Choiseul a csle Agente de ser um observador 
judicioso e UD1 historiador fiel do quanto se pas- 
sasse em Portugal Este Agente foi apreseulado 
nesla qualidade a D. Luiz da Cunha polo Conde 
de Merle anles da sua partida. Todos os nossos 
Minisiros lhe pagarão a visita em lestemunlio de 
deferência peia França. Continuou elle a insistir 
com a nossa Curte pela decisão da entrega dos na- 
vios !e Témérairc e le Modeste da esquadra de 
M. de La Clue tomados junlo a Lagos pelos lu- 
gleze^ (3). 



(i) Videji. 274. 

(2) Vide p. 2TS. 

(3) Vide p. 279 a283. Xa Secção das nossas Relações com 
a Inglaterra completaremos as noticias sobre este objecto. 

AdvRritremos o Iciíor que o Encarregado de Negócios de 
Finnça foi a untcn, sem eiciipluarnios Flassan, que escre- 
Tco com cjtactidio o nome de Lord Kinnoul. 



— KXXIIÍ — 

Por esla época (Oulubrode 1160) foi nomeado 
Encarregado iie Negócios de Porlugal em Pariz José 
Joaquim Soares de Barros, que havia residido muí- 
los annos em França como peosionario do rosso Go- 
verno, estudando diversos ramos das sciencias (I). 

Foi este empregado nomeado para residir em 
França nesla qualidade em quanto se apromplava 
casa para o Embaixador Conde da Cunha» cuja 
partida o nos5o Governo demorava em consequên- 
cia da p^e^isão da ruplura que pouco depois teve 
logar enlre as duas Coroas. 

Taes forào os negócios e IransacçSes que live- 
mcs com a França durante os primeiros dez annos 
do reinado do Senhor Bei D. José 1 (2). 



(1) Vide Officiode p. 279, 280 c 284, 

(2) Damos ncale yolnme amplos sammariosde 438 docu- 
mcnloa que por nosno próprio punho copiánoí nos preciosos 
Architus do MinisUriodosNegocíoâ Estrangeiros de França. 



QUADRO ELEMENTAR 



DAS 



RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS 

DE PORTUGA! 



CONTINUAÇÃO DA SECÇÃO XVL 

{Relações entre Portugal e FrançaJ 

HBINADO DO SEISHOB HEI I). JOSi^ I. 

Em i d^Agosto, o Cônsul Duvernay parlicipa An.niio 
que o commandonle da esquadra fraiiceza fúrafa-^^*^**'* 
zer os seus cumprimenlos a Elliei D. Josã> o qual 
havia chamado ao Ministério o Abbade de Men- 
donça c Sebasliâo José de Carvalho e Mello, o pri- 
meiro para a reparliçào da Marinha e da Guerra, 
e o segundo para a dos Negócios Estrangeiros, no- 
meaçSo» dia o sobredito Cônsul, em que Fr, Gas- 
par n3o havia tido parte, e que nao podia ser de 
seu goslo ; participa mais que era voz conslanle 
que se esperavâo maia algumas mudanças no go- 
verno (1). 



(I) Arch. dos Negoc. Eslrang. de França, yoL LXXXIV 
da Corresp. de Porlugal, f. 178. 

VI. 1 



— ! — 



An. 17S0 Officio de M. Duveniay em que participa á sua 
Agosi-ii £^j.|ç quç j;[j[gj £j jjjg^ gç occupava sem descan- 

çar do governo do rcíno, e da reforma dos abu- 
sos, Qo que empregaifa lodo o seu leispo e applí^ 
eaoSo; que as pessoas de que elle havia feito es- 
colha para tiisso o ajudarem davno a mais alia 
idca do seu disccrnimenEo ; c cjue em quanlo se 
não forniB^a o no\o Conselho dTsIado^ Elliei con- 
feria tudo com sua nui e com osCardeaes da Cu- 
nha e d'Ãlmeida, e não era possível livesse elle 
escolhido guias mais seguros, nem mais juslos, es- 
clarecidos c bem aceilos do povo ; ijue lodos os 
dias se passa\ão scenas palhelicas entre SS. MM. 
Porluguozas, d a Rainha viuva que se conservava 
00 paço e no seu rncí^mo quarto ; que cm lim o po- 
vo manifestava grande contentamento e satisfacSo. 
Que ElRei o havia recebido cora o Corpo Diplomáti- 
co em beijaraào de pezames no dia antecedente, que 
elle Duvernay lhe dissera eslava informado dos sen- 
limenlos d'EÍtíei, seu amo, para assegurar a S- M. 
Porlugucza, posto que ainda nSo tivesse recebido 
ordem, que o dito Bei, seu amo, lhe fazia compa- 
^nhia na sensibilidade e nas saudades, Que ElReí 
D, José lhe tornara em poucas palavras que eslava 
d'anlemao persuadido Lavia Eilíei de França lomar 
parle na perda que elle acabava de soffrer, 

E continuando a dar parle das mudanças que 
tinha havido rcfoi^e que Pedro íla Motla havia ccn- 
ser\a(lo o logar de Sccrelario dTstado dos Negó- 
cios do Itcino, e que os dous novos colicgas Íào 
trabalhar com elle todos os dias. 



— 3 — 

Que o Coiiimend-idor de Lacerda havia pedido 
niji dos Ministérios vagos, porím que o não havia 
alcançado; e accresccnta que Elllei por sua pru- 
dência havia enganado Ioda a gente, e que o P/ 
Gaspar, quo cuidava que o eou credilo eslava Twm 
seguro, não linha a menor parle nos negócios, e 
não era consullado cm cousa alguiua, e ijue Ale- 
xandre de Gusniào nao diãsímulava o seu descou- 
lenlaincnlo, por niío haver sído nomeado Secrela- 
rio d'Estado, e pedira licença para se retirar para 
o campo ; que entretanlo os novos Sccrelariosd^Es- 
lado erão hem intencionados, laboriosos, e se por- 
lavào com decência [í). 

ODDcio do Cônsul Duvernay dando parte das no- An. itho 
vas providencias que EUtei D. José havia dado em ^e^si-is 
favor do conimercio, e de como os Francezes que. 
rcsidiào em Lisboa haviao mandado Tazer na igreja 
de São Luiz exéquias por occasíào da morte d^EI- 
Rei D. Joào V (3). 

Despacho do Míaistro Secrciario d^Eslado deAn. 1750 
Puissieux para o Cônsul em resposta á participa- ■*^*^"*^ 
çào que este havia feito ásua Côrle tia morte d'El- 
Bei D- Joào V, signiftcandò-lhe o quanto ElRei de 
França, quo havia tido sempre uma sincera ami- 



(2) Arch. dn MÍiiÍ5l4]rio dos Ne^oc. Eslrang, de França, 
vol. LXXXIV da Corresp. de Portugal, f. 178. 

(3) Ibid.. f. ISÍ. 



1» 




zndc nquclle Monarca, fora poonlizada com aquclla 
Irislc noticia, e linha esperança do que o Senhor 
Itci D. }úsé lhe continuaria a sua amizade, por- 
que eslava lào hem infirmado das virludi^s e luzes 
de S. M. Portugueza, actualmenle r&inante (1). 

An. 1750 O CommendatJor de Lacerda, Enfiado Exlraor- 
A^'03t.2fi jjuai-íy de Porlugalj leve oesle dia audiência par- 
ticular dTIBei de França a queui dco parle da 
raorle d'EIRei D, João V. Ia \estido de luclo e foi 
conduzido á audicncia por ]U. de Saiatol, Introdu- 
clor dos Embaixadores (5). 

An. 1750 OfScio do mesmo Cônsul participando que EIRei 
Agosi.afi iiQ^ia dele r[iií nado as horas em que devia traba- 
lhar sõ, aquellas cm que havia de despachar com 
os i>linÍslros, e as das audiências que dava três 
Yczes por semana. Que se Gomeça\a a pôr os negó- 
cios em ordem, e a regular o que porlencia a cada 
um dos Secretários d'Estado, e aos Tribonaes, as- 
sim que já SC linha saído do cabos cm que ludo 
se achava no fim do reinado precedente. Cada um 
dos Secretários d^EsEado dava prompla expedição 
DOS negócios da sua roparlíção, e que ElKei, ap^ 



(4) Arch. dús PJegoc. EsLrang. de França, vol. LXXXIV 
da Corresp. de Portugal, f. 183. 

(5) Gazela de Franca (Anno supra)^ p. 416. 
Amc^maGazeU. ap. 527, (-mdala dc^S d'OutLjbrod'estc 

anno, refere que eâLu nosso Ministro tivera uma audicncia par- 
ticular Ll'£lRd de Franca. 



aar do achar os rciidiniGnIos públicos mui desraU 
oados, mandava proceder á continuação d^ts obras 
publicas que se achavuo começadas, c pagava as 
lenças concedidas por Ellíeí seu Pai (6). 

Despacho do Mínislro Secrelario d'Eslado para An. 1750 
M. Duvernay ordenando-Ihe houvesse de entregar ^^'-^ * 
n EIRei D. José, a queni já tratava por Mageslade 
Fídelissima, a carta de Luiz XV, em rcsposla á da 
nolificaçào da morte d^EIRci D. Joào V, e conclue 
dizendo que ali se linha recebido com salisfarSo a 
nolicia da comeaçao do Sebasliiio José de Carva- 
lho, a quem lhe ordenava houvesse de significar 
da sua parle o quanio ellc se congratulara com 
nquella escolha que era digna do discerni mento do 
S, M. Porlugueza (7). 

Oiício de M- Duvernay informando a sua Côrle An- 1750 
de como cada dia ia confirmando de mais a mais^^^'" * 
a grande opinião que em geral se havia concebido 
acerca do novo reinado; que sobretudo o que era 
mais para se admirar vinha a ser o profundo dis- 
ceraimento com que o Senhor Rfti D. José esco- 
lhia as pessoas a quem coQfíava o governo ; que o 
Abbadc de Mendonça e Sebastião José de Carva- 
IIjo attrahião os applousos de lodos, por isso que 



(£] Arcb. do9 Ncgoc. EaLraDg. Jc França, vol, LXXXIV 
da Torrcsp. de Portugal, T iHC. 
(7) Ihid., í. 189. 



— g— 

SC occupãvào com proveito e sitccesso ilc rcslabe- 
lecer a ordem, e sobreluJo umo hoa e pcrfcila po- 
licia ; que ambos elles erào mui accessiveiSf assim 
que eslava determinado a il-os rer para adiantar 

os negócios de que eslava oncarregado (8J. 

An, 1T50 Officío dc M. Duvcrnay dando parle ao Minis- 
^ Iro de como havia estado com Sebasliilo José de 
Carvalho^ e que esle Miriíslro lho significara qtio 
EIRei, 5QU amo, estava rcsolulo a cullívar as boas 
relaçOes com a Frauçii ; por eala occasiao refere o 
mesmoasfeslasqucsellzcriic) pela acclamacâo d'El- 
Rei que tivera lugar no dia dos anão» da ilainha 
Mai cora grande alegria do povo (9). 

An, 1750 Despacho do Minisíro e Secrelario d*Estado de 
fiel." 8 França para M, Duvcrnny cm resposla aos seus 
oílicios precedenles, signiticíiinio-Íhe que os come- 
ços da administra cSo d^ClItei Fidelissimo actual- 
menle reinante oconfirmavào na persuasão em que 
eslava havia muilo lempo que aquelle Principe su- 
biria ao Ihrono com todas as virtudes e luzes que 
fazem a gloria dos soberanos, e a fchcidade dos 
vassallos, assim que fazia votos pela prosperidade 
do seu reinado (10). 



■Vf>h LXXXIV, l, 130. 

(9) íbid.. f, 192. 

(10) Ibid-, f. 191. 



— 7 — 

OHicio de M. Diaernay cm cjne conliniía a ínfor- Au,1750 
mar a sua Córic do desvelo com que Elilei D. José ®*^^ ' '^ 
havia seis soinanas se occupa^a dos Dcgocios de 
seu reino, dando audiência a Ioda a gcnic, e (ra- 
lando de cslabelecer um syslema de admiuisU'açào 
que o enchia de gloria » a todo o seu reino de 
conleiílamento (11). 

Officio de M. Duvornav em íiuo parlicipa ao sou An. nso 

Sei ** 22 
governo que estando com o Minislro Sebaslião José 

de Carvalho, eslc lhe fallára no Conde de Casclii 
que elle havia conhecido em Munich, e moslrára 
grande impaciência de o ver ; que d^ali lomára ello 
Duvernay occasião de o lenlear a respeito das in- 
tenções da CMq de Lisboa sobro a nomearão irum 
Embaixador para França, Participa também peia 
mesma occasião que o dito Ministro nào qutzcra 
acceilar as cartas d Elilei de França para ElIlci, 
seu amo, por isso que nelias Taltava o iralamenio 
de Fidelíssimo que segundo o ajuslado sg lho de- 
\ia dar (12). 

Despacho do Ministro de Puíssíenx para M. li^^ na.ír^o 
\ornay cm quo depois de lhe parlicipar como IbeOui.**!» 
tiohào sido rocambiaJas as cartas de Luiz XV, seu 
amo, para Elltei D. José por Tallar nellas o lilulo 



(11) Arcli. dosNcffocEfllraug. de Frauda, voL LXXXIV, 
f. 196- 

(12) Ihid. r. 197, ' 



— s — 



ilc MngesLiidc Fidelissima, pondi^ra que nào fòru 
por esquecimenlo como o Ministro porKiguez sii|)- 
punha, mas sim porque o proLocolo dds carias do 
Rei Lia Ghaiicdlaria nao havia permilUdo que se 
mudasse o estilo alé ali praticado. 

Que ElRei de Franca reconhecia cerlamerle ha- 
via rauilos séculos em Elltei d'IIespanha o tilulo 
de Calholico, e que nào obstante isso aquella qua- 
lificaçào nào linlia sido inseria nas carias dos lieis 
(ie França para os dHespaaha, e que em prova 
d'Í55o juntava áquelle despacho copias dos formu- 
lários da subãcripç3o de que se serviao EIReí de 
França e d'llespanba para elle Duvernay os mos- 
trar a Sebastião José de Carvalho. 

Que ElRei de França havia com prazer confe- 
rido a S. M. Porlugueza o tilulo de Fidelíssimo, 
o assim o ordenara a seus Ministros que lhe des- 
sem aquellc tralaoienlo em todos os tratados c actos 
pul>Iicos que se passassem entre as duas Potencias, 
porém que nas carias de Gbanccilaria se continua- 
ria a observar o mesmo quo se pralicava com El- 
ltei d'llespanha. Que portanto esperava que S. M. 
Fidclissima e seus Ministros nào exigiriào oulro ce- 
remoniaj que o que se praticava com FJBgí d^Hes- 
panha, por isso que aquella innovacão no Proto- 
colo das cartas d'l^lRei de França, seu amo, era 
inadmissíveL 

Parlicipa-lhe mais que o dilo nionarcha acaba- 
va de nomear o Condo de Basclii para ir residir 
junto a lílRoi de Portugal, porAm que aquelíe Mi- 
niblrc nào se apresentaria em Lisboa na qualidade 



— 9 — 

de Embaixador, nem entregaria como tal as suas 
crtidenciaes sunao quando S. M. Fidíilissima livesse 
nomeado um Embaixador para residir junto aS. M. 
Chrisliainsâima. O que já M. de Vaulgrenanl havia 
communicado ao Visconde de Ponle de Lima (13), 

Despacho de M. de Puissieax para M. Duver-An, I7fi0 
■nay em que lhe participa t[ue elle havia eommu-*'"^''^^ 
nícado ao Eaviado de Porlugal em Pariz o Cora- 
mendador Lacerda o Protocolo relativo á subscri- 
pruo das carias de Chancellaria entre Ellteí de 
França e d'He&panha, e que aquelle Ministro pa- 
recfira admirado da dífiiculdade que era sua Cúrle 
se fazia de receber as cartas d^Ellíei ; e lhe affir- 
mára haver odãciado anticipadamenle ã âobredila 
Curte sobre aquelle assumplo ; e que elle de Puis- 
sieux lhe declarara que leria sido mais ci\íl da 
parle da nossa CArle o guardar as carias ate que 
aquella queslào se achasse debatida, do que recam- 
bial-as (li]. 

OIDcio de M. Duvernay participando ao Minis- An. 17S0 
Iro como ena conformidade com o que lhe fóra or-''**^""'** 
denado havia communicado ao Alini>;lro dos Negó- 
cios Estrangeiros Sebastião José de Car\alho o for- 
mulário das carias de Chancellaria d^EIRei deFran- 



(13) Arch-dosNegoc. Eslrang. deFraiira, vol. LXXXIV, 
l 903. 

(14) mu.. L 20C. 



— 10 — 

ça; que esle Ministro lho pedira houvesse rle dei- 
iiar-lliG o despDcho de M. de Puissicux para ello 
o communicíir a EIRci, seu amo, ao que cllc an- 
nuíra, c Icndo-o o Ministro poiUiguez guiirdado 
ires dias lho restituirá dizendo que oulras occu- 
paçúGs lhe Dào ha\lào dado tempo para o apresen- 
tar fl ElRci, motivo por ^uc lhe pedia que lhe desse 
uma copia, o qiio na semana seguinte se acharia 
habilitado para Die responder (15). 



An, 1730 
Nov,M6 



OiBcio de M. Duvernay participando ao seu go- 
verno que o nosso nílo dissimulava o quanto esta- 
va arrependido do ajuste que ha^ia feito com iles- 
p«nha acerca da Colónia do Sacramenio, em razão 
das didiculdades que o dito ajuste trazia comsigo; 
que tinhão chegado muitas representações que ha- 
viâo motivado varias conferencias» ras quaes se as- 
sootáro que aquella cessão era por extremo preju- 
dicial ao commeraOj e por consequência ao Es- 
tado (16). 



An, 1750 OíDcio de M. Duvernay para M. de Puissieux par- 
Dci."23 (jçjpando^iiiB que lendo encontrado o Ministro Se- 
bastião José de Carvalho em casa do Embaixador 
d^Hespanha fflra convidado por elle para uma con- 
ferencia sobre o tratamento de MagC5tade Fidelissí- 



(13) Aroli. dii MinÍElcrto dos Ncg^c. Estrang- dc França^ 
vdI. ííil., f. 2it. 
(16) Ihid., f. 215. 



— li- 
ma, no qui! níio poderão concorJar-se ; que aquelle 
Ministro lhe não Jissora nada acerca da nomearão 
do Embaixador de Portugal para ir residir junlo a 
EIRei de França (17). 

Despacho de M. de Puissieux para M, Duvei-An. 17S1 
iDay, parlicipando-lhe que o nosso Enviado em Pa-^^'^"" * 
Im Lacerda oào quizera receber iiaia caria do Car- 
^deal de Souhísc para o Senhor Rei D. José porfallar 
nella o Iralamcnto de Magc^lade Fidelíssima (18). 

Officio do Cônsul no qual enlre oulras cousas Au, l75i 
vindo afailar dos nossos fUinísiros louvara-semuilo''^'^'"'"^^ 
d'ellcs dizendo que as facilidades que nclles encon- 
Iraia na expedição e despncho das cousas relalivas 
ao coramercio lhe provavào cada vez mais que elJes 
eslavào nas melhores disposições ; que lambem ião 
fazendo grandes progressos na confiança d'Emei 
D. José', o que era em publico proveito (19). 



(17) Ârcb, do Míoisterio dos Negoc. Eslrang. cleFtanra, 
TOl.cit., f. 227. 

(18) ihid., r, 231. 

Em y dcFeverciro oracsmo Ministro escrevia ao Card«al 
de Ia Rocheroucaull, rccambíaodo-Jhe as cartns que cINi e 
oulros Cíirdeaes havião cscriplu a ElKeí D, JosÉ, por fallar 
ucUas o Iratamcnlo de MagoãtaJe Fiildisaiiiia, e pundcrau- 
do-Ihc que lendo aqucUc Irnlamcnlo sido jà dado a EtOci 
pelo Papa s pur Iodas <is Potencias du Europa, □ hnvoDdo- 
lh'a S. U. Chnstianissin:» igualmcuto dado, ellc Cai^deal de- 
veria fazer o tneamn maudando-lhe outrjis. {Ibíd.. (. fi4-0]- 

(19) Ihid,, f. 237, 




—n^ 



An. J7S! Officio tio Consul para o Ministro (Ic Pnissieux, 
"^" ^ dantlo-!he parte de como o Minisiro Sebastião José 
de Carvalho lhe havia participado que havia man- 
dado as fiGCi^ssarias inslrucrOes ao Erviado Lacer- 
da para concluir a questão do trafamcnto de Ma- 
jestade Fidelíssima; participa além d^isto que ha- 
i'ia Trequenles commuDicaçOPS entre os gabinetes 
de Madrid e de Lisboa por causa do Tratado dos 
limites da America (20). 

An.iTSi Despacho de M. de Puissieux no qual rcspon- 
Alarço 9 Jç,^(Jq ^^ j^jijpj^j Jq Consul Duvernay de 2G de Ja- 
neiro lhe diz que as sabias providencias que S. M. 
Fidelissinia havia dado para facilitar e animar o 
commercio nos seus Eslados erfio dignas dos maiO" 
res elogios (21). 

An, 17SÍ OíEcio do Consul em que fazendo os maiores 
Março 16 eiQgjog figg providencias dadas porElBei para bem 
do commercio accresccnU que aquclle Soberano 
Iratava de pagar as dividas d^EIRei seu pai, e que 
começara por destinar fundos para o pagamento 
de 4 milhões que se estavão devendo ha\ia vinte 
annos por rornecimentos feitos aos armazéns^ cujo 
pagamento se fora até aquelle tempo dilatando : de- 
\ía-se aquella somma á praça de Lisboa (ti). 



(20) Arch. cvoi. cil., f. 249. 

(21) ihid., r. 251. 

(22) lhiii.,t 252. 



OITicio dtí M. tlc Puissieux. digno tie ser nolodo An. 17SI 
pela matéria t!e cjue Irala : nelle diz aquello iMinís- ^'*^'' *^ 
Iro çwc a Prolecçào que os lieis roncedem ás let- 
(ras, é uma parle da gloria de seus retnados : as- 
sim quo Elltci de França lendo desejo do iJIustrar 
o seu e de contribuir para a felicidade de seus po- 
vos havia ordenado quo os seus Mitiislros nas Cor- 
tes Estrangeiras cooperíisscm também para aqueJie 
lim dando ao redactor do Journal dcs Samnts as 
informações que lhes fossem pedidas (23). 

OíEcio do Cônsul para M. de Puissiouít, parlici- An.iTSi 
pando-lheque por um parente do Visconde de Potile^ 
de Lima que havia chegado havia pouco lempo de 
Madrid lhe constava que os Ministros Ilespanhoes 
excilavão os do Portugal a nuo cederem no tocante 
ao Iralamenlo de Mageslado Fidelissima, o que am- 
bas aquellas Curtes eslavâo ajustadas a insistir so- 
bre uma reciprocidade, apezar de ser isto contra 
o estilo ale ali prolicado entro a Corto d'Hcspanlia 
e a de Franga (24). 



(33) Krch. cíL, vol. LXXXIV da Corresp. de PorJugal. 
f. 270. 

(2*) Ihid,. r. 277, 

Dizia o Cônsul, termínaniio cslcolllcio, que era à influeD- 
cia d"Oespanha que se devia a demora c pouco calor com 
que a nossa procedia no ajuste d^aquelln dilTeren^a, c tam- 
bém pela dificuldade que havia de dar um logar aoEavíado 
Lacerda a quem o Ministro tinha grande antipathia» (IbidJ 



Am, 1751 

Abril 2ti 



— li — 

Despacho do M. de Puíssieuv para o Agcnle de 
Frana cm que pondera que a nossa O^ile não se 
ilevia lisonjear que Elltci de Franca houvesse de 
reveslir do caracier dTuibaixadcir o Ministro que 
mandava a Lisboa ; que Ellleí, seu amo, o nao fa- 
ria senào depois que se tivesse levantado a dilD- 
culJaiJe mal fundada que se fazia por causa do U- 
lulo de Magostade fidelíssima, porque nào lhe con- 
lioha cxpor-se uma segunda vez a viras suas car- 
ias recambiadas, e islo sobre tudo numa occasi^o 
em que ElRei de França dava a Elltei de Portugal 
um leslcmuiiho de interesse e amizade {'iH)^ 



An. 1751 
Maio 5 



Despacho de M, de Puissicux para o Cônsul piír- 

ticipando-lhe que o nosso Enviado o Commendador 
de Lacerda se lhe queixara de que sendo que em 
Portugal se tjro linha feilo mudança alguma nos 
direitos que os Francezes pagavào por suas mer- 
cadorias, era França se augnienlavào sobre as mer- 
cadorias porluguezas, e ordenando-Ihe que o in- 
(oruiasse do que sobre aquelle assumpto se prati- 
cava em Lisboa (26). 



An, 1751 Despacho de !tf, de Puissieux para o Cônsul en- 
Maio it carregando-D de fazer os seus cumprimentos a Se- 
bastião José de Carvalho por occasiao dos novos 



[2S) Arth» cit., vol. LXXXIV da Corresp» do Portugal, 

r, 289. 

(36) Ihid^J. 301. 



— Io 

Icslcmuiibos do salísraçíio e do bondade que c!le 
flcn!la^a de receber d'ElHeí do PorlugaU seu amo, 
cunchiindo que us seus seiílimcnlus [lor aquellc Mi- 
nisíro crííc os liíidores do iidcrcssc queelle de Vuis- 
sieijx tomava em luduquaolo lhe dizia respeilo {11). 

• 
Officio do Agonie Francez em Lisboa em qucAn.iTSí 
respondendo ao Despacho de 12 J^Abril, acerca ^'^"^ *^ 
do estado das leltras cm Porlugal, diz que não era 
cousa fácil o satisfazer ás ordehs d^elle Ministro 
niandando-lhe uma Memoria com os litulos e ana- 
Ijses das diversas obras que se haviào publicado 
naquelb reino no anno de ITfiO e bem assim ss 
que fossem appartcendo : que aquillo era diíllcil 
de fazer-sc crn um paiz onde as letlras erào eui 
geral pouco cullivíidas, e onde apenas se sabia que 
obras se impriíniSo. Que os Porluguezes mais ver- 
sados na lilttralura de seu paiz só conheciào uma 
pequena parte do que ali se passava, e nao linhao 
ainda podido fayer um catalogo de seus livros ; que 
OB livreiros lambem os nào Unliào, Quo não ha- 
via em Lisboa Dibliotheca publica, e que nenhuma 
das parliculares possuía os livros novamente im- 
pressos, mas qie no entretanto elle ia correr lo- 
dos os livreiros para fazer a lista doa livros publi- 
cados em 17S0 (28). 



(27) Arcb. e voL ciL,, f. 304- 

(28) mtf„ r. 318. 



-IG — 

An. 1751 OfRcio íJo Coiisiil pniUcipniitlo como o Minislrci 
"" "'^Carvajal dissera em convursaçào ao Embaixador 
portuguez eui Madrid que sentia muilo nào ler e%\- 
gido quando eulrára no Minrsfurio a reforma do 
protocolo d^ElRei de França concernente ao Irala- 
niento de SS. MM. Galholicas (29)- 

ad, 1751 Officio do Cônsul Duvernay dando conla do ac- 
Agosi, 17 çjj^^j^ que aconlccôra a ElHei na caça, A Hainha 
tendo atirado a uma lebre, Tol o tiro baler em uma 
pedra e os griíos de chumbo desviando do alvo fo- 
rão ferir aElRei no olho esquerdo; le\e ElRei gran- 
des dores acompanhadas do vorailos e d'uma dor 
de cabeça violenta ; havia sido sangrado sete vezes 
(! achava-se cum maoirestas melhoras, e segundo 
havia dito a elle Cônsul o Abbade da Mendonça, 
em JO dias havia de estar sào. Estava a Bainha 
inconsolável, e ElRei apezar dos seus padecimen- 
tos a consolava. O Cônsul foi lodos os dias a Be- 
lém saber novas d'ElRei, Na véspera d^aquelleoíli- 
cio ha\ia-lhc Sebastião Josc de Carvalho coramu- 
nicado sem lhe dar mais explicações, que M- de 
Baschi eslava para chegar a Lisboa, noticia que 
lambera no dia antecedente lhe havia dado o Ab- 
bade de Mendonça, dizendo-lhe era em consequên- 
cia das ordens o inslrucções que se haviào passado 
havia IS dias ao Enviado Lacerda (30)_ 



(29) Arch. cit., voL LXXXIV, f. 3lfi. 

(30) fbid. 



— n— 

Dospacho de M. do Puissieux pelo qual parli- Ai». ít.^i 
cipa ao Cônsul que o Conde de Baschi se dispu- ^^^^' 
Dha a parlir iiLmcdiatamciile para a Côrle d€ Lis- 
boa (31)- 

Carta do filho do Commcndador Lacerda, En-An.i75i 
viado poiluguçz em Pariz, a M. de Puissieux era^^^-"* 
rosposla á que aquelle Minislro bavia escriplo ao 
sobredilo Enviado em 4 do mesmo raez para saber 
ao cerlo quacs erào as ordens que elle (inha recc- 
liido da sua Gòvie á cerca du subscripção das car- 
ias d^ElRci de França para S. M, PorLugueza, e 
em rcsposla lhe significa que linha recebido ordem 
que ã sobredila MagcsLade Porlu^ueza, lendo grande 
desejo de \er em sua Gòrle um Ministro d'EIRei 
Clirislianissimo que podesse cultivar a cordial ami- 
zade que ao dilo Monarcha consagrava que não fa- 
ria difficuldadeem aceitar as carias crcdcnciaes que 
o Conde de Dasuhi, que eslava nomeado para aquella 
Embaixada, devia de tc\ar, posto que nellas se nao 
achasse inserto o litulo de Ãlageslade Fidelissima, 
convindo cm que no mais se praticaria o mesmo 
que se praticava com Elltei Calholico (32). 

Despacho de M. de Pui^sícuk para o Cônsul, An. 1751 
participando-lhc como achando-se com a saúde ar- ^^^-^ ^^ 



[31) Arch. do Miniatcrio dos Ncgoc. Estrang, de França, 
rol. cil. f, 337. 

(32) rhiã., r. 340, 

\I. ■ 2 



— 18 — 

ruininiu pcilíra a ElRei a sucT deniissílo, o que S. M, 
llic conccílòrn, nomeaiiílo pnra succcJer-lhc o Mar- 
<|iicz de Sainl-Coritexl, seu Embaixador em Ilul- 
landa [33]. 



An. ílH 
Nov.** 30 



Faz nesle ofiicio o Cônsul ao novo Miaislro de 
França o Marquez de Sainl-Coii[e\l o rolrnto dos 
membros de nosso Ministério nos seguintes lermos. 
Petlio da Mola acha\a'Se com 70 annos dô idade, 

e havia 10 que n^o sabia de casa. 

Sebastião José de Carvalho» Secrelario d'Eslado 
dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, que ainda 
nào tinba aO aimos, podia ser considerado como 
o principal Ministro; iuíaligiivel no trabalho, aclivo 
o expedito, tinba cnnquislndo a confiança d'EIRcÍ, 
seu amo, e no que respeitava á direcção dos ne- 
goííioa polilicos ninguém mais a linha. Quo o povo 
fazia justiça aos seus lalculos e ale a própria no- 
breza que o suspeitava de qucrel-a arredar o mais 
possível do governo; que tinha além disto muita 
decência e representação ; era muito inclinado a 
Pedro da Mola, consultava-o a miúdo : trabalhava 
com muito successo no nugniento de sua cisa o fa- 
mília. Simples gentilhomem coraecou-so a illuslrar 
por um casamento que ícz cm Vicnna d'Auslria, 
e ha um anno que sua esposa foi nomeada Dama, 
e seu irmão que era capitão foi nomeado governa- 
dor do Maranhão ; diz-se que nào tardará a ser 



(33) Arch. p yol. ót. f, 3*5, 



— líl — 

"orneado Grantlc do Iteino. O Abbade de Mendon- 
Çd^ Ministro da Marinha, de dli annos, de fraca 
consliluioão, regular no trabalho, e moderado em 
sua ambiçào, era mui bem vislo dEIReí e a quem 
Fazia a Cõrtc por muilas all^nções em tudo quanlc 
dizia respeito a seus díverlímentos do caça, de via- 
gem, ilc cdifi.oiosy clc. Alexandre de Gusmào era 
lambem por vedceâconâullado nos aegociosdeBoma 
de quo elle tratara 20 aunos, e também sobre a exe- 
cução do Tralado dos limites. Tinha muíla appli-< 
cação, lalenlos e conhecimenlos, mas accusa\5o-no 
de pôr mui alto a mira de sua ambição. — Vir- 
golino e Liidovici, ambos criados particulares d'El- 
Rgí, tinlinlo muito valimento porém somente no Paço. 
Goncluidod estes retratos pasau o Cônsul a tratar dos 
Tribunaes (3í). 

Insírucções passadas ao Conde de Baschi nomeado An. 17£>2 
para a Embaixada em PorltigaL Maio 21 

Começao estos inslrucçòes dizendo que EIRei de 
França havia dado evidentes e repetidas proiasdo 
moderação para persuadir a Iodas as Potencias que 
o que mais desejava era contribuir para a paz e so- 
cego da Europa e que poséra sempre nislo todo o 
seu cuidado, e cm conservar-se em boa inlelligencia 
com as ditas Potencias principalmente com aqucl- 



[34) Arch. do Minifttcrto dos Negoc» Esiran^. de Franca, 
rol. LXXXrVda Corresp. de Portugal, T 375. 

2» 



^ 



— 20 — 



las que lhe crio chegadas pelos vínculos do san- 
gue. 

Que ElRci de PorUigal se achJiva estreita mcnlc 
ligado com a Cnsa Real de Fiança por haver es- 
posado a Infanla dTIespanha D. Mariana Vicloria 
de liourbon, filha de Philippe V, e que desejando 
aquellc Moiiarcha ler na sua Cuile um Embaixa- 
dor d^elle Rei Ghrisliiiais^imo, logo que d'ali man- 
dara rclirar M. de Chavigoy, para n3o inlorrom- 
per de lodo as relações com a cúrie de Lisboa en- 
carregara dos negócios a M. Duvernay, mas que 
concorrendo no Conde de Baschi suílicienlc capaci- 
dade, ccmo mostrara nas dilTercnlcâ missões que 
desempenhara fie delerminára a nomcal-o por seu 
Embaixador junto de S- M. FidellÊsiraa^ o por laato 
lhe ordenava que partisse im mediatamente para Lis- 
boa por via do Madrid onde se faria apresentar a 
S, M. CaEholica a quem pediria as suas ordens para 
Lisboa, offcrecendo-so para executal-as com lodo o 
zelo por isso que o principal objecto da sua mis- 
são era de contribuir o mais que possivel fosse a 
manter a boa harmonia e união entre as cortes de 
Portugal o d^IlGspaaha, os quaos dcviao ser inal- 
teráveis, depois que as dilTerencas a que havia dado 
occasíâo a questão da Colónia do Sacramento ha- 
viào sido concertadas e ajustadas. 

Que em se avizinhaado das fronteiras de Portu- 
gal mandasse aviso aos Governadores das Praças 
por onde houvesse de passar para ser nellas rece- 
bido com as ceremonias o ordens do estilo; e de- 
pois de SC lho dar uma conta resumida do cere- 



— n~ 

monial com que criío recebiilos cm Lisboa os Em- 
baixadores de Françaj passa a ordcnor-sc-lhe que 
faça a primeira visita ao Miíiistro dos Negócios Es- 
trangeiros, a quem devia dar o Iralamanlo de Ex- 
celleticia e pelo mesmo leor a todos os Sccrelarios 
d^Eslado. 

Que, cm eslnndo perlo do Lisboa mandasse cha- 
mar o Cônsul para informar-se d'elle por miúdo 
do estado da nossa COrte, o do moda com que ticlla 
fora recebido M. de Chavigny, que logo que fosse 
admillido á presença d'ElReí D. José lho daria o 
IraLanienlo de Magesliide Fidelissima- 

Que dado que as circumslaiicias ofTerecosscm 
ponca opporlunidade para negociações iaiporlanles 
na C(>rlo de Lisboa, havia dous assurapLoe que ellc 
Einbnix:idor devia não perder de visla. 

Que um d'ellcs era o casamento da Princeza de 
Portugal, que niio lendo EIRoi seu pai filhos va- 
rões nem esperança de os ler cm razào da pouca 
saudc da Itainhai c as lois do Iteino excluindo da 
successão ao throno Ioda a Prinncía Portugueza quo 
se desposasse com Príncipe eslrangeirOt pulo mesmo 
Icor os lilhoa que d'aquclto mah'i[íioQÍo nascessem, 
exclusão e Impedimento que sõ podia ser rcíuovido 
pelos Ires Estados do Reino, era de presumir que 
Ellíoi de Porlugal não pensava cm dar a dita Prin- 
ceza cm casamenlo nem ao Infanled^tlespanlia, nem 
ao Archíduque filho do Imperador d^Austria ; que 
pur consequência o casamento da Princeza podia 
Iralar-se ou com o Infante D. Pedro, ou com o 
Infante \). Aulonío, que o primeiro linha por sí a 



— 22 — 



opiníSo Jc Ioda a naçào, porem que a predilecção 
manifeàla dElRei defualo cm seu favor o havia le- 
vado a dcscuidar-se do que devia ao Príncipe do 
Brazil que era aclualmcnle Bei de PorlugaK com 
quem não havia lido Ioda aquella conlemplacao que 
devia. Que ElRei reinanle conservava dislo certo 
reseaLimeolo, moUvo por que pareceria disposto 
a dar a preferencia ao Infaulo D. Anlonio; que 
aquelie Príncipe, que havia lido a industria de se 
conservar na graça tlEIRei e da Rainha, era tam- 
bém bem aceilo da naçào, porem que como li- 
vesse já 57 annos, receava-se que não podesse ler 
filhos. Estando nestes lermos aquelie negocio orde- 
na-se que trale de bem informar-se de tudo sem 
todavia dar mostras de que d'isao se occupava, e 
(]uc Iransmiltisse enn cifra as informações e noticíaa 
que colhesse. 

O segundo ponto era de muito maior importân- 
cia do que o primeiro» e consistia no Tratado de 
conmercio de que a Fran<;a liavia redigido um pro- 
jecto em 1733: c a este respeito devia elle Em- 
baixador significar aos ministros de Portugal que 
EIReí de França, seu amo, eslava ainda nas mes- 
mas disposições 110 coacernenle ao dito Tratado, 
dando conla úo que sobre aquelle assumpto pas- 
sasse. 

Passa-se depois a Iralar da pessoa c qualidade 
dos Secretários d^Eslado conforme á informação 
dada pelo Cônsul, reeommendaudo-se-lhe todavia 
que averiguasse se crào certas as dilas infoi^ma- 
çucs, e que desse parte de Iodas as particularí- 



*3 




daJes (! moJificacOes (jue nolasse, sempre ei^P 
fra. 

Ordena va-se-lhe que se empenhasse era ganhar 
a confiança d'ElRci D. José o rios seus Mínislros, 
Iralando de convencer a estes de que nào havia 
casíi da Europa com quem a de Portugal se de- 
vesse ligar mais eslreilameiíte do que a de França, 

Ordenava-se-Ihe igualmente que vivesse em boa 
inlelligencia com os Ministros das demais Pólen- 
cias, e com mais intimidado com o de Hespanha, 
para fazer constar em Iodas as occasiões a eslreila 
amizade c uniào que existia entre EIRci de França 
e ElBei dHcspanlia, o qne não obstante, respeito 
ã precedência, (le\ia de haver-se com a maior fir- 
meza cora o sobredito tmbaíxaiior. 

Rccommendava-sc-lhe lambem que e^xaminasse 
nos Arcbivos da Embaixada de França os titules 
dos privilegies de que gozava a Igreja de SiJo Luiz, 
para pugnar pela coQscr\açSo (1'ellcs, e do tratar 
de que os privilégios dos da sua nação fossem es- 
crupulosamente c em Ioda a sua integridade con- 
servados, caso se não viesse a ajuslar o Tratado 
de comoiercio, e a final que leria cuidaJo de re- 
digir memorias sobre tudo quanto dizia respeiio á 
adminiâtraçíío, pessoas, costumes, a outras parti- 
cularidades d^aquella Cúrle para as entregar nas 
próprias niâos d"E!RcÍ quando voltasse da sua mis- 
sSo tSB}- 

{3S) Arch.cil., vol,coinolilulo;J*oríiiíííií, H59aíSÕ2. 

JH^mmrct et Voc^mcnU. 



— 2Í — 

An- 1"32 Tem audiência de despedida d'EIliei de França, 
Junho 2 ^ Conde de Basclii nomeado Embaixador juulo a 
EIRei de Poríiigal (36). 

An. 1753 OíEcio do Cônsul Duveroay em quo participa 
Q\}L'* 31 qyg ^ jjjjj^ j^ Coade d'UnMo acabava de &er no- 
meado para ir render o Visconde de Ponlc de Lima 
na Embaixada de Madrid, por haver este pedido, 
havia muito tempo, licença piíra regressar para Por- 
tugal (37), 



(36) GaieU de França (Inno supra], p. 387. 

(37) Arch. c vol. oÍl,, vai, LXXXIV. T 92- 

Em ofndo de 7d(' Novembro do mosmo, que vem nomcs- 
mo vol.iif. 93, dizia o Cônsul qire SebasliiiQ Joâcdc Cannlho 
e o Visconde de Ponte de Linia^ minca baviao concordado 
sobre os passos que se devião dar na C^irlc de Madrid a res- 
peito do Tratado da troca c da demarcarão dos limilcs dos 
EsUdos ultramarinos das duas Coroas; que o Embaixador 
havia a^signado oTrâlado contra a sua vontade, e não que- 
ria ao depois trabalhar para lornar illusoria a execução ú't\- 
)e: que esla repugnância motivara a missão di; M^ I^bo a 
Madrid; do qoe desgoatoac o Visconde de Ponte de Lima 
pedira a sua demissão, que at£ então se lhe não havia dado 
por SC achar dle muito nas graças c fonHanças de SS. MU. 
Cathoticas; qut> o sou succcssor €ra um homem prudente. 
mas curto itr iritnndJnirnlo, e inLeiramentc drvotn ai) pri- 
Qjeifo Ministro, que IriílialharJa J'accordo com o dilo M. 
Lobo; que aqudia mudani^a nâo fura muito do agrado da 
Ci^rte de Madrid. Em addíçào a cslr ofiicio dizia o mesmo 
Duvernay que o uosso Govcrnu aiudi não tinha consistên- 
cia; que EIRei tinlia pouca instrucrao e entri-^^ava-^e a 
mit passatempos; que o Míníslro Sebastião José de Carvalho 



— 25 — 



I 



Carla do Ministro Sccrelariod^Esloilo de Franca A"^1752 
para o Encarregado, cm íjue lhe diz folgara luuíio ^"^^"^^ 
de saber que o Ministro Sebastião José de Carva- 
lho se achava cora maaifeslaa raellioras, e recooi- 
nienda-lhe que quando livesse occasi^o de lhe fal- 
tar se nâo esquecesse de lhe testemunhar da paríp 
d'elle Miniglro a parle que tomava om sua prom- 
j][a convalescença (38). 

Carla do Condo de Basclii para o Mínislro do An. 17S2 
Puissieux, dando-lhe conla de como havia sido mui i**^^-"^^ 



, trabalhafa muito, o imaginava trabalhar aindn mais do que 
fazia; qne até então nâo tinha cacDolrado cm seu caminho o 
mencr obstáculo, bem que cjiistissem contra elJc muitas ma- 
chioaçõcs e intrigas, das quaes cllc fazia lalrcz menos caso 
do que devera ; assim que o P_' Goovea, que do precedente 
reinado havia estado ã testa dos negócios, ia ganhando bas- 
tante terreno, (ihiã^j 

I£m oincio de 28 do dito mcz dava o mesmo Cônsul parte 
dfl morte de Fr. Gaspar Ic Gouvea d'uma apoplexia, e re- 
fere qiicElBci D. Josò querendo dar uTna dcmonslrarno pu- 
Mica do ^enLímcnto qne tivera com aquolle infeliz aconteci- 
mento, manddra suspender a reprcaentai;ào que neste dia se 
devia dar na Opera. (/6td,, í. 100,) 

IEalc Religioso era o mesmo que no precedente reinado li- 
vera grande inDucncia nos negócios, e de que tratámos a p- 
ccii!i da Iniroducção do T, V, Ali dissí-mos, coQÍlando-nos 
no que dizia u Agente Trancei, que o dito Religioso era ir- 
miío do Marquez de Távora, quando o era do Marquez de 
Gouvea, como elos fez advertir o Sr. Conde di; Lavradio por 

Íocc.isião de ter lide o nosso volume o que multo agradece- 
mos a S, E. 

(38) Arcíi. do Ministério dos Negoc. Eslrang» de França» 
XqI, iXXXIV da Çorresp. do Portugal, f. 105. 



— 28 — 

bem rccebiJo por S. M. Calholica, que o encarre- 
gara de niuilas lembranças para SS, WÍM. Poilu- 
guezas. Participa mais que M. Lobo acabava de 
fallecor aaquclla Côrle e que naquellas circumslan- 
cias era uma grande perda ; qae o Duque do Du- 
ras lhe diria os molivos por que assim se expres- 
sava acerca da morle d'aquclle Diplomala Porlu- 
guez (39)- 

An. t7dr} OíBcJo do Encarregado de França para o Mi- 
^^ " níslro parlicipando como se havião datlo as pro\i- 
dencias para o recebimento do Embaixador Corde 
de Baschi ; c do como a nossa Cdrte eslau muito 
sentida pela morte de M. Lobo, mu) particular- 
menle o Ministro ãebaslião José de Carvalho a quem 
custaria mui(o achar quem naquclíe género o po- 
desse subatiluir (40). 

An. 1753 Chega a Lisboa o novo Embaixador de França 
Jan." j3 (^oude (je Baschi, o qual foi recebido ao desembar- 
car pelo Conde d'Avinles que o conduziu ás casas 
de sua residência num coclie dEIRei, e no dia 17 
tevõ audiência particular d^ElItei (il). 

An. 1733 Despacho do Minisl.ro Secretario d'Estado de 
Jan." íB prançj p^j-g q Conde de Baschi ordenando-lhc. 



(39) Arch. do MíDislerio dos Ncpc, Esirang. de França, 
toIh LXXXVúii Curresp. do Porlufjd, f. 111. 
(+0) Ibid,, f. 115- 
[41) Gazííta do França (àniioaí*pra), p. III- 



.— 2: — 

quo logo iiue chegasse a Lisboa^ bg infonuaesL* áo 
carncler do Condo de Unhão nomeado por parlo 
díj Porlugal para a Embaixada di? Madrid, se era 

protegido parlicularmenlc por algum dos Ministros, 
e se era affeclo â Rainha mãi, porque d'ali clle po- 
deria inferir se era conveniente ou nao para os iu- 
leresses da França {Í2), 

OIRcio do Conde de Baschi para o Míaislro Se- An. ns3 
crelario dTsIado do França, dando-lhc parle da^^"'"^* 
sua cliegada a Elvas, cujo goverrador lhe maii- 
dára fazer e\cusa de o nílo ir vísiiar, cousa que 
era assas legilíma pois que linha mais de cem ân- 
uos (i3). 



(43) ArcU. e vol. dl.» f. Í20. 
(43) md., L 12-í. 

Era ofBcia do 23 do mesmo ro»z {ihid.^ í. 130) conlinuou 
o Embaixador Conde de Baschi a dar cobta da sua jornada 

de Aldcji-Gallr^ga para Lisboa, onde o \cio recv.btr o Tonilc 
d'Avintes nos cochts; foi logo faicr avisitn do cslila ao Mi- 
nislrn dosNcj^cdoã EáLraugcíros quuo h;i via recebido como 
a amigo por se lerem fí-cqueDtado muito coi Munich; que 
tivera loj^o n sua primeira audiuncia dTUtei, o qual se oão 
cobrira, c lhe respondik^ em francez cm bons lermos que 
elle esUva (lersuadido da amizade d'£lRei de França, e que 
quanto d'elíe dependesse espemva continuar a conaervar^sc 
com S. M. ChrisLianissima em li'>a iulelligí^ncia ; que a Prin- 
cezíi do Bru£L] Ibe respondi^ra também em mui bom francez. 
— Quanto ti Raiiiba mãí, que esta o rt^ccbiira cm sala sepa- 
rada c debaiso do doccí^ c lhe rall;íru lambem cm franccí- 
Qao ao depois íòrn no5 InTinlos D. Pedro c D, Anlonio, os 
quae5 ambns lhe haviâo fallado cm porluguCJ, e que o últi- 



.\n. 1753 
Fev/ 13 



— 28 — 

Oflicio (lo Embaixador- acompanhando a remesi^ 
d'utiia Memoria sobre o commcrcio ilc França com 
Portugal; á qual ajunla algumas parlicularidailes 
sobre a nossa Cflrle (ji). 



An.iTsa Começava a Memoria sobre o commorcio que 
Fev." 13 acompanhava o officio d'este dia dizendo que Por- 
lugal por sua situação geographica nenhuma ne- 
cessidade tinha de ter relações politicas com o res- 
tante da Europa em quanto o deitassem em paz 



nko SC linha expressado com moita afTectAçâo» acabando por 
dizer-ltie que era inleiramente Trancei. Quanto ao Infanlc 
D, Manoel, esse o recebeo com extrema cordialidade, fèl-o 
sentar n'um canapé, cefttcve cora elle conversando uma hora. 

{«) Arch, e vol, dl-, T Í49. 

Erão as particularidades que por eata occasião rcreria o 
Conde de Baschj, que a nossa Corte cstav^k D*iima dissipação 
sem igual; qu« a Rainha roinanle tiiLha grandíssimo impo^ 
rio ãobre EIRei, seu maridn ; porf>m que não Linha vontade 
de SC occupar nem de se ingerir em tudo quanto erio negó- 
cios, e ohrigava ElRci a fazGr o mesmo ; que ao passatempo 
da caça siicccdião outros passatempos, e lodos erão bons com 
tanto que EIRei a elles assistisse. Que tendo muito ciúme 
do marido veria de má vontade a todo aqudlc que tivcs&c 
sobre ellc algum asceudenle de qualquer maneira que fosse, 
e que csLa era a ri7;ão que fazia com que se fosse dilalando 
o casamento dj Princesa do Urazil com u Infante D. Pedrn 
para o qual já se Liulião mais d'uffla vez encommcadado os 
vestidos. 

Que n nação propendia para o Archiduquet mas que d 
queria Rei dos RomaiLos. Quanto á Rainha inãi que estava 
do todo concentrada cm suas devoções c níio se ingeria nas 
negócios, Dcm tampouco os Infantes. (Ibid.) 



— 29 — 

Tm seus límiliidos doniinios, era mais que proia- 
vel que coiiU-nlando-se com aquclle pauco se dei- 
xaria assim estar, desconhecido dos ouLros Reinos 
da Chrislaiidade, se as suas possessões ullramari- 
nas lhe nao fizessem achar cerlas vantagens em 
eomniorfiiar com ellas; passa depois a mostrar como 
os Ilollandezcs se haviào apossado de grande parte 
das colónias porluguczas ddranlc o caplivciro doa 
Qespanhoeg. Allírma que as nossas posscssGcs da 
índia erSo onerosas, mas que o mesmo nílo acon- 
tecia com o llrazii donde lirariamos ainda maio- 
res pro\eitos se fossemos mais diligentes, mas que 
o que uao tirávamos redundava em proveito dos 
Estrangeiros ; e que os receios ijue as Potencias 
tinhifo da possibilidade de cair o Brazil em poder 
d'uma iiaçilo mais activa e industriosa obrigavào 
cada uma d'ellaa a empenhar-se em que elle n^o 
saísse do poder dos Porluguezes- Qiie Portugal es- 
lava bem longe de se considerar debaixo do jugo 
dos Inglezes, os quaes esperava pelo conlraao que 
fossem seus tributários (15), 

Dando o Embaixador em odicío doeste dia parto An. irsa 
ao Ministro da partida do Conde de Cnhao que íq^^^^^^g 
render o Visconde de Ponte de Lima na embai- 
xada de Madrid, dizia que elle considerava a par- 
tida d osle uUimo d^aquella capital como um acon- 
lecimenlo favorável para os interesses da França, 



(45) Archiv. e vol. ciL, f. 154. 



— 30 — 

por isso ([lie o Viscondt! era mui affurrado aos In-"" 
glezcs, e gozava cm MnJrid de grande consiJeraL-ào, 
íjuo o Coniie íÍc Unhào scii succcssor nào poiieria 
adquirir, circumstaucia a que se devia o ler o dito 
Visconde sido mandado recolher, por issf] que o 
Miniãtro Carvalho queria ser senhor cie dirigir os 
negócios conforme lhe parecesse o que não podia 
fazer com o Visconde (iC)- 

in. 1753 Despacho do Ministro Secrelariod^Eslado de Fran- 
Jq\:- 27 p^ p^j.y^ g Conde do Raschi, aulorizando-o a fazer a 
primeira visita aos outros Secretários d'Estado do 
mesmo modo que o havia feito ao Ministro Carva- 
lho. Traia o roslante d'esle despacho do ccremo- 
níal da visíLa ao Palriarchaf para lhe nao deixar 
lomar a dírcila em sua própria casa, estranhando 
lambem que no Iheairo da Cúrle os Ministros da 
1," e 2," ordem se scniassem no camarole sem dis- 



(46) Archif, e voh cil-, f, 166. 

Nealo mesmo oOldu vindo o C^nde de B^^clii a fatiar do 
casamento da Princct^a dt> Brazil, disia que a llaíoba iiào 

queria ãc modo algum ouvir fanar em bl, por isso qac C9- 
perava poder ainda ter um Glho varão, e EIReí c as pessoas 
quâ e^tavãri a seu lado cnndcsccndião com os dcsfjos da Raí- 
Lhn. por isso que clles faziio que o Infaole D. Pedro oão 
tivesse parte nos negócios como o teria es la tido casado com 
a Princeza, o que talvez poscsse um Icrma á dissipação cm 
que a Cõrtc estava engolfada, e accrcsccntava que oi rendi' 
jacniús pvbficos estarão a tal ptinío cThaustos /jtie Etltei aps- 
naft tÍ7Lhactim que fazer a* sufií íífípcíaí, algumas das quaes 
arão indíspensavds, [Ihitl.) 



— 31 — 

tincçno, poríni a csíc respeito nào loma resolução 
alguma, c acoiisclha-lhc ile entreter uma corres- 
pondência eíTecliva com o Duque de Duras, Em- 
baixador de França cm Madrid (í7). 

Tem a Condessa de Baschi, raulher do Embai- An. i7fí3 
\ador lie França, audiência da Rainha de Portu-'**''""^'^ ^^ 

gal (48). 

OSicio do Embaixador Conde de Baschi, no qual An. 1751 
depois de referir varias particularidades sobre a***'"^^^^ 
nossa COrle, participa ao Ministro que dizia res- 
peito ao Tratado de eomraercio que era um dos ob- 
jectos de sua missão, nada se podia fazer em quanto 
estivesse em vigor a pragniatica (ift). 

Olficio do Conde de Baschi referindo a chegada An. 1733 
a Lisboa do Ctjnde de Perelada, Embaixador d'Hes- ^^"^ ^^ 
panha, que íôra recebido ao desembarcar pelo Conde 
d'A\eÍras, e depois fora logo visitar o Ministro Car- 
valho, que lhe pagara imuiedialamenle a visita, e 
' na mesma noite tivera audiência parlicular d'£IRei, 
como Ministro de Familia. 

No dia seguinte, 2ã do mesmo mez, participava 
o Conde que o Ministro Carvalho o linha preveni- 
do de que o camarote tio Thealro Real destinado 



[*7) Arch, e vol. cÍL. t. 171. 

(48) Gaiela de PraTira {Anuo mpra.], p. i9T. 

(49) Arcb. evol. cil., T 182, 



— 32 — 

para o Corpo DiplomaLico sendo mui pequeno ha- 
via EIRci tlclcrminailo do convidar a cada um dos 
membros d*clle cm particular para puderem assistir 
ás representações cora mais decência. Que aquelle 
arbilrío fura tomado, diz o Embaixador, para evi- 
tar se renovassem as disputas de eliquela [50). 



An.i7íi3 Carta do Ministro Sccrclario flTsIado de Franca 

Maio 26 papg Q nosso Etviado, respondendo á nota que este 

lhe havia dirigido qucixando-sc de que achando-se 

no baile da comedia franceza, uma das sentinellas 

havia maltratado um dos seus lacaios (51). 



An. 1753 
Maio 27 



Carla do Ministro Secrelario dTsIado para o 
nosso Enviado Lacerda, significando-llie que EIRei 
de França tendo sido informado do fado que dera 
motivo a sua queixa, ainda nules de elle a ter Feito 
havia mandado prender o soldado, o qual nao sai- 
ria da prisão em quanto elle Lacerda não pedisse 
n sua soUura (52). 



(50) Ãrch. do Ministério do»Ncgoc, Eslrâng. de França 
vol. LXXXV da Corresp, de Portagal, t 192, 

A noticia que damos uqui d' este Embaiiador d*Hcspanha, 
Conde de Perelada, yem supprir a omissão que fuemos ú'G5la 
Embaiiada a p. 245 do l. ii d'esle Quadro Elementar, Scc- 
çjo XV, onde iralinius das Relaçucs diplomaiicas entre Por- 
tugal e Ilf^ãpanha, 

(51) Arch. í;>oI. cít,, f. 207. 

A p. 208 vem a referida nota do nosso Enviado nsstgnada 
por soo fiTbo. 

(52) Ihid., r. 209. 



— 33—^ 

Versa o odicio do Conde de Baschi doeste dia so- An. 1752 

bre objeclos commerciaes, e nelle pondera que a ■'""'** *^ 
França a esle rospoilo nada aícancaria do gaverno 
porLuguez senão á cusla do grandes sacriflcios; que 
por qualquer cousa que concedesse o menos que o 
imsso gabinete exigiria seria a igualdade de Irala- 
mento enlre as duas cflrles; que era assumpto cm 
que sfi nào devia ceder em razão da nossa altivez. 
Assim que recomniendava a seu governo de se ha- 
ur comnosco com firmeza, sendo de parecer que 
se o Iralado de commorcio se verificasse, os Ingle- 
zos ficariiio rcscnliíioSj por tanlo píirccia-lhe maia 
acertado o sobreeslar-se na conclusão d'cile (33) > 

Carla de M. de Línoncourt para o Ministro dosAn. jts3 
negócios estrangeiros do França, parlicipando-lhe^"^'*"^** 
que em comprimento das ordens que d'elle rece- 
bera se linha informado da descendência da Casa 
Heal de Portugal, e lhe reinetlía sobre aquelie as- 
suuiplo uma dissertação (lU). 

OíEicío do Conde de Baschi no qual refere á sua An. 1753 
corte que Ellíeí D. José fazia muilas esmolas e da-^"'^*^^^ 



(53) Aroh. evol. dl,, f. 321. 

(54) Ihíd., f, 247. 

A f. 248 vem a «nbredíLi diii5i?r(a^õo coin o segninLc tilu- 
lo: Díitseríation sur lorigine de ia Maiíítn ^uí r^gno acfuct^ 
leiAtmi en Portugal, c lem 16 jiaginas, D'i'lifl se infere com- 
binanilo-^e com a que se aeha itas iusIrucrOfS do Conde de 
Baschi, que u Gabinete deFranra líiitin alguma iúí-a de ne- 
gociar algum rasamento com uma das lilha5d'Ein<:i n. Jnst?. 

VI 3 



— 3Í — 

ilibas ás igrejas pelo n;ãliibclí!cimcnlo da saúdo da 
Prinroza do Itrazíl, sua lilha. hem como aos 12 
médicos (\m delle Iralavâo, c ajimlava que a lo- 
fanla mais moça que nào era Iratada por lanlos 
linha melhorado dentro de pDuco lenipo^ e se linba 
relirado para Delem (oH). 

A». 1753 OHicio do Conde de Ifaschi rjueixaudo-sc do\a- 

Agosi. 7 ggj. ^iji^ qiip y^^^ gg |-^j,jj^ ^^^ Portugal, c cilava 

por exemplo i\uv. havia um mcz que linha iicdido 
ao Minislro Scbaslirin Josó de Carvalho o protocolo 
do ceremonial para poder fazer a sua colrada pu- 
blica, e Iciido-lho promellido por diversas vezes 
ainda lho níio liaha mandado (^G). 

An, 1753 líespacho do Ministro dos negócios cslrangeíros 
Agúsu2i ^\Q França para o Conde do líaschi, cm resposta ao 
seu ofiicío de 1D do Junho, sigaificaudo-lhe que 
era do mesmo parecer que ello, que so devia pi»r 



[56) Arch. e vol. cii., f. 256. 

(56) mu., r 26i. 

Par esta occaaião mandava o Embaixador uma inTorma- 
çào snbrc 09 rcndimcntoâ do noaso Bcino^ que dizia crãodc 
30 paru 3ã mUhoes do fruDcos. Que as frotas trazifio annoal- 
moTktfl 15 milhões d"cales rendimentos. O conlraolo dn Tn^ 
baço rendia 5 milhties c 300.000 francoíí. Em nnia Mi^ino- 
ria SC dizia que a soturna lutai dos rendimcntcis nãri chegava 
a lanlo, sendo somente de 28 oiilhues de francoa ; os des|ie- 
zas, segundo cUc, crão ínuneosas, e ostava-sc qnnsí sempre 
sen: dinheiro- 



— ss — 

dfi parle o negocio tio Tratado do commcrcio que 
se havia enlabolado com Portugal no precedenie 
rctnaJo, c vindo a fallar do doença da Prineeza do 
Brozil ordciia-lhc que queira leslemunhar a SS. MM. 
Fidelissimas o grande pezar e susto em que por esse 
motivo eslava ElRei de França (57), 

Despacho do Ministro dos negócios eslrangeiros Af^< f753 
de França para o Conde de Gaschi acompanhando ^^*" 
as carias de nolificaçào para KlUoi e a Rainha do 
nascimcjUo do Príncipe Olho do Dolphim a quorn 
ElRei deu o titulo dií Diiíjuc d*AquÍlania (58), 

Em o officio do Embaixador Conde de Baschi An. 1753 
dVslc dia, traia da igreja de Sao Luiz o começa®'^''" ^* 
dizendo que era uma cousa bem singular que no 
meio de Lisboa, e diurna nação a mais allwa do 
Universo, houvesse uma igreja em cujo ri'onleepi- 
cio se vis^m as armas da França, e onde o sco 
Embaixador recebia as maiores honras, o colloca- 
Uo n'unia espécie de throno debaixo d^um docel 
ouvia cantar o Domine, sahum fac Uegem, por 
Elltci de França sem que se fizesse menção d'EI- 
Rcj de Portuga), c conclue confessando que eia- 
minando escrupulosamenie os Archivos da Embai- 
xada nào achara titulo algum de que se podesse 



(57} Arch. e vúI c\t. í. 281, 
(5?) Ibid.. f. 285. 



3» 




inferir linha a <lila igreja algum priíiicgio ou im- 
mnniilntlí? (S9), 

NAn. 1753 Oílicio do Coiido de BasclJÍ dando [larle de como 
Sol." 27 jjjj^ J3 participado iinmudialamenttí ao Minislro Car- 
valho, aos Cardeaes e aos Embaixadores eslrangeí- 
ros a noticia do nascimento do Duquo d^Aquilania 
que assegurava a siicccssao do llirono de França, 
que niRoi D. José lh(; dera audiência no dia ante- 
cedente S6 do DiGsmo mez e recèebra as cartas 
d'ElRci de França sobro aqucllc nãStimpLo, c accusa 
a recepção da partícípiícílo que lhe havia sido feila 
da vinda a Portugal de M, de Ghezac, o dos Aca- 



{S9) fòid., f. 286, 

A <^in guiar idade de que lanln sg admirava o Embaixador 
era hrm nnhtrjil, porque senda a Igrojii 1'rancczii era indif- 
fcrente p<ira a soberania de Pnriugal que lhe po^o^âúm ao 
frifiitispicia as armas de França, c que os ijubtiitos France- 
ECS fizessem dentre d'e11a ao Represeatanle de ítu Soberano 
as honras que julg-ivão lhe deviào ; poròm o Embaisador em 
vez do julgar do fado com são juizo, levado das preconcei- 
los quE tiQha acercada ailívez dos Portiiguczcs, attríbuiJi a 
primeira d'eslas cousas a ler sido a dila Igreja edificada em 
1536, cpoca cm que oGovernv porluguez não prestava inún 
a alteutjào á círcuED^Lancia das arma» de França qae em 5CU 
froaLíapLcio se havião collocado. 

Ainda ncsU doía âe não tinha achado na Sccrclaríi o pro- 
tocolo do cerf^moniaL do ri^cebimpnto dos EmbaisacTor^^s do 
França, c assim 1h*o havia dito Seba^li^o José de Carv^tlho, 
conFcssando fúr.i inútil a-bnsca que mandara Fazer no."; Ar- 
chivos, e prometLcndo-lhe de fazer por o mesmo uma mais 
exacta para verse os encontrava, (Ihiií). 



— 37 — 

<Ien}icos a quem EIRei Luiz XV havia oncairegiuio 
de fazerem em Portugal varias observações (GO). 

OlBcio do Condo de Baschi participando comoAn. 17S3 
havia apresentado a ElEei D. José os aslronomos*^"^""*^ 
da marinha c lhe dissera que em proveito da na- 
vegarão EIRei seu Amo queria que se observasse 
o eclipse aos Esíados de Portugal por haver de 
ser nelle o dilo eclipse total, e que para esse ef- 
feito havia feito armar uai ravio e liavia nolle man- 
dado aquelles astrónomos paro que houvessem de 
verifiL-ar juntamente as longitudes dos At-ores e da 
Madeira ; que Elliei D. José Hie respondera que 
eslava encantado de poder preslar-se a tào glorio- 
sas iavesligaçOes, tizerão varias perguntas aos as- 
trónomos fí lhes dera licença para fazerem nas ilhas 
as suas observações (fil). 

OlQcio do Conde de Baschi em que participa que Aq. 175a 
se nao poderá acbar na Secretaria o protocolo do Out.^^ae 



(GO) AFCh. cvol. cíIm f. 291. 

A p. 305 vem, com cnbíto, um olUcio úo mesmo Embai- 
lador cm que participa aa seu Governo qiíc ia pedir a EIRoi 
uma Dudicncia para apreâcntar-lbu os asiruuomoa franccEes 
que acabavão decbtf^ur cirin uoia cuiJimhãàubcicnLillca. Nâo 
sú forno i:slaâ sábios recebidos ena autlli^ucia, maa EIRoí Ihcâ 
doo uma fesLa convidaado-os (lara aOjti^ra Real, do que cUcã 
ficarão muiln penhorados. {Aruh. c vol. cil., i'. 33Í, oÉBcío 
do Eiribaixador, de 30 d'OutiibTo). 

(61) Arch. o vol. cil., f, 317. 



— 38 — 

ccremoníâl para o reccbJnienlo dos Embaixadores 
de França, e ([ue havia sido mister que o Marquez 

de Sainl-Conlosl lho livcsse mandado copia do que 
ee havia pralicado com o Abbade de Mornay para 
facilílar-lhe o arranjar as cousas para a sua entra- 
da publica cora o Ministro Carvalho, que nada acer- 
ca d^aquella matéria poderá descobrir na Secrela- 
ria (62). 



An. 1753 



Officio do Conde de Baschi ponderando o grande 
damno que fazia ao commercio fianccz a nossa fa- 
brica de sedas, a qual liiilia sido fundada havia 
cousa de iO ânuos por um homem de ISraga do 
sociedade com um Francez por nome Gaudirij u 
coQlifiua descrevendo quanto ella fabricava e o es- 
tado em que se achava, por isso que o Governo 
porluguez fazia quanto podia para lornar-se inde- 
pendente dos estrangeiros, ]}orím que clle pensava 
não seria cousa mui difScil o contraminar taes de- 
sígnios, anuiuando a sobredita fabrica desencami- 
nhando-lhe os trabalhadores e impedindo a saída 
de França daqueíles que o nosso Governo man- 
dava vir (63). 



An. 1753 
Hov." G 



Otficío do Conde de Caschi, participando que o 
nosso Minislro Sobasliiio José de Carvalho se quei- 
xava de que o Fermier des Domaines cora o prc- 



(62) Arch, c voL cii. f 323. 

(63) md., f. 330. 



— 39 — 

Ltixlo do dirtiílo d^aubaine se linha apossado i]os 
bens [Io fallecido Francisco Mendes de Góes, que 
desde que chegara a França Wra encarregado de 
IraLíir \nrios negócios com o Cardeal de Fleury^ 
e com os demais Ministros dos Negócios EsLran- 
geíroã; assim que aquelle acEo sendo conlra o di* 
reito das gentes ia passar ordens ao Enviado La- 
cerda para solicilar o alevaidamenlo do sGqueslro, 
Que pela mesma occasiao lhe prometlera a(]uelle 
MinísLro um exlraclo do prolocolo do cercmonial 
que havia cinco meses que lhe havia pedido (61). 

Refere o Conda de Baschi em oflicio d'esle dia o A"- ^"^^^ 
grande trabalho que livera para alcançar os pas- 
saporles para a Corvela la ComèiCf que levava a 
Madeira e aos Açores os astrónomos, por isso que 
o nosso Goxerno linha desconfianças não fosse ou- 
tro o objecto d^aquellas explorações. Diz-se mais 
que o Ministro Ganalho lhe havia expedido os pas- 
saportes servindo-se dos lermos mais lisongeiros 
[)ara com a França, mas sempre alfeclando de púr 
o nome de Portugal em primeiro lugar como tazião 
as grandes coroas que queriuo hombrear com a de 
França, que cllo Embaixador se lhe mandara quei- 
xar por terceira pessoa, c viera a salier que fora 
ElRci Seu Amo que assim lh'o ordenara, porúm 
que depois de vários debates consentira eai que so 
pozcsso As rfttos Coroas em lugar de Portugal e 



(64) Arch. ovol. cil., f. 33t. 



I 




An.nst Carta i3o Ministro dos NogociDS lístrangeiros de 
Jan/ 17 lífança noGuarJadossclIos, reprosentando-lhe que 
em conformidade do direito das Genles o espolia 
do (allecido Mendes nào podia ser devnlulo [tara 
05 dorninios da coroa por ser elle cslrang&iro, por 
ISSO que havia &tdo Encarregado dos negócios de 
Portugal (68), 

An. 175* Despacho de Ministro Secretario dEslado de 
Jan." 19 pj.g„ç^^ pgpg Q Embaixador Conde de Baschi acerca 
do ceremeninl que se deveria observar em sua En- 
trada publica, no qual llic siguifíca que não haven- 
do já conselheiros d'Eslado em Portugal deveria o 
seu Gouduclor ser um dos Presidenles dos Tribu- 
uaes, por serem aquellcs os lugares mais considu- 
raveis do Estado, e por conseguinte ordena-lhe que 
peça para isso o Marquez de Valença, o que so 
abstenha de solicitar a dispensa dos Ires dias d'hos- 
pedagem, porque nào convinha que houvesse a me- 
nor alteração uo cerecionial (69). 



(68) Arch, e vol, dt., f. 16» 

Dizia o CuDdc de Baschi em ufficio d'esie diíi que a Famí- 
lia Iteal partira para Salvaterra c deiTtára o erário sem viu- 
Um, íi para faícr a viagem vir.i-se ElRi^i obri^çado a pedir 
algum dinheiro emprestado, pnrqne »iava ã espera d'iinii 
UAviú que lhe devia tnzer algum. (Arch. cil., vol. LXXXVl, 
M8) 

(6&) Arch. cJL, vol. LXXXVI, f, 39, 

Apegar df^sla ordem do Ministro cm 12 de Marro seguinte 
o Conde deBâschi ÍDblãtia por i^tr diapcu^do da Loãpcdagem. 




— 13 — 



Despacho cIc M. de Rouillé para o Conde de Bas- An. I75i 
chi, daodo-liie parte da sua nomeacào de Ministro 
Secretario d^Eslado dos Negócios Estrangeiros pela 
morte do Marquez de St-Conlest (70). 



e díiía cni ^ono do seu requerimento que o próprio Minis- 
Iro Scbasli ií de Carvalho descjífva que aqucllc cosIq- 
mu sn abo '<ie oilc Embaiicador Jhe pedira as suas 

eredcnciacs imn n7rtii'-sc d'el[as na audiência publica^ mas 
que aquclle Mioiatro Jhe re^pandera que era mais regular o 
pedir aoscuGoverno outras o que cllc passava a TaxernaqueUc 
r>fficio- {Ibid.^ibid., f. 62.) 

Em 21 de Maio do tnf^siuo aEDO loma a Conde de Daschí 
a insistir sobre o cercmoatal se deveria uu ilõu visitar va In- 
fanlci depois de TciLa a aaa entrada publica, c reporta-sc m 
quo o CoQStil Mfintagnac havia a cato respeito cscnplo cm 
1738, coucluitido que com ludo hXo puuhii oCabint^le Por- 
tuguex a mira cm elevar Portugal á calhegoria das grandes 
Poleneias. {Ihii~, t íi$.) 

Era tào má a policia, nu havia tanta falta d'el]a em Lis- 
boa nesLe tempo que commcUíão-se de noite nas ruas fre- 
quentes mortes. O Conde de Baschi dando disso parle a sua 
Corte diiia que o Conde de Quelen, official da fragata fran- 
ccza, fora atacado de noite, e ajunta qtie apegar da pragmá- 
tica as pessoas que IÍDbã[> alguma cousa de seu se vcstiào de 
pannos fraucezes, c que ElRei não dissimulara o seu Cúit- 
tentameutu vendo n'um dia de gala que toda a genie estava 
maia bem vestida que clJe; que os nrgociaules de Lodas as 
naçôufl csla\no descontentes porque o no> o Provedor da Al- 
fandega ciífia cm dinheiro corrente o direilo d;iU:La, assim 
qiie coDcluia o Conde que o doíso mÍDÍslerio paroce punha 
o fiU) em suscitar obstáculos ao commercio de que t»s povo^ 
de Portugal tinhao absoluta necessidade, (Arch. cvol. cit- 
f. âl.) 

(70) Arch. cil,, vol. tXXXVl, í, J70. 




An. 1751 OíBcio do Conde de Baschi dando parlo á sua 
Julho 29 Ci^pi^i Jq como Picava gravompnla doenie a Rainha 
Mui por se ter cançado muito a visitar as Igrejas : 
o Embaixador mandava sabor novas dctia duas ve- 
zes por dia, e aflirmava que com sua morle have- 
ria alguma mudança na face das cousas; que já 
SC fallava no casamento da Princeza do Itrasll com 
o Cardeal Infante d^espanha, não obstante haver 
o Infante D. Pedro por occasiao do anniversario 
do seu nascimento dado a EIRei, á Rainha e Prin- 
cozas uma festa em Queluz, onde se dançou cm 
família, ElRei com a Bainha c as duas Princozas 
uma com outra, iiao tendo sido o Infante D- ¥g- 
ãro admittido áquella honra. 

Participa mais o Embaixador que a Rainha Mãi 
díspuzera de todas as suas jóias em favor d^ElRei 
seu fílho e lhe entregara um papel fechado que se 
julgava s€r nma recommondaçao a ElRei de con- 
cluir o casamento da Princeza (a Rainha D. Ma- 
ria I.°) com o Infante D. Pedro, que a dita Rainha 
lUãi amava mais que a todos os outros (71). 

An, I75i Officio do Conde de Baschi queixando-se amarga- 
Agost.6 jj^gu[g jg pQucd. contemplação que a nossa Côrle 
tinha com os Representantes das Potencias Estran- 
geiras, daudo por prova o modo com que fora tra- 
tado o Duque de Sotoraayor, que no seu tempo es- 
tivera para arrebentar de paixão; que verdade era 
que naquella occasiao o Embaixador d^líespanhae 



!71) Arch. BTcl. ciUf. 164. 



— i5 — 

o Ministro de Nápoles erao tratados com dislinc- 
çào e agr^ido, mas queaquillo era momenlaneo e 
fiQgido, G que no meio d'aqiiellas mostras de cor- 
dialidade transpirava a soberba porlugueza e o 
abovrccimctilo que aquella uaçao linlia aos Estran- 
geiros (72). 



OIScío do Conde de Baschi para M. de Rouillé, An. j7Si 
Ministro Secretario d-Estado dos Negócios Estran-*s<»st.l5 
geiros de Frnnça, parlícipando-lhe o rallecinienLo 
da Rainha, \iuva do Senhor D. João V, occorrido 
no dia antecedente as 4 horas c 3 quartos da tar- 
de (73). 

Carla de Luiz XV para a Bainha de Portugal dan- An, 17S4 
do-!be parle do nascimento do filho do Delphina (7í), ^^^^^- ^^ 

Faz-se finaímcnte ao Corpo Diplomnlico a par- An. 1754 
ticipaeão da moíLe da Rainha M5i (75). Agost27 

(72) Arch. cit., vol. LXXXVI, foi. 173, 

(73) Ihiã., foh 180. 

Em oílicio do di^ seguinte refere o mesmo Embaixador 
que o corpo da Rainha fora eipojito ao publico na igreja doa 
Carmelitas Allemãcs qiic cfla havia fundado- {[bíd,, f. 181. j 
Em '■2ÍÍ do mesmo mei. a f. 183, encontrámos um oirtcio do 
mesmo Embaixador rcrcrlndo que o enterro da Rainha fora 
mesquinho, poríssoqus os Portu^uezeâ estacão escandaliza- 
do» de ter ella prcíerído a igreja dos Allcmãea. AJtida ne^ta 
dnta 5D nrio Linha prissado Q circular da uotiGcnção do lucto 
ao Corpo Diplomático H l 

(74) Arch. e vol, cil., f. 19i, 

(75) Ibid.. f. 193. 
EIRci teve grande displicência com o descaido que tinha 



— ifl - 

An, f7.>i O Commcntlíiilor de Lacerda com um longo manlo 
^^" * de lucto teve uma audiência particular d EIRei do 
- França parn pnrlicipar-lhoa morleda Raiulia viuva 
de Portugal D- Maria Anna d'Auslria, e foi con- 
duzido acsla audiência por M. Duíorl, Introduclor 
dos Embaixadores. EIRei declarou fjuc tomaria o 
luclo no dia 6 (76). 



havido doâc cumprir com nquclla indispensável formal idiíde^ 
c não foi menor o dissabor quC d"Ísto Itve o MinisLro Car- 
valho, mas or;i Uil a. desordem que havia na sccrcLaría que 
Jhe niío firi possível alalhar que scmuJhanic cuusa aconte- 
cesse. 

^^esto mi^sniú oUido mosl.^a^a-ac o Conde Jc Baschi aggro- 
vado daa hntkr.is que M> do k GalisÊonLÒro, Gmnmandanlo 
ír^nce^i, havtikfcilo cm Lagos a D, João da Bt?mpost3j filho n^- 
Uiral do Infanle D. Fraiírisen, por isso que o dilft D. Joào o 
não havia visitado, e tomava dahi prelci^to pata insinuar ú 
sua Ci3r(e çfuc não era com civilidades c atlençucs que se po- 
dia conquistara amizade dos PorlugtLCzes, que quanto mais os 
Fraaceieslho fizessem, lanio mais asseniariào que lhes era 
devido ; c que se pelo contrario os tratassem com severidade 
tiles seporiãono seu lugar; queElRei D. Josécra um Prín- 
cipe vírluo£o, porem um pouco facíl, unieo dtEejLoqaeUnha; 
e d'ahi procedia o pouco rcspcilo e veneração que por elle 
ijuhão os povus; que £lB.ei D. João Y seu pai tintia ãchl- 
ioA, niaí eomo os governava despoticameule era amado» eaíu- 
da dopoís de morlo ora sua memoria venera Ja ; do que coa- 
doia quG tnl era o norte qae se dovia seguir com a nação 
porlngucza. {Ihiã.) Npste mesmo dia Leve o Embaiiadiirau^ 
dieneia d'Elltei^ rjue lhe respondeo em porlugiieK ao dis- 
curso que clle lhe dirigío por occasiào da morle da Rainha 
mâi. 

[76) Gazeta do França (Anuo Kupra), p. 47G. 



— Í7 — 

Officio do Embaixador Conde do Basclii para oAn.iTSt 
Minislro Secretario d^Estado de Rouilló com nina 
memoria sobre o estado em que so achava PorLu- 

SOl (77). 



(77) Arch. ãU. vol. LXXXVI, f- 199. 

RdaUva a sobredila memoria, que st; acha a p.202 do já 
ciUdo volume e [juc consta Úe 22 meias paginas, qiic Portu- 
ga] doscalivadú pt^la p3z d'Utrccht dos sustos que Jhc i:au5ára 
a enlhromsaçao da casa de Bourbon em Hespauha devia de 
necessidade adoptar um sysLema de neutralidade cnlrc a Fran- 
ça c a Inglalerra, c conservar-se n'iriii juslo meio oatrc as 
duas Coroas. Que EIRfJ D. João V, Príncipe d*um geuio 
singuhr, mai que nào dcisova de ler cerla grandeza, fora 
admirado doB Purtugui^zes, que ainda então vcneravao a sua 
meujoria, havia sidtj fpridii pela França no lugar mais ícn- 
sivel, 'i entrando em quanto se passou no r^^inado d^e^le Mo- 
narcfaa mostra d À.da memoria que estava muito mal infor- 
mado, e que ignorada os verdadeiros motivos que bnvião aído 
causa do que acont^ceo ao Ãbbade de Livri, e d'ahi passa a 
diíerque lo^oque a França cedera relaiívameule ao negocio 
da visita dos Embaixadores aos Secretários d'Estado, saíra-se 
o nosso Gat>ÍQt^tc com a c\igcncin do titula de ExcellcDCÍa, 
que concedido este tratamento no cabo rlcdous ânuos dede- 
bates, viera com a pretensão do Lratamcnto de Magcslade Fi- 
dcLissíma c da \Í!tila aos lufdUtrs, cousa que iiâu se cusLu- 
luava d'antea praticar^ Ouc EIKei D. José era virUioEo, reli- 
gioso ãcm supcrslirâo, Jnstruido, bom c juslo, poròm natu- 
ralmenlo limido um mão dn educação que rccebâra, e in- 
deciso em suas roífotuijries. 

Qua no mome-ulo que subira ao thronu parecAra inclinar 
a chamar a nobreza para os primeiros logares do governo. 
e posera à lesta de todos os Tribunaes íidalgos» e em lodos 
os ncfçocios ic decidia pelo parecer d'eUes, mas que por cn- 



An. I75i Tem o ComracnJa<lor iJe LaceriJa, EnviaJo ex^ 
Oui;'n (,.jiQrilÍnario de Portugal, audiência particular dT,l- 



tão Sebasliiio Jotó de Carvalho, Uicistro dos Negócios Ea- 
ir.ingiMroí;, era o iitiico ti vrrrladciro depositário do poder 
d'aiiloTÍdadc real. 

Ouo aqcellc Minifilro linha dous t^oUegiifl, a saber: Pedro 
da MoUa, i|uc nadii ma^s era que um auLomalo, c o Abbadc 
de Mendonra» que linha miiilas rcíaçGes com as pessoas que 
cercavâo a Elíloi; que csLc ultimo Minislro era mui iudí- 
nado da cousas úe França, o que procedia de ter estado cm 
Piiriz, ^ de (or trazido d'e&ta capital crcados fraiicezcs, no 
quo era bem dilTiíreule de seu pai, que era devoto nos In- 
glciea. E tornando a fallar do Ministro Carvalho diz que sa 
não podia negar que linha talento^ aaxs que uu porque se 
achjiva desajudado na secretaria, ou porque por ser dcscon- 
fiada preferia fazer Indo por suas próprias mãos ou porqoo 
folgava maiqdú qnc devia de e^pf^rdíçar G Lempo em coiiver<- 
sacões, o que ora ef^rlo era, que não $c. podia aleanrard^ellc 
nenhum despacha; que se esquecia de Indo qLjauLo se lhe 
dizia, o que dava motivo a muitas queixas ; que era aborre- 
cido de todos 05 grandes e também d^aquelles que ti nhã o al- 
gum valimento com ElBci, e experimentava por vezos seus 
dissabores, mas que não ohslanle isto, linha bastante credito 
juniu a ElRei. 

Que havia calado em dlfTorenles Côrles eslrangcíras, c so- 
bretudo m ílc Vienna e de Londres, e voltara para Portu- 
gal sem ser Inglez nem Allemílo, mas sim Portaguez, como 
fPfl c abonecedor dos estrangeiros. 

Que a Itoinha tinha bastante engenho, e em sua entrada 
na C<Wte fora das mais dui'js, vnndo-^e obrigado a Iodas as 
vliquela» t} a acompanhar a Bainha mâí a todas ns suas de- 
voções: niaa que se desforrava depois que sobira ao Ihrono 
caçando, c divcrtindo-se c obrigando KlRei a faicr a mesma 
cousa. 



— Si) — 

Rei do França, a quem apresentou uma caíía de 
fclicilaçíio da parle dTlReí seu Amo por occasiào 
do feliz successo de Madíima a Delpbim e nasci- - 
mento do Duque de Berri ; senfJo conduzido por 
M. Dtiforl, Introductor dos Embaixadores [T8), 

OrScio do Conde de Daschi para o Minislro Sc- An» I7S* 

crelario dTstado de llouilkS participando-llie que ^^^"^ ^ 
a Doai o Aljnislro Sebastião José de Carvaíbo lhe 
cerliGcára que em breve ibe daria o protocolo do 
cercmonial de recebimento dos Embaixadores, que 



(lar no máo sentido que cllc dava a esta eipressio. a saber: 
altivo, supersLicioso, e tuimaso. 

Do Infante D. Anlonio e D, Manuel não fazia um retraio 
miii lisnngelro, nem Ião poutu dos fidalgos, e passando a 
fallar da populaj^ào i)c Lisboa diz que cm 173ií quando a^ 
fizera o ccmo Linha 160,000 almas, c st^guudu a opinião do 
Embaixador cm 1754 era de inuJlu mais. 

Os rendimentos públicos erão os scguiiUes : 
FroU du Itio 3 milhões do cruzttdos. 

Jd. da Hahia 1 milhuo« 200,000 cruzjdoií. 

Id. de Pernambuco 000,000 cruzndos. 

Tabaco (Controlo do) iímilhõcâei20ú,000 cruzados. 

Alfandega -_,,*,-^ 1 milhão. 

Tabaco 100,000 cruzados. 

Contrato dus vinhos o azeites 200.000 eruzados. 

Sobre as casas *00.000 cruzados. 

Diamantes 600,000 criiz,ido5. 

Um por cento das frolas 200,000 cru/idos. 

Cjjaa da Índia :iOO,000 iriAíados, 

ToTAí- - . .y milbões 700,000 criítuilos, ori 21 milhões. 
(78) Gazela de Franea (Anno nupra). [>, 502, 
VI. 4 



— 30 — 

íír^(!õnã^dc Baschi tinha pedido áquclle Mi- 
^nisíro hítvja oílo raezcs; porque só faltava apre- 
senlal-o a Elítei seu amo para receber as suas or- 
dens. 

Dizia á vista de tâo longa demora o Embaixa- 
dor que se podia julgar qual haveria se elle tra- 
lasse cora o Ministro Carvalho diurna ncgociaçilo 
de importância, [joÍs para alcançar o Piolocolo no 
cabo de tanto tempo bavia sido misler que elle Conde 
tomasse um ar de impaciência fallando com o dito 
Ministro, que era muito arai^o de madama de Bas- 
chi sua multier (79). 

An, 175* OíDcío do Conde de Boschi participando a sou 
Dez," 17 governo que havendo o Núncio Accioli visitado o 
Cardeal em liabitos pj^elalicios elle o prevenira que 
a visila que llie devia fazer como a Embaixador 
d'ElRei de França, de\ia de ser nos mesraos ha- 



(79) Arch- do Minialerio dos Ncgoc, Eslrang, de França^ 
vol. LXXXVI, r. 2G2. 

Neale mrsmo oflicio parlicipava ao sen governo o Eiu baixa- 
dur qac o Harqucc de Goavca havia dado cm 26 do mex an- 
t^cedenle por ^t c dia do nascimenLo de 9cu úlhouma grande 
feala e taile áe mascaras a que fãra GOnvidadi Loda a nnbre- 
2a, mas nâo asâim os MÍDislrús Estrangeiros, o que a CiVtc 
desapprovám em razão do lacto pda raorle da Rainha mal ; 
dizia mais o Embaixador que o Marquez era aborrocldo de 
Lodos, e priacipalmenlc da Rainha^ que não gastava da Mar- 
quesa, cuja presença em Salvaterra Ibc motivara Jilgumas 
inquietações, llbíd.) 



— Kl — 

bit03 fl nao em samarra ; mas que o Nuncio fazia 
nislo alguma dificuldade (80). 

OIIígío do Conde |)arH o MinisUo dos negocioa An. l7Sã 
ealrpngeiros de França parlicipando-lhe que a fioal ^*"-'' ^* 
]m\ia recebido o Prolocolo do ceremonial (81). 

OíBcio do Conde de Baschi, remellendo ao Mi-An.i7B5 
nistro Secrelario d^Eslado fiouillé o Trolocolo do*'"'"** 
cercmoníal, c referindo as explicações que linha 
lido com o nosso Ministro Carvalho a respoilo de 
'líversos poolos d^clle, um dos quacs ainda eslava 
por ajustar, e era o da audicocia dos hífanles; Dias 
que já se havia iissciUado que os Infanles recebe- 



(80) Areh. G vol, cit., f. 984. 

Ainda cm 31 ú'g&ío mei não tinha o Kuncio feito a visita 
ao Embaixador Conde dcBaschi, em raiào de pretender este 
que a fizesse em hábitos preJaticios, querendo que se lhe fizes- 
sem as mesmas honras que ao Cardeal. [Ibiã^, f. 285). 

(81) Ihid,, (. 290. 

Noticia uGsle oOicio o Embaixador qua EJRoi partira para 
Salvaterra, o diz que aqueilas jornadas erão sobremaneira 
dispenOiosas ;qijc ElRci esLando cm Palma aem guardas, sem 
casa nem pagens, e E^inenle com a Baiuhd, gaslára em 15 
aias 500,000 cruEadoa ; que »s rendimentos ião cm diminoi- 
çÃo, 3Í frotas do Brâiil Iranão menos dinheiro que d^anles, 
G quo as despegas íio crescendo; que o Ministro Carvalho 
parlira tamliem logo para Salval^rra, pnr isso que estava es- 
carmeotaOn do míío effcito que produíira a sua aiisoncia de 
Palma, onde não lendo podido acompaubar a EIRei, o seu 
contrario o Abbade de Mendonça soubera Mrar d'Í9So todo o 
provoilo. {Ibid.) 



riíío de pi5, e viriào atlianlc drlle EmbaíxaJor ale 
o nicin tia salii, o rcrpboriao camprlmenLa desle 
debaixo do doccl, e ao despcdír-so o Embaixador 
o acompanha riíío lambem olé o meio da sala; passa 
depois a relatar a discussão que havia lido com 
Sebastião José de Carvalho para provar qae na 

COrlG de Franca se receliao os Embaixadores com 

■ 

mais dislincçoes, ao que aquelle Ministro lhe lor- 
nára que cada Corte linha os seus usos e eslylos, 
o que ludo o Embaixador allribuia a I>randura com 
que a Franga se houvera por occasiào do que acon- 
lecôra ao Ãbbadc de Livri (82). 

An. itjs Despacho do Mínislro Secretario d^Eslado Roíiilhí 
icv.Mâ g^ Conde de Baschi eoi que, depois de fazer uma 
exposição circumstanciada dos motivos por que a 
França estava armando por Ioda a parte, Ibe dá 
instrucções particulares para que sendo perguntado 
polo Ministro de Vorlugai houvesse de responder- 
lhe no sentido d^ellas (83). 



An. 1755 



OlTicio do Conde de Baschi pedindo insErucçôes 
á sua Côrle sobre o modo por que devia Iralar dos 
senhores de Palhavà, que tinhão ido á Corte, c 



(82) Arch. rir. vol. LXYXVI Aa Torn^sp. áfí PorhigaT, 
f. 903. 

(83) Jhid., f. 315. 

Eslc despacho, qiicclnlcrcssantíssímti- irá nn Socçííí»XIX 
de noasas rcjat-nts com Ingliiltrra, a que pcrlciiccn 



— 53 — 

ha\ií!o siilo Iralodos por allezos ; c l>t:ijaAa-sc-lhes 
a mão (8J), 

Officio Oo Embaixador Conile de liaschí em que An. 1755 
refere quo raras enio as \czes que via o MiiuslroW^f':" * 
Carvalho, que era mui pouco conimunícativo pelo 
muito íjue linho a fazer, porôm (\ue quando elle 
acertava de oalrar em conversação sobre o que ha- 
via feito nas Cortes ile Víeuna e da Londres era 
para uuuca acabar, e conclue dizendo quo o dava 
pelo Porluguez mais determinado qne jamais havia 
existido (85). 

OiTicio do Cunde de Haschí parlicipnndo ao Mi- au. itss 
nislro Rouille, que havia feilo leitura ao Ministro ^*^'"Ço 1* 
dos Negócios Estrangeiros Sebasliao Josc de Car- 
valho do seu Despacho de IS de Fevereiro onte- 
ccdoiite. 6 que aquelle Ministro lho significara que 
EIRei seu amo veria com grande senllmenLo a falta 
d'harmonia que parecia reinar enlre as Cortes de 
França e de Inglaterra (8fi). 



(84) Arch. e vol. cit.. f. 320, 

(85) Ihid., f. 32S. 

Diz mais a Embaixador neste ulflcio que sefallava cm dar 
successor a Pedro da MiHa, e dizia-se scría Fidalgo da Sil- 
veira que havia sido JUinialro em Londres c estivera alguns 
annos em Pariz. e que o Ministro Carvalha tratava de arre- 
dar do MíiLÍ^tenu o MinljàLio Lmeidd, e Eiicerrabuilcs, que 
residia nesse Icmpo cm Ituijiii e era tidu ^ido niaiâ lidLji] ijue 
havia em PurtugaL (lititl^i 

(86) Areií. eit., vol. IAXX.VÍ, K 33y. 



— 5Í — 

An. 1755 Despacho do Ministro dos Negócios Eslrangeíitis 
Março j^ França para o Embaixador Conde deBaschi, so- 
bre o pouco adiaotamento que linha a negociação 
qye Iralava com Inglaterra acerca do coniprimenlo 
doarl- XXIll do Tratado d\4íx-la-Chape!le, orde- 
nando-Ihe de fazer leitura d'ella mas de nào dei- 
xar lirar copia, e recommendando-lhe de observar 
03 passos (jue desse a nossa Còrle, c os Ministros 
estrangeiros quenella residiuo, e bem assim quaato 
por ufis e outros Tosse dito (S7). 

An. 1755 OlTicio do Conde de Baschi no qual respondendo 
Abril 16 g^ coúleúdo do despacho do Ministro de 23 de 
Março, e as rticommendações que netic lho havia 
sido feitas, diz que tendo mui poucas occasiues de 
fallar a EIRei c aos seus Ministros era-lho mui dif- 
ficii o poder fazer juizo do que elles pensavao acerca 
<ías desavenças que havia entre a França e a lu- 
glalcrra; que ElBeí de industria evitava que ]he 
locassem naquelle assurapto por isso que estava 
sem dinheiro, sem tropas, e sem marinha (88). 

An. 17S5 Offlcio do Embaixador Conde de Baschi quei- 
jfaioSO xando dos vexames que aos negociantes francezes 



(87) Areh. cit., voh LXXXVl, f. 333. 

(88) ma., voi. Lxxxvii, r. 20. 

Numa duplicata d'esle mesmo officio dalaía de 29 do mes- 
mo GJnntava o EmbaiKadur qiic a nossa Ct^rtu se occupava 
mdi» da Opeia c dt Cdfardli, do qiic da [laz c da giturra* f 
do aiah ijuc pelo mundo 9c pasaava. {tbi4^, f. SS.) 



fazia o Provedor da Alfandega, e a cslc propósito 
renovava os conselhos que já por \ezes havia dado 
ao seu governo de empregar com os Porluguczcs 
um lom ameaçador, no que nada avunlurava, por 
isso que Portugal eslava na maior decadência que 
se podia dar, e conclue que se a guerra se viesse 
a romper entre a França e a Inglaterra talvez fosse 
Portugal mais oneroso áquella PolencÍG que útil á 
França com os seus portos (89). 

Despacho do Minísiro Secretario d'Estaclo deAn. i7S5 
Franra para o Conde de Baschi, significando-lhe^^"*^^^ 
que olle eslava certo que a Côrtc de Portugal ha- 
via de ver com indifferença as discussões e diffc- 
renças que por causa da America se havião alc- 
vantado entre a França o a Inglaterra, mas que 
todavia tinha para si que S. M. Fidelisãima c seus 
Ministros deviao maduramente reflectir nos íncon- 
veuieates quo deviào do resultar para todas as Po- 
tencias que tinhào domínios naquella parte do mun- 
do a superioridade e poder que os Inglezes preten^ 
diào nella ler (90). 

Contintíu o Conde de fiaschi a qucixar-sc da ín-An. t7dã 
diaposiçSo que existia em Portugal contra os Es-^**°**°^ 
iraiigeiros, o das extorsões que contra olles com- 
raetliilo os subalternos, nào que tal fosse a von- 



(89) Arth. cil-, vqI. LXXXVU, f- 3*. 

(90) ma., f-41. 



— 36 — 

ladc d'EIBei nem de seus Ministros, mas |ioríju« 
nao tinha o governo o \ígor ijue era necessiirin 

para alalhar Incs excessos; e concluc participando 
era chegada a Lisboa a noticia da morte do nosso 
Enviado em Pariz o Commendador Lacerda (91)- 



An. Í7KS 

Junhii 17 



OíTicio do Conde de Baschi dando parle do como 
no díQ 8 o viera buscar para a hospedagem D. Fran- 
cisco òe Sousn, Vedor da Casa fteal, e o hospedara 
cm Marvjlia na casa do Palriarciía, e que elle Em- 
baixador lhe dera a direi la quando enlrára no quar- 
to ; que tudo se ;ichava adereçado com a maior ma- 
gnificência; que a cama era soberba e b;nia sido 
comprada para o casamenio d*EIRei D- .loao V, mas 
nSo ha^ia servido ; que a mesa íôra sempre de 30 
talheres j que o corlcjo fora de 68 carruagens n 
maior parte ningnificas e puxadas a seis; queha\ia 
Mil praça do palácio í rugimeutcs postos em alas, 
c EIRci c a Famdia Real eslavâo á janella. 

Passando depois a íallar de sua entrada no Paço 
diz que atravessara muitos quartos e fora ler a duas 
grandes saias que EIRei D, João V havia mandado 
fazer ã imitação das salas ducal c real do Yalica- 
nOt as quaes estavào armadas de bellissimas tape- 

EIRci eslava num Ihrono de 3 degráos, e o Mi- 
nistro Carvallio á sua esquerda. Trazia Elilei uiu 
nianio prelo com uma rica prezilha de diainaules 



[9Í) Arch. riu, vnl. LXXXVII, r, 18. 



-.- -ir 

-— o7 — 

no chapío. Abaixo do Ihrono oslavao os Ires Prín- 
cipes baslfirdoâ(92). EIRei o reccbâra com ura ar 
risonho e fallou-lle sempre ena francez (93), 

Despacho do Minislro Secretario d^Esfado deAn.lT&s 
França para o Conde de Baschi ordeiiar:do-lho de ■'""^"^^ 
fazer ao nosso Governo as representações que lhe 
parecessem aceríadas em razão dos vexames que 
se fazião aos negociantes francezes na Alfandega 
de LisboD, usando todavia de moderação, e que 
antes de romper no excesso de as fazer mais vi- 
vas, deveria primeiro dar-lhc parle do resuUado 
da^ primeiras, e rematando, dizía-lhe, que lhe re- 
conimcndava de so conduzir com circumspecçao c 
lento com a COrlc de Lisboa (94). 

Officio do Embaixador Conde de Basclii, em qne An, 1755 
continua a apresentar a nossa Wrtc como indiffc-^""^'^'^'*' 
rente a todas as cousideraçQcs e projectos políticos, 
dizendo que não conhecia outros senão a de agra- 
dar aos lagiezes, de quem se temiào ; o que o Mi- 
nistro SebasUão José de Carvalho, deslumbrado com 
o poder marítimo de Inglaterra, e comparando-o 



(92] Erào os cbarandos meninos de Falhava, miios natn- 
raes reconhecidos du Sr, Rcí D. João V. 

(9^) Arch. cil,. voL LXXXVII, f. 62. 

A Ga/cU di; Françj em d.itii ile 11 do Junhii Úii mencjào 
du entrada publica d'câtc Embaixador. Gazeta á'ciU onnn. 

(94) Arth. p voL c\í„ L fiO. 



— 58 — 

com o da Franr-a, o exaltava em todas as occasiões 
contando o que naquello Curto vira, o elle Embai- 
xador tiODhuma davida linha da grande opinião quo 
aquetle Ministro linha do puder dlti^laterra, o o 
partido que tomaria depois d^uma pratica que com 
elle tivera acerca da licença que lhe pedira para a 
entrada de toda a esquadra franceza no Tejo: as- 
sim qoe linha para si que a Curte de Porlugal olhsi- 
ria para o engrandecimento do poder íiiglez na Ame- 
rica, como para um acontecimento que as forças hu- 
manas nSo podlao contrastar, e se guardaria de pra- 
ticar o menor acto que podesse de qualquer modo 
ofTender uma nação que ella prezava, e lemía mais 
que a quantas na Europa havii, que todavia al- 
gumas avanias que havião sido praticadas contra 
os Estrangeiros e contra os próprios Inglezcs, não 
se deviiio imputar ao Ministério^ porque erao con- 
sequências naluraes de um governo sem vida, c do 
receio que o próprio Ministro tinha das pessoas que 
cercavao a ElBei (9íi). 

An. 1755 Entra no porto do Lishoa uma csi]uadra fran- 
Junho 26 ç^g^ partida de Brcst debaixo das ordens do Conde 
du Guay (96). 

An. I76& Officio do Embaixador Conde de Baschi para o Mi- 
Julho 1 jiJstrQ dos Negócios Eslraugciros, dando-lho parte 



[9S} Arch. ât. vol, LXXXVll de TorÍÉigal, L 77, 
(%) (Gazela de França (Anno supra), p. 366. 



— 59 — 

que tendo podido ao Ministro Carvalho licença para 
a esquadra franceza, commandada pelo Conde de 
Guay, coaiposla de 8 navios de líniia <j 3 fraga- 
las, o Mlnislro lhe respondera que iiào podia fa- 
zor-lhc Daquelle particular a \oaladc por ser con- 
tra a observância do Art. VII do Tratado dTlre- 
cht» usando romludo, nesta negativa, úoí^ lermos 
mais polidos e obsequiosos ; motivo por que só lia- 
viâo entrado os seis navios que forâo fundear de- 
froole do Paço. 

Quo passara a pedir audiência a EIRci para apre- 
sentar-lhc o corpo da officialidade, o que liie fOra 
graciosamente concedido, e até se faciiltáro licença 
á esquadra para salvar a ElBei dentro do [Kirlo 
com 21 tiros. Que ElRei recebera a oflicialidadc 
com um ar por extremo gracioso e fizera muitas 
pcrguulas a M. de Guay. 

Qma ao depois apreseTilára os officiaos que crao 
Cavalheiros de Malta ao Infante D. Pedro, Grão 
Prior de Crato, que deo mostras de ser mui seo* 
sivel áquella altençSo, e os tratara com grande 
affeclo» do Borte que a audiência fOra o mais longa 
qne podia ser (97). 

ODicio do Embaixedor Conde de Baschi parlici- An. 1755 
pando ao Miaislro Secretario d'Estado que, tanto ^*^^^ ^ 



(97) Arcb, e voK cit.. f, 97. 

No dia dos annos do TnfaDlt^ D. Pedro <í esquadra cmbítii^ 
dciruda salvuu com 19 tiroa, ElRei mandou dar 1Ô5 bilhetes 
para ns ofBciaes írom á Opera ; e Iodos os ItíJhctca forão ent- 

pregados. 



— CO — 

por occasíào íír giia audiência publica, coaio pela 
presença da esquadra franceza no Tejo, não ha^ia 
ilcuionslniçuo de anki^adc e de boa harmonia, cqi 
<]uc desejara eslar com a COrLe de Frani^a, que 
laoto ElBeij como os Infanles e Ministros lhe nâo 
hoLVCSseni dado, acompanhantlo-as das expressões 
mais sigiiiricalívas e obriganles, c cnlre estais as de 
que o Inranle D. Pedro se havia servido na occa- 
siào da aalva, que a esqiiadra lhe dera no dia de 
seus annos^ orào dignas íle serem referidas, que o 
Infanle lhe mandara dizer pelo Conde de São Lou- 
rcneo, seu camarista, que eslava mui penhorado 
da aUenção d^elle Embaixador, e do eonimandanle 
da esquadra, c que o seu reconhecimento era igual 
ao respeito que tinha a ElRci de França ; assim que 
pensava o Embaixador que semfilhanles finezas de- 
via» encontrar era Franca igual correspondência ; 
porCm para se nào mostrar cm conlradiccao com o 
que havia dito nos oIEcioa precedentes, continuou 
dizendo que nem por isso deixavão os negociantes 
francezes de serem maltratados por molleza do go- 
verno; c vindo a linal a fallar de Sebastião José 
de Carvalho, conclue com esta exclamação : n Oh ! 
qu1l esl Porlngais en toul (!i8) ! o 

Au. 17S5 Despacho do Minislro Secretario d'Eslado dos 
Julho 30 tNegocios Estrangeiros de Rouillé para o Conde de 
Baschi, dacdo-lhe parle do conílicto que houvera 



(98) Arch. c toI. cit., f. 102. 



— Cl — 

cnlre a esfiiiadra ingleza do Alrairante Boscawen 
e 3 navios francezes, o que motivara o mandar 
EIRoi de FraaçD roUrar de Inglalerra o Embaixa- 
dor Duque de Mirepoix sem so despedir (99)- 

Carla escrita de Lagos, era que se dá parle ao ^*Q- *755 
Ministro de França que dois cbavecos Trancezes ha- 
\'irio sido mallratados naquelle porto pelos habitan- 
tes delJe (100). 

OHicío do Conde de Baschi, parlicipaadoque fica- An. i755 
Ta informado da nomeação do M, Grenier para con- ^ff***^-*^ 
sul de França em Lisboa, e juntamente que o Mi- 
nistro Sebastião José de Carvalho lhe havia cora- 
niunicado que ElUoi seu Amo esta\a delerminado 
a nomear ura Embaixador para residir junte a El- 
Rei de França, mas que a escolha estava ainda por 
SC fazer (101). 

Continiía neslc officio o Embaixador Conde de An. 1755 
Baschi a aaimare indispor a sua Corte conlra a de ^^^^^ 
Lisboa, diícndo que os Porluguezes eslavão per- 
suadidos de que a Inglaterra era a PoLencia mais 
poderosa do muodo, e que por lanto se iiiclinariào 
para a parle d*clla anies dn que para a de Fran- 
ça, confessando todavia que nào podia assegural-o 



(99) Ardi. cit-, vol. LXXXVII, F. 118. 
(JOO) Ihid., t 12t. 
(101) Ibid., f. Ii6. 



— 82 — 

ao certo por ser cousa summamcnle tlifíicilsakr-se 
o que se passava pelas pessoas principaes, por s6- 
rcm cslas inaccesslvcis, anle^ pelo contrario Ih^ pa- 
recia {[uoaquelle reino (ralaria de conscnar-so neu- 
tral na guerra que so ia a romper, como havia pra- 
ticado nas anlcceJeatcs; poque sendo um Eslado 
pequeno e de poucas forças não lhe convinha to- 
mar partido por noaliuni dos Ijclligeranles, e por 
outra parte era inútil aos lo^lezes, que sabiào mui 
hem que ligando-se com os Porluguezes, leriío de 
ievíir ás costas um cadáver que nào podia ajudar- 
Ihcs e a quem todavia era mister defender, e por 
outra talvez foasc proveitoso porá a França o ter- 
nos por inimigos, pelo empuchaniento de que se* 
riamos áquclles que de nós se eocarregasseni, e 
pGla diversão de forças de que seriamos causa, c 
liimbem porque assim podiao os Francezes captu- 
rar alguma das frotas do Brazil (102). 

An» 1755 Responde o Ministro dos Negócios Estrangeiros 
Àeo5t.26jc Finança, ao officio precedenlo, dizendo: que o 
Embaixador que ElRei de Portugal mandasse a 
França seria recebido coro aquellas demonstrações 
de amizade, e de respeito, que erSo próprias dos 
sentimentos que ElKci de França tinha por S. Al. 
Fidelissima, e do desejo que lha assistia de viver 
com cUe na mais perfeita ínlelligencia (103). 



(102) Arch. cil., vol. LXXXVH de 1'orLigal, f. 152. 

(103) Ihid., f. 151. 



— G3 — 

Despacho do Minislro dos Negócios Estrangei- An. nss 
ros, M- de Rouillé, para o Conde de Bascbi. si-®''^''^^ 
gnificacdo-lhe que estava pj^rsiiadido que a Ci^rle 
de Lisboa observaria a mais eslricla neulralidodo 
se, por venlura, aa dissensões que a França tinha 
coiQ a Inglaterra viesãom a degenerar em guerra 
aberiB (lOÍ). 

Despacho de M. de Rouille paro o Embaixador, An. 1755 
dando-lhe parlo que o Enviado Porluguez em Pa-^^^''^^ 
riz. Lacerda, ha^ía a final alcançado que lhe fos- 
sem enlregues os papeis pertenôcolcs a EtReí de 
Portugal, que se acharão entre os espólios do Tal-* 
lecido Mendes de Góes (103)- 

Despacho do Ministro Bonillé pan o Conde de An, 1755 
Baschij Tecomraendando-Ihe de tratar de saber a **"^*' * 
que Degocio havia EIRei de Portugal mandado para 
Inglaterra o Ministro que tinha na Baía, segundo 
lhe havia constado (106), 

Tinhao D. Luiz da Cunha, Ministro de Porlu-An.i755 
gal» e o Cavalheiro d'Abreu, Ministro d Hespanha, ^^^"^^ 
frequentes conferencias com os Ministros Inglezes, 
as quacs versavão sobre a mediação oíTerecida por 
SS- MM. Calholica e Fidelíssima para acommodar 



(lOi) Arch. cvol. cil„ f. 176. 

(105) IbiiL. f. 178. 

(106) Ibid., f. 188, 



— Ci- 
as (liíercnças que exislíao enlre a COrle (]tó Lon- 
drcs e de Pariz, e era opinião geral que lamljem 
tal era a missão do que vinha eacãircgailo M. Mello 
de Castro (107). 

An. 1755 OíScio do Embaixador Condo do Itaschi para o 
Out.^ai Ministro» cm que refere que n"unia conferencia que 
tivera com o Mitiislro Carvallio, a respeito do espo- 
lio de Mendes de Góes, csle lho declarara que oào 
podia, por nenhuma condição, adniiltir que o di- 
reito chamatlo d'aubaine fosse applica\e! áquelle 
caso, e que ElRci seu Amo não consentiria que 
£Êus vassallos fossem sujeitos em França áqucHe 
dircilo, nâo havendo reciprocidade em Portugal a 
respeito dos Francczcs, e como a discussSo se fosse 
prolongando, acrescenta, que o sobredito Ministro 
lhe dera a entender, que a applicação d^aquclle di- 
reito nâo era de grande momenlo para a França, 
por isso que poucos Porluguezes morreriíío em 
França, e porque com semelhante confisco nenhum 
haveria quo ali quizesse residir. Com o que estava 
o Embaixador fora de si, como quem estranhava 
que sendo o Reino de Portugal iàu pequeno, qui- 
zesse cm tudo hombrear com a Fiança, Ohigindo 
uinainlcira reciprocidade (108). 

An. Í75S Oílicio do Conde de Buschi, escriplo do campo 
^^^' aonde estava abarracado, por occasiào Jo lerreniolo 



(107) Gaiela de França (\nno supra]^ p, 513, 

(108) Arch. cil,. vol. LXXXVll de Porlugnl, f. 207. 



— Gu- 
de Lisboa, cm que íWt. que aproveitado o pequeno 
momento de dcscanc-oque tinha pam dar-lhe parte 
do horri\el ncontccinieido que nc 1 .** d'aí|uc!lc mez 
peias 9 horas e meia da manha, toda Lisboa havia 
sjdo arrasada com uai tremor de leira que liavia 
durado mais de -S minutos ; que a maior parle das 
casas caliírào no chão, e que como havia fogo em 
muitas d'ellas lavrara o incêndio ao mesmo lempo 
em sais lugares, o qual, ateado pdo vento, eon- 
Eiiniira aquella cidade que seria mister de mais 
d'um scculo para se refazer de tào grande perda. 
Que o palácio em que residia caliira lambem, per- 
dendo elle lodos os seus moveis, que avaliava era 
iO,000 escudos : Ioda a getile de sua casa se sal- 
vou e Inmbora ellc porque fugira em chambre. Que 
o Embaixador d'Uespanha Pereladasuccumbíj-a por- 
que indo a^^sair da porta do Palácio, tho cahírào so- 
bre a cabeça as armas d^Hespanha. Que o Núncio 
havia lambem perdido [odos os seus críndos. Que 
se linha grande receio lavrasse depois a fonje, mas 
que segundo as boas providencias que a Cúrle dava 
era provável que se evilasse aquelle novo flagello. 
Que íôra ver EIRei e a Família Real e o achara 
animado, e enternecido, e com uma grandeza d*almí 
digna d'um raonarcha (109)_ 



Continua o Embaixador a informar a sua Còrle An» iras 
do terremoto, dizendo que os tremores começavâo ^^^''' ^ 



— (i6 — 

a iliminnir, v. jposIo íjuíí iJo quando cm quííiulo so 
scnlíãsom aíuda alguns pequenos, houvera ainda uni 
nssás grande á$ ! horas da inarth:! ; que n cidade 
(lo Porto havia lambem soíTritJo, e do mtjsiuo modo 
o Algarve. Que as providencias que se liuhílci to- 
mado para baslecer de viverei a cidade, para en- 
terrar os mortos, atalhar os roubos, c refrear o 
zelo itidlserelo dos Pregadores faualicos, que erao 
lambem outro género de flagello, linhào siJo pru- 
dentes e etÍLcazes (110). 

Ah. I75S Oflicío do Embaíxadof Conde de Baschi Bobre o 
^uv.*' H (|^çg|u(j assumpto, píirticipando a seu governo que 
Lisboa eslava inteiramenle arrazada, e proscguindo 
diz que SC devia fiií:er justiça ao Ministério ou an- 
tes ao Ministro Carvalho, que ordena proaíplas e 
hem CDiendiJas providcneias no meio d^aquella ca- 
lamidade geral ; que a abundância roinava na cU 
dado sem carestia ; e como Lisboa fosse havia muito 
o valh.icQuto da ralé de iodo o reino, liaviào sido os 
ladrOes que haviào alimenlado o fogo e espalhado 
boatos alerradcres para obrigarem as genles a des- 
iunpararem as casas, para ao depois as saquearem, 
como liavião feito ás sacrislijis c aos cofres dos ne- 
gocianítís mais ricos ; porém que o governo tolheo- 
Iho o saírem da cidade e mandando proceder con- 
tra ellos os foi justiçando, c os que forào conven- 



[110] Arch- tTo Minist. dos Ne^or, Eslrang. de Frnnça, 
voh LXXXVU, f. 227. 



— 67 — 

ciílos de poqrmnos rnuhos erào mandados para as 
gales e ajudavào a retirar o onlulho (111). 

OfficiodoCondíídeBasclii parliciímndo que ainda An.iiõS 
eslava abarracado porque os abalos conLiruaváo, ^°^'" '^ 
poslo íjuo cQda \ez fossem menos sensíveis ; que 
nào havia em Lisboa uma só casa que estivesse se- 
gura, salvo no bairro d{? Keli^m, para onde se ha- 
via a Cirto relirado, 

Conlitiuavão as ehuvas, EIRci havia prohibido 
do se cdilicarem casas em Gelóni, e eslava deter- 
minado a reedificar a cidade no mesmo lugar em 
que estava, projeclo diz o Eiubaixador que lhe pa- 
recia inexequível cora quanto tivesse sido resoluto 
e decidido. 

Que o Ministro Pedra da Mnlta liavia fallecido; 
que se lirha augmcnlodo a guarniçSo de Lisboa, 
c se continua\n na execução do quantos havião 
commetLido roubos; que em laes circumstancias 
nao se cuidava em PorEugnl do cousa que dissesse 
relação com os negócios d'outras Potencias da Eu- 
ropa (112). 

Despaclo do Ministro Houillé para o Embaixa- An. 1755 
dor, participando que o tíahinelo Porlugucz fora ^'*^"'' ^* 



(IH) Ardi. e^ol.cit., f. 230. 

Nt!s(e omáo rerore o me^tao Emijuíxador muilai oatrflâ 
pnrltcuhriíhíles do terrrmolo qiic ass<*nt,ímas não deviào ler 
aqui iiigu^ 

(112) !bíd..U 2Zil 



— G8 — 

mal informado polo Fn\Íado Lacerda, no que di- 
zia respoilo aoR Viomonluzes, dizendo não erào su- 
jcilos GO JireiU) tfaubainej sendo <|uc o erao bem 
como us demais eslra[igeiios, íÍ excepção d"aí]uel- 
les que forão d'isso dispensados por Iratados espa- 
ciaes (113). 

An, 17S5 OíTicio do Embaixadtír Conde de Baschi, parlí- 
>ov.^ Í9 cip-^njQ quo haviâo chegado de Madrid «jualro car- 
ros carregados de dinheiro que SS. MM, Calholi- 
cas oQerecião a Elllei de Porlugal bem como todos 
os \iveres e auxílios de que necessitasse; havia 
lambem o governo hespanhol mandado ordem á 
Alfandega de Badajoz de eximirem de todo o di- 
reito as mercadorias que passassem d'ali para Por- 
IngaK Parlicipa mais que no cabo d'uma procis- 
são como ElRei o visse lho pergunlara se n3o li- 
nha recebido noticias de França depois do lerrc- 
nioto, o que obrigara a comiounicar as que tinha» 
Que Ellíeí d^Hespanha logo que soubera da morte 
de seu Embaixador fizera o filho d^elle seu cama- 
rista com ler lao somente 8 anãos de idade e lhe 
dera uma tença (114), 



An, 



17S6 ProseguQ o Embaixador a rorerir as eonsequen- 

° 23 cias do lerremoto, e diz que apczar da severidade 
do governo estava Lisboa inçada de ladroes; que 



(113) Arch, e vol. cit.. f. 2*2, 

(114) Ihid., {. 9i*. 



— 69 — 

<ú Ministro Carvalho assumira loJo o poder, e El- 
Hei, (juc ao principio era mui accessivo!, vivia en- 
cerrado, como se cslivcsse dissaboriaJo c aborrido 
de ouvir fjucixas ; que ura lai o fanalisiiio tios fra- 
des que linhão hido a Belém exborlar ElUoi a fa- 
zer uma coiifíssao publica; que por outras muitas 
parlicblaridãdes se achava Portugal ameaçado d^uni 
horrível porvir (llS), 

Officio de M- de Rouillú, Miniglro dos Negócios Xtifí7òií 
Estrangeiros de França» para o Conde de Daacbi, No*." 27 

signilicando-lhe que o funeslo aconlecimenlo suc- 
ccdido em Lisboa ho^ía causado a Etílei, seu Amo^ 
grandíssimo senlinienlo^ c que lodo o seu reino lhe 
liavia feilo companhia no pezar qao d'isso lirera, 
e iissim lhe, ordenaVEi de o teslificar a EIRei e á 
Rainha de Porlugal nos lermos os mais enérgicos, 
porque tudo quanto a csle respeito Ihca dissesse se- 
ria a maia exacta verdade; signiricundojunlameDle 
aos sobredilos Rei e Rainha que as razões e con- 
siderações de parentesco, d'alliança, d'aniizadc, re- 
ligião c humanidade haviào lambem abalado o co- 
raçíío d^KIRei de França e avivado nello os scnli- 
laenlos de lernura e de admiração por SS. MM. 
Fidelíssimas, por isso que ha\ião dado ein líto cruel 
provação as probas mais respcilaveis do mais vir- 
tuoso valor» e da mais heróica generosidade; as- 
sim tjue se não podia sem enlernccímenlo reflectir 



(IIS) Arch. éL, vol. LXXXVIL f. 250. 



— n — 

na siluaçào cm que se acha\âo as dílas Fidclissi^ 
mas Magcslades, c na grandeza d^alraa com que 
de cerlo modo punhão cm esquecimento os seus 
próprios males, e só se occnfia^ão das calamidades 
de sons vassallos (116). 

An. i755 OíTicio do Emboixador Conde de Baschi para M. 

^^^'"^ de ítouillé dando parte de como entregara a lilllei 
D. José as carias em que Luiz XV lhe dava parte 
do nascimento do Conde do Provença (117). 



An. 1755 
Dei.* 2 



Despacho do Ministro dos NefEOcios Estrangeiros 
para o Embaixador Condo de Uasciu significando- 
Ihe que se lhe nao podia conceder licença para se 
retirar de Portugal na presença doa desastres do 
tprremoto e dns molivos de desgosto que tiahííQ 
SS. MM. Fidelíssimas, pois que em tal occasiao 
era indispensável que houvesse junto ás sobreditas 
Magestades um Embaixador d'Elllei de França para 
com suas assíduidades e assistência dar-lhes uma 
prova da grande parle que o mesmo monarcha to- 
mava na aOlieçào em que esta\ao (118). 



An. 1755 
Dec/ ti 



Oflicio do Conde de Oasehi dando conia ao seu 
governo das providencias quo se loraavào concer- 
nenlQ á Alfandt^ga o ao comtLiercio, de cujas cir- 



(117) Ibiã.. r 95C. 
(IÍ8] JbÍd.J-2S>f<. 



h 



— 71 — 

cunslavLcias se havia aprovcilndo o Ministro Moii- 
donra com felicidade para nicaiiçnr d"Elltoí a graça 
c peidào dos f|iio se at;lia\à<j em ilcalerro por le- 
rem assignado a represenlação conlra a Compauliia 
do Maranhão, o que obleie por se ler apressado, 
porque se tardara mais um instante o Minií^lro 
Carvalho teria posto estorvo áquelle acto de hu- 
rtianidade; jiela larsma orcnsiao noíicía n Conde 
a sua chegada aaquello mesmo dia que livcra im- 
mcdiatamenle acidioncia d'E[[tcí, indo apear-sc no 
jardim de Bclem, onde estavHo [irmndas os barra- 
cas Hoaes (119). 



Carla d^IRoi Luiz XV para EIRei D. José sí-Ad.17íí5 



gnificando-Ihe o quanlo o mngnãra o desaslre do 



Dez," 8 



(119) Arch. cil., vol. LSXXVIl de Portagal, f, 259, 
Em oRicio do mesmo lacz parlicipavn o Conda de Baachi 
quQ Cl Embaí\:idor d'ileãpatihii Condo d'ArorLd''i havia des- 
embarcado cm BoJem no úh S, c que fura logo conduzido á 
audicnch dEIRei.qiiP ocspprava fAra da harraca prlojovfiii 
Coudí? d.i Ribeira : que ao depois se fura alojar n'uma (juinia 
do Duque de Itatiboa (Duque d' Aveiro), síla ao pé do coíi- 
vento de Bdem. E continuando a dar noLicias dos estrabos 
que havia feilo o lGrremo(t>T dizia que a hclla capalla de São 
Roque não iiavia soíTrido do abalo, nem Lao poui?o os arcos 
das Aguas-LivreSr cuja altura accrcsccntava era prudi^usa; 
sendo que o maior tinha alguns pós de maíã quo as torres 
de N, S- de Pariz, c observa que as obras de cautarJa se Ta- 
iiáo eoi Porlujual com mjiis perfcií^ão do que em oulio qual- 
quer paiL. Os Ãrchivus di Tnrre do Tombo se salvarão, con- 
linúH o mesmo Embaixador, mas não asaím os úaa SccrcU- 
nus. quo forao pa^to d--i? chammaE;, i c\c^t^pcâo du quo ac 
ncliava cm ujsa do ScbasHão Jiiaúdr Carvalho. llbiU-, f, '279}- 



— 7Í — 

lerremolo» e oíTerecendo-lhe Indo quanlo fosse ne- 
cessário para allivio dos pnvos e consolidaçàa ilo rei- 
no, lisorgcando-se de que S_ M. Fidelíssima consi- 
lieraria aquolles seus ofíercciíDCDloâ como uma con- 
sequeucJa natural de sua conslanle amizade (120), 

Ad-1755 Despacho de M, de RouUlé, Minislro dos Nego- 
i)ei.'8 çj^jg Eslrangeiroâ de França, para o Embaiiador 
Conde de Baschi participando-lhe que ElHei, seu 
Aroo, achando-se pelos oíTicios d"elle Embaixador 
mais bem ioformiido das calamidades de que ha^ia 
sido causa o LerrcinoLo, ordcoára a clle ilínistro 
de despachar-lhe um expresso com duas cartas (as 
(|ue damos alraz; gue havia escriplo n EIRei e Rai- 
nha de Porlugal, nas quaes elle Embaixador veria 
que S. H. Christíanissima offerecia aquelles des- 
graçados Priocipes os soccorros que eslavào em 
seu poder; e para que elle Eaibaixador podesse 
realizar aquelles offereeimenlos, se SS. MM, Fide- 
líssimas 05 accilassem, cllc Ministro jonlava copia 
ilc duas cartas que M. Monmatel escrevia a seus 
correspoadenles de Madrid. 

Que elle Embaixador devia pedir audiência para 
entregar aquellas carias a SS. MM. Fidelissimas e 
segurar-lhes de viva voz dos lermos mais adequa* 



(130) Arch. c voj, ciU, f, 271. 

\i mpsma dala t? sobre o tacsma a^umpto se encontra a 
r S73 oulra caria dTJRci de Fnnra pan a Rainba de Por- 
tugal. 



— 73 — 

dos o vivo G sincero interesse que Elliei ChrisUa- 
njssímo lomav;) no crítica siluíiçiiO cm que elles se 
achuvão, e o grande desejo que lhe assistia de dar- 
llies naquella occasiâo um teslemunho de sua terna 
amizade. Que EIRei seu Amo fiava delle Embai- 
xador o desempenho da coramissao de ser inter- 
prete dos sentimentos de seu coração. 

Autoriza o Ministro pela mesma occasiíio ao Em- 
baixador a dar rilgunssoccorros aos Francezes que 
havjào padecido em seus bens por occasiao do ter- 
remoto líU). 



- (121) Arch. cit-, Tol. IXXXVn, f. 273. 

' Com Cate nflicio se acha juntn uma Memoria dotada do dia 
antcctdenLti quupa^samoa a subslanciar. án qunl se verúqao 
os o0erocimeulO4 da França nua crão Ião despidos de inU- 
resse, como parecem. 

Papel ou Mi3moría que s& acha junto ao despacha de M^ 
de RauJIlé de 8 de Dezembro de 1755, com a daU do 7 do 
mesma tuet, e enviado ao Governo por M. de Sechcllcs. 

Começa o autor dizendo qucetào nolorioa os grandes pro- 
veitos que 03 Inçlezes colhino do commercio que fazião com 
Portugal; que a catastrophc do terremoto havia esgotado 
todos os cofres dTlRcí de Porlugal» e que aqucllc reino se 
achava em consequência t!'iii[o na impossibilidade de armar 
rrotas para o Brazil; qne a nação Inglcxa não se fleAcuidaria 
de aprovdtar-sc da oc^asião para estabelecer relações com- 
merciacs com aqu^Uas poâsessòcs; que por consogainta na 
crjtica circumfitancía em que Portugal se aebava devia ^ 
França Iralar dp st* aproveitar d'aquel!a aberta, o por uma 
negociarão pronipla c hem conduzida por aJgnna soccorros 
que lhe preslasâo alcançaria ^audiâsimos favorefi. (Arch. e 
\ol. ciL^f. 271), 



— :í — 



An, 1755 



OfBcio do Gorule ilc Basclií píirlicipandri que em 
cumprimerlo do Despacho de 8 do mesmo mez 
linha idu o Belein, c conimuníclíra a Subasliào José 
de Carvalho as ordens i]uo Linha, o (|uol as achara 
concrbidas de modo a darem a Eilíei seu \mo e 
á liainha grandG consolo, e lhe rogara hou\Cã5C 
de confial-as, o tiue clle Embaixador fizera de mui 
boa vonlado. One ao depois fura ás iKirracas onde 
EIRei e a Ríiinh» estavao apoâenlados, e os achara 
mui assustados por causa d^culro grande tremor 
de Icrra que houvera na '6° feira ãs 5 horas da 
manhã e que durara 2 minutos, níío occasionando 
oulro damno senào o de faxer cahir dois sinos da 
Falriarchal, que se achavão abalados com o pri- 
meiro, E acresceQ[a\a o Embaixador que se nào 
passa\Íio ti horas sem que sq sentisse algum abalo, 
de modo quo a genle se ia já acostumando (li2). 



An, Í755 
Dei.« 16 



Despacho do Minisfro Bouillé píira o Embaixa- 
dor Conde de Daschi manireslaudo-lhe o receio que 
Linha de que o Senhor D. José eugeitasse o dinheiro 
da França como era natural, ha\endo engeilado o 
de Hespanha- Pede-lbe uma relação circumstan- 
ciada do lerremolo (123). 



An. t75í; 



Carla aulographa d^ElRei D. José escríla a Luiz 
XV agradecendo os oITereci mentos que aquelle So- 



(192) Artíh. p víil. eit-, f. 379, 
(123) iòid., í. 28S. 



berano lhe havia feito pnr occasião do lerremolfi, 
Oonccbida em termos affecluosos dizendo, que S. 
M, Chrislianissima com aquelle leslcmunho de ami- 
zade o obrigara niuilOj nao só alli\iando-llie no 
pezar pela companhia que nelle lhe fizera, mas 
também procurando dar-the provas efEcazGS de sua 
grandeza (12í), 

OHJcio do Embaixador Conde de Baschí em que An, 17S5 
M queixa da precedência que o Conde dAranda, í>^^-°24 

Embaixador de Família, loraára sobre elle na ca^ 
pella, quando ambos se apresenlarào nclla para 
fallar a EUÍei e á Kainha (12S), 

Despacho do Blinislro dos Negócios Estrangeiros An. íTSS 
de Franra para o Conde de Basehi : nelle vindo o^^'^'''^^ 
Ministro a fallar das hostilidades qae a Corte de 
Londres praticava contra a Franca c dos aggravos 
que d'ella tinha csla ultima Potencia declara que 



(I2Í] Arch. t voL cil., f. 2^6. 

A fd. 279 SC acha lambam a caria DUtographa da RaÍEiba 
para EIRd de França sobre onícimo assumplo e roncebida 
quasi nos mesmos lermos; uma e outra forSo entregues 
jqudk St^bcrano por jQ3é Galvão du Lacerda, que então 
cn nosso Ministro em Paríz, 

(135) Arch, c vol. cit., L 300. 

Vant que âcmclhnnle iucidcnLo se não tornasse n ronorar 
o Ciindu de Bascbí rcrorreo ao nosso Mínistcrio, e poios do- 
cnmcntos que encontrei foi íslo ocra^iSo de íu passarem al- 
gumas explicações eatro as CútXqs de Madrid c ile Versalhes. 



— 7fi — 

EIRbí Chrislianissimo eslaia delcnninado a rcpel- 
lir n força pela força, e que de ordem sua pres- 
crevia a ct!c Emhnixador de remcLtcr aos nossos 
Miniãtros copía da Memoria cjue liie mauda\a com 
aquelle despacho, letrdo lodo o cuidado de fazer 
aquellas observações que o caso pedia (126), 

An.i75S OíDcio do Conde de Basclii em que dá conla da 
Dez." 31 audiência que livera do Senhor Rei D. José. no 
qual om conformidade com as ordens que linlia lhe 
fuera da parle d'ElHei, seu Amo, offerecinienlo de 
^ lodo o dinlieiro que quizesse acceilar; diz que EI- 
liei o ouvira com um ar mui risonho e salisfeilo, 
e lhe respondera que se nSo podia ser mais grato 
e reconhecido do que clle o era áquclle leslemunho 
d*amizade d'EIRei de Frnnça, e que sobre aquelle 
ponto lhe faria dar resposta por seus niinislros. 
Qje cllo Tira ao depois o Ministro Carvalho, a 
quem dissera que Elltei Luiz XV, seu Ãmo, não 
limitava os seus oíTerecimeolos, e que S. M. Fi- 
delissiraa lhe nào poderia dar maior prova de sua 
amizade nem mais sensivel do que aceílando os 
sobreditos offcreciraenlos. Que o Ministro lhe res- 
pondera quasi nos mesmos termos d*EIRei, porôm 
como passados dias, livcíse occasiuo de fallar com 
aquelle Soberano, ellc lho dissera que se achaca 
na impossibilidade de seaproveilarda boa vontade 
d'Ellíei de Franga, mas que nem por isso deixava 



(126) Arch, c *al. cit., f. 320, 



— li- 
de lhe ser agradecido, e o Minislra Carvalho lendo- 
Ihe ido levar em pessoa as respostas ílas carias d*EI- 
Reí de França, llie dissera que se ElRei, seu Amo» 
se visse na ncccsaicladc, o que nào era impossivel 
nas tristes diíficuldadcs em que se acliava, de re- 
correr a S. M. Ghrislianisãima já para dinheiro, 
já para archileclos ou oulras cousas^ o faria cora 
summo prazer, O Embaixador assenlava que a mes- 
ma resposta se havia feilo a M. de Gaslres (127), 

Despacho do Ministro Rouillé no qual depois de *"■ í^Sfi 
fallar do que se dizia na Europa acerca do lerrc- ^"" 
moio, polidamente estranha ao Embaixador as b\- 
pressiíes pouco civis de que elle se linha servido 
para com o Conde d^Aranda na discussão que com 
elle tivera acerca da precedência, das quacs o Ga- 
binete de Madrid se havia queixado a EiReí de 
França (128). 

Oflicio do Embaixador agradecendo á sua Cúrle An. 1756 
a merco que lhe havia feito ElRei luiz XV, e par-^'"^"**' 
tjcipando que fòra também dar disso parte a S. M, 
Fidelíssima, e lhe significara que ElRei, seu Amo, 
lhe fizera aquella honra sem duvida pela satisraçào 
que ^ dita Fidelíssima Magestade lhe mandara di- 
zer que tinha do modo com que elle se tinha ha- 
vido residindo junto á sua pessoa. 



(127) Arch, do Ministério dos NegocEsIrang.ie França, 
vol, cil. f. 321. 

(128) Ihid., voL LXXXVIll, f. 3. 



— 18 — 

Que EIRci lhe fízcn um:i resposla polida e mui 
graciosa (129). 

An. 1766 Carla do Embaixador Conde do Baschi para Se- 
Jan,"23 \yQ^y\^Q Jqs^ de Carvalho, Ministro dos Negócios 
Estrangeiros, pergUDlaudo-lhe se com eíTeilo S. M, 
Fidelíssima havia aceilado os offerecinienlos de S- M, 
Caltiolica, nao que disso livesãsc ciunte, porem sim 
porque aquella aceilação lhe daria esperanças da 
que polo lempo adianle a mesma Fidelíssima Ma- 
gesíaile viria a aceilar os d'EiRei Chrislianissimo, 
G DQstG caso poria os Danqueiros de prevenção (1 30). 

An. 1756 Respandendo o dosso Miiiiãlro á carta aolcce- 
jao,"2a jgu^^j do Embaixador Conde deBasc])Í, diz-lhe que 
senle muito nÍÍo poder annunciar-lhc qual seria a 
deliberaçíio quo ElRei, seu Amo, so resolveria a 
tomar acerca dos offerecimeolos de S. M. Calho- 
liça, por isso que a correspondência d'aquelles So- 
beranos oraramiliar, passada unicamonlc entro eiles 
G escripla por suas próprias Heaes mãos, de sorle 
que não perleacia aos Ministros respectivos outra 
cousa mais do que o encaminharem a seus desti- 
nos as missivas d'aquella fraternal correspondeo- 
cia ; que todavia ello procuraria cccasião tle saber 
d'ElRei, seu Amo, se se aproveitaria dos oITereci- 
mentos de S. M. Chrislianissima, e nâo se descui-^ 
daria de pôr a S. Ex," de prevenção (131). 



(120) Arch. cit.. vnl. LXXXVHI, f. 23. 

(130) Ibiã.. r. 29. 

(131) IbUL, r. 30. 



-^9 — 

Oílicio do Comlc dcBflsclu cm fiuc parlicipaaoAn. 1756 

seu gaverno que havia communicado ao Minislro ■*°"'' " 
dos Negócios Eslrangciros di! PorUignl Sebasliào 
Josií lie Goivaílio a requisição da França á lugla- ' 
terra, e que aquelle Ministro se limiláia a rcspon- 
der-lho que a communicaria a EIRui, sm Amo, 
assim como tudo o muis que el!e Embaixador lhe 
ha>ia exposto em abono da jusUça que assislia a 
ElRei de França. 

Da dila requisição enlrogou fambem o Embai- 
xador unta copia ao Minislro Mendonça e ao Km- 
baixaílord^ilcspanha, o dco d^clla leitura aos Fraii- 
cezes (132). 

OHjcio do Conde do Baschi em que dizia não An. 1756 

ter alo eulào podido enconlrar-se com o Miaisírõ^"^^-" ^ 
Carvalho, nem saber d"Elllei D. Josc, apezar de 
Ler ido duas lezes a Belom. qual era a opinião 
doeste Soberano e de seu Ministro acerca da re- 
quisição quD ElRei de França havin feito á Ingla- 
lerra'[133). 

OlIicio do Conde de [íaschi cm que depois deAn. its6 
dar parlD da doença do nosso Minislro Carvalho ^^'■'* ^ 
pede ao Minislro inslrucções para poder reaponder 
em dons casos relalivos ao dJreilo (Vaufmlne ; con- 
vém asaber: l.°seoGo\crEo Porluguez intentasse 



(J32) ArcL. cii., vol, LXXXVIII de Portugal, 1". 32, 
(133) Ihid., f. 38. 



— 82 — 

An. I7SG Dcsp.icbo (lo Miiiislro lEonilló parn o Condo de 
Míirroif Kasci,]^ parlici|iaiulo-lhc fiiíc o Minisiro LacerJa 
quo residia cm Fariz havia recebido ordcD» do sua 
C")rtG snbrc o dircilo tTavImino p^ra reclíímnr d'EI* 
Itci do Franco liQUvcsse de ordenar que os vassal- 
ios de Portugal fusscm íratadosem seus Estados do 
modo com que os Francezcs o erfto em Porlugat. 
Ao que cllc Minisiro respondera do modo que ha- 
via substanciado em outros seits despachos dirigi- 
dos a cllc Conde de Baschí (138), 



An,l7fí6 
Abril 6 



Em dosiKiclio d eBli3 dia responde o Ministro dos 
Negócios Estrangeiros M. de Rouillé a oíBcio do 
Conde de fias^hi de 9 do uicz anlecedente^ e vindo 
a lallar do nosso Ministro Sebasliao José de Car- 
valho pondera ao Embaixador que todas as refle- 
xões que o dito nosso Minisiro lhe havia feilo acerca 
das consequências que podi^io resultar da dei^tnii- 
çào de Lisboa, [larticularmcntc no que dizia res- 
peito AO cominercio, cstavão delatando que nào era 
ellc menos um philosopho chrislao do que um ho- 
mem d^Eslado, porôm que talvez não correspon- 
dessem os acontecimentos aos seus desejos e ialen- 
tos (139), 



An,i7S6 OITicio do Conde de liaschi para o Ministro dos 
Adti113 Xegocios Estrangeiros M. de Rouíllé, que Icm uni- 



(138) Arch, c vol. ât., í". 76, 

(139) /6írf.. r, 104. 



— 83 — 

cameiílc pnr ohjcclí» parlicípar-lhc a chegada do 
novo Embaisatlor d^Despnnha Condo de Maceãa 
ou orles Mníjucda, a quem havia ido receber o 
Uoade de Soure ^liO). 

Ollicio do sobredito Conde Embaixador dando An. i756 
parle ao seu Governo do que o Infanle D, Manoel ^^^^' ^^ 
se adiava atacado de uma orjsipela, doeuça quo 
era fatal para os Priacípes da Casa de Bragança, 
D do medo que linbíío os Jesuítas do perder a vsn- 
lageni que tUihão de sor um d^olles aempre Con- 
fessor dTIRei (líí), 

Responde o Minislro líouillé ao oílicio do Em- An, 1756 
baixsdordeSO do niezanlecedenle, em qucaíiuelle'**^"^ ^^ 
se ha\ia queixado em termos pouco deceales por 
isso que o Governo Pnrtuguez enlendia sujeilar os 
Francezcs quo íafiecessem em Portuj!;al ao dircilo 
ú^aubaine se por \ealiira os Portuguczes que mor- 
ressem era França ficassem sendo sujeitos ao so- 
bredito direílo, e observa ao Embaixador que par- 
tindo do prinoipio que lodo o Soberano linha di- 
reito e era Senhor de eslabelecer em seus Estados as 
leis que entendia serem uleis e necessárias, sem que 
por isso os outros Soberanos tivessem razio para 
queixar-se, uma vez que ns ditas leis não fossem 
contrarias ao direito coramum das Naç5es, e con- 



(ItO) Arch. c vol. ciL, f. lOH. 

141] md-, r. 115. 




— Bi- 
lra oeslipulado nos IralaJos, nSn \ia cjuc a França 

SC podfissc fincixar iJMilIteí de Porlugal se o dito 
Soberano se delermtnnsse a eslobeíocer em seus Es- 
lados o Jireito {Tanhainc^ c quizcssc ficassem sa- 
jeilos a ellc os \asãaIlos Oe França que nelles vies- 
sem a fallecer (li2). 

An. 1756 OfTicio tlo Embaixador Conde de Raschi, dando 
Miiioii parle ao seu Governo como D. Luiz da Cunha, 
Enviado exlraorJinario de Porlugal em Londres, 
havia sido nomeado Minislro dos Negócios Eslran- 
f^eiros, c Iratando do que se poderia esperar d'esla 
mudança, diz que era indubitável que aqueUe novo 
Minislro seguiria os diclaines polilicos de Sebasliâo 
José de Carvalho ; que indo vísilal-o, ellc o rece- 
bera com grandes demonstrações do grande desejo 
que se tinha de que se estreitassem cada vez mais 
as relações de amizade que exisliiio entre as duas 
Coroas, em cujo sentido elle Embai^^ador abunda- 
ra, e entrando era pralica lhe dissera que eslava 
convencido que S. IVL EIReí de Portugal bem cn- 
lendia de que parle eslava a jusUça no rorapimcnlo 
que havia entre a França e a Inglaterra, e que elle 
Embaixador se lisongeava qae a sobredita IHages- 
tnde se inclinnria pein amor que linha pela paz a 
conservar a mais eslricta nculraiidade; ao que o 
nosso Ministro lhe tornara foliando nos laços de 
parentescos que exístiào entre a Casa de Portugal 



(U2) Arch. f vul. dl., f. 120. 



— 8íí~ 

ft do França pela Rainha aclual de Porlugal, u con- 
cluindo o seu ofiicio, diz que o conceito que fazia 
de D. Luiz ila Cunha era de ser niuiLo aíTuitúado 
á Inglaterra, porOm (|iie Liuha mui hoas maneiras 
e ora mais iralavel que o Ministro Carvalho, e que 
antes elle desejava Iratar cora um Inglez do que 
com um Portuguez como o dilo Sebastião José de 
Canalho (1Í3). 

OfReio do Embaixador para o Ministro Secreta- An, nsG 
rio d Estado, participaudo-lhc que do estudo quo^^"*^*^ 
ha\ia feito durante a sua residência em Poilugal 
acerca da utilidade do que aquelle reino podia ser 
para a alliança e interesses de França, e de se af- 
frouxar a influencia que ali linha a Inglaterra ha- 
via entendido e tudo o confirmava cada vez mais 
na opinião de que a uniãii de Portugal com Ingla- 
terra pulo menos naquclla ncíualidade or:i indisso- 
lúvel, quer fosse pelas vantagens commerciaes re- 
ciprocas de que era para ambas as nações aquelle 
estado de cousas, quer fosse por costume c habilo 
em que os Porluguezes eslavão, de nao lerem medo 
das forças marítimas d'oulra Potencia estando as- 
sislidos da Gram-Brelanha, opinião que era gera! 
em todo o reino (lií). 

Pespaclio de M. de liouillé para o Embaixador An, 1756 
incluindo nelle copia da convenção e ajuste da neu- ^^^^ ^* 



[U3) Arch. ciL. vol. LXXXVIH de Portugal, f, 136. 



— 8fi — 

Iralidadc, o (]'um (ralado d allianra poimapcnle de- 
fensiva ulliniamentc celebrado onlre Luiz XV c a 
Imperatriz Rainha de Ilungria, ordenando ao Em- 
baixador houvesfC do cominunical-Ds á nossa Cor- 
te, dando d'elles copia, t pondcrando-lhe que Dão 
lendo por então a Cúrie Imperial Ministro em Por- 
tugal, faria da sua parte a mesma coinmanicaç-ão 
â nossa Gôrle por outra via (14H)- 



An.l7S6 
Junho 1 



OfFIcio do Embaixador Conde de Raschi, parti- 
cipando que Sebastião José de Carvalho nosso Mi- 
nistro lhe havia cominunicado cm segredo, achan- 
do-se com elle eiu casa do Embaixudor d^Eespa- 
nha, que a nossa Corte ha^ía já Teito escolha d'un) 
Embaixador para Franca, que era o Principal Sal- 
danha irmào do Cardeal doeste mesmo nome, po* 
rt^m que aqttella nomeação nào seria publicada seaào 
no momento em que o novo Embaixador estivesse 
para partir. O Embaixador attribuia esta nomen- 
çào ás relarõeã que o Ministro Carvalho tinhit com 
a familia do Cardeal (lifi). 



An. 175S llecebe o Conde de Baschi as suas rocrcdenciaes, 
junhoS tendo-lhc EIRoi de França concedido licença para 
se recollier a Pariz (147). 



An. i7âG Oílicio do Embaixador Conde do Baschi em que 
JuDhD8 signjjica que tendo chegado a Lishoa a noticia do 



(145) Ãrcb. G vul, cit-, r JGt. 

(146) !bid.. f. 163. 
{Í47) Ibid, r. U7, 



— 87 — 

encontra que Iiavia [ido n esquadra Tranceza com 
a ÍLijíleza derronie de Minorca, o das vanlageas que 
a primdra livcra sobre a segunda se nào descui- 
dara DO Domingo seguinte cm que por ser dia do 
seus annos haiia EIftci D. Josi: recebido todo o 
Gorpo Diplomático, de expressar áquclle Sol>erauo 
a satisfação que EIRci de França, seu Amo, ha\ia 
lido de haver S. M, Fidelíssima uoineado um Em- 
baixador para residir junto de sua pessoa, e nislo 
renoiára os prolcslos e seguranças amigáveis dos 
senlipentof d'ElRei, seu Amo, dando occasiào para 
EIRci D. íosc dízer-lhc alguma cousa acerca da vi- 
cloría naval que os Frauccxes bavirioíílcitneailo con- 
tra OB Inglezes, porCm que por mais que fizera ha* 
\ÍG baldado o intento por isso que aquclle Monar- 
cha nenhuma pala\ra lhe dissera sobre aquelle as- 
suaiplo : do que inferia o Embaixador que era con- 
trario á Franca (118). 

OÍBcio do Embaixador cm qub depois de infor-An. 175g 

mar ao seu Governo que o Minislro Sebastião José^^'*'*'^ ^^ 
de Carvalho linha a principal inilucneia no (íabi- 
nele Porluguez se desdiz do quo com precipilacâo ' 
dissera Iralando da iudisposicào dos Porluguezes a 
respeito da França, e posto que mais informado por 
pcssoaã sensatas conlinua a suslenlar que a no^sa 
ncuEraíidade era. por extremo prejudicial á França, 
pela Gommodidado que os oosãos portos ofTcrcciào 



(U8) Arcli. c voU cil., f, 16S. 



— 88 — 

aos Inglezes ao posso que crão inuleis aos Fran- 
cezes; que lalvrz fosse possível obler-se guardando 
Portugal a neutraliJaJc que seus portos se fechas- 
sem aos navios de guurra de ambas as Polencías 
belligeraiites que aào fossem posilivamcnle para 
elles desljaados; que em Lodo o easo deveria a 
França concertar-se previamente com a Curte de 
Madrid que loraava grande interesse, segundo elle 
sabia em a nossa (1Í9). 

An.lTSG Despacho de M- de Bouillé para o Embaixador 

Junho 15 gjjj qjjg []^g significa que os sciitimcnlos d'EiIíei de 
França para com S, M. Fidelíssima erao os mes- 
mos, e acrescenta que o jugo dos Inglezes era de 
si mesmo tào pesado que Portugal de seu moio 
próprio trataria de sacudil-o, e se para isso li\essc 
necessidade de auxiliosda França, que lhe nào fal- 
leceriào, quando a nossa Còrle assentasse de rccla- 
mal-os (ias Potencias que se interessavâo seriamente 
na sua gloria e pros[>erida(^le (ISO). 

An. 1756 Despacho do Ministro Secretario d'Estado para 
junho22 ^ Embaixador, no qual vindo a fallar da prisão do 
Ahbade de Lauuay approva o nfio ter elle Conde 
de liaschi intervindo naquellc negocio, acrescen- 
tando as seguintes reflexões^ que são bem sensa- 



[lt9) Artli. do Mlnislt^riodoâNi^guc.EsLrang. de França. 
voL LXXXVIH, f. 17Í- 
(IfíO) Ibid., L ilX 



— sa- 
tãs : Um Emhaixadur nào pode ser dcmasíadameikle 
reporlado e circumspeclo era ludo qiiaiilo diz res- 
peilo aos negócios iniornos, e domeslícos das Cor- 
tes em que reside (131). 

OIBcio do Embaixador Conde do Caschi, parlici- Ao. 1756 
pando que em 19 d*esle mez linha ido ver EIRoi ; 
quo o esperara ao descer da carruagem e da parle 
d^ElRei de Franca lhe significara a conclusão da 
coDvençào de neulralidade e o Iralada celebrado 
cnlre aquelle Monarcha e a Imperalriz Rainha, do 
qual eulregaria copia aos seus Minislros ; que El- 
Uci D. iosé respondera a eslu participação com 
toda a dignidade, dizendo que folgaria muito em 
todas as occasiõcs com ludo aquillo que Tosse en- 
caminhado ao socego da Europa e á gloria d'uni 
allíado lào hom o fiel como era EIRei de França ; 
que 2 Rainha se expressara ainda com mais eíTu- 
sSo dizendo era o dilo Monarcha o tronco de sua 
familia em cuja gloria se interessava como o fizera 
na sua própria. Que passados dias entregara a D, 
Luiz da Cunha cm casa do Ministro Carvalho, co- 
pia do Iralado, de que ambos aquelles Ministros 
haviao lomado conhecimenlo {132). 

Despacho do Minislro Secretariod^Eslado de Roui- An. íTse 
llé, no qual era resposta ao officio do Conde Em- "" "" 



(151) Ardu evd. cJl., t. 187. 

(152) ibid., f. isa. 



— 90 — 

baixador do 1.° do rcfíiriJo mez íhe signilica que 
a escolha qno EIRei de Portugal havia feilo do Prin- 
cipal Saldanlia para represeiilal-o na Còrle de Fran- 
ça ora extremo acertada por recahir om uni sujeito 
recopiinendavel por seu nascimerilo e por suas qua- 
lidades pessoaes, assim que seria recebido com o 
respeito devido ao caracler de que ia revestido, e 
de que era credor por seu mérito pessoal ; o quo 
elle Secretario (VEstado se esmeraria por lhe ser 
cm ludo agradável (153), 

An, 1756 Ollicio do Embaixador Conde de Baschi, parti- 
Junho 30 çjpj^j^^jg as prizões que se liavião fei[o em Lisboa 
de varias pessoas que haviào espalhado alguns pas- 
quins contra o Governo, e da qualidade d^dlas con- 
cluía o Embaixador do qu5o era mal olhado o Mi- 
nislro Carvalho pelo poder absoluto com que go- 
vernava. Sendo uma das pessoas presas um advo- 
gado cujo único crime tinba sido o de haver dito 
mal da nobreza d^aquelle Ministro (15i). 



An. 1756 
Julho ò 



Despacho do Minisiro SecrelariodTstado delloui- 
llé, olfôervando ao Embaixador que a predilecção 
que os Porliiguezes mostravào a Inglaterra se ha- 
via convertido desde o principio d\iquelle século no 
fundamento principal de seu systema politico ; que 



(133) Arcb.^tnUiiusterkdoBNcgnc. Eslrang- do França. 
vtí\. LXWVIII ílii rnrrcsp. de Portugal, f. 188- 

(1^4) ma., f. 189. 



— ni — 

era cousa mui diilicil acabar com um lai precon- 
coilo, porôm que poderia offcrecer-se uma conje- 
ctura de que se poderia lirar proveito para escla- 
recer a Qrte de Lisboa respeito aos seus verda- 
deiros inleresses ; qjc clle Secretario d^Estado ss* 
Ijia havião Porluguezes recommcndaveis por seu 
nascimento, e Lambem pelos cargos que occupavao 
{|ue 5c Isslímavãú de Ocareoi debaixo do jugo dos 
ínglczes (lafi). 

Oíficio do Embaixador Conde de Baschi, parti- An. 17Sg 
cipando como por cccosiao do lerremolo elle c o^"^"***^ 
Embaixador de Nápoles baviào mandado Tazer bar- 
racas para morarem, observando que o Embaixa- 
dor que o \iesse render teria de adoptar o mesmo 
arbítrio mandando fazer uma a mais de meia le- 
goa do Ceiem, pois nâo bavia sitio accommodado 
para isso que ficasse mais perlo (156). 
I 

Memoria dirigida ao Ministro Secretario dTalado An. 1756 
Abbade de Beriiís pelo Principal Saldanha, Embai- J"^^**'^ 
xador de Porlugal em Pariz, pedindo lhe Iiouvesse 
de nomear ura conselho tomposlo de M. Berrier, 
Conselheiro d^E^tado e mais (jualro Iteferendaríos 
para julgarem em ultima irsiancia o litigio que 
fraiía com alguns negociantes francezes sobre con- 
tas quQ nâo haviào sido legalizadas (1S7), 



(155) Arch, cit., vol. LXXXVIU, T. í%9, 

(isíi) ihid,. r. 195. 

(157) Jfiirf., voL LXXXIX, (. 129, 




Ad. 17o6 
Julho jâ 



Despaclio de M. de Rouillé jiara o Emliaixaúor 

Conde <le líaschi, refcrindo-sc ao dtspjicho do íi, 
onde nquelle Sectolario d^Eslado lhe íia\ia signifi- 
caria D conceito que fazia da politica do Portugal, 
conforme as iiiformaçCes qne o Conde Embaixador 
lhe havia dado e acerca dos proveitos que pelo lem- 
po adianie podia a Franca colher da disposição em 
que estavao os ânimos (158), 



An. 1756 Despacho de M. de Rouillé para o Embaixador, 
Julho 19 signiricando-llic quo ElIU'i Luiz XV ficara grande- 
mente penhorado do modo com qnc EIRcí Fidclis- 
simo se havia explicado acerca da conveiiçào c Ira- 
lado concluídos enlre a França e a Imperalriz liai- 
nha, e vindo a fallar do Ministro SebaslJào José de. 
Carvalho se expressa nos lermos seguínles- O crc- 
dílo d'esle Ministro sendo sempre o mesjno sendo 
que livessc já um successor na reparlicao dos Ne- 
gocio& Estrangeiros, fará V. M. heni de continuar 
a ter com elk muita contemplação e a cuUívar a 
sua amizade e confiança (139). 

An. iTofí Otlicio do Embaixador Conde de Daschi, sigai- 
Julho2o flcjindo o iiuaulo os Porlnguexes se baviao alegrado 
com o successo das armas de Franca em Porl-Ma- 
hon, fazendo companhia aos Francezes no couLea- 



(iSB) Arch. doMinÍ5lcríodo»Nc^oc. Eslrang. ilc Frani^a, 
vol. LXXXIX. f. 200. 

(153) Ibid., \t>\. LXXXVIll, f, 203. 



— 93 — 

tamenlo, e que EIRci D. ]osií a quem dera parle 
de sua próxima parlida lho respondera com ex- 
pressões que líiuilo o haviâo penhorado (160), 

OIDcio do Encarregado dos Negócios em Pariz, An. ithg 
Lacerda, reclamando areslíiuiçào de umhyalepor- " ^^"^ 
luguez que havia sido lomado por ura corsário fran- 
cez junlo de Cork (161). 

Officio do Embaixador Conde de Baschi, refe-An,l75fi 
rindo quo na semima passada tinha havido frequen- ^''^^" 
les Ircmorcs de lerra, e nuii P. S. coniiniia di- 
zendo: Que abria o olDcio com o coração aperta- 
do de Iriste^a ; que no dia anlccedente o Abbade 
Mendonça havia dado um jantar aos Mínislros Es- 
Irangtíiros, no qual se ha\ia nioslrado muilomais 
alegre que do costume; que elle e os domais Mi- 
nistros Estrangeiros se havíào aparlado d^elle ás 8 
horas, porôm que ú meia noite fura a casa cerca- 
da, e elle rccehfra ortleni de partir dcnlro de 3 
horas para o Porto, c accresccnla que nSo duvi- 
dava fossem justos os raolivos que E!Rei D^ José ti- 
vera para assim ter procedido, porém que acabava de 
arredar de si o homera mais amável de Portugal 
SGgundo a opinião geraU que assim elle Embaixa- 
dor SG aparlava de Portugal com mais, ou com me- 
nos uma saudado (1fi2). 



(IfiO) Arch, evol. cit., f. 207. 
[l*il) Ibid., í. 208. 
(iC2) Ibid., í. 23í). 



■ 


^^^^^^^^— ni— ^^^^^^H 


W An. 


iTSft Despacho do Minisiro Secrelarío d^Estado Rouí- | 


■ Ago!,L.i7 ]|^^ parlicipando ao límbaixaclor Conde de Itaschi | 


^^ 


que Ellteí de França acabava denominar para ren- 1 


^^^^ 


dd-ono carga dõ Embaixador em Portugal ao Conde H 


^Bft' 


de Merlc (163). 1 


1 An 


175G Conde de Merle estava nomeado para succe- 1 


^^^ A/fosL. 23 jgj. g^j Conde de Baschi em qualiJadc de tinbai- | 


^^■^ 


xador d^EIRei de Franca junlo a Ellici de Porlu- 1 


^^ft 


gal (164)- J 


1 


I75ti OíTicio do Embaixador Conde do liaschi, parli- 1 


^ A^osL2i cipanjo (|U(; no jij 20 do referido oiez havia lido | 


^K 


a sua [ludlencia d» despedida d^EIBci D. José, e H 


^V 


lhe entregara as suas recrcdenciaes, e que lílRei o " 


^^ 


deixara penhorado pelas expressões obsequiosas que 


^H 


lhe dirigira, que o mesmo enconlrára no [ufaalG 


^t 


D. Pedro c na Rainha (1G5). 


■ An. 


17^6 OBicio do Embaixador Conde do Bnschi cscriplo 


m. sct 


" ^ de Estremoz, participando que na quinia Teira an- 


^^B 


tecedente se tmvia de nuvo dcspodido d'EIRei e da 


^H 


Familia Real^ que osdousMinistrossetinhão vindo 


^V 


despedir d^elle; que um olTieial da Casa Real lhe 


^^ 


viera trazer as carias para lílUei de França e o 


^1 


(163) Arch. dnsNegoc. Eslrang.vol. LXXXVIUdePnr- 


^^^^H 


tuKPl, r. 339. 


^^^^v 


(164) G^U'riA de Franra {Anuo »tpraj, p. M'ò. 


t 


{165) Arnlí. v^o}. ciL, f. 2:m. 

* 



prcspnlc ordiníirio, que consistia em 2ft barras de 
ouro que valiíio 24,000 cruzados, c que no se- 
guinte ília se pajlira no Escaler Real (Ififi). 

OfTioio de M, de SHint-Julien que licou encar- Aa. i7S(i 
regado dus Negócios ilc França depuis da partida ^*^^'°^^ 

do Coade de liaschi, participando que o Principal 
Saldanha nomeado para a Embaixada de França 
era parlido para aquelle destino no dia 2^ d^aqueile 
mez (167). 

Embarca-so para França em um na\io Sueco 0An.175G 
Principal Saldanha nomeado Embaixador Extraor- ^''^■° ^^ 
ílinario de Portugal na Cifrte de Fariz (168). 



(166J Arch> do UinisteríodosPíeí^ocEstranff.df^ França, 
vol, LXXXVIII, r. 2Í2. 

Neste mesma oflicia referia o Erobaíiador, que D, Luiz 
da Cunha sesubmeUia n tudo quanto Scbitsiíão Juiíó de Car- 
valho ordenava ; que se não podia fas^er i(J6a da indignaçiio e 
do ódio que lodos os dias se cugrossava contra aquelle Minis- 
tro por causa do desterro do Abbaile de Mendonça, deapraçi 
que fura se^íila d'um dccrelo d~K[ReL que dizia, que sendo 
informado d'uma cousplraçâo urdida cuurra n vida úe st^u pri- 
meiro Ministro nomeara um juͣ \iata di^v.issdr d^aqiii^llc caso 
c promcUta i^O mil cruzados a quem descobrisse a caboça- 
quG o Abbade de MGndon(;3 perdendo aqucne lugar qtie lho 
rQndia 90 mif cruzados (Icnva redi]7Ído ã pobreza; que D. 
Luiz de Cuuha fâra aquelle de aens coni?ga& que Ih» levara 
a ordem d'EIRei, e que lhe a&sislirn na parlida. 

{lf>7) Ibid.. f. 2S2. 

[Ifi8) Tí^izela de França (Anno supra), p. 46^, 



— 90 — 



HTSSlO DO PRINCIPAL .«ALPiNHA EM FRAPTCh. 

Exiractoftãa Correspondência de D. Aniomo, Prin- 
cipal Saldanha^ existentes na Secretaria d*Es- 
lado dos Nvgvcios Eslranfjeiros de Portugal. 

aq. i75fi 1.*' Officio de Vigo. — Dá parle de haver lo- 
Oui," 8 Q^gjQ ^ resolurao de desembarcar em Vigo, para 
seguir por lerra a sua jornada para BayoDa. Deu 
logar a Isb o csLado em que se achava o navio, 
o tempo contrario que experimentou, e por dize- 
rem 2 pilotos francezcs que hiào de passagem, que 
eru lai estaçào se gaslarJão \íiite e lanlos dias ua 
bahia de Biscay^. 



An. 1756 



2,** Officio de Composlella. — Alli chegou neste 
dia. tendo sahido de Vigo na véspera, nàn conti- 
nuou a jornada no dia seguinie (como esperava), 
porque não ocliára bestas para a bagagem ; as 
que havia liniiao parlido com a bagagem das tro- 
pas que desde Ires dias passavào em deslacamea- 
los para a Corunha, examinou o destino que tinhão 
laes Iropas, e achou que híao render as que esta- 
vão naqueJla praça, como era costjme desde al- 
guns annos. Contava cm Irrs dias seguir o seu ca- 
minho. 



Ad. ITõC 
Nov.' 99 



3." Officio de Pariz, — Chegada neslc Oia a Pa- 
ríz. Ficava diligenciando a audiência deS. M- Cluís- 
tianísãínia. 



i° Officío de Pariz. — Sua partida para Ver-An.ijse 
salheâ para a auJiencia dTJReí; que no dia se- 
guinte ao da chegada, entregara a José Gal\ào do 
Lacerda, a carta que para eslc levava, o qual logo 
lhe pedira que queria Tazer enlrega dos papeis que 
liolia ena sua casa fez d^ellcs um in^calarío, 

5.° Ollicio de Pariz, — Dá parle de ler rece-An.m» 
bído uma caiAa gucarnecida de diamantes que jH.^*^^-"*^ 
de Jacinin, ourives, que a fez, eniregára á casa de 
M. de Briere, corres pondenie dVlle Ministro. Que 
esle ourives pedia 22,000 libras, que já se llic do- 
viào, e não linha alé então recebido diulieiro ai- 
gum^ á conta d^aquella soiuma. 

6.° OfBcío de Pariz. — Dá parte que Briere e An. 1756 
C."" scachào eacarrogados por ordem de Pedro An-^^^-"^^ 
tonio Vergolino e de M. Grenier, do mandar fazer 
todos os lelizes e preparos necessários para a casa 
dos arreios, assim como uma bíiíxclla de praia para 
SS- MM. Que a primeira parlo d\'sla encommenda 
eslã prompla ha mais de mez e meio no Uavre es- 
perando embarcação segura. 

7.** OíBcio de Pariz. — Participa que á sua eho-An. itsg 
gada o procurara José Galvão de Lacerda, e IhGÍ^"-"'^ 
communícára que dosejavào atli que cUe Ministro 
declarasse, se trazia, ou nào, ordem para dar en- 
trada publica, e que para isso devera desde logo 
apresentar as carias crcdenciaes de chancellaria, 
se as Irouxessc, e não as de Gabinete, que para 

VL 7 



— 98 — 

SC livrar ii'afiut!llt: aperlo, c uao demorar a audiên- 
cia, disso logo ao dilo Minisiro, íjue nao trazia as 
tlilas carias, e que esperma ser reconhecido coin 
os do Gabincfo. Que na dia seguinte parlicípára a 
sua chegada ao Inlroductor dos Embaixadores e 
Mestre de Ccrcmonias. 

An. 1756 8." OlHcio de Pariz. — Remeltendo qualro car- 
Det,"U i^g qyg idp foram entregues pelo Embaixador de 

Sardenha cnm os cumprifnenlos de boas festas para 

SS. MM. Fidolissimas. 

Aa, I7S6 9.** OíTlcío dc Paríz, — Dando informação da 
**' ceremonia que leve logar no dia 13 de Dezembro 
de nSG, em que EIRei de França foi á camará 
do Parlamenlo, querendo dissipar a grande animo- 
sidade que o espirito de discórdia Iiavia fomentado 
entre o Clero e o mesmo Parlamento. Os pontos 
sobre que o Chancellcr teve que fazer o seu dis- 
curso foriio os seguintes. Expoz eui primeiro logar 
o desgosto que a EIRei causava as referidas dis- 
sensões enlre o Clero e aqiielle Minislerio, princi- 
palracnto quando se tomava a resolução de suppri- 
mir uma declaração de S. Santidade a lai respei- 
to; determinava por lanto ElRci que d^aquclle dia 
cm diante fosse rucoohocida a Bulia llui<jcniíusy 
como lei do reino ; que lodos os Bispos e maia 
Eccicsiasticos diisterrados se restituisâcm ás suas 
Dioceses, e que ordenariào aos seus súbditos para 
jamais negarem os Sacraraeníos aos seus Fregne- 
zeâ, na supposicào de sereiu Jansenislas. Continha 



— 1)9 — 

o spgnndo a aboliçiio de duas Camarás de Minta- 
Iros de cinco que havia, para que a boa admiais- 
Iratãu da jusliça nílo prejudicasse iiaíiuclla niulli' 
plicidade. Declara\a no tcrceim legar, S. M., que 
se nao admitlisse para Ministro do Parlamenlo, pes- 
soa que nio tivesse a idade de 2o annos, quenãQ 
podesse ler voto decisivo menos de 3ii atinos, e 
qne nas traterins em que c Parlameulo Tolava de- 
cisivamotile, o não fnria cm ccrios negócios sem 
dar parle ao Procurador Gerai para este declarar 
[e vonladc do S- M. Lidas as declarações, disse El- 
'Itiii, tendes acabado do ouvir a miiilia autoridade 
contra aquelles, que sendo meus vassallos jnlenla- 
rem afastar-se da observância do que eu lhes de- 
termino, O Parlamento juulou-se no mesmo día 
pelas 3 horas da tarde, e esleve reunido até depois 
das 10 da noite, do que resultou mandarcm-sc des- 
pedir as quatro Camarás, e onze 31iiiÍstros da pri- 
meira. Corria enlSo o boalo de que Elltei lhes aceí- 
lára a desistência, e que a maior parle d'ellcs se- 
ri3o desoaturalizados. 

10." OfTicio de Pariz. — Parlicipou a Martinho An. 1756 
de Mello o Castro, que se achava nomeado Embai- ^^^-^ ^*' 
xador cm Poriz. 



11.** OíOcjo de Pariz. — Remessíi que fez do in- An, 1756 
venlario dos papeis e livros do Archivo da Embai-^"^^'"^* 
xada, que recebera de José Galvào, c entrega que 
fez ao dilo Galvào da caria que para isso Itavia 
recebido. RemelLeu uma cai\a guarnecida de dia-. 

7 * ' ' - ■ 




— 102 — 

honras por níio ler sido avisado, o qiic depois me- 
lhor advcrlido executara, o quo o diLo Embaixador 
se parlia n'aí]ue!Ie dia para Pariz (17(1)» 

An. 1756 Officio do Principal Saldanha, daodo parle ao 
^"■' * Mírislro dos Negócios Estrangeiros de sua chegada 
a Pariz no dia 30 do mQi onlecedonte {171). 



An. 1756 

Dez.'* 2 



Resposta do Ministro dos Negócios Estrangeiros 
de Versalhes, accusando a recepção da carta do 
Embaixador Saldanha, e signiRcaiida-lhti nos ter- 
mos mais expressivos a impaciência em que estava 
de lhe cerlificar de viva voz a grande conta em 
que o linha, e que EIRci, seu Amo, folgava muilo 
de o ver em sua Corte, tanto pela grande amizade 
que consfigrava a S. M. F., como pelas relevan- 
tes qualidades d^cllc Eaibaixador (1'j2}. 



An. 1756 Chega a Pariz o conde de Baschí, vindo de 
Dei." 20 Portugal, onde residira em qualidade de Embai- 
xador (173). 

* 

Aa. 1757 OfEcio do Encarrogado de Negócios de França 
Jan." i ^^ jg Soinl-Julien, participando ã sua Corte que 



(í70) Arch. cit., vol. LXXXVllI da Correap- de Porlur 
gal. f_ 280. 

(171) JHrf., f. 290. 

(172) Ibid., f. 292. 

(173) Gazela ilc franca (Anao. '^fira\, p, 63^, 




— 103^ 

era chegado a Liâboo um correi*» da 1'rincipnl Sal- 
danha coui oSlicios cm quo fazia grandoa elogios do 
t^racJQSo acolhimcDlo com quo havia sido recebido 
era Versalhes (ni). 



Despacho do Miniâlro Secretario dEslado, par- An.l7S7 

tjcipandoa M. de Saiat-Julien como Ellíei do França ■'*'^°'" ^ 
ao sahir de Trianon fora apunhalado por um as- 
sassino, e fpcebôra a punhalada enire a í,'^ e 6-*^ 
coslclla. Com csla rclarSo \inha uma circurar da- 
lada do dia aulccedente (17^)* 

Carias d^KlRci I), José para Ellíei e a Bainha de An.iTS? 

França sobre o allenlado t^ue havia sido commet- ^^"^" ^* 
lido coQlra a vida de S. M, Chriâlianjssicna (176). 

Tem o Principal Saldanha, Embaixador E>^Iraor- An. i7o7 
dinario de Porlugal, audiência particular d*ElRei '''^^''' *^ 
de França para a qual foi conduzido, assim como 
para as da Rainha, do Delplilm, da Delphina, do 
Duque de Borgonha, do Dutjue de Berri e Conde 
de Provença, porM. Dutorl, Inlroduclor dos Em- 
baixadores (177). 

Oílicío dcM. Gravier, Cônsul de Frani^a em Us- An.íTSt 
boa, para o Ministro Secrclario dEsIado Houillé, ^'^^'^ ' 

(174] Arcii» lio MÍDisi-erio tios Ncigo[:.E3lraug.di;Fraoça, 
^ol. LXXXIX, f. í. 

(175) Ihid., f, 9, 

(176) Ibid.. f. 8 i; 10. 

(177) GasccLa de trança {inno supra}, p, 93. 



— lOS — 

parlícipando-lhe que os FrancexGS haviao mandado 
cantar um Te Deum na igreja de Sào Luiz pola me- 
lhora de EIRci de Frnnça ; dava igualmeDlc porte 
de sua apresentação a £tRei> de cujo agrado e be- 
nevolência por extremo se louvava (178), 

An, 1757 OfflciodeM, de Sainl-Julien, dando parle do ale- 
Março 8 vanlamenlo que houvera no Porto contra a Compa-r 
nhia dos vinhos; o numero da gente armada era, 
segundo as informações que linlia, demais de 6,000 
commandada pelos OíBciaes das Camarás ; que lia- 
viào obrigado o Cbanceller a supprimir a Compa- 
nhia, c munidos d'uma ordem extorquida pelaforça 
se apresentarão no domicilio do Secretario da Com- 
panhia, e queimarão lodos os livros : que se havia 
mnndado tropas a toda a pressa, porem que lhe 
parecia seria impossível assocegar o povo sem a 
dissolução da Companhia (179). 

An. 17S7 Despacho do Ministro Secretario d'Eslado Bouh 
Março II ijé pgpa M.deSainl-Julien, signiticaado-lhequanlo 
ElRei de França estava penhorado pelas demonstra- 
ções de sentimento que o povo de Lisboa e Ioda a 
IVaçao Portugueza havia mostrado por occasiãodo 
attenlado de S de Janeiro d'aquelle anno, e pelo 
intercsâc (juc haviào tomado nas suas melhoras; o 



(178) Arch, do Miníalerio doa Ncgoc. EMranç. de Fra^ra, 
((79] Ihid.,L 33. 



iflfi — 

fiue dle não devia deisDr ignorar a lodos os vas- 
sallos d'EIRei Fiddissimo (180). 

Oíficio dcM. de Saint-Julion para o Minislro dos An.nfíT 
Negócios Eslrangeiros de França, parlícipando-lhe^'"'"'^ *^ 
que a revolta do Porto havia sido proinplamenie 
debellada pelas providencias que dera o Minislro 
Carvalho, que todos os hnbilanles havido sido des- , 
armados sem dislincçào de pessoas, e que ainda as- 
sim havia (içado na cidade uma guarnição de 3,000 
homens. Que lhe constava que a Cúrle de Portu- 
gal pedira á do Madrid de mandar marehar algu- 
mas tropas para as fronleiras (181). 

Em ofHcio d>sle dia participa M. de Saínt-Ju- An.l757 
iien ao seu Governo que logo que recebera o des-**'"**^* 
pacho fora agradecer aos Ministros da parle d'El- 
Rei de França pelo que elles havião praticado a res- 
peito do navio francez Aquitania, e concluo refe- 
rindo que o Miaíslro Lacerda, que fôra rendido 



(180) Arch.doJJim5terJodosrJegoc.Eslrang.de Franra, 
vol. LXXXIX, f. 42. 

(181) ibid., f, 57. 

No mesmo yol, a f- 63^ se acha com dala de 3 de Afaío 
outro offido do meimo Encarregado de negócios cmquelra- 
lando áa. mencioriada revoUa refere que u Juí^ do povo ha- 
via sido severamente castigado í que o carrasco lhe tirara no 
meio dl praça publica a capa c volta, a cabcHeira c a final a 
vari, quo qU47l)riíra c calcara^ aos pés depois de haver apa- 
gado as armas Ueao^ que nclU csCav^o- 



— 106 — 

pelo Principal Saldanha havia chegado a Lisboa 
no Paquete a 10 d*aqiiell<! mez, e que npenas des- 
embarcara fura inandudo deslerrado para uma casa 
do campo a doze Icgoas de Lisboa \ que por enlao 
ninguém sabia u molivo d'aquel!a desgraça ; que 
fora menos pelas grandes recommemiações que elle 
Irouxera d'KIItei de ÍVanca e do Ministro dos Ne- 
gócios Esl rangei ros ; que elle M. de Sainl-Julien 
suspeitava tivesse sido disso causa a correspcndOD- 
cín que o dito Ministro tinha com alguns presos de 
Estado (182). 

An. 1757 Circular do Miníslro Secretario d^BsUido de Rcui- 
Junho26 ,j^^ significando a M. de Saint-íulien que tendo El- 
Rei de França aceitado a sua demissão, e nomeado 
para succeder-lhe o Abbade Conde de Bernis, a este 
novo Ministro deveria d'alli cm diante encaminhar 
os seus oincios (183). 

An. 17ÍÍ7 Despacho do Conde de Dernis para M. de Sainl- 

juibo2i j^^jjpp^ parlicipando-llie que o Principal Saldanha 

havia recebido ordem da sua Còrle para ir residir 

em Madrid com o caracter de Emhaixndor em lu- 



(183) Arcb. doMímateriodoji Ncgoc.Eatra&g. deFrant^a, 
¥ol. LXXXIX, f. TO. 

(Í83) Ihith, L 83. 

Com cffeiLo cm 3 de Julho rccebeo M. de SaínL-4uHen áe&- 
pnchos do novo Secretario trEsUdo de França, parlicipau- 
do-lhe a sua colradA no Miabteno. Acba-sc este despacho 
no mcâmc voJ. a p, 120. 



— 107 — 

gar lio Conde de UiMo, e que jã linha liJo a sua 
aiuíliencia de despolida d'IÍIRei Chrislianissiiiio, e 
conclue diiccrdo (|uc a prudeiicin cot\\ que o ililo 
Priocipal SC houvera porlodo na Còrlc Je Pariz, 
e o seu mérito pessoal lhe ha\ia feilo conceber a 
esperança e desejo de poílel-o possuir alli por mais 
lempo (Í84). 

Officio de M. do Saint-Julien para o Conde de Aa. 1757 
Bernis, participando-Ihc que havia feilo ao Minis- ^^^^ 
lerio Porluguez a cominunicação da entrada d'e!!e 
Condo noMinislcrio, cdomuiloqueEIRei de França 
desejava conservar com S. M, F. as mais estreitas 
relações de amizade e boa ínlclligeacia (185). 

Conliniía HL de Sainl-Jolien a iaformar a sua An- 1757 
Cúrlo das novidades que na de Lisboa occorriào, ^s^^^'^ 
sendo uma delias o boato que corria da nomea- 
ção do Marquez das Minas ou do de Távora quo 
eslava nesse lempo em grande valimento para a 
embaixada de França; se bem que duvidava acei- 
tasse o primeiro, que ora parenledoCondede Viile- 
roy, aquelle emprego por ler conlrahido eni Pa- 
ríz bnslanlcs dividas no tempo era que alH resi- 
dira fl8(i}. 



(f81) Arch. evoK dt., f. 133. 
(18S) Ibid., í. 134. 
(I8S} Ibíd., f, 137, 

Poucos rlias dr^pois cm 9 d^Ãgosto, ofticio a f. 140 parti- 
cipava o mesmo Encarregado de Negócios que se dizia era o 



— 108 — 



An. 1757 
8eL/ 15 



OrBcio de M. (Ig Sainl-Julieii cm que justifica 

a boa direcção que dava aos negócios o Mini&lro 
Carvalho, dizendo que faavjíi fundado um sem nu- 
mero de fabricas, e Iraliiva de pOr w Naçàg Por- 
lugueza em eslado de nào depender dos Eslrangei- 
Tos, e que lai era o ponlo que tinha princípnlmerite 
em mira (187), 



An- 17S7 



OfQcio de M. deSainl-Julien, participando ásua 
Côrlo quo ca frola do Brazil línhuo vindo qualro 
Jesuítas presos e remellidos pelo Governador dt> Rio 
de Janeiro ; que o motivo d^aquella prÍs3o diiia-se 
ser o oQso das aldeias do Paraguai ; que na quarta 
feira seguinte pelas onze horas da aoíte haviao sido 
conduzidos á casa do Noviciado os Confessores d'EI- 
Rei, da Rainha, Princeza e Infanles, o a lodos os Re- 
ligiosos d^aquella ordem foi defeso apresentarem -se 
na Cõrlesem nova ordem ; que ElElei nomeara para 
seu Confessor o Provincial dos Franciscanos, a Rai- 
nha o dos Agostinhos e a Princeza o dos Carrae- 
lilas, e o Infante U. Pedro o dos Agostinhos da 
Graça. Que houvera um Ircnior de terra nos Aço- 
res; que na ilha de Sao Jorge desabara uma mon- 
tanha que havia morto mais de mil pessoas ; flnal- 
nienlc quo tambuin linha sido preso o Dailio de 
Soure com dous irmãos, lendo D, Manoel de Sou- 



Conde de Assamir quo tinha Mo escolhido par^ a Embai- 
(187) Ar.:h\ cit., voL LXXXIX de Portugal, í. 1&3- 





— 109 — 

sa. Capitão da Guardn, sido dcslerrado com Ioda 
a sua familla parn a Quinta de Calhariz, e D. Luiz 
para Mertola (188). 

Responde o Minislro Secrelario d^Estado Conde A». t7o7 
de Bernis a M. de Saiat-Julien, e reporta ntlo-se ao^"*""** 
cilicio d'esle Encarregado de negócios de 13 do mez 
antecedonle, lhe sígnilica que nao podia deí\ar de 
applandir ao zelo com que oMinislro Carvalho tra- 
balhava para Tundar cm Portugal estabelecimentos 
ulcis para o comraercio, por ser aquelle um dos 
principacs objectos da publica adminÍ5lraeào(l89}. 

Officio de M. de Saint-Julien, dando parle da An, 1757 
morle do Infante D. António, lio dElKei D. Jcsó, ^^"^"^^ 
que fallecéra cm consequência d'um ataque d*apo- 
plcxia em 2 d^aquelle incz. Qw EIRei e Ioda a 
Corte baviào lido grande sentimento, bem como 
grande parle da Nação (190}. 

Officio de M, de Saint-.lulícn, dando parle de Aq. 1757 
como havia entregado a D, Luiz da Cunha as car- ^*^"" * 

las de notificação do nascimento do Conde d'Ar- 
lois (191). 



(tS8) Arch. cit., vol. LWXIX daCorresp. d« Portugal, 
f. 15S. 

[189) IMd., í. 166. 

[190) rfiid., f. 170, 

[191) íbid., í. 187. 



— 110 — 

An. 1757 Despaclio do flliiiislro SecrelarÍ3il'Eslado Conde 
Nov,«22 jg]}|;ri,js para IL de Saint-Juliísn, acompanhado 
da caria ile ppzamt-s (rFJIlri LuÍ7, XV para ElKei 
D. José, por occasiao do fallecímeulo do lofante 
D- Anlonio (192), 

An. 1757 Toma a CòrLe de França o lucto por occasiao 
Nov," 22 jq fallecimenlo do Infaule D. Aolonio, lio dlilKei 

de Portugal (193). 

An- i-jss Despacho do Minislro Secrelario dTetado Conde 
Fev,"U jg Beniis para M, do Sainl-Julien, tm que lhe si- 
gnifica quo era muílo para se lameiUar que Por- 
tugal depois de ler experimtnlado tamanhos desas- 
Ires por elleilo do lerremoto se achasse em consfr- 
quencia d^elle ameaçado dos horrores da fome ; po- 
rem que elle Secretario d'Eslado desejava bem since- 
ramente que as providencias que M. de Carvalho ha- 
via dado para conjurar aquelle ultimo flagello pro- 
duzissem o elTcito que n^ellas se promGÍlia (19í). 

An.i758 Despacho do Conde de Beruís, Minislro Secre- 
***"^'* tario d^Eslado de França, participando a M, de 
Saint-Juiien que o Conde dcMerle, nomeado para a 
Embaixada de Lisboa, se dispunha a partir naquelle 
\cr5o, e ordena-lhe de significar aos nossos Miaís- 



(!92) Arch. evo), cit., T lí)2. 

(193) Gazela de França {XnuQ svpra), p. i>97. 

{191) Arch. e vol. cil„ f. 257. 



ni- 
tros que ElRei de França esperava que S, M. Fi- 
deiissiuia níio [ardaría lambem em mandar-lhe utn 
límbaixador, o qual seria laiilo mais bem recebido 
em Pariz quanlo nada mais desejava ElHoi Luiz XV, 
do que consenar e fortificar cada vez maia a sin-- 
cera amizade que linha por ElEci D- José,e a boa cor- 
respondência qiíe exislia entre as duas NaçOes (195), 

OlTicio de M. de Sainl-Julien, participando á sua An, 1758 
Côrle como a de Madrid conlinuava a apertar a de ^^^'' *^ 
Lisijoa para concluir a Iroca da colónia do Sacra- 
mento, porflm que o Mínislm Scbasliào José de Car- 
valbo havia sempre sido de opinião contraria ao 
Tralado dos LimileSj molivo por que ia diiTerindo 
por quanios modos podia a conclusão (1!)6). 

OfGcio de M. de Saint-Julien para o Conde de Ber- An, 17S8 
nis, Minislro Secrfitario d'Estado, dando-lhe parle ^^^°^ 
de quo em conformidade com o despacho de 11 do 
niez anleccdenle, íia\ia sem demora communicada 
a D, Luiz da Cunlia que o Conde de Mcrie se pro- 
punha a partir para aquclla Cúrie com o caracter 
de Embaixador, e lhe dera ao mesmo tempo íi en- 
tender que ElUei de França esperava que em reci- 
procidade S. M. Fidelíssima acreditaria com o mes- 
mo caracler alguma pef^soa em sua C[)rtõ. Que D. 
Luiz llic respordôra seria o Conde de Merlo rece- 



(195) Arch. GYoKcit., f. 279. 

(196) Ibid., ibid. 




bido com Ioda a salisfacno nar|uella Còrle, e que 
M. da Cosia Salema ímlfio Encarregado de Negó- 
cios Giii Parii havia já rectíbido ordens para par- 
< lícipar ao Condo de Bornis, o que sobre aqucllo as- 
sumpto havia resolvido S. M. Fídclisãima (197), 



An. iTSft Despacho do Conde de Eernís para M. de Saiot- 
uaio 30 j^j|jç[j^ signíficando-lbe que tudo quanlo podia con- 
tribuir para consolidar e perpetuar a mais perfeita 
uniào e boa intelligencia entre a França e Portu- 
gal seria sempre mui agradável a S, M, ChrisLia- 
lússiina, e que a sobredita Magcsladc estava per- 
suadida que EIRei Fídclissimo se achava lambem 
da sua parte animado dos mesmos sentimentos; e 
que por conseguiole a residência de Embaixadores 
respectivos cm uma e outra Cõrle era indispensá- 
vel para se cultivarem eslas reciprocas disposições 
amigáveis, e que elle consideraria como um dos 
principaes deveres de seu ministério o púr o roaíor 
desvelo em se conformar sobre nquelle particular 
com a vontade cínlençOes dTlRei, íieii Amo (1118)* 



An. 1758 Officio dc M. de Saint-Julten para o Conde de Ber- 
Janho20j^j^^ participando-lhe que commuuicára o seu des- 
pacho de 30 do mez anteeedeoLe a D. Luiz da Cu- 
nha, e que este Ministro lhe certificara que EIAei 



(197] Arch.doâNcgoc. EsLraDg. ác FraDta,vol.LXXXlX 
úa Curresp. de Portugal, f. 287. 
(198) im., [. 303. 



— 113 — 

Fidelíssimo, seu Amo, cslaia nos mesmos scnlimen- 
los que ElGei de França (199). 

Oílicio de M. de Saiul-Jiilien para o Minislro Se- An. ;738 
creLario d^Eslado Conde de Bernis, (inrlicipíindo-Ihe ^*'^^<*2<* 
que Lioha ido todos os dias ao Paço de Belém ia- 
formar-se da saúde da Phoceza do Brazil, que ca- 
Ijíra de um phaetoide vindo de Queluz, e ficara 
assas raailralada lendo recebido uma ferida na ca- 
beça e uma contusão na face. As ínTanlas t]no pi- 
nhão em sua companhia nãotiverão senào algumas 
conlusões de pouco momeoLo (201)). 

Gonlinuaiido o Encarregado de Negócios de Fran- An. i75S 
ca a ler o seu Governo ao correnlc de quanlo sepas-^""^^^^ 
sava na Corte de Portugal, participa ao Conde do 
Bernis que se haiia publicado um pape] em que se 
provava a usurpação de autoridade de que os Je- 
suítas haviào Bido cúmplices na America, motivo 
por que havia sido desterrado para 60 legoaa do Lis- 
boa o superior da casa professa dos Jesuítas d^aquella 
cidade; que cticgára do Uio um navio com 3 ml- 
IhOes era dinheiro ; que EIKei» segundo se dizia em 
segredo, se achava doente sem se saber de que, po- 
rém que todos observavao que do mez antecedenle 
em diante começara a emmagrecer sensivelmenio e 
se achava mui melancólico (201), 



(193) Arch. evol, cit., f. 311. 
(200} tbid-, f. 320. 
(201} Ibid., f. 324. 
VI. 



— 111 — 

An.l75fi Ofíicio Jc M. dc Siíinl-Julicn, parlicipando que 
^'*'^^''^^acal)a\ào de ser sequestradas todas as fazeudas que 
os iGãuílas Unhão deposiladas nns seus arnia7ens, 
o que se espenva que se achassem privados de lo- 
dos os ha^e^(;3, paro rcduí^il-os ú sua primiliva 
insliluifHo, qiic íòra n de mcudicanles, delibera- 
ção que lruu\cra o uliimo correio que chegara de 
lioma [202). 

An. 17S8 OíBcio do Encarregado dos Negocias de França 
Sei." â p_^p3 Q Conde de liernií, participando que ElHei D, 
José dera uma quóda indo d" um quarto para oulro 
e fizera uma contuãâo no braço ; qnc fãra sangra- 
do; que a liaiuha lauibefn estava doenle, em con- 
sequência (lo que a Família Real nao sabia dos seu? 
quartos (2tf3}. 

An. 1758 OIBcio (Ic M. de Saint-Julicn, participando ao 
™''* ^ Conde de Bernis que havia baixado um decreto 
d'EII!ci D. José que nomeava o Rainha, sua mu- 
lher, Regente do Reino, conccrlendo-lbe Ioda a ju- 
risdicçao suprema^ Ucaudo encarregado da execu- 
ção do sobredilo decreto o Mioislro do Reino Se- 
basliuo José de Carvalho (20i). 

Ar. I75fl Oflicio do M. dc Saiul-Julíen para o Cardeal de 
^^■"^^ Bernis, em que conliiinando a informal-o do pro- 



(202) Arch. cit., vol. IXXXIX dc Porlugal. f. 3*í. 

(203) ffcid., f. 346. 

(ao4) íM., r. 3*8. 



— Ufí — 

grosso da doença d'EIR(ií D. Josó, depois de haver 
allribuido a quída que dera no palácio, n uma ver- 
tigem, e cerlíficar-llie que se n5o linlia passado dia 
em que elle SainhJulien não livesse ido ao Paço 
saber novas da saiide d^EIRei, em cifra lhe diz que 
era com horror que dava parle da verdadeira causa 
d^aquella doença, sobre a qual se guardava o maior 
segredo, sendo que a supposta coiifusao era uma 
ferida no braço c cspadoa direita occasionada por 
dous liros de bacamarte que alirárào ã carruagem 
d*£II{ei á sabida d*Alcan!ara a meia legoa de Be- 
lém ás onze horas e meia da noiie do domingo para 
a segunda feira< Que segundo se dizia erao seis os 
assassinos, bem que Tossem só Ires oa bacamarles ; 
o primeiro destinado para o holieiro não fez fogo ; 
os doTis oulros forao disparados sobre a carrua- 
gem, que ficou cravada de bailas. Os assassinos 
eâta\ao a cavallo. ElBei por felicidade nao rece- 
beo senão uma ferida no braço, e o criado na es- 
padoa e em varias oulras parles do corpo, e con- 
clue referindo as differentes versões que d'aquel[e 
acontecimeulo se fazíàG (20o). 



Despacho do Ministro Secretario dTsIadode Ber^ An.íTsa 
nis para o Encarregado dos Negócios de Frenca, ^' 
eiD que lhe certifica que nào havia cousa que mais 
fosse do agrado d'EÍKei, seu Amo, do quo dar-lhc 
elle uma conta circunstanciada do estado da saúde 



— 116 — 

d^EIRei D, José, na qual mais quo muJlo se iiile- 
ressava ElRcí do França (206). 

An, i7S8 OlTicio do M, tie Saint-Julicn para o Minislro 
Out." IO Secreiario d^Eslado Conde de Bernis, participan- 
do-lhe liavía chegado a Lisboa grande numero de 
tropas mandadas vir das pro\iiicias, o que cau- 
sava granda admiração a Ioda a gonlc (207). 

An- I73S Dospncho do Ministro Sccrclario d^Eslado Conde 
Oiii.M9 jg Bernis para M, de Saint-Julioa, acompanha rido 
as carias que elle escrevia ao Senhor Rei D. José 
por occasiào da promoção d'e]!e Miaislro ao car- 
diíialalo (208). 

An. 1758 Despacho do Cardeal de Bernis, em que signi- 
Out.*'3l fjjjj ^ j] jg Saiul-Julicn que o cuidado e pontua- 
lidade com que clle ia lodos os dias a Belém para 
saber novas da saúde d^EIKcí D. José era inleira- 
menle conforme com as intenções d'ElRei Luiz AV, 
que nella tomava o mais sincero ínleresse, e que niío 
eslaria socegado senão quando soubesse que aquelle 
Monarcha começava a moslrar-se a seu povo (20!l). 

An. 1758 Officia nesta data o Encarregado do Negócios de 
HoT-° 7 França ao seu Governo que EIRei D, José se achava 



(^6) Arch. evol. clL-, f. 362. 
[907) Ihid,, f. 366, 

[208) Ibiã., ibid. 

(209) Ibid., r 370. 



— 117 — 

cora manifuslas melhoras, e que se esperava que 
dentro de [joucos dias receberia os Ministros Es- 
trangeiros, 03 quacs lodos cslavâo com grande im- 
puciencia de serem adiníLtldos á sua presença ; quo 
D» Luiz da Cunlia lhe havia dilo que aquelle Mo- 
narcha ha\ia já assislíJo ao despacho, que a Rai- 
nha continuava a presidir; que a noticia da pro- 
moção d'e[le Condo de fiernis ao cardinalato havia 
sido recebida com gosto nnquella Cãrle, onde se 
começava a faltar com mais circumspocçào sobre 
o attentado commcttido contra a pessoa d'EIRei ; 
porém que os réos ainda não haviao sido julga- 
dos (21(1), 

Despacho do Cardeal do Cernis no qual parlieipa An. I75s 
ao Encarregado do Negócios de França em Lisboa ^**''''' '^ 
que Flltei Luiz XV havia aceitado a demissão que 
eile dora da pasta dos Negócios Estrangeiros, a qual 
passara para as raaos do Duque do Choisoul, quo 
naquella occasiuo estava empregado na Embaixada 
de Víenna, adverlindo-Ihe juntamente que aquella 
mudança não importava ailtiraçào alguma na po- 
litica exterior da França, cousa que cumpria hou- 
vesse elle Encarregado de Negócios significar ao 
Miaistro PorlugUDz (211). 



(210} Arcb.doimnUlerLúdosNoguc. EslraDg.deFranra, 
vol, LXXXIX da Cnrresp, de Portugal, f. 37G. 
(211) md., l 3T4. 



— 118 — 

An.iTSS Participacàu original do Oiiíjuc de Choiseul da 
^^^•"^ sua nomeapfio de MiiiisLro Secrctnrio dHíslado da 
roparlí<;5o dos Negócios Eslraugeiros (212). 

An. 1T5S Despachado Mínislro Secrelario d*Eslado dosNe^ 
Dci,M9 gocioa Eslrangeiros Gnnde de Ghoiseul para M, de 
Sainl-Julien, parlicipando-lhe queoCoiidodeMerle 
nomeado para a Embaixada de Portugal eslava para 
partir, dispondo-se a ler a sua audiência de despe- 
dida dElRei de França (213). 

An. 1758 Oflicío dc M, do Saiiit-JulícD, acompanhado da 
Dm," i5çj|.çjj|.u. jç Li^jj j|g Cunha para o Gor(jo Di- 

plomalico, na qual em nomo d'EIRci lhe significava 
o verdadeiro motivo da sua doença, quu havia sido 
o altenlado perpetrado coQlra sua pessoa real (lli). 



An. I75S 



OíBci3 de M. dc Sainl-Julien para o Minislro 
Secrelario J^Eslado Duque de Choiseul, dando-lhe 
parte do quo ha^iaoccor^ido em Lisboa, oudeem IS 
d*aqucllenicz lodos os cúmplices do alteutado perpe* 
Irado coDlra a pessoa d ElHei D.José haviâosído pre- 
tíos, sendo as caíwras da conjuração o Ducjue d Avei- 
ro, o Marquez dfí Távora pai,eoConded'Alouguia, 
^en genro ; os demais implicados na mesma cons* 
pirarão erão o Marquez de Ta\ora filho D. José, 



(ilâ) Arch. til,, >oi, ÍXXS.1S de PorUigal. f. 
(213) íM., f. 393. 
(âl4) IM,. r. Má. 




— 119 — 



seu irmão D. Maooel de Távora, pai do Conde de 
Villa Nova, D. José Maria de Távora, Cónego da 
Palriarchal ; que Ioda a gGnle pensava queosíraiãos 
do iMarquez de Tovora pai, c o Marquez d'Alorna, 
seu genro, havíào sido presos por precaução, pelo 
mesmo teor que D, Manoel de Távora, os quaes 
ficavão relidos na lorre de Belém ; erafim que o 
Marquez cIc Gouvca, filho do Duque dAveiro, man- 
cebo de 16 para 17 annos, lambem se achava pre* 
so ; que sg dizia que D. Nuno e D. 1(^0 de Tá- 
vora, quo se achavâo nas províncias em seus re- 
ginicnlus, scriao igualmcufc presos. Quo om li do 
ãobredilomezse aúxáríi nas esquinas o decreto d'EI- 
Heiáeerca do*Tllenlado, e no dia seguinle pela meia 
noíle D. Luiz da Cunhíi o mandara por copia a to- 
dos os Minislros Eslranfíeiros ; que clle Encarre- 
gado de iNegocios fóra no outro dia ao Paço em Be- 
lém, e filra recebido por EiRei junlamenle com o 
Embaixador d^IIespanha e lhe fizera o seu compri- 
mento; que ElRcí lhe respondera que eslava bem 
ioLciraElo da parle que Elltei de França havia to- 
mado eni sua doença, que elle tinha consagrado 
áquelle Monarchã amais constante amizade, e era 
por extremo sensivel á sua allençao. Diz mais o 
Encarregado de Negócios que EIRei D. José estava 
magro, mas que aâo parecia (er lesão alguma no 
braço direito ; que a Bainha recebôra os compri- 
mentos do Corpo Diplomático, e no outro dia hou- 
vera heijamiio por occasiao do anniversario da Pria- 
ceza da Ueira, a que elle assistira. Que cuIreLanlo 
Irabalhava-sc do dia c de noite uo processo dos con- 




— 120 — 

jurndos; os principacs dos cjiiaes eslavão carrega- 
dos de ferros, e os dcmafs os linhiio sómenie nas 
mãos; que suas casas eslavao guardadas por sol- 
dados, que as mulheres ncUas ainda moravao, á 
excepção da Duqueza de Tftvora, que fura levada 
para o convénio das Grillas, escollada por uma 
companhia de cavallaria e um Magistrado; que a 
Marqueza de Távora moça se linha ido immedia- 
tamente com uma fílha que linha ainda menina para 
o Mosteiro de Sanlos; eTnfim que Ioda a gente es- 
lava admirada de ^er as promplas e eOicazes pro- 
videncias que dava o Minislro Carvalho em um 
aconlecimenio lao importante, posto que nào fal- 
tasse quem o allribuisse ao próprio Ministro; que 
lambem se havia procedido contra os Jesuítas, cu- 
jos conventos haviSo sido cerendos de Iropas no 
mesmo instante em todas as províncias na occasiao 
da prisão dos conjurados; os quaes forào inhibi- 
dos de ter communicaçâo alguma com gente de 
fora (215), 

An- 1758 Despacho de M. de Choiseul para o Encarre- 
^"'"^^ gado de Negócios M, de Saint-Julien, parlícipan- 
do-lhe que o Conde de Merle havia tido a sua au- 
diência de despedida d'lílllei de Franca, e Icnrio- 
nava estar em Líshoa no coniero de Janeiro do 
anno seguinte de 1739 (21C). 



{915) Arch. c vol. ciL., f. 103. 
(316) Ibid., f, 19. 



— 121 — 

OíBcia M. de Saint-Jiilien a M. de Choiseul que An. 1738 
os Francezes residentes em Lisboa ha\iSo mandíi-^^^'"''^** 
do dous dos seus em depulaçào a KIKcí D. José, 
para congralulal-o por haver escapado ã conjura- 
ção, G haviào mandado dizer uma missa cantada 
na igreja do Sao Luia (217). 

Conlínda M. do SainE-Julien a iníomar a sua \ii, 1759 
Côile de quanlo se passara na do Lisboa, e par-'^"°^ 
licipa (fuo haviao sido presos muitos Jesjitas, e 
jiinlamenle os Condes d*ObÍdos e da Ribeira com 
seu irmào 0. Luiz da Camará; que tanto os Ita- 
lianos como os Alleniães haviào mandado cantar 
um Te Deufti pela melhora d^EIflei D. Joséj que 
o mesmo havião feilo os Francezes, e que a ossa 
solemnidade assistira o Núncio, o Ministro d^Aus- 
Iria, c que o Embaixador d'Hespanha faltara por 
estar doenie (218), 

Despacho de M, de Choiseul, significaodo ao En- An. 1759 
carregado de Negócios houvesse de informal-o por '^n.^a 
miúdo do eslado da saúde d^EIRci, por isso que 
nclla muito so interessava Eíltei de França (219). 

Participa a seu Governo M. de Saint-Julien oaii.í7S9 
estado em que so acha o reino, dizendo que os Jo- ^^^'^ ^ 



(217] Arch. e vol. cit., f. 410. 

(218) Ibid., vol, XC, t l, 

(219) ma., L3. 




— 122 — 

suilas conlinuíiviío a esUir guardados com Iropas ; 
i|UG D. Manoel de Souza havia sido preso iia sua 
Quinla do Galliaiiz, otido se achava em desterro, 
e havia sido levado para a lorre de S5o Julião, e 
4U0 se dizia havia íslo sido em razão de ler del- 
atado por quBlro dias o desterro, para ir visitar o 
Dui|ue J^Aveiro; que EIRei ainda não linlja sabi- 
do, e híivia mandado dar uma companhia de dra- 
g&es ao iUiniãtro Car\alho, o qual por cima ú^íslo 
linha á sua poria uma forte guarda de infanlu- 
ria [220). 



An. 1750 



Despacho do Duque do Choiseul para o Conde 
de Merle, envíando-lhe as inâlrucçOes, e mais pe- 
ças a ellas anncxas [ill). 



Áa.íi^^ ImlrucçuQ passada' ao Conde de Mcrle, Enviada 
Jau.* 15 ^ Portugal com o caracter de Embaixador, 

Roza a sobredita instrucçào em subslancia o se- 
guinlo. Que EIRcí de Fraoça tendo assentado de 
mandar um Embaixador a Lisboa, ^a^a de seus ta- 
lentos o desempenho d^aquella missão. Que no es- 
tado em que eslavào as cous.is cumpria que clie 
Conde se posesse a caminho para o seu desliuo, e 
que o devia fazer com Ioda a brevidade passando 
por Madrid, onde poderia demorar-se alguns dias, 



[220) Arch. ciu, voL \C, f. 4, 

(221) Ibii,, r, 10. 



— 123 — 



cotiio liaviíio pralicadn os seus predecessores, para 
compJimeDlar a Família Heal ; porém que achan- 
(lo-se Sua Magcslaiio Calholica docnle, e nao po- 
dendo saber-se ds aconlccimenlos que podiàc so- 
fcreiir, ElUfii de Franca lhe não ordenava cousa al- 
guma particular rdíiti\amenle áquella Côrle, con- 
iCTilando-se unicamente com recomrnendar-lhe de 
se concertar com o Marquez dAubelerre sobre o 
que deveria fazer e dizer, quando fosse adniíttido 
á presença d EIKei Calholíco, da liaiaha Mãi e do 
infante D. Luiz. 

Passa depois a ordenar-lhe de noticiar a sua 
\inda aos Goiernadoros Portuguezos das praças 
da fronteira, para que lhe não faltassem com as 
honras devidas ao caracter de que ia reveslido ; 
e para isto^ como para o demais ceremonial do 
recebimento, áquella Instrucçào se havia juntado 
uma Memoria sobre tudo quanto era de estilo ob- 
serva r-sc. 

Ordena-se-lhe mais, que logo que se fosse avi- 
zinhando de Lisboa, mandasse aviso a M. de Saint- 
Julien, para este o ir ver, e dar-lbe amplas infor- 
ma(;Oes da Curte de Portugal, e do estado em que 
nella se achavão os negócios, e passando por anli- 
cipaeào a informal-o do caracter partJcu!ard'EtBei 
D. José, e da Rainha» do Infante D. Pedro, o do In- 
fante D. Blanool, vindo a fallar dos Ministros, diz que 
Sebastião José de Carvalho, que tinha o titulo de pri- 
meiro, gozavo de toda a conTiancii d'ElRci seu Amo, 
e que, a acreditnr-ge a publica fama^ d'ella abusava; 
motivo |)orque em lodos os domínios da Coroa Por- 



— 121 — 



tugueza havia algumas pessoas» que se linliao Je- 
clarado seus adverãarios ; que o dito Miikíslro lendo 
no Secrelario dTslado Mendonça um collega íds- 
truido e bem intencionado, por cíuiog que d^elle 
(inlia^ havia lido arLes para o mandar degradado 
para Africa. Que antes de ser ele\ado á dignidade 
de primeiro Ministro, havia Sebastião José de Car- 
valho sido Ministro do Portugal era Londres e Vien^ 
na, e que nào havendo adquirido grande nomeada 
nestas duas Côrles, parecia nào ser iuclioado por 
gosto a nenhuma d^ellas e ainda menos á de Frau- 
ça, como se colhia dos vexames que de fresco ha- 
via feito aos Francczos c a seu commercín; que 
era [l'ura geuio áspero, imperioso, e linha-se so- 
bretudo esmerado em opprimir a nobreza princi- 
pal do reino, por islo que não era mais do que 
um simples gentilhomcm ; que a clle se devião as 
medidas violentas, que se haviào tomado contra 
muitos dos membros da nobreza; porôm que, como 
quer que fosse, importava summamente ao serviço 
d'ElRei de Franra que ellc Conde de Mcrle se np- 
plicasse a ganhor as vontades do primeiro Minis- 
Iro, e a fazer-se d*elle bem aceito, pelo muito tjue 
elle privava com ElUoi Fidelissinio, e porque liaha 
a direcção principal dos negócios : neste pnsso en- 
cerra a inslrucçao que estamos substanciando a se- 
guinte maximn, digna de ser posla em memoria, 
que transcreverenios na mesma lingua em que Tol 
escripta : « Ua Ambassadfur ac doil pas dans sfs 
<t})rocédés et dans ses liaisons^ à ta Cour oú it ré- 
visidc, prendrepour règle de çonduUe sônseniimeni 



— 125 — 

npcrsonnel €n ses ajfeciions intérieures, Lliomme 
tpublic fioit snbordcnner ses goâts a rintèrétdts 
«affaues àont il esl charle.» E proseguindo diz 
que pnrLiiido il^aquclie principio devia clle Conde 
Embaixador ler as maiores allençOes com Sebas- 
liào José de Canalho, por ser aquelle o canal por 
onde íie\iÍÍo correr as negociações, e por isso que 
os outros dous Ministros erâo criaturas suas. Que 
na primeira audiência que livcase d'EIRei Fidelís- 
simo desse áqiielle Soberano as mais positivas sc- 
gUfEinçasdn amizade d^EIRei de França, o do muito 
que &e interessara einlcrc5sa\a em ludo quanto lhe 
dizia respeito, como quem deseja\a manter a boa 
inlelligencia e amizade que reinava enlre as duas 
Coroas; que nesle mesnjo lom se devia expressar 
(aliando com a Rainha e com o Infante. 

Que nâo lendo elle Conde negociação alguma 
particular que Iralar, deveria applicar-se a conhe- 
cer exaclamenie quaes fossem as verdadeiras dis- 
posições da Côrle de Lisboa : 1." No que dizia res- 
peilo ao casamenlo da Prínceza do Brazil. 2.* So- 
bre os negócios geraesda Europa, e sobre a guerra 
que exislio> ^.'* Sobre o fazer-se um Iralado de 
commercio enlre as duas Coroas. 

Que supposto que as desgraças, que se expori- 
mentárào por consequência do lerreraolo, houves- 
sem causado corla perturbação scdsÍvcI no anímo 
d'uma grande pflrlc dos vassallos Portuguezcs e 
livessem dado occasiào ao allentado ultimamente 
commetiido conlra a própria pessoa do Soberano, 
e por conseguinie absorvido durante algum lempo 



— 126 



Ioda a nUí^nran e cuiílado do Governo, era nao obs- 
taolG verosímil, que achando-se a Princeza do Bra- 
7Â\ com IS snDos do idado Iratnsscm de casal-a, 
em conformidade com as leis do llcino, com um 
Príncipe da Casa do Bragança ; que o Infante D. 
Pedro, seu tio, era o único de quem ElHel de Por- 
tugal podia fazer escolha ; que tami}cm se havia 
faltado em um Príncipe eslrangeiro por ser EIRei 
D. José pouco affcclo a seu irmão; mas que era 
dilScil de acreditar que se lizesse escolha para esse 
elTeilo do Infante d^Hespanha D. Luiz; que a Na- 
ção PorLagueza se opporia a uma alliança que po- 
dia no porvir reduzir Portuga! a sej antigo estado 
de mera provinda de llespanha ; que devia eitc 
Conde de Merle informar-ae secretamente de tudo, 
sem dar mostras de curiosidade, para dar ao de- 
pois conta a EIRei seu Amo. Pfissa depois a (ra- 
lar da guerra em que a França se achava empe- 
nhada, e D juslifical-a ; que todas as vezes que a 
elle Embaixador lhe tocassem nesta nialeria, deve- 
ria elle insistir sobre a ímporlancia de quo seria 
para todas as taçiSes commercíanles, e especial- 
mente para as que tinhao possessões nas índias 
laalo orientaes, como occídenlaes, de se opporom 
ao predomínio que a Inglaterra preteadia arrogar-se 
sobre os mares ; que posto que estas e outras ra- 
zues Fossem insuíficientes para perturbar a boa in- 
telligencia que reinava ealre as Côrles de Lisboa e 
de I^ondres, todavia aquella alliança seria menos 
intima, se se viesse a eiFeituar um tratado do com- 
mercio entre a França c Portugal, o se os vassal- 



— 12T — 



los. de FriHnça parlicipassem com os de Inglalerra 

dos lucros que provínhào do commercio com o Bra- 
zil, obJGclo que «lie Embaixador não dG\ia perder 
de M"sta ; que paro conscguil-o dous erào os meios, 
l.'* Proteger cQicazmtiiile as casas decomiDercioque 
os Francezes eslabelecessem em Portugal, 2.° Tra- 
tar de fazer um Iralado de commcrcio com aíiuella 
Corúa, com quem posto que a de França estivesse 
em paz, depois do Tralado de Ulrccht, nyo reinava 
lodaiia aquelJa coaílança e boa hnrmonia que se 
podia desejar ; que as dispulas levantadas por oc- 
Cíisiàodo ceremonial haviâo dndo motivo a um noso 
rompimento eulre as duas Cúrics, e interrompido 
as relarões, de sorte que por esse effeito o commcr- 
cio francez nSo encontrara em Portugal a protec- 
ção que era para se esperar; que o rompimento 
que em 1733 occorríra colre as Cortes de Lisboa 
G Madrid havia offerecido á França uma occasiao 
para rtíslat)elecer e ropor no antigo pé os direilos 
e privilégios de que gozava em Portugal, por isso 
que EIReí D. Joào V, que lemia a guerra, havia 
lido vontade de se lançar nos braços da França, 
a qual não se aproveiliindo da conjuncçao, havia 
aquelle Monarcha diri^ido-se á luglalerra ; porém 
que aquella Potencia nào desejando romper com a 
llespaitha, se Itinilára a assegurar a Portugal a posse 
do Brazil ; quo eslc cslodo de cousas parecia dever 
fazer fim com a convenção, que entre as duas Cor- 
tes se celebrara cm 1737 pela intervenção das de 
Pariz e Londres, e ÍTaya, porém que esLi conven- 
çiio nao sorlira o desejado eíTeilo, por haver doei- 



— ns — 



iliilo o liLigio sómcule oa Europn, mns não na Ame- 
rica, Que nesla occorrcncia Elfíei do Porlugal ha* 
\ia do novo recorrido á inlervençào da França, 
oITerecendo-se a fazer com cssn Potencia um Ira- 
lado de commerciOf no qual ella seria igualada com 
a Inglaterra. Que cslando as cousas neslc estado fôra 
M, de Cha\igny mandado a Liãboa, para entabolar 
a negociaçào que devia ser communi com a Cúrle 
de Madrid, porém que a conclusão se linlia hido di- 
lalando, o nao viera á conciusíio, cousa que lia\ia 
pouca probabilidade cnlào de effeiluar-se, por isso 
que as diíferenças, que entre as Crljles de Madrid 
e de Lisboa exi&liuo, bavíào sido conccrladas por 
um Tratado particular (o de 17B0) sem interven- 
râo lie Polencia alguma estrangeira. 

Porém que como podia acontecer que aígum in- 
cidente ou caso fortuito viesse no porvir a alterar 
o systeraa politico que se havia adoptado em Por- 
tugal, Elltfli tio Franra julgara acertado, que olle 
Kmhai\3(]or tivesse em seu poder uma copia do 
projecto do Tratado do coniniercio que se vcnlí- 
lãra onlre as duas Cúrles, para que lívesse d'eUe 
perfeilo conhecimeuLo, se por ventura djrante o 
leaipo de sua Embaixada viesse a ofTcrecer-se oc- 
caaião de o concluir. 

Passa depois a recommendar-Ilie, quo o princi- 
pal objecto de sua missão era por enlào manter no 
mesmo pé a tolerância de que gozava o commercio 
francfíz naquella época ; que se poria cm relaííio 
com os diversos Miuislros lístrangciros que residiào 
em Lisboa, afúra aquelles com quem a França esta- 



— 1Í3 — 

occasiao. A fuga tios religiosos tiu Maranhão, o 
grande commercío que Taziíio no Brazil, Iodas es- 
las circunslsDcias levadas ao conhecimento do so- 
berano Gzerào com que elle se determinasso a dei- 
xar obrar o Miiiislro, conforme entendesse ; que ao 
depois sobreviera o aLienlado coramellído contra El- 
llei, no qual tros d"aquelles religiosos se achavào 
implicados, o que tudo havia acabado por arrui- 
nal-os na opinião dosobernno, ajudando muito para 
isso as mnxíinas perniciosas, que se lhes allribuíào ; 
o que nào obstante, o processo que se lhes fazia es- 
lava suspenso. Que hào faltava quem condemnassc 
o modo com que ao liaria contra elles procedido, 
bem como o com que forào processados os fidal- 
gos, por isso que (Ora o processo secreto, e que os 
juizes delle nào erào Lidos em conta de í^randes dou- 
tores, alóm de que em um processo d'aquella na- 
tureza deviao assislir os grandes do Reino (^Í8), 

Ajudan Carla do Secretario de Eslado para Pe- An. 1759 
dro da Costa Salema, Ministro de Portugal em Pa- ^^'^*^ ^ 
riz, sobre os Jesuitas (249). 

Participa o Conde de Merle. Embaixador de Fran- An. J759 
ca em Portugal, ao Duque de Choiseul em ofticio '^^^° "^ 
d^esle dia, que chegara a Aldeã Galega no primeiro 



(218) Arch. íí voh ciL, f. 63. 

(249) Mendonça. Mem. Mss. de D. Josi' f. t. it. r P3, 
coU. dos meus Mss- 



— lii — 

(laqucllo mcz, c a Lisboa no dia 3, que ali íòr^ re- 
cebido com o ceremonial do coslunift, lendo-o hido 
buscar o Conde ilc Povolidc. Diz mais, vindo a Ira- 
lar dos negócios do Reino, que se liaviâo preudído 
dous criados de Gonçalo Gtirislovào, pessoa de es- 
clarecido nascimenlo, cuja familia liutkã vindo para 
l'orlugal com o Conde D. Henrique de Borgonha, 
fundadttr da Monarchia (íjO). 



An. 1759 

Maio s 



OfGcio de M. de Sainl-Julien para o Duque de 
Choiscul, cm qoo lhe dá paríe da clicgada a Lis- 
boa do Conde de Merle, a quem elle alojara perto 
de Ceiem, e vindo a fallar do estado das finanças, 
diz que havia grandíssima Tal ta de espécies naCúrle, 
o que proTinlia da demora das frotas, sendo lai o 
apuro que, para Elliei ir a Mafra, houve de se ti- 
rar das caixas do deposito publico 160 mil fran- 
cos (251). 



An. 1759 
Maio to 



Despacho de M. de Choiseul ao Tenente Geral 
da policia rcpresenlando-lhe houvesse de mandar 
castigar dous Tenentes do regimento de Boorbon- 
nais, por havereai maltratado a dous criados do Mi- 
nistro de Portugal, afim de dar a competente salis- 
façào áquelle Diplomata (2^2). 



Aíi. 17S9 
Maio 12 



Carla do Abbade Salema, nosso Encarregado de 
Negócios em Frauça para o Duque de Choiseul, 

(250) Arcb. c toK cit., f- 65- 

(251) Ihid., L 68. 

, (^52) ma-, r. m. 







— li!) — 

cm que lhe pede houvesse de exonerar do castigo 
os dous sobreiJilos cíTiciaes, por isso que se da^a 
por bem pago cotn a salisfaçào. que se lhe havia 
(lado : pela mesma occasiào, e sobre o mesmo caso 
escreveo este nosso diplamala ao Marechal de Belle* 
Iste (2S3}. 

OUÍcio do Conde deMerlepara o Duque deChoi- \n, 17S9 
Seul, dando-lhe conia das liouras com que na qua- **^^^ *^ 
Ijdade de Embaixador havia sido recebido nas pro- 
víncias de PorlugaK que atravessara, dírigindo-se 
para Lisboa, c parlicípamio como pedira liora aos 
dous outros Secretários d'Eslado : a saber Carva- 
lho, fl Thoraé Jonquim da Cos!a para fazer-lhes a 
primeira visiLa (2S4). 

Ofiicio do Embaixador Conde de Merle para M, An.t7S9 
de Choiseui, em que lho parlicipa, tratando dos**^'"^^ 
Jesuilas, que nào havia indicio algum de haverem 
os ditos Padres metlido a niào directamente na con- 
juração contra a pessoa dTlRei D.-íosc; que era 
possível que elles tivessem foliado com demasiada 
liberdade contra o governo e por conseguinte con- 
tra EIRei ; que, segundo a opiniào de pessoas que 
pareciao bem informadas, fura o credito e grande 
inílueucia que elles linhao no Paraguay, que dera 
occasião á sua ruína; que além disso elles haviào 



(253) Arch^ e vol. cil., f, 92. 
(Síilj ma., f. 75. 

vr. 



10 



Hfi — 

relalado por escriplo no sou Geral quanlo se havia 

jiassado em Lisboa com mais liberdade do que de- 
viâo ; e que o governo ha\endo inlerceplado as car- 
tas, 110 eonlcxlo delias achou, segundo o seu on- 
teuder.j princípios conlrarios ú obediência que elles 
c!c^iàD ao Soberano; e concluindo ajunta, que o 
Ministro Carvalho os aborrecia de morle, o empre- 
gava todos os meios para de iodo em lodo arrui- 
nal-os (255), 



17í> 



An. 1759 Officio do Embaixador Conde de Merle para o 
Duque de Ghoiscul, em que lhe dá parle do haver 
feito a sua primeira visita ao Secretario d^Eâlado^ 
e de tçr Lido a primeira audiência d EIRei aos 11 
d'aquelle mez, accrescenlando a csle respeito, que 
lílBei o tinha recebido com uraa bondade lai, que 
nào podia dar-se maior; que a resposta que elle 
lornára a sua falia fora assaz longa ; que a Bai- 
nha lhe fallára em francez, e lhe dera liceuca para 
fazer os seus comprimentos ás Infantas, que esta- 
\ão ao [lé delia; depois tio que, Elttei praticara 
com elle por algum tempo ; que no cabo disso [õra 
comprimenlar o Infante D. Manoel, por ráo estar 
esle fliojado na barraca d'EIRei. Vindo depois a 
tratar dss cousas da índia accrescenta, que um dos 
navios, que viera de Goa, trouxera 10 JesuiLas que 
forao postos a bom recado cm prisão ; que o filho 
do Duque d' Aveiro, inancebo de 13 aiinos, havia 



(2SS) Arch. doMiniateriodosNcffoc.Eslrang, de França, 
Tol. XC, f. 87. 




— m — 

fallecido na prisão Cfjraido de bichos o de lepra, nao 
tendo nunca, cm quanto nella csIotc, cessado de 
chorar, pedindo e rogando, que o levassetti para a 
companiLia de seus pais, cuja inorle lgnora\a ; que 
enlrelanto conlinuaTão as prisões, as quaes por isso 
que se fazião de noite, não se podia ao corto de- 
lerrainar-se o numiiro; tjue era Incompreíitínsivel 
o como sobre aquelle assumpto se guardava o se- 
gredo naquella (erra ; que nenhum fidalgo se atre- 
via a fallar sobro o que se havia passado, e íiuq 
querendo ellc Embaixador locar naquullo assum- 
pto, fòra a resposta que rcctibflra o mais ferrenho 
silencio ; que o próprio Núncio, a quem cllc fizera 
varias per^unlas sobre aiiucllas matérias, se mos- 
trara por extremo circunspecto e reservado; que 
o Duque d* Aveiro era geralmente detestado, e que 
ninguém se compadcci^ra de sua sorte, mas que nào 
acontecia o mesmo com os da casa de Távora, por 
66 achar aqucllaramilia entroncada com Ioda a no- 
breza do neioo, e que o génio brando, e as ma^ 
neiras agradáveis e polidas do pai, e dos dous filhos 
haviào conquistado o suíTragio geral danaçíio; o que 
n3o obstante, obsena o Embaixador, erào aquelles 
fidalgos ré'os de grande crime, e que ElRei os dSo 
podia perdoar Senão por effoito d'uma bondade, de 
que não ha\ia exemplo, e concluo dizendo, qufi 
D. Luiz da Cunha lhe ha\ia certificado que lago 
que seu irmão fosse de volta com a frota partiria 
para França, embaixada (juethc era destinada (256). 



(256) Arch, e yoL àU. f, 74. 



10 < 



An. 1759 
Juiihu ã 



— 1Í8 — 

Em oflício duãle ilin pnrLJcipa o Embaixador Conde 
de Mcrlc ao seu governo a chegada a Lisboa da frota 
do Maranhão coiii82,tífl0 cruzados cm oiro, na qual 
Aiera Francibco Xa\ier de Mendonça irraào do Mi- 
nislro^ que havia governado aquclla pro\inda, e 
concluindo accrescenia, que a indisposiçào dos âni- 
mos contra o Mínislro Sebastião José de Carvalho 
ia cada \ez augraenlando-se (2S7). 



Ad. 1739 OfGcio do sobredilo Embaixador pelo qual par- 
JimKoG ticipa, que Elllei D» José por um decreto havia 
creado Conde a Sebastião José de Carvallio, e en- 
via ao seu goAeruo a iraducção fraoceza daqaelle 
decreto (2S8). 

An. 1759 OíEcia O EmbaixadoF Conde de Mcrle, que cor- 
Junho 12 |.jayQ2 liavia o Conde de Oeiras de ser nomeado 
Mordomo-Múr» lugar que se achava por prover de- 
pois da morte do Duque d^Aveiro, que fora o ul- 
timo que o oecupára, e que pela mesma occasiSa 
passaria a ser primeiro Mínislro, sahindo do Mi- 
nistério D. Luiz da Cunha, o que nao seria grande 
perda para a França, por isso que era elle muito 
afTeiroado á Inglaterra. Dizia mais : que se o Conde 
de Oeiras fosse crcado Mordomo-Mór, leria toda a 
nobreza debaixo de sna dependência, cousa que 
aquella olhava com indignação ; que acabava de 



[257] Arclí- e vol. cLi., f. 90. 
(358) Ibid.. r 91. 



— U9 — 

ch&gar cerlo Marquez tle Silva (llespanhol) aquém 
elle allribuia as comrnuuicaçõos e negociações pen- 
dentes enlre a COrle de Londres, Lisboa e Nápo- 
les, e 3 Rainha \Íuva de Hespanlia; que o lai Mar- 
quez livera logo uma larga conferencia com o Con- 
de de Oeiras, Aisilára todo o Corpo diplomalico, e 
livera audiência dTlRei; que linlia havido um uo>o 
tremor de terra (259). 

OlBcTo do Embaixador Conde de Merle em que An. í759 
se queixa do grande vagar, com que se Iralavão *^ 
cm Lisboa os negócios, pois que havia um mez que 
b3o tinha ainda podido ter resposta do Conde de 
Oeiras, respeito a cerlas reclamações que fizera so- 
bre um navio (260). 

OfliciodosobrediloErabaixadorparaM.deChoi- Ati. t759 
seul, parlicipando-lhc que linha havido um incen-^'^"*^**^^ 
dio em Lisboa, em que se queimarão SO harraeas, 
faltando pouco que nao fosse paslo das chammas a 
alfandega, que lambem linha sido conslroida de ma- 
deira : participa mais, como Sebasliao José de Car- 
valho e D. Luiz da Cunha tinhão tido entre elles al- 
gumas allercações e debales por occasiào da morte 
de AL de Calharíz^ irmão do Bailo de Sousa; diz, 
que o segundo daquelles Ministros dera aEIReíconta 
ílo modo com que aquelte fidalgo havia sido tratado 



(250) Arch. cil., vol. XC de Porlugal» f. 95. 
(260) íhid.. i. 100. 



— mo- 
na prisão, e da intJeccncia com que fora enlcrrado ; 
qtjc EIReí se mostrara grandemenle dcscontenie, e 
que Fallára aspeiameole nisso ao Ministro Carvalho 
na presença áe D. Luiz da Cunha, molivo por que 
andavSo aquclles dous Minislros onlrc si desavin- 
dos (261), 

An. 1739 Em despacho desla dala encoramenda o Duque 
Julho 10 jg Choiseul ao Embaixador Conde de Merle de pôr 
todo o esludo em cahii em graça, e fazcr-se aceito 
ao Conde de Oeiras, obser\ando-lhe. que as pro- 
vas manifGSlas e uleis de salisracào, que EIRei de 
Portugal acabava de dar ao Ministro Carvalho» de- 
monslravâo que o dito Soberano havia julgado que 
devia recompensar na pessoa âe seu Ministro os 
mais assjgnalados serviços, e que o novo Conde de 
Oeiras, gozando da confiança d^EIBei seu Amo, ha- 
\íã de ser sem duvida e necessário canal, pelo qual 
se tralariào os negócios d*alli em diante; que as- 
sim devia eite applicar-se a agradar áquelle Minis- 
tro, e pojpal-o para as occasiões, em que os bons 
ofllcioâ delle podião contribuir com efllcaoia ao bom 
succcsso dos negócios, que pelo lempo adiante po- 
diao ser commeltidos as suas diligencias, e ao seu 
zelo (262). 

AnM7S9 Offlcio do Embaixodor Conde de Merle, aeora- 
10 panhainiQ ^ remessa d'uma Memoria sobro o com- 



(261) Arch. cit,, vol. XC, l 6t. 

(262] im., f. 108. 



— 131 — 



: 



mercio, a quai reza em subsianein o seguinte. Que 
seria cousa desummo proveito para a Trança oes- 
labelecimenlo d'um commcrcio mais largo com Por- 
tugal ; quR doeste cotnmercio restillaria pnra a França 
dois grandes proveiLos, o do se enriquecer, e o dtí 
diminuir o poder c recursos da Inglalerra, que com 
razão &e podia reputar sua rival ; que para se exe- 
cutar aquelle projecto com alguma probabilidade do 
bom exilo era necessário, que a França se appli^ 
casse a esludar e a accoramodar-se ao gosto e génio 
da nação Portugueza, Entra ao depois em parlicu- 
laridarles relativas aos objectos de perraulaçdo com- 
mercial, de cujas considerações se deduz, quo nào 
tínhamos nesse lempo baetas, e que tanto Portugal, 
como o Brasil careciào d'ellas, c de panninlios pnra 
o gasto ordinário ; pondera em seguida, que não 
era cousa de pouca monta o levar uma nagão a 
mudar o vízo em que estava posta, e accrescenta, 
que o Miníãlro que o tinha imaginado, eslava no 
ministério, e gozava da confiança do Soberano ; 
que era pois uma mudança que se podia esperar 
do lempo, das circunstancias e do goslo da naçSo, 
que era inclinada á magnificência, e pompa exte- 
rior. Propõe depois o estabelecimento de paquetes, 
como os de Inglaterra, armados em guerra, os quaes 
facilitarião a saca do oiro, e por serem navios pri- 
vilegiadoí^, podiiio igualmente introduzir fazendnâ 
de contrabando. No cabo dooíUcio pergunta o Em- 
baixador ao Duque de Choiseul, se era de sua ap- 
provaçSo, que elle em conversação desse a enten- 
der ao Conde de Oeiras, que seria agradável a El- 



— IM — 

Rei de Frauça, que se fizessem á Inglaterra pr(H 
posiçòes de paz da parte de S. M. Fidelíssima, sem 
todavia fjue el!e Conde de Oeiras podesse entender, 
que o fazia por ordom fia sua Còrle, e insinuan- 
do-lhe que serin para die uma grande gloria, e 
que represenlaria um papel brilhanli^^slmo, e boD- 
roso para seu Real Amo^ que \iria a ser o pacifi- 
cador de dois Ião poderosos Estados. Que o Conde 
de Oeiras havia residido largos annos em luglã- 
terra, e era natural livesse a1i conservado algumas 
relações; aiom de que o grande interesse, que os 
Inglezeg linhâo de contemplar para com a Curte 
de Portugslf podia dar grande pezo ás proposições 
que lhes fossem íeilas por um homem, que gozava 
da confiança dElRei seu Amo, e que sem ler o tí- 
tulo de primeiro Mínislro, exercia de facto asfuac- 
eòes do dito cargo ; que Scava aguardando as suas 
deleraiioações (263), 

An. 17S9 Despacho do Duque do Choíseul para o Erabai- 
Julhoi6 xajor Conde de Mcrte, em que lhe diz : desejava 
muito ElHei de França ler todos os esclarecimen- 
tos sobre os motivos, que EIRei D. José lívera para 
baver-sc, como se tinha havido, cora o Marquez de 
Távora (26i), 

An. 1759 Offieia o Embaixador Conde de Merle ao Duque 
Julho 19 de Choiseul, que o Marquez dcSiNa linha frcquen- 



1263) Arch. e yoL dl., f. lOT. 
[264) íòid-, f. 109. 



— ISS — 



tes conferencias cora o Conde de Oeiras, e que fal- 
tava às claras no c[isam6nlo que se projectava da 
quarla (ilha dElItci D. José com o Duque de Ca- 
lábria, filho primogenilo d^EIRei das duas Sir.ilia3, 
e accrescenla o Embaisador, que a Infanla Porlu- 
gueza era em extremo formosa ; que o Conde do 
Oeiras recebia admiravelmeole ao tal Marquez Iles- 
panhol, o qual dava a entender a Iodos que estava 
sobremaneira satisfeito da CíJrle de Lisboa ; que no 
concernente aos Jesuílas, se estavao apparelhaodo 
os navios que os devíào transportar para fora do 
Iteino, os quacs deviàn de ser escoltados por duas 
embarcaei^es de guerra ;,que todos os dias appare- 
cí3o brochuras corttra os Jcsuitas, e que o descon- 
lenlamento contra o governo hia sempre em au- 
gmenlo ; que o e?tado das finanças era miserável ; 
que EIRei nao linha nem dinheiro, nem credito, e 
a ninguém se pagava ; que os soldados que estavao 
de guarda á poria do Conde de Oeiras pedião es- 
molas a quantos o ião visitar; que a ellc mesmo 
Embaixador, viera um sargento pedir-Ihe publica- 
mente esmola á portinhola da carruagem; que o 
commercio estava n'um estado deplorável ; que os 
mesmos Lnglezes disso se queixa\ão, c toda a no- 
breza estava dcsconleulo ; que elle Embaixador se 
não admiraria que a miséria horrivel, que a ne- 
nhuma classe da gente perdoava, levasse os Por- 
tuguezes a fazer algum tumulto só com o fim de 
derribar o governo ; que o receio, que disso tinha, 
o obrigada a ler muita circunspecção com os em- 
pregados e com os membros principaes da nobre- 



— IdÍ — 

za; que EIRei apparccíra em publico no dia de 
Corpus-Ghrisli, e que as pessoas que o virão, o 
achamo mudado e Iriste, o que lalvez proviesse do 
cuidado que Itie dava o estado de seu reino (265). 

ad, tTâ9 Despacho de D. Luiz da Cunha, Ministro Secre- 
Juiho2| lario de Estado, para o Embaixador Conde de Merie 

sobre a quarentena, que era mister observassem os 
navios de guerra francezes, e mais outras provi- 
dencias sanitárias sobre as proveniências do Medi- 
terrâneo (26G). 

An, 17S9 Oflicio do Embaixador Condo de Merlo, no qual 
Juitioíi participa ao Duque de Cboiseul o como um navio 
Porluguez fòra capturado por dous chavecos bar- 
barescos a pequena distancia da barra de Lisboa, 
salvando-se a tripulado nas chalupas á força de 
remos (267). 

An, 1759 OíEcio do mesmo Embaixador, no qua! respoiw 
Julho 24 dcndo ao Duque de Choiseul sobro certas noticias, 
que lhe havia dado acerca da remoção da Haya 
do Ministro Andrade, se queixa do muito que era 
difGcil a um Embaixador vir no conhecimento dos 
negócios d Estado de Portugal ; que os Porlugue- 



(26fi) Arch. do MinisLcrio dos NegtK:. Eslrnng.de França. 
¥0l. XC, dePorlugal f. HO. 
(366) ma., f. 111 (orig.) 
(267) Ibíd., f. 112. 



— 1B5 — 

zes frequenla\âo mui pouco os Minislros Estran- 
geiros, 6 se alguns os \iâita\ao, era unicaiu€iite 
para espional-os, e Fazerem disso serviço ao Conde 
de Oeiras, dando-lhe parte do que haviíío oiívido. 
Diz mais, que EIRoi namcàra Francisco Xavier de 
Mendonça, irmão do Cotide de Oeiras, Minislro o 
Secrelario d'Es[ado adjunto ao Iroiào, e que co- , 
raeça\a a correr voz, que era raro se conlenlasse 
um Conde com o lugar de Secretario d^Eslado, e 
que ElRei oào podia tardar de nomeal-o EscrÍ\5o 
da Puridade (268). 

OíGcio do Condo de Mcrle para o Daquo de Choi- Ad. 17S9 
seol, no qual vindo a fallar do Conde de Oeiras, J^*^^^* 
lhe d']Z, que aqnelle Ministro não perdoava jamais 
ás pessoas que erao opposlas ás suas opiniões, e a 
isso allribue a remoção do Encarregado de Negó- 
cios em Hollanda, per isso que este diplomala nunca 
estivera d'accordo com elle (2G9), 

Bcspondendo o Duquo do Choisoul em despacho An. 1759 
d'este dia ao otlicio, que em IO do raez anteco--^S"^''^ 
dente lhe dirigira o Embaixador Conde de Merle, 
lhe signíQca que nâo podia bavercoasa, que mais 
encontrada fosse com as intenções d ElBei seu Amo, 
como a ide'a, que a elle Conde tinha vindo, de pro- 
por ao Conde de Oeiras, como de seu próprio molu. 



(268j Arch. « toI. ctt., f. 115. 
(269) Ihid.. (. 12. 



— lufi — 

que Elliei D. José offerocessc á Inglaterra a sua me- 
diação para reconcilial-a com a Franga ; que S, Ma- 
gestade desíipprovava nao sómenle toda a insinua- 
ção directa ou iiidírecla que elle Embaixador a esle 
respeito Czessc, mas que ale mesmo desapprovaria 
que o dilo Embaixador desse a entctiJer, que se 
prestava a acolher as aberturas, que por ventura o 
Conde de Oeiras poderia fazer-Ihe sobre aquelle as- 
sumpto (270), 

An. 1759 OEcio do EmbaixodoF Conde de Merle, no qual 
Afiosi. 7 çQjjijuiig 3 informar a sua Côrle de quanto em Lis- 
boa se passava, participando, que tudo quanto ha- 
\ia podido saljer acerca da Marqueza de Távora era, 
que aquelía fidalga ignorava tudo quanto se Inuára 
contra a vida d^ElHei, e que soubera do altenlado 
ao mesmo tempo que o publico ; que desde então 
fícára na maior inquietarão; que depois do alten- 
lado, o confessor d*ElRei Ibe fora faltar, e a de- 
terminara a rccolhor-sc ao convento de Santos, c 
ali residia cm uai quarto, onde EIRei lhe dera li- 
cença de receber as pessoas de sua ramilia: que 
EIRei lhe mandava dar uma mezada deSOO fran- 
cos para seu sustento, mas fjue não a tornara mais 
a ver : que a Marqucza tinha pouco talento, e que 
por génio nunca se linha prestado a ingerir-se nos 
negócios, nem ainda no tempo cm que ella gozava 
do favor e confiança dEIRci. D'cste e d"outros of- 



(270} Arch. evol. cit., f, Í22, 



— 137 — 

ficios (lo Embaixador de França se colhe, que som 
embargo da guerra, que esta Potencia Linha enlao 
com a Inglaterra, commerciava com Portugal com 
as Diesmas vantagens e segurança, que no lempo 
cm que estaca era paz. O seguro era de S e 6 por 
cenlo, e para os paquetes de 2 e 2 e meio- nao 
obstante nao poderem quasi enlrar no Tejo os Na- 
vios Francezcs, por causa do grande numero de cor- 
sários Ingiezes, que cruzavao nas costas do Portu- 
gal [271)_ 

Offlcia ao seu governo na data d'esle o Embai- An. 17S9 
lador Conde de Merle, que chegara a Lisboa um-^^^'-** 
correio com a participação de como a Cúria Bo- 
mana havia nomeado unia Congregação especial 
para a decisão da queslac dos Jesuítas de Portu- 
gal,© que aquelle governo não eslava salisfeilocom 
a escolha dos Cardeaes para ella nomeados ; donde , 
so conjeclurava, quo de\ião originar-sc grandíssi- 
mos debates entre uraa o outra Curte ; que o Nún- 
cio então residente em Portugal era homem de ta- 
lento, e de grande moderação, o que oào obstante, 
nào experimentava n'aquella Corte pequenos des- 
gostos; que nào era consultado para cousa algu- 
ma, nem se lhe communicavao as resoluções que se 
lomavao e ainda menos as respostas que de Roma 
se recebiSo (272), 



[271) Arch. ciL,. vol. XC d<? Porliigal, f. 123. 

(272) Ihid., f. 12C. 



— 158 — 

An.t759 (inicio do oiesmo om que participa, que se ha- 
Agi>si,i8 ^,j^ prendido cm Perpinhao um dos criados do Du- 
que de Aveiro por Dorue José Policarpo, que se dizia 
havia sido um dos assassiDos d'Elllei D. losé (£73). 

An. 1759 OfOcio de M. d Anlrechanl para o Embaixador 
^Hos^'*^ Conde de Merle, parlicipando-lhe o funesto acci- 
deule acontccidD á esquadra Franceza couimandada 
por M, de la Clue no combale que tivera com a es- 
quadra Ingleza, pediado^Le soccorro para poder 
púr cm segurança o reslanlc da esquadra, lasli- 
ijiiiudo-se de que houvesse KlUei de França per- 
dido naqueDa acçào cinco navios ; três no cabo de 
São Vicenle, e dois queimados pelos Inglezes de- 
baixo da arlelharia dos fortes de Portugal, sahan- 
do-se felizmenle em Lagos as Irípulaeões, Diz mais 
esle úllicíal, que o general livera a infelicidade de 
perder ambas as pernas, c concluo pedindo dinheiro 
para o remédio de tantos infelizes (tlí). 

An. 1759 Chega a Lisboa a noticia da batalha naval, que 
Ago5t.22 [inha havido nas cosias de Portugal entre a esqua- 
dra Ingleza e a Franceza ; e que M. de la Clue ha- 
via desembarcado em Lagos com HOO homens, EU 
Rei mandou ordem ao governador de fornecer aos 
Francezes ludo quanto lhes fosse mister. Soube-se 
lambem, que i navius da mesma uarào se llnhào 



(273) Arth, c vol. cit,, f. 128. 

(274) /&ÍÍÍ.. f. J29. 



poslo á sombra dos forles d'Alniadena, de Fuzela, 
e de líalieira, os ((uaes haviào feito fogo para afas- 
tar os Inglezee, porôm esles, sem respeito á neu- 
tralidade da Coroa Porlugucza, haiiào qucinjado 
os 4 oavius n^aquellas co&las [27S). 



Km officio doeste dia, continuando o Embaixa-Aa. iTã9 
dor Conde de Merle a informar a sua Corte do an-^^'*^^-^^ 
daniento dos negócios na de Lisboa, lhe nclieia, 
que tendo o Governo Porluguez recebido no dia 13 
d*aquelle mcz por um expresso despacliado pelo seu 
Embaixador cni Madrid a noticia da moríc d^EIRci 
il'Eespariha Fernando VI, o Embaixador d'Uespa- 
Qha que já sabia do estado perigoso, era qie El- 
Uel seu Amo se achava, sabendo haiia chegado 
um correio Portuguez,fòra immedialamenle a casa 
do Conde de Oeiras, onde elle Conde de Merle lam- 
bem se achava, e perguntando ao dito Conde de 
Oeiras novas da saúde d'EIRei seu Amo, elle lho 
respondíra, que se conservava no mesmo estado e 
sem maior novidade; eque Ires dias depois se soube 
era aquelle monarclia fallecido a 10 d'aquelle mez, 
e cita aquelle facto em prova da dissimulação do 
Conde de Oeiras, e do segredo, que observava ainda 
a respeito d'aquellas cousas, que niío pndiilo ficar 
occuUas. Que por aquolla occasíao tomara a Cflrtc 
de Portugal o luclo de rigor por 4 mezes antes da 
nolilicaçaú do Embaixador de Despanha (276). 



(â75) Gateta de França (Anno mpra), p. 4B5. 
(276) Arch. ciU, voL XC, f. 133, 



— IBO — 

An- 1759 Despaclio do Duque de Choiseul para o Emhai- 
Agosi<27j^g^Qj. (jQnjo je Merle sígníficando-lhe o como ha- 
\ia sido preso cm Pcrpiutiiío um PorLuguez, que 
se dizia fterJusc Policarpo, um dt>s assassinos d'EI- 
Rei D. José ; encomineuda-llie houvesse de parli- 
cipal-o ao Conde de Oeiras, e lhe dissesse eslava 
aquelle preso ás suas ordens; quo se a intenção 
d^lillltei D. José fosse que o (Conduzissem a Lisboa, 
para ali ser justiçado, conforme merecia, desse o 
CondG de Oeiras as providencias que lhe pareces- 
sem acerladns para ser tranãrerido para Lisboa ; 
que por aquella occasiào desse a enlender áquelle 
Ministro o grande interesse que Ellíei de frança 
linha por liillieí de Portugal, e por tudo quaalo Ibc 
dizia respeito (277). 

An. I75ft Otticio do Embaixador Conde de Merle para o 
Agost,2 DuquQ t\Q Choiseul, c rcforindo-liio algumas parti- 
cularidades mais sobre o desastre da esquadra de 
M. de la CIuOj lhe participa que os fortes Porlu- 
guezes de Lagos derao asilo e protegerão o mais 
que podérào aos navios francezes conlra os Ingle- 
zes, por estes os atacarem debaixo da sua artilha- 
ria, recebendo os ditos fortes grande damno da ar- 
tilharia dos navios Inglezes; que por occasiào da 
morte d'ElRei d'Hespanha fora no domingo dar os 
pezames aElRei D. José, e se aproveitara d'aquella 



[277] Árch, da Ministério ilo*i IVcgoc. Eslrang. de França, 
lol, XC, f. 138, 



— 129 — 

^ em guerra, devendo sobretudo virer em raaior 
intimidade com os das Gôrles de Vienna g Madrid. 

Que com aquellas íuslrucçOes levaria as carias 
do eslilo para EIRei D. Joãó q para a Kainha d'El- 
Rei e da Híiinha de Franca, e conclue com a re- 
conimendaçiio do costume, de que era da vonlade 
d^EIRei que, finda a Embaixada, o Embaixador lhe 
cipresentnria uma rclaçiío circunislaDciiida de tudo 
quanlo de imporlanla houvesse occorrido na Côrle 
de Lisboa, lanlo pelo que dizia respeilo ãs nego- 
ciações que tivera a seu cargo, como sobre o es- 
lado civil, polílico, militar, e eccltsiastico de Por- 
tugal, caracter, lalGnloseaíreinões das pessoas Reaes 
e do seuâ Ministros, cercmoniat, e deuiais objectos 
que podeasem inlerossor o serviço, o rcmala dizen- 
do ; Que o conhecimenlo dos homens era uma das 
parles mais essenciaes do homem puiílico, e que era 
sumraamenle ulil para o bom succtsso dos negócios 
conhecer a fundo aqueiles cora quem se linha de dis- 
cutir e de Iralar [212), 

Carta cscripta em Lisboa, rezando que se eslava An. ivso 
esperando houvessem mais esecuçoes de vários Je- ^^"'° *^ 



(222) Arch. do Ministério dos N^egocios Estrangeiros de 
França, voU XC da Corresp. ús Portuga], f. 11. 

Af, 12 cncoDlrámos uma duplicata doestas ínslruc^Des, e 
ora o original assignado do próprio punho de Luiz XV, e a 
í. 13 o oercmonia] que se observava cm Poríugal com os Em- 
baiiaderes de Fnnça com mais algumas reflexões, que da- 
remos nos voL doslinados u este assumpto, 

VI. 9 



-^130 — 

suilas que cslaviío passos, assim como oulros mui- 
tas pessoas cujos noDies vem declarados; dizia mais, 
que no dia anlccedenle EIRei e a Riiinha ha\iào as- 
sistido a um Te Dcv.m, que se ha\ia cantado em 
acçào de graças de liaver aqucUc Monarcha esca- 
pado dos tiros. Que toda a Curte se acliaia pre- 
sente, o que ElEteí ao depois devia partir para Sal- 
vaterra ; que a Slarqueza de Távora f6ra legada ao 
cadafalso em uma cadeirinha, porôm que logo que 
a elle se subira, senlarào-na n'um tamborete, e de- 
pois de WiG vendarem os ollios com uma toalha, 
corUrào-ltie a cabeça ; que vinha vestida á alleuià, 
com uma grande capa de panno escuro, e muitas 
niaã brancas na cabeça (223). 

An.J759 Caria escripla de Madrid dando conta do alten- 
Jan/aa [g(jjj commelíido contra Ellíei D. José na qual se 
diz, que o cocheiro deste Monarcha apenas alira- 
" rSo os primeiros tiros voltara a carruagem repen- 
liaamenlc, e salvara ElRet das outras emboscadas: 
que as iulcnçoes do Gabinete Portuguez erâo de ex- 
tinguir as raaiiiias dos Coojurados; que Elílei li- 
nha dado ao Ministro Carvalho uma guarda para 
o acompanhar, e que este Ministro depois de um 
trabalho continuo de trcs mezes do processo dos 
réos feito com o maior segredo, fizera prender to- 
dos os implicados neste attenlado (2'2i). 



(223) Arch, e vol, cit., f.. 
(22Í) IbvL, f. 21. 




Escreve nesla liala o Duque de Choiseul a M. An. 1759 
de Saint-Julten e lhe diz, que Elllei Luiz XV ap- "'"''■' ^^ 
pro\!\ra inuiío, que os Francezes eslabelecidos em 
Lisboa liTGssem fíito uma festa eiu acçào de gra- 
ças polo rcslabclccimcnlo d'EllBei í). José, e lhe 
rccomtuenda qje sobre o fado do altenlado coni- 
mellido contra ElRei, lhe continue a dar Iodas as 
noróes mais particulares (!225). 

Participa M. de Saint-Julicii á sua Cúrle que era An. i7S9 
verdade que ElHei D. Jnsé continuara a receber o '^^"■'' ^* 
Duqne d'Aveíro, que era sen Mordouio-Mór, e o 
Marquez de Távora, cabcoas da conjuração, para 
no entretanto e no maior segredo se conlinuor o 
processo. Que elle SíiinUJulien vjra depois da con- 
juração lodos os dias, o Euque dWieiro e o Mar- 
quez na anle-CEimara d'EIRei, c aecresceala que se 
sabia quaes liníiào sido as razoes que os Ta\oras 
e o Dnque tinhào tiilo para comuielter o liorrivel 
altentado contra EIRei^ como se via na sentença 
que ellc rcmetlia. Refere que o cnthusiasmo do povo 
por EIRei na primeira mòz que appareceo em publi- 
co, no (lia 15 desle nicz, Kra Ião grande que se 
níio podia descrever, a ponto que, quando esle so- 
berano partira para Salvalerra, o Tejo estava co- 
berlo de botes e de escaleres clieios tio genie a lhe 
darem vivas. Que ElUpi fora acompanhado por 
ura só Secfelario d^Eslado, por D. Luiz da Cunha. 



(225) Arch, dos Negócios Eslratig, de Ffançn, voK XCda 

Corresp. de Portugal, f. â3. 

9* 



— 132 — 

E rallaodo do Ministro Carvalho se expressa for- 
maes palavras : « M. de Carvalho, qui foil Tadmi- 
<í ralion de ce royaume et qui s^cst acquis, a juste 
u titre, la ptus liaute léputatiuii par les bonnes dis- 
aposilions et Qiesures qii'ii a príses dans un cas 
«aussi crilique, est reste pour achever son ouvra- 
«ge.>» Accrescenta que toda a genle esperava vêr 
os casligos que teriâo os Jesuítas presos (22G). 



An, 1759 
Jan/ 30 



Nesta data participa o Duque de Choiseul ao En- 
carregado de Negócios, que o Conde de Merle ha- 
via já partido para Lisboa, e lhe recummenJa que 
dé a esie Embaixador iodas as iDÍoriiiações de que 
clle necessitar (227). 



An. 1759 Participa M. de Saint-Julien á sua Côrte a do- 
"■" ^^ licia da morle de D. Manoel de Sousa Calhariz na 
prisào em quo o tínhào poslo (228). 

An, 1759 Nesla dala o Conde de Merle escreve d*Avínhao, 
^''^^'■'"^ cidade que eniáo ainda era do Papa, ao Duque de 

ChoiseuU coutando as tiooras que se lhe tinlião 

feilo (229)- 



(226) Arcb.e vul. cil., f,23. 

Esie Agcme Francez era mui adverso aos Jesuítas, elle 
aUribuia ás suas luailmaâ u que se (inba passado- 

Hm G de Fevereiro dã parle ao acu Governo que todos oa 
bens (los Jesuítas baviào aído cunfíaendos. (Ibid-, f. 29)# 

(327) Arch. e v&l. cit., f. 2S. 

(528) llid.. f. 9Í, 

(329) tbid., f. ÒQ. 



— 133- 



Nesla (lati M. de Saint-Julicn dá conia S sua A(Kf7-59 
Côrlo do supplicio da família dos Tavoras, Refere ^^^'^ 
que na Quarla Feira 10 daquello mtz a Marqucza 
(Je Távora Rra conduzida do cLuivenlo, onde fora 
presa, para Belém e melllda na mesma prisHo do 
marido, e dos oulros fidalgos ; que no fiabbado 13 
ás 8 horas da inanhãa ftíra conduzida em uma ca- 
deirinha ao cadafalso que eslava levantado na praça 
de Belém defronlo da casa, onde o Marquez o os 
outros complices ostavao presos. Acompanhavão a 
Marqueza dous confessores. Collocarào-na em uma 
espécie de cadeira de raadeiraj na qual a amarra- 
rão, o depois o carrasco lhe cortou a cabeça de 
um só golpe. Esla senhora, conlinila esLe agenio, 
raorreo com muito valor o resignação. Foi depois 
executado José Maria de Távora, seu filho, mo^o 
de 21 acnos de idade, cuja presença d^espirilo e 
coragem toda a gen!e admirava c ale os próprios 
juizes, pois até nos tormentos que solTreo nas dlf- 
ferenles torturas nao confessou jamais cousa algu- 
ma, nem proferio a menor queixa, e só quando 
foi confrontado cora o Marquez de Távora seu pai, 
se resclveo a dizer que Taria a mesma confissão que 
seu pai fizesse. Foi estrangulado, e morreu com 
ranila resignação- 

O mesmo agente accresccnta : « Este moco, que 
era mui bem parecido, linha muito talento ; nào ha- 
via entrado na conjuração senào forçado pelo Mar* 
quez seu pai, o pelas persuasões da mâi. O Conde 
d'Atouguia, genro do Marquez, soíFreo o mesmo 
supplicio> Depois seguio-se o Marquez de Távora 



— 13Í — 



filho. No cadafalsa pcdio perdíjo a lodos, e qiiiz Tn- 
zer perâuaJír que eslava ínEiocenLc, mas fizcrào-no 
calar; foi executado do mesmo modo que seu ir- 
mão. Seguio-se osupplicjo de Manoel Alves e de Joa- 
quim Josc,geiiUs-homens da casado Duque d'Âvei- 
ro, do mesQio modo que um filho nalural do Mar- 
quez de Távora, Depois seguio-seo Marquez de Tá- 
vora pai, que estava vestido do mesmo modo em 
que se achava, quando furo preso, Sainl-Julicnac- 
crescenta, que esle velho subira ao cadafalso com 
o maior valor. Seguío-se depois o Duque íl'Avei- 
ro, que ia com a cabeça e pés nus. Estava mui aba- 
tido : que se assegurava que ElKei lhe tinha com- 
mulado a pena do supplicíio, pois fora condemnado 
a ser queimado vivo, como o fora o seu creado An- 
tónio Alves, um dos dous que haviao ntirado a El- 
Rei. O mcsrao ogenle francez referia, (jue o que se 
sabia com certeza era, que os conjurados se havião 
poslado pela forma seguinte; l."o Duque com seus 
creados António Alves e José Policarpo, junto á poria 
por onde ElRei devia sahir; que o Duque atirara 
o primeiro lÍro, que uào fez fogo, e que forào os 
dois outros liros que ferirão ElRei. No meio do ca- 
minho (]ue conduzia ao palácio eslava o Marquez 
de Távora, o Conde d^Alouguia seu geuro, e ao pé 
delle seu filho natural, c a Marqueza de Távora e 
seus dous [ilhos, o Marquez, e Josí Waria e dous 
creados do Duque d'Aveiro. Todos os conjurados 
eslavao a cavallo. 

"Que se julgava que a Duqueza d'Aveiro e a 
Condessa d'Atouguia cstavào compronicltídas, c que 



— 135 — 

serial) lâtnbem executadas, a primeira depois que 
livesâc o seu boiusuccesso, e a segunda logo que se 
reslabelecGSse. Quq so esporava que liavi?riào ainda 
nesta semana nq\as exocuuões, c que se assegura- 
va que haviao luais de 6(10 pessoas piT5as por este 
caso. Que na semnna Bada se iinLão prcodido inui^ 
los JesuilaSj enlre os quaes enlravao os cooresso- 
res da Família reaL Que se aíGrmava que clles 
iIe\iâo sulilevar o povo no caso que RIRei Livessfi 
sido morto, e accrescenla format-s palavras: «Ainsi 
flvotro grandeur peul juger lo danger dont nous 
«avons échappé. w Eslc agente aliríhuia ao Mínis- 
Iro Carvalho o Eer-sii mallogrado o plano. Diz que 
ainda uào linha podido vgr aquelie Míaislro, Que 
a Família real linha saliido pela primeira vez no dia 
anlficedenle a fazer algumas devovíes, sendo acom- 
panhada por dois esquadrões de ca\al1arÍR (230). 

Officio de M, de Saiot-Julien cm quo parlícipaAn, 17S9, 
a M, de Choiseul, que o Minislro Sebastião José 
de Carvalho lhe havia enviado os impressos novis* 
simanienLe publicados acerca dos Jesuilas, os quaes 



(â30) Arch. doa Negoc. EiitrdDg. de Franca, vol. XC da 
Corrcsp, do Portugal, U 14. 

M. de SaíiiUJulien rcinclteo à sua Cúrle com esle olTicio 
.1 curÍA rvgia áe li) úc JAn&iro d'i'slr annr» He 175H a Iodos 
its Vrcladas do reiím. om que ElKei os ínrorm;iva il.is rccu- 
saçòc* contra os Jesuítas, c da Momoria inliliibda " Erroâ 
Ímpios. i> 



■ 


^HB^^^^^— íS^^^^TBBJ^^B 


^^^^1 


erão os mesmos que gIIg já tinha le^a(lo ao seu co- ■ 


^^^p 


nhecimcnlo (231). ^H 


^H 


17S9 Despacho de M. de CboiBeul para M. de SainL- 


^^H^ Fcv 


■*'^ Julien em que lhe diz que todas as relações, que 


^^^H 


de Lisboa cbegavâo a França, do horrível alLen- 


^^^H 


lado perpetrado conlra a pessoa d^ElItei D. José, 


^^^H 


discrepavao entre si, motivo por que lho recom- 


^^^H 


menda haja de dar-Ihe sobre aquelle assumplo no- 


^^P 


ticias individuaes, e bem circumslaueiadas (232). 


^^^^ An» 


1759 Despacho do mesmo Ministro para M, de Sainl- 


■ ' Fev 


■'' ^^Jiilien, accusando-lhe a recepc3o do extracto do 


^^^^ 


processo, que havia sido impresso e pubhcado era 


^^^H 


Lisboa sobre os autores, e cúmplices da horrível 


^^^H 


conjuração, tramada contra a sagrada pessoa d'El- 


^^^B 


itei de Portuga], e sobre o justo castigo de Ião 


^^B 


execrando altentado (S33). 


^^M 


1759 ' Officio de M. de Saint-Julicn participando a M. 


^^^^^ Fcv 


■" ^** de Choiseul, que o sequestro das propriedades per- 


^^^^1 


tencentes aos Jesuitas ia continuando, e que El- 


^^^H 


Rei era devolta de Salvaterra, e se achava de lodo 


H 


restabelecido e linha até engordado (S3i). ^^Ê 


^1 


(331) Ardi. dt., vai. \C de Porlugal, f. 31, ^H 


^^^^^^^^^H 


[232) Ibiã,, r. 31. ^H 


^^^^H 


(233) Ibid.. f. 33. ^H 




(234) Ibi<t., r. 38. ^H 





— 137 — 

OÍIicio do sobredito M. de SaiiU-Julien em que An. 1759 
participa ao Ministro, que ju se começava a effei- ' " 
tuar a venda dos liens e propriedades dos Jesui- 
tas^ e que o Conde de Óbidos havia sido mandado 
para o forte de Sào Julião (23o}. 

Officio de M. de Saínt-Julien em que participa An. 1759 
aM. de Chciseul o como enlrcgáraimmediatamcnle^"-^*^ 
a D. Luiz da Cunha a corta do Duque d'0rleans, 
para EIRei D. José, em que lhe notifiGava o falle- 
cimento da Duquezit sua esposa, depois do que, 
vindo a fallar dos Jcsuilas accrcscGnla, quo estes 
haviào representado que niío podiao subsistir com 
um loslào por dia ; que aquclla representação fora 
allendida, e que se lhes arbitrarão dois (23fi), 

Despacho de M. de Choisoul para M. de Sainl-An. 1759 
lulien no qual vindo a fallar do que em Lisboa se **^'^'** *^ 

passava acerca dos Jesuilas se expressa nos lermos 
seguinles : Temos tiío boa opíniào da equidade d'El- 
Kei àt Portugal e da inteireza das pessoas, a quem 
elle tem confiado a administração da justiça, que 
suppomos houverão provas indubitáveis dos exces- 
sos que se impulárao aos Jesuítas, e que forSo oc- 
casiào da sentença proferida- Nào é verosimil que 
lenhào querido fazel-os responsáveis das máximas 



(235) Arch. da Minisl. dosNt^gociu Estrang. de França, 
voL XC ái Corresp. de Portuífal, f, 40. 
(236] Ibiã., f. 46. 



— Í38 — 

errontías, ou sediciosas derramadas pelos li\roâ im- 
pressos ha 150 iinnos a esta parle tnnlo em Tialia, 
como na Allemanha por alguns dos membros da 
Companhia (237). 

An. 1759 DespQctio do Duque de Choiseul a M. de Sainl- 
^"^^ Julien no qual enlro oulras cousas lhe diz, que o 
Governo de S. M. Chriãlianissirua desejava l>em 
sJDcerameLte tivessem firu as desgraçodas novida- 
des, cora que Porlugal se achava agitado (238)- 

Au. 1799 Participa M. de Saint-Julieo a seu governo, como 
Março 27 ^ (^(^^[^ ^^ Porlugal acaba\a de tomar lucto por 8 

dias, por occasião da morte da Duqueza d'Orleans 

e do Priocipc de Prússia (239). 

Aii. 1759 EtQ despacho desta data eccommeoda o Duque 
^^•*' " de Choiseul a M. de Saiul-Julien haja de remet- 
ter-lhc uma memoria motivada sobre o estado, em 
que se achava enlão o commercio em Portugal taato 
pelo que dizia respeito á França, como no concer- 
ncole á Inglaterra (210). 

Ar. i759 Por officio d'esle dia participa M. de Soinl-Ju- 
lien ao Daque de Choiseul, que n'um navio de 



(237) Arch. do MinlsUriodos Ncgoc. EsLrang, de França, 
vai, XC, f, 4a, 

(93ft) Ibid.. r. 48, 
(239) lltid., r SI. 
(240] íbU.,í. 49. 



— i;í9 — 

guerra que ia para Goa ião muitos presos, o com 

especialidade lodos os criados de libre que haviào 
perlenciJo ao Duque d^Aveiro, e ao Marquez de 

Távora [2il). 

Por despacho desle dia participa M. de Choiseul An- 1739 
a M. de SainUJulten, que lendo a Condessa de***"^^ 
Merle sido salteada de bexigas em iérida, por oc- 
casiâo daquelle aconlccimenlo se dilataria a che- 
gada a Lisboa do Conde seu marido, Embaixador 
do França (2í2). 

Por despacho deste dia cnlre oulras parliculari- Au. 1759 
dades participa M. de Choiseul a M. de Saint-Ju- *^'''^*^ 
lien no concernenie aos Jesuiías, que segundo as 
informacGcs que tinha, haviao sido os Carmelitas, 
que bavião indisposto o animo do Aliuislro Carva- 
lho contra os Jesuilrts, por isso qu3 tinhão, segundo 
se dizia, grande credito e oabimento com elle, e a 
esse respeito lhe encommenda houvesse do dar-lfae 
noções mais exactas e circunstanciadas (243). 

OlBcio de M. de Saint-Julien, dando conta a M. An, 1759 
de Choiseul do estado de socego cm que se achava *^"^ '^ 
Lisboa, que gozava da maior tranquillidade, gra- 
ças ás oplimas providencias dadas pelo Ministro 



(211) Arch, fiL. vol. XC d<? Portugal.^f. 3Í. 
(242) íbid., L 53. 
[243] íbíd., f. 57, 



— ua — 

Carvalho, e falbndo dos Jesuilas lho diz que esla- 
vao sempre a bom recado, segundo lhe havia an- 
leriormcnlo informado (Si4). 



Aq. 1759 
Abril 17 



Em despacho desla dala, vindo o Duque de Choi- 
seiíl a fallar do eslado do commercio de Portugal 
se expressa dizendo: que sendo o commercio um 
dos objeclos mais esscnciaes d^uma admioistracao 
illuslrada, nSo se podia deixar du dar os mereci- 
dos louvores á allenção particular, que Sebastião 
José de Carvalho havia dado áquelle ramo do Mi- 
nistério, que S. M, Fidelíssima ihe Unha confia- 
do (243). 



An. 1759 
Abril S4 



Em oíTicio desla dala queixa-se M. de Sainl-Ju- 
lícn do grande segredo, que na CArle de Portugal 
se observava em tudo quanto dizia respeito aos ne- 
gócios de Estado, por menos importantes que de 
sua natureza fossem, de modo que nada transpi- 
rava a respeito dos Jesuítas, e accrescenta, que El- 
Bei D. José tinha ido passar 9 dias a Mafra a ca- 
çar (246). 



An. 1759 Em despacho deste dia participa M, de Choiseul 
Abril 27 g jj ^^ Sainl-Jiilien, que o Conselho do Caslella 
havia mandado queimar pelo miniãtcrio do carrasco 



(044) Arch. e voh oíL, f- 56. 
(34S) Ibid., r 59. 
(246) Ibid., r. 6ã. 



— lil — 

vários escriplos, que se haviíío espalhado por Hes- 
panha cm desabono dos Jesullas, o que entre os 
ditos eácriplosacha\ão-so dois, que tinhãosido ap- 
provados pela Côrle de Portugal ; e por 9Sta occa- 
siào lhe recomnionda haja de parlicipar-lhe qual 
fura a seusaçào, que aquelle aconlecimeoto havia 
ali produzido (247). 

Em oIRcío doeste dia icforma M. de SainUJulien Ar. t759 
a M. de Choiseul, que o coratnercío portuguez se**""^ ' 
achava em parle paralysado, em conserjuericía das 
novidades e movimantos occorridos em Lisboa^ os 
quaca haviao obrigado o governo a retardar a par- 
tida das frolas, provavelmente para no entanlo pro- 
ceder na America contra os Jesuítas ; íjue com 
aquella demora o commercio se achava languido, e 
a lavra das minas tinha ido em dimiuuicâo no anno 
que acabava do expirar. Que o commercio, que os 
Jesuilas fazião no Maranhão, fôra ao principio avul- 
tadíssimo ; porôni que tinha experimentado alguma 
quebra c desfalque das três quartas partes com os 
privilégios, que haviao sido concedidos á Compa- 
nhia, cousa a que os ditos Padres havJao dado m<y 
livo, fugindo com os escravos por elles educados 
para o serlao do paiz para irem apanhar cacáo, 
baonilha e outras drogas, particular em que erào 
por extremo hábeis, bera como em ludo quanto era 



[347] Arch. úo Minislcrlo dos fíegoc, EsLrang. de Frangia, 
vol. XC, C61. 



— 1Í2 — 



coticeruente no comniercio, Oue nos próximos pas- 
soiios annos do 1737, l'i58 foriío os navios fran- 
cezes que ali cnlrarào no primeiro, no numero de 
25 com bandeira neutra, c no segundo de 38 ; í\ue 
as fazendas imporladas de Franra andariao pelo va- 
lor de 7 para 80D mil francos, sendo que antes da 
pragmalica haviâo sido da imporlancía de 4 mi- 
lhões. Que no anno de Í7j7 haviào enlrado no 
porto de Lisboa vindos dos de Inglaterra e de seus 
domínios ccnlo e setenta navios, a saber: i7 de 
Londres, 5o de Irlanda, 2 de Terra Nova, 20 de 
Carolina com arroz, e 21 do diversos portos de 
Inglaterra cojn carvão de pedra, 5 de Pbiladelphia 
com farinha; e de Lisboa havíâo sabido para In- 
glaterra e suas colónias 216, carregados de vinho, 
aguardente, sal, ele. Que no anno de 17S8 haviào 
enlrado de Inglaterra 219 navios. È este ofliclo em 
todo o seu contexto um documento precioso para 
a historia daquelta (^poca. Passa depois a fatiar dos 
negócios internos do Reino e de Sebasliau Juséde 
Carvalho, e diz, que a indisposição delle para com 
os Jesuítas era antiga, e não linba sido inspirada 
pelos Carmelitas. Que o ódio, qne aquelle Minis- 
tro Ihíís tinha, nascia do grande credito e inDuen- 
cia que elles linhào no animo d'EIRei \ que aquelle 
soberiíno tinha por costume de encooimendar a seu 
confessor negócios de siimma ponderação, cousa que 
nao convinha ao Ministro, que ealendia governar 
só, motivo porque tratava de procurar os nieios de 
arruinar aquelles religiosos ; que os acontecimen- 
tos do Paraguay lhe havido fornecido uma óptima 



— íu — 

abertíi para lhe agradecer em nomeírElRei Je Fran- 
ça as ordens, que havia mandado dar ao Governa- 
dor do Algarve de minislrar aos Francezes os au- 
xílios, de quo houvessem misler, pedindo-lho hou- 
vesse de coDlinuar a conceder^lhes a prelecção, que 
lào generosamente, e sera elle Embaixador a ler so- 
licílado, houvera por bem conceder-lhes ; que El- 
líei D. José lhe respondera com bondade, assegu- 
rando-Ihe hia reilerar as ordens para que os Fran- 
ceses Tossem providos de ludo (278). 

Oílicio do Embaixador de Franca para o Duque An. itE9 
de Ghoiseuli dando-lhe parle do desaslre da esqua- ^^^ ' 
dra de M. de la Clue, o qual achando-se com tão 
sómenlB 7 navios pelejara com a esquadra lugle- 
za, que constava de 15 ; que o combale, que co- 
meçara ás 2 horas da tarde, durara até á noite, 
capturando os Inglezes dois dos navios Francezes, 
O Almirante perdura na acção uma perna e linha 
a oulra alrovessadn por uma bala; que o navio 
Oceano fóra queimado pelos Inglezes debaixo da 
artelharia dum forle Porluguex; que o Governo 
Porluguez havia com Ioda a humanidade dado as 
providencias necessárias para o fornecimento de 
quanlo aos Francezes fosse mister (279). 



(278) Arch. do Mmíiterio dos fícffoc, Eslrang. de França, 
vol, XC, f. Í38, 

(279) ;&iíí,,vol, XCÍ, f. 134. 

VI. ti 



An- 1759 
Scí," 4 



— 152 — 

OITicio lio Embaixíiílor Coinle iio Mprlc.eai que, 
depois de referir algumas parliciiliiridades mais res- 
pcilo aodesasire do M: de b Glue^ partici|)a ao Du- 
que de Choisbul, i|ue liavião partido de Lisbari dous 
navios do guerra Porlugiiezes com presos, sem (jue 
ninguém soubesse para íiue destino ; com p que es- 
lavào os fidalgos em grande cuidado por lemerem 
fossem enlre elles os Condes d^Obídos e da Ribeira 
desterrados provavelmenle para a Africa, c acres- 
centa» que Gslivera com o Condo de Oeiras, e lhe 
fallára no insulto que os navios liiglezes haviao feilo 
á bandeira Porlugueza, c do liaverem morto dous 
paizanos; que o Conde de Oeiras fí)ra impenetrá- 
vel, e tilo dissimulado, que não quizera convir D'um 
facto, que os próprios Inglczes ha\iâo referido nas 
relações qua do combate haviao espalhado n^aquella 
capital. A este ODBcio vem appeusa a relação do 
combate naval cscrila pelo Almirante Franccz cm 
Lagos aos 28 do mez antecedente (280). 



An. 1759 
Sei."' 11 



Continuando o Embaixador Conde de Merle a ín- 
fomiar o Duque de Choíseul do occorrido na Corte 
de Lisboa, vindo a fallar-lhe no Principal Salda- 
nha, lhe diz que já pelo Núncio estava informado 
das extravagâncias que aquelle Prelado fizera por 
occasião da confiança, que nelie havia posto a Gôrlc 
de Roma, mandando-lhe as respostas ás proposi- 
ções feitas pelo governo Portuguez sobre o negocio 



(380) Arfh. ciL., ví>Í. XCI, i. 1S4 e 155. 



— iça- 



dos Jesuilas ; que se aquetle Prelado assim se ha- 
viy, c se fallava lao alio. era porque linha para 
isso insliucruBs da sua Còrle ; qut era para se le- 
mcr ^lue, se a do Roma não condescendesse com 
a vontíiíie d'EIIÍei D. José, hoavesse entre as duas 
Côrlcs rompimento. Que iia conversação que Uvora 
coai o Conde de Oeiras aqiiotie Miiiislro lhe nào 
tinha dissimulado o que pousava ácej'ca dos Jesuí- 
tas; que lhe dissera liolia em seu poder as mais 
evidentes provas de codqo aquelies Padres haviao 
sido 05 primeiros iiupulsures do projectado assas- 
sinato d'FIRei seu Amo ; que a conspiração eslava 
organizada desde IMaio de 175^ sem a participação 
do Duque d'Aveiro e Tavoras, e que fora a repulsa 
qne aquelies lida!gos cvpcricientárào do certas tuer- 
cês, que os fizera cair no laço; que também elle 
Conde de Oeiras havia sidocomprchendido na pros- 
cripçào, e que dovêra a vida a um concurso de fe- 
lizes e imprevistas circujnãtLocias; que elle Embai* 
xador não linha palavras cora que podesse expres- 
sar a animosidade do Conde de Oeiras contra os 
Jesuilas, e acrescenta sabia que o Núncio tinha or- 
dem de nao ir visilar a Ellíei, e sómenle de com- 
municar-lhe as propostas da sua Cúrle em audiên- 
cia ; que aquclle Prelado estavamuito indisposto con- 
tra o Condo de Oeiras e D. Luiz da Cunha, por isso 
que lendo recebido do Papa um breve para entregar 
nas próprias mãos d"EÍRei D, José, com quanto hou- 
vesse communicado o conteúdo d'elle a D» Luiz da 
Cunha, tanto eslo como o Conde de Oeiras I^a^iao 
delle exigido que abrisse o dilo bre\e, e remel- 

11- 



— 16i — 

lesse 05 despachus que com ôIIg vinlido a S. Ma- 
geslaile, e que S6 o níio fizesse, EIRei o nun rece- 
beria em audiência, que o Nuuciu c^lintulado com 
a lesposLa se determinara a renunciar á audiên- 
cia, que lhe ha\ía sido determinada para o dia 12 
d'aquelle mez em quanio nâo [JAcsse a certeza que 
aquelle Monarcha ha\ia de receber os despachos 
que por elle trazia inlacLos e no mesmo ser em que 
\mhào (281). 

An. 1759 Em Officlod"esia data participa o Conde de Merle 

Sei "11 

ao Duque de Ghoiseul^ que communicara ao Conde 
de Oeiras a prÍ2ào do individuo que se dizia ser 
■ José Polycarpo ; que com aquella communícação 
llcára o Conde de Oeiras muito abalado, e dera 
mostras de grande satisfação \ o lhe agradecera : 
acrcsccnla o Embaixador que naquclla occasião 
livera com elle uma longa conferencia sobre o des- 
graçado acontecimenlo dos tiros, e que era incom- 
prehensivel que motivos tão frivolos, como os que 
o Conde de Oeiras lhe havia apontado, houvessem 
arraslado as cabeças da conjuração a perpetrarem 
um crime lào horrendo (282), 



Ad. J7S9 



Despacho do Duque de Choiseul no qual encom- 
menda ao Embaixador Conde de Merte haja de agra- 



(281) Arch. doMinislcriodos Negoc. Estrans* de França, 

voi.xci, r...- 



— 165 — 

decer em nome d^Elllei de França, seu Amo, a El- 
Bci D. José por ludo quanlo havia íeilo em bene- 
ficio (los Francezes ria esíinadra de M. de la Cluc, 
c de fazer aos Ministros Porluguezes as devidas re- 
presentações acerca d^aquclla violação do terrtlorío 
PertugueiC prulicada pela marinha Brilannica (283). 

Olíicío do Embaixador Conde de Merlc em que An. 1759 
dá conta ao seu governo das providencias que dera^'^^"'^ *^ 
o Conde de Oeiras para fazer vir por Hespanha o 
Porliiguez que fOra preso em Peipinhào, o sobre o 
que a esse respeito havia também escripto ao Prin- 
cipal Saldanha, que eslava por Embaixador em Ma- 
drid para que ellc alcançasse licença d^aquelle Go- 
verno para" a conducçào do prezo pelo seu territó- 
rio (28Í). 

Continuando o Embaixador Conde de Merle a terAn. í7S9 
a seu Governo ao corrente de quanlo se passava Sei." is 
ua Corte do Lisboa, participa ao Duquo de ChoÍ- 
seu! como o Núncio nào podéra conseguir que El- 
Ilei D. José recebesse o Breve de S. Saalidade, que 
linha ordem de entregar em mào própria; o que 
nào obstante, nao deixara de se apresentar na au- 
diência que lhe fôra assignalada para nao vir a 
rompimento; e também para nào faltar com os de- 
vidos agradecimentos ao Monarcha, que tínha tido 



(283) Arch. € vol. ciL., f. Ifil, 

(284) ibid., f. 162. 



a boiíJaJe de mandar sabur de &ua saudc, quando 
se achara relido f m casn por moléstia ; que o Breve 
trazia o coneenlimonto de S. Sanlidade para que 
fosecm ju1g;idos pelos Jnslíças que ElRoi delermU 
nasse aqitelles dos JcsuiUs que haviào eolraJo oa 
conjuração, porém não assim acerca de lodos os 
Jesuilas em geral, por não ser possível, nom ad- 
missível que lodos q,ua!ilos liaviàoem Portugal Iiou- 
vessem mellido a mSo nnquelle horrível allenlado; 
[]ijc por aquella occnsião S. Santidade pedia a El- 
Rei houvesse de atlender aos serviços que os Je- 
fiuitoB liahào feito ú Religião, e os não mondasse 
a degredo ; e depois de alfiunios reflcxíjes acres- 
centa o Embaixador que os Minisiros havião rejei- 
tado quantos arbilrios propozéra o Núncio, e que o 
começarão a tratar com menos contemplação ; que 
o Conde de Oeiras unoca mais o quizera receber, 
e o remellia a D. Luiz da Cunha que lhe nao de- 
feria aos requerimentos ; que naqucllc estado de 
cousas, se resol\ôra aquellc Prelado a manjar a 
Roma um expresso para informar a S. Sanlidade 
do acontecido, e pedir-Ihe novas ordens; que lai 
era o estado em que se achavao as relações da 
Côrle de Roma com a de Lisboa, para onde haviSo 
sido transferidos lodos os .lesnitas das Provincias, 
e racltidos n'uraa quinla do Duque d'Aveiro, con- 
vertida para esse effeito cm prisiío ; que 660d'aquel- 
les Padres pailiào iiaquella noíle em um navio de 
fiO poças, que tinhào ficado 50 por se haverem 
secularizado ; que na véspera fora visitar a Con- 
dessa de Oeiras onde se achara com u Núncio e 




— IG7- 

C0I1I uma grande parle úus principaes pessoas da 
nobreza ; que o Conde ali viera, mas que eslivera 
mui pouco tempo ; que aireclúra de íallar a lodos* 
o sobro ludo a elle Embaixador Gxceplo ao Nini-* 
cio a quem apenas haxia saudado ; com o que quan- 
tos ali erão o ti nbao observado ; que oNuneiomuilo 
i^e.allligira com aquclle IralaEnento que clle de certo 
não merecia, sobre ludo na occasirio cm que se ba- 
nia do paiz um l5o considerável numero de religio- 
sos, cousa de que o Núncio nao tiníia sido infor- 
mado senão pdo rumor publico. A isto ajunta o Mi- 
nistro algumas queixas sobre oesladodo paíz econ- 
clue pedindo inslrucções para reclamar daCôrlc do 
Porlugal os quatro navios queimados em Lagos pelo 
lerem sido no tcrrilorio Porluguez, e contra o di- 
reito das gentes (285)- 

Em despacho deste dia informa o Duque de Choi- An, 1759 
eeul ao Embaixador do como Eiliel de Nápoles Car* '" 
los 111 que Êuccedia a Fernando VI seu Irmão par- 
tia para Madrid e seria acompanhado de M. da Silva 
Mínislro de Portugal junto a sua pessoa, o qual, 
segundo as noticias que elle Duque tinha devia con- 
tinuar no mesmo emprego em Madrid, e ali substi- 
tuir o principal Saldanha, e vindo a fatiar do Conde 
de Oeiras diz que lhe parecia que aquelle Ministro 
se occupava com grande zelo e actividade do quanto 



(285) Ardi. d(> Ministério dos \cgou. Eâlrang. de Fraoc^, 



— 168 — 

dizia relação ao commercio; desvelo que era bem 
digno d'mn Ministro iiluslrado (286), 

&TI.J7S9 Despacho da Duque de Ghoiseul remetl^ndo ao 

■ " Embaixador as carias de notirieacrio d^ElRei Luiz 
XV a ElRei D. José do uasciujeolo d'uuia Prince- 
za, lilíia do Delphira (2S7). 



An. 17S9 



Officio do Embaixador Conde de Merle, dando 
parle do como era conformidade com as ordens cjue 
lhe haviâo sido expedidas ia pedir uma conferen- 
cia a D. Luiz da Cuuha na qual ex,igiria desle Mi- 
nislro que lhe declarasse quaes erão as inlcnçfíeã 
de S, M, Fidelíssima acerca da violação do lerri- 
torio Portuguez feila reccntemenie pelos Inglezes, 
e do insullo feito aos forlcs á sombra dos quaes se 
acbavão os navios fundeados, e onde forão caplu* 
rados e queimados, a despeito da protecção que 
lhe fãra concedida ; e acrescenta que o Conde de 
Oeiras o tinha vindo ver para lhe signlGcar da 
parte d^EIRei seu Amo o quanto aquclle Soberano 
ficava penhorado com os testemunhos de amizade 
que S. M. Chrislianissiraa lhe havia dado na oc- 
casião da prisão de José Polycarpo, e para affian- 
çar-Ihe novamente de que S. M, Fidelíssima daria 
aos FrancezQs toda aquella protecção que fosse com- 



[■2S6} Arcti. da Minisl. dosNegnriosEstrang, de Franra, 
vol- XCI da Corresp. de Portiif^al, f. 163. 
(287} ibid-, f. 166. 



— l(Í8 — 

palivel com as círcumslaacias cm que se achavão 
os seus Estados [189). 

Versa o cilicio do Embaixador Conde de Merle An. 1759 
expedido na dala acima sobre a violação do lerri- "^''^ 
lorio Portuguez pelos Inglezcs, e dá ndle conla ao 
Duque de Chciseul da reeposla que !he dera D. Luiz 
da Cunha, a qual fora : que elle D. Luiz da Cuoha 
não podia decidir nada sobre aquelle assuniplo sem 
ler lomado as ordena d^ElRei a cuja presença le- 
varia a represenlaçào que elle Embaixador acabava 
de faícr-ihe ; concluo esle dizendo era aquelle Mi- 
nistro mui inclinado á Inglaterra (289], 

OíHcio do Embaixador Conde de Merle em que An. 1759 
dando conla à sua Côrle do andnmenlo dos publi-^^^-"^ 
cos negócios na de Lisboa vindo a fallar do En- 
carregado de Negócios de Portugal em Nápoles, 
diz que aquelle diplomata, com quanto fosse gen- 
lilhomem, nem por isso era de primeira nobreza, 
e que por cima dislo sendo de medíocre mereci- 
mento, por isso mesmo privava com o Conde de 
Oeiras, o qual pensava que um homem deespirfto 
e de talento era mais próprio para embrulhar os 
negócios do que para alhanal-os; motivo por que 
licha o cuidado de despachar para aa diversas Cor- 
tes homens cuja mediocridade fosse geralmente re- 



(288) Arch, o vol. ciL, f. 167. 

[289) Ibid., f. t. 



— 170 — 

conhecida; que a nacào bem cnlendía qunes fos- 
sem as razões por que assim se ha\ia, assim que se 
lhe rito mnsLrava ngradecida ; que ellc Duque de 
Choiseul podia (azcr cabal conceilo d^aquella poli- 
tica por M, do Salema, dado que passasse em Por- 
tugal pelo mais esclarecido dos Minisiros residen- 
tes nas Còrles da Europa ; e passando a falíar do 
negocio dn reclamação dos navios, acrescenia que 
se dizia que o Enviado de Inglalerra linha ordem 
do seu Governo de dizer ao Secretario dõ Estado 
de Portugal que verdade era se linhão os navios 
Inglezcs aproximado mais, do que deviao das cos- 
tas du Algarve, mas que S. M. Itriluunica daria 
ordem para que semelhante cousa ião tornasse a 
aoonlecer ; porèna que lhe rão constava houvessem 
atirado aos Torles ; diz mais que na noite do dia 6 
para o dia 7 Lodas as tropas da guarnição da Corto 
havíao sido postadas ao pé dos fortes onde se acha- 
vâo retidos os Jesuítas vindos de Goa, do Brazíl e 
do interior do Reino, os quaes naquelia noite ha- 
víao sido conduzidos a bordo de dous navios (290). 

Ad. 17^9 Despacho do Duque de Choiseul para o Embai- 
oui,"i6 j^g^Qp Conde de Merle, ordenando-lhe de reclamar 
do governo Portugnez em nome dTJRei de França 
os navios d'esla nação que haviao sido capturados 
pelos Inglezcs á sombra e debaixo da artilharia dos 
forles, G de declarar que fazia aquella reclamação 



[290) irch. evol. cil., L 6. 



— ni — 

da parte (1'EIRei seu Ãmo, de quem liuha ordem 
de enviar-lhe a resposla ; emfim de iiisislir alé o 
Ministro Porluguez declarar-lhe so está ou não reso- 
luto a fazer a mesma reclamação á Inglaterra (291), 

Oflicia nesta data o Embaixador Conde de Merlo An. 1759 

participando que as negociaroes ealro as Cúrles de 
Roma e de Portugal não linhao dado o menor passo, 
c que se aciíaTâo no mesmo ser^ e vindo a tratar 
da3 finanças aífirma que era lai o apuro, que o Se- 
nhor Rei D. José aâo tendo dinheiro sulScienle para 
eíTecluar a jornada de Vílla Virosa, se liavia ser- 
vido do que resultara da venda dos moveis e mais 
objectos pertenocDlcs aos Jesuítas, e que se a frota 
do Rio não chegasse dentro de poucos días o com- 
mercio da praça de Lisboa íicaria para sempre ar- 
ruinado (292). 

Despacho do Duque de Cboiseul dirigido ao Go-An. 1759 
vernador General de Perpinhâo no qual lhe sígai- " ' " 
fica que era para admirar que o Governo Porlu- 
guez aOirmasse nao era o preso retido naquella ci- 
dade o Réo Josc Polycarpo, tendo que o mesmo preso 
confessava sel-o, e lhe ordena de haver-se de modo 
com aquelle individuo, que por bem ou por mal 
houvesse de confessar quem era (293). 



(29J) Arch. r vol. cil-, f. 9. 

(292) /feírf,, L 10. 

(293) Ibid.. S. 16. 



— 172 — 

An. 1759 RespDndtí nesla data D. Luiz da Cunha as re- 
Oui.^aa ciajnações feitas pelo Embaixador Conde de Merle, 
relativas aos navios caplurados o qucimodos om La- 
gos pelos Inglezes dizendo, tinha ordem dTIItei dt 
Portugal seu Amo para signiílcar-lhe que logo que 
n noiicia d^aquelle successo Tora levada á sua Real 
■ presença, S» M. dera por uma parle immediotamenle 
as pm^ide]1Gias necessárias para que os OlGciaes 
da marinha e mais vassallos de S. M. Chrislianís- 
sima fossem tratados com aquellas allecções que 
erâo conformes e consequentes com a boa amizade 
que cultivava com a sobredita Chrislianissiina Ma- 
gestade, e por outra ordenara ao Governador e Ca- 
pitão General do Algarve de informar-se pelo miúdo 
dos excessos commellidos pelos coramandaolcs dos 
navios de guerra Inglezes contra os fortes Portu- 
guezes, sem respeilo á neutralidade que era mister 
que obsenasscm, e que conslanóo-lho pelas infor- 
inaç^es, que elteclívamenle alguns dos ditos com- 
mandanlos se havido excedido depois dos navios 
Francezes lerem dado á costa» havia para logo or- 
denado se fizessem na Côrle de Londres asjecla- 
maçíjes era laes casos praticadas, e que esperava 
da amizade o justiça de S, M. Brilannica que man- 
daria dar uma justa reparação dos sobreditos ex- 
cessos commellidos pelos officiacs de sua mari- 
nha (291). 



(291) Arch. doMinialcnodusNegoc. E^lrang. deFraiiç«« 
vol. XCl. r 17. 



— 173 — 

Otlicio do Embaixador Conrifi de Merle, remei- a». 1759 
tendo ao Duque de Choiseul copia da resposta, que *^"'"° **** 
lhe fizera D. Luiz da Cunha, a qual por lhe pare- 
cer não respondia ao ponto principal, refere ha\ia 
pedido uma nova conferencia, na qual lho deck- 
rára, que o que a França queria, era saber quaes 
fossem os meios, que S. M. Fidelíssima lencíonava 
empregar para obrigar a Inglaterra a restituir os 
dous navios capturados nos porlos de Portugal ; se 
por ventura a sobredita Magestade se conlenlaria 
com uma simples reparação com indemnização pelo 
insulto que havia sido feilo ao território Portugiiez; 
que a isto, depois de estar D< Luiz da Cunha por 
alguns minutos enleisdo, e sem poder responder- 
lhe, atinai lhe tornara, que elle nào podia dizer- 
lhe quaes fossem as tenções secretas d^EIRei seu 
Amo, e quG elle Embaixador de^ia contentar-se 
com que elle Secretario d'£slado lhe havia dito; 
ao que elle Embaixador replicara que ia informar 
a sua Corte do acontecido; que a ambiguidade e 
myslcrio d*aquella resposta nào podia doixarde pro- 
duzir muito niâo efleilo, e que elle Embaixador não 
podia saber a determinação que a sua COrle toma- 
ria ; que persistia sm reclamar a restituiçíto dos na- 
vios capturados, e que a satisfaçào dos insultos fei- 
tos aos fortes Portuguezes teria igual andamento; 
que se ElRei de Portugal considerava por igual um 
e outro objecto, era mister que a Gàrle de França 
o soubesse de positivo, e com toda a clareza ; que 
por conseguinte lhe rogava com toda a instancia 
houvesse de dar-lhe uma resposta cathegorica : que 



no cabo de uma longa pratica D. Luiz ila Cunlia 
se ílelerminára a declarar-lhe, que os meios que 
fosseoi empregados para obler salisíaçào do insulto 
feito aos forles o serião lambera para alcançar a 
resliluiçâo dos navios Iraacezes ; e que aquelles 
dous objeclos se LratariSa junlamente e ao mesiuo 
tempo- 

Com quanLo fosse esta resposta bem positiva, à\z 
o Conde de Merle ao Duque Je Choiseu!, que du- 
vidava insistisse o Govorno Pnrlngiiez com o de 
Inglalerra sobre aquelle assumpto por isso quo es- 
lavão os Inglezes acostumados a fallar como se- 
nhores na Corte de Lisboa, c que como aquelle modo 
de obrar lhes Kra ulii, elles o empregarião, se as 
circunstancias a isso os obrigassem, Ecoalínuando 
a informar o seu Governo acrescenlava que as 
finanças eslavão no maior apuro; que não bavia 
um PorLuguez que eslivesse em estado de pagar o 
que devia : que tinha ido \cr ElRei e que o achara 
mui alegre na véspera da parlida para Villa Viço- 
sa, que lodos os Secretários d"Estado o acoinpa- 
nhavào, níio ficando em Lisboa nenhum para tra- 
tar com o Corpo Diplomático, cousa que elle ob- 
servara a D. Luiz da Cunha na sua ullima confe- 
rencia ; quanto aos Jesuilas diz que us que ainda 
não tiuliào feito voto, andavào a pedir esmolas (295). 

Au. 1759 Despacho do Duque de Choiseul para o Embai- 
oui/30 j^^j^jj. CQmig de Meric em que lhe significa que 



(29â) Arch. e toI. cit., í. f. 



— 173 — 

EIRei seu Amo eslava ú espera da resposla do Mi- 
nislerio de Porlugal acerca d-i reclamação Jos na- 
vios que haviao sido caplurados debaixo da arli- 
Iharia dos fortes do Lagos ; o que não obslanto 
qualquer que fosse a dita resposta elle Embaixa- 
dor devia recebel-a sem dar nioslras de niáo hu- 
mor, nem de vivacidade, contealando-ae com dl- 
zor, que a faria presente a EIRei [296). 

Officio do Embaixador Conde de Morle em que An. 1759 
participa ao ècu governo era chegado a Lisboa o ^^^° *^ 
Minislro do Portngal em Hollanda Andrade, o qual 
logo ao desembarcar se fora apreseular ao Conde 
de Oeiras, que fora de curta duração a visila, e 
vnllára com ordem de esperar etn casa as deier- 
minaçoes do (loverno ; que logo no oulro dia um 
cUícial de jusliça acompanhado d'onia escolla fura 
a sua casa, e depois de ler com elle uma confe- 
rencia quo durara obra de duas horas, eotrárào 
ambos n'um cocbo que lomou o caminho de Be- 
lém em cuja fortaleza ficara retido ; que so dizia 
que as primeiras ordens que conlra aquolle Minis- 
tro se passarão ocondemnáriio simplesmenie ades- 
lerro eta uma sua quinla^ c que era provável ti- 
vesse elle fallado contra o Conde de Oeiras na con- 
ferencia que livera com o ODicial de jusliça ; quG 
uma grande parle da gonlc do Lisboa era a favor 



(396) Arcli. doMinÍ5tcriodos NcgocCstr^ng. deFrançâ, 



— 176 — 

cl^aquella no\a licliina do ódio Jo Conile por ser 
o (iilo Andrade prolegido pelo Inf^nle D. Pedro: 
que o Conde de OeíroB tinha por principio de nunca 
tratar com os Ministros Estrangeiros oqucllcs ne- 
gócios qut nSo corri5o á sua vontade, e quando 
olle Embaixador lhe tocara no negocio dos navios, 
elle lhe dissera explicitamente de dirigir-?e a D. 
Luiz da Cunha, com quanto Iodas as resoluções 
fossem pelo Conde dlcladas, não sendo o segundo 
Ministro sen5o um mero excculor das ordens da 
primeiro (297). 

An- 1759 Despacho do Duque de Choiseul em que obser\a 
Nov." 13 gp Embaixador que havendo o Ministro de Portu- 
gal em Nápoles do appellido de Silva lido a ven- 
tura de fazer-se aceito a ElRei e á Rainha de Des- 
panha, havia toda a probabilidade que a Cúrie de 
Lisboa o acreditaria junto áquellc Soberano em Ma- 
drid (298). 



An. 1759 
Nflv/ 20 



Versa o OíDclo do Embaixador Conde de Merle 
expedido aa data acima sobre o casamento da Prin- 
ceza D. Maria, o qual dizia elle, toda a nação de- 
sejava ver effeituado. ao passo que contrariaA-a gran- 
demente em sei] entender os projectos e interesses 
do Conde de Oeiras, por isso que tanto a Princeza 
oomo o Infante erào affeiçoados aos Jcsuilas; c af- 



(2ÍI7) Arch. e vol. cil„ f . 27, 
(298} Ibid., f. 28. 



— IH — 

lirma que o Ministro, pura demover EIRei D, José 
lio projecloíl'aqijeI!aalliançalrazia-!heá lembrança 
a miuíio cm suas con^ersaçues, a revolução do In- 
fante D, Pedro contra EIRei D, Affooso VI, donde in- 
feria ellc Embaixador que o f|ae convinha ao Conde 
era desposar a Princeza com D» Anlonio de Palha- 
\^y baãlardo dEIRei D. Joíio V íeí^ilimado, o(|uaI 
dava mostras de grande ambição desvelando-sc em 
agradar ao Conde, o qual o havia Introduzido na 
familia d'EIRei; que porém a Princeza lhe prefe- 
ria o Infanlo D. Pedro, e que se asscniava que a 
Rainha que amava enlrJinhavelmerle a fillia nào a 
obrigaria a casar-se contra a sua vonlade ; que em 
consequencifl d^esles diversos obslacutiís se ia dila- 
tando a segurança da successao, e vindo a fallar 
dos negócios de Honia, refere que o Núncio havia 
recebido ordem para se queixar do prccedimenio 
praticado pelo Ministro de Portugal naquella Corte 
e de pedir a sua rcvocação, cujo passo devia acar- 
rfltar-he desgostos e dissabores^ por isso que aquello 
Ministro era parente do Conde do Oeiras quo o pro- 
tegia \ qua era cliegado o provincial ilosJcsnilas do 
llrazil e outros principaes da Companhia que bavjHo 
sido recolhidos á prisiio, que era lambem chegado 
o Irmào de D, Luiz da Cunha a quem esta\a des- 
tinada a Embaixada do Pariz, o qual apenas des- 
embarcara fira heijar a mi\o a EIRei em Villa Vi- 
çosa {in). 



(299) ArcIí. e rui. cíl-, f, 18. 

vr. 



12 



— 178 — 

Arj. 17í;9 Despacho do Diifnie Je Chuiseul em que partí- 
"^^' ^^ cípa a» Embaixador o como por via Je Roma sabia 
era chegado a Civila Vccchia f> primeiro Iransporle 
dos Jesuilas expulsos ú& Lisboa, os quaes haviào 
ali encontrado lanto da parle do Fapa, como dos 
vassallús do próprio liei de Purlugal, os leslemii- 
nhoti mais ediricanles d'humOTiid[ido e compaixão; 
pela mesma occasião o louva de se ler escusado 
de assistir á Sessão extraordinária da Academia eoi 
ílue se fez o elogio do Conde de Oeiras (300J. 

An. 175!) Despacho do Duque de ChoJseul para o Embai* 

NfiT."23 xador Conde de Merle, recommendando-lhe o Conde 

de Woronzow sobrinho do Chanceller Mór da Bus- 

sia, que ia viajar por Portugal e por Hespanha (301). 

An. 1759 Despacho do Duque de Choiseul recommendaodo 
^'" ao Cbnde de Merle de pedir de tempos a tempos a 
D. T.UÍ7 da Cunha resposta da reelamaçào por elle 
feita em nome d^EIRci de Franca relativa a ealis- 
façao que os Inglczes deviào dar respeito aos na- 
vios da esquadra de M. de la Clue, que elles ha- 
vião capturado e queimado nos portos de Portu- 
gal (302). 



An. 17.^9 

Nov." 97 



Oflicio do Embaixador (]oDdo de Merle com a 
participação de que entrara no Tejo um Corsaric 



(300) Arch. e toI. cíL, f. 3H. 
{•.lOÍ) Ihid., f. 37. 
(3021 Ihiá., f. 39. 



— 178 — 



Francez aprezado pGins Inglozes, os qiiaes havião 
já capturado Irinla c dous navios d'aquella nação, 
e por esse molivo era elle Embaixador de parecer 
de\ia o seu governo mandar algumas Tragalas cru- 
Ear na entrada do Tejo, lanto para proteger os na- 
vios mercnnles Francezes, como lambem porque 
lodos os dias eslavSo sabindo d^aquelle rio e porto 
Paquetes que o menos que levavão era um Diiibão 
&m ouro, e o mais que jogavào era doze peças de 
arlelharia ; tratando de Roma ajunla^ quD depois 
que o Papa regressara para Roma, o Miníãtro de 
Portugal lhe niío pedira audiência ; qae lendo o 
Ponlifice convidado a wm jantar d^apparalo o filho 
do Conde de Oeiras e mais Ires Porluguezes que 
residiao no mesmo ColJegio, a pessoa que eslava 
encarregada da educação e direcção d^elles lhes de- 
fendòfa de aceitar o comité, e como lhe pergun- 
laeâom o motivo por que assim se havia, dissera 
que líiiha ordem expressa de niío deixar aijuclles 
moços sahir do collegio- que o Núncio havia re- 
cebido uma resposla pouco satisfacloria ás queixos 
que o Santo Padre fizera contra o Miaislro de Por- 
tugal, que o que elle rezava era o seguinte, que 
S. M. Fidelíssima não lendo ao pé de si todos os 
Secrelarios d^Estado deliberaria sobre aquelle as- 
suropto quando regressasse para Bulem; que oqucllo 
Prelado recebfira pelo ullimo ordinário uma larga 
inslrucçao sobre o modo coní que devia liaver-se 
pelo lempo adiante quaesquer que fossem as even- 
lualiílades, porém que nào lhe daviío ordem para 
fallar. Condue por fim o Embaixador esse longo 

12- 



— ISO — 

oITicifl, queixaudo-se tie lhe virem abcílos os des- 
pachos e com pouca decência (1103). 

An. 1759 Onicio do Embaixador Canrie de Merle em que 
**"■"* participn lhe haviâo mandado de Roma, que o Mi- 
niãtro de Portugal [jvera com o Siimmo Ponliflcc 
uma allercaçào assas viva a respeilo dos Jesuí- 
tas (SOS). 



An. 1759 



OfUcio do Conde Embaixador em que pailícípa 
ao Duque de Choiseul que o Minislro Porluguez 
Andrade vindo de Hollanda ainda se achava preso; 
que duranle 13 dias o deixarão com a mesma rou- 
pa, 6 que a fmal lhe bavíào dado licença para es- 
crever ã sua farailia ; acrescenta o Embaixador, 
que elle referisse o máo tratamento a que eslava 
exposta a Princeza de Hobleín, cunhada do Ba- 
lio de Sousa, e os seus dous filhos \ elle Duque se 
sentiria commovídu ; que se nilo ouvíilo de todu a 
parte senào queixas e gemidos (305). 



An. 17S9 Despacho do Duque de Choiseu! para o Embai- 
^*'"'*" xador Conde de Merle em que lhe diz que havia 
conhecido o nosso Ministro Andrade em Roma, e 
que por tanto sentia niuilo a desgraça que cxperi- 
raeulava; que se el!e Embaixador, sem se com- 



(303) Arch. e vol_ cíL, f. 40, 
(30i| lUd., f. 12. 
(305] Ihid., r. i3. 



— ISl — 

proineltcr, li\esse meios de faier com que llic clie-| 
gssse um leslomunlio da nmizade que elle Duque] 
de Choiseul lhe consiigr.'i\a, lhe faria grantie pra-j 
zer (30fi). 

OlBcio cio Conde de Merle participando que se Aq. 1759 
dizia e]iie D. Anionio Alvarez da Cunha eslava pro-^*^^'°*^ 

vido na Embaixada de França; que parlíra mais 
um navio carregado de Jesuilas, dos quaes liavião 
ainda 30 em pri.sao, e erào Iralados com o maior 
rigor (30:). 

Olficio do Embaixador Cunde de Mcrle para o An. t759 
Duque de Choiseul em que lhe dá parle de como i^"-"'*^ 
uma polaca Franceza que "^inha de São Domingos 
com uraa rica carregação \endo-se perseguida por 
duas Fragalas Iiiglezas se acolhera a Faro; que o 
conimandaote escrevflra ao Cônsul Francoz em Ca- 
dlzde lhe mandar uma embareacào Bespanbola para 
nella baldear a carga, porÉm que o Cônsul ínglez 
de Faro llzera siuaes ás fragalas, as quaes \ierao 
dar fundo cm Faro para de mais perlo vigiar so- 
bre a polaca, moltvo por que elie Embaixador ia 
escrever a D. Luiz da Cunha para estranhar-lhe o 
modo com que se havia o Cousul Inglez, afirri de 
que déssc ordens explicilas que probíbissem semc- 
Ihanlcs sinaes, sendo que S. M. Fidelissima csLi- 



'ft. 



(306) Arch. c ^o]. ãi., í. 15. 

[307) /Èírf., f. 46. 



— m — 

vesâeJelerminado a ob^r^ar uma neulraliJnde exa- 
cta. Parlicipa mais o inesmn Enibaíxadúr que o Wi- 
nislro de Portugal em Roma haiia afinal pedido au- 
diência ao Papa o que nella lhe entregara uma longa 
Memoria, que lambem liaviào oãcriíJto ao Núncio 
que o dilo Miuíslrose alrevéra a declarar ao Sunimo 
Poulifice que não trataria mais com o Cardeal Se- 
cretario íl^Estado, nem com o Cardeal sobrinho por 
serem ambos elles prevenidos em fa\or dos Jesuí- 
tas, cujos partidários erao (308). 



An. 17S9 

Dei." 95 



Officia nesla data o Embaixador que se linha 
queixado ao Secretario d'Eslado D, Luiz da Cunha 
do negocio dos sinaes que o Cônsul Inglez de Faro 
havia feilo ás Tragalas, e que lhe pedira expedisse 
ordens para evilar a repeliçào de semelhante abu- 
so; que D, Luiz da Cunha lhe assegurara se in- 
formaria do caso, e verificado elíe, renovaria as or- 
dens já dadas e as faria 6ÍgniQcar a todos os por- 
tos do liloral ; que saliafeito com a resposta elle 
Embaixador lhe perguntara se a Inglaterra havia 
dado alguma resposta acerca do insullo de Lagos; 
que o Ministro lhe respondera que por então nada 
lhe podia dizer de definilivo ; que o Ministério lo- 
gler havia tomado o alvitre de mandar a Lisboa 
um Embaixador GKlraordinarío que se esperava por 
momentos; que depois que o dito Eoibaixador fos^e 



(30S) Archn do Minisl. dos Negócios Estrang. de França, 
^ol. XCl da Gorresp. de Portugnl, f. 48. 




— 183 — 

chegado, clle Secrelario il'KslaJo se acharia habi- 
litado a dar-lhe uma resposta calhegorica; que o 
dib Embaixador era irniào do que residia em Us- 
Iwa esc chamava Lord Knowles; que era natural 
nào viesse aquelle Embaixador uDicamente para Ira-* 
tar do actítilecido recentemente em Lagos, que se- 
guodo o que os liiglezes davào n eoleader, devia 
vir encarregado de fazer as mais vivas represCD- 
tações acerca do modo por que eriio Iralados os 
negócios e súbditos Inglezcs» e pedir a restiluiçao 
de avultadas quantias de que os Forluguezes se ha- 
viãn apossado a bordo de Paquele, mas que o que 
diziào não ora mais que meras conjecturas; que 
lambem lhe havia D. Luiz da Cunha communicado 
que seu irraíío havia sido nomeado pura a embai- 
xada i]e Pariz, para onde nào tardaria que se po- 
sesse a caminho (309). 

Em ofiicio doeste dia refere o Conde de MerleAn-i760 
que a noticia da próxima chegada d'um Embaixa- 
dor cxlraordiuario de Inglaterra havia posto cm 
grande alvoroço os Negociantes Inglczes^ os quaes 
diziílo aherlamenle que o principal motivo da sua 
vinda era para padir satisfação dns difliculdades e 
impedimentos que experimenlavao os capitães dos 
Paquetes e navios de guerra na sacca do oiro, e 
para no caso de o fiovôrno Portuguez se negar a 
levantar os dilos impedimcnlos e restricçOes, exi- ■ 



(309) Arch. c voí. cil., L fiO. 



— 18i — 

gir o pagaineiilu integral do quanto PjrUígal de- 
\ia a Inglaterra : que se aqiielle boalo fusse certo, 
grande seria o desconlenlamento da Còrle tie Lis- 
boa, donde concluia o Embaixador que se apro- 
\eilaiia d\iquella coujunut™ para dar a entender 
ao Conde de Oeiras que a França eslava disposta 
a prestar soccorro e assislencia a Portugal contra 
todas as interpresas que a Inglaterra teulasse le\ar 
a eITeilo; porôm que para isso era mister que o 
seu governo lhe mandasse inslrucrões. Vindo a fal- 
lar dos negócios de Roma participa que o Núncio 
lhe ha\ia dito que as diíTureiíças entre aquella Corte 
e a de Purlu;^al [tauào de ser dlsculidaâ e concer- 
tadas na primeira d aquellas Curtes eulre o Ministro 
da segunda e o Cardeal Secrelario d'líslado d'uma 
parle, o o Cardeal Paulucci da outra ; qne elle Nún- 
cio ha\ia pedido licença por ir conjprimenlar El- 
Rei por occasiào do dia d'anno bom, porém que 
lh'a tiiihOo negadOf e que Itie haviào dito que não 
devia apparccer diante d^aquelle Soberano, senão 
depois que U\csse recebido o barrete, e se acbasâc 
veslido segundo aquella nova dignidade {310}, 

An. 1760 Versa o officio que nesta dala enviou o Embai- 
Jan," d j^ador Conde de Merle a M. de Ctioiseul em argui- 
ções contra o Conde de Oi:iras, que diz \ia com 
grande displicência que elle Embaixador fosso a 
■ casa do Núncio, por isso que era vontade sua que 
ninguém o visitasse, e acrescenla que se elle rofe- 



(310) \rch. c voK cil. f. 61, 



risse por iiiiudu o como ali se go\erna\a, o dts- 

jiolisniQ e as violências que o Conde de Oeiras cdi- 
pregava para exccular as suas vontades el!c Duque 
nào acrcdilaria o lastimaria a doãgraçada sorte do^ 
Porluguczes, e então entenderia quanta deviíi ser 
a prudência dos Embaixadores que residião iiaquella 
Côrle (ail). 



Emo despacho deste dia observa M, de Choiseul An. 1760 
ao Embaixador, que se elle podesse provar que o"'^'^"' *^ 
Coiisu! higlez de Faro havia feilo siu^es ásfragalas 
Inglezas para cntrarum naquolle porlo e nelle an- 
corarem com u fim de impedir o baldcamento e , 
descarga da polaca franceza que ali esíava surta, 
EUiei lhe ordenaria de exigir de S. M, Fídelissima 
uma justa salisfaçàc, e que o sobredito Soberano 
nào poderia deixar de a dar, por isso que era seu 
desejo observar a mars eslricla neutralidade, e caso 
que a nào desse ElRei seu Amo deixaria de consi- 
dcral-o como neulro^ c ver-ac-hia na necessidade 
de repular por inimigo o reino de Porlugal ; que 
ElBei Ghristiaaissimo esperava e esperaria d^elle 
Embaixador oulra cQmmunicaoào para resolver-se 
ulíeriormenlej mas se as primeiras informações se 
viessem a coufirmar, e lhe nao dessem a devida 
satisfagao, elle Duque aeonselliaria a ElRei seu Amo 
a fazer com que justiça lhe fosse feila por meio do 
poder que nas mSos linha (312). 



(311) Arch, evoLcit., r 63, 



— 18fi — 

An. 1760 Em officio doesta dala parlicipa o Embaixador 
^°" á sua Corte que a de Porlugal tomara o lulo por 
i mezes pola marlc da Duqueza de Parma ; que 
os Jesuilas que haviào sido eaibarcadoa tinhão es- 
Lado guardíidus á visla ale o monienlo da parhda ; 
que as dependências que tijiha tom D. Luiz da Cu- 
nha estavão no mesmo ser, porque aqjetie Minis- 
Iro morava a duas léguas de Lisboa, e lendo elle 
Embaixador ido \tíl-o ilie disserao que uào rece- 
bia por esiar indisposto de saúde; que havia sa- 
bido do Tejo um comboi Inglez eseoílado por uma 
iiáo c uma fra^^ata de il) pecas; estes dous navios 
, levavão para cima de dous milliões de libras lor* 
nezas (313). 

An. 1760 Em despacho doeste dia pondera o Duque de Choi- 
^°' SGuI, fallando da vinda de Lord Knowles a Lisboa, 
que a determinação que tomara o Gabinete Inglez 
de mandar a Lisboa aquellc Embaixador encerrava 
inquestionavelmente aiguma cousa em correlação 
com as cireuEiíílanoías em que a Europa se acha- 
va, e que elle Embaixador faria um ser\1ço assi* 
gnalado fazendo as possíveis diligencias para po- 
nelrar o segredo d^aquella missão, e dar disso parte 
á sua Côrle (31Í). 



(313) Arcíi. dos Negooio!^ Eslrang. de J^ran^a, vol. CXI, 
r 65. 

(314) íbid., U 67. 



— is: — 

Officio do Embaixador Conde de Merlc cm que An. i76o 
depois de haver informado o seu governo como ^"' 
havia sabido do porlo de Lisboa um navio de guerra 
IJoilnndez com 6 milhões em ouro se lastima dizen- 
do : 6Ó nós nào lemos qtiinhào nas riquezas do Bra- 
zil, c passando ás cousas interiores do Reino, diz 
que o Goudo de Oeiras se achava embaraçado por 
não achar sujeilos com capacidade que podessem 
dirigir os novos Estudos que elle havia creado ; qufi 
tinha a vaidade de nao empregar senão Porlugue* 
265 e niio acha no pai£ quem tivesse sulTioienle íns- 
Irucçao ; que no enlrelanlo tudo estava em inac- 
ção e a inocidade som ensino; e concluo dizendo 
que desejava residir n^um paiz, quo lhe olTerecDSâe 
objectos que Ibe inlcressassem, ou divertissem por 
isso que teria a satisfação de fazer-lhe saber, po- 
rém que o em que se achava era tao estéril que 
nem se quer dava motivo a jovialitlades (31S). 

Em ofBcio d'este dia refere o Embaixador Conde An- i7m 
do Morle, tratando do Condo de Oeiras, que o ódio, ^^""^ ^^ 
que os Porluguezcs lhe linhao, começava a recair 
sobre o Monarelia, o qual, quando para passar-se 
a Salvaterra, atravessava Lisboa, achava sempre 
ali presente um grande concurso de gente, que lhe 
davão mofilrasevidenles docontenlamenio com que 
o víao, o riue n§o acontecida na ultima vez ; an- 
tes pelo conlrario, toda ar{uella multidão, vendo-o 



(315) Arch, e vol,cÍl., f.68. 



— 188 — 

paEsar, guardara o maior silencio ; e \ín(lo a fal- 

lar de outras maleri^is, diz que chegara um 'ex- 
presso de Roma da parle do Enviado Porlugiiez, 
e que lhe parecia que o Núncio era Ião mallralado 
da sna Côrlc como da de Porlugal, que pelo que 
dizia respeito aos Jesuitas, poucos dias havia que 
se linha espalhado por Lisboa um libello coulra 
elles, o qual ha^ia sido traduzido do llaliauo, e 
encerrava as aniigas impulacõcs que se faziào aos 
Padres da Companhia acrescentadas cora mais ou- 
tras hisloriiis; nelle se fazia um grande elogio da 
religião d'£lHci, por isso que se havia confessado 
por (iccasiào dos tiros, e da do Gunde de Oeiras, 
por mandar educar seu filho em Honia. Etn 2í 
desle mezsentirào-sc Ires tremores de terra- Acha-se 
com este officio uma longa memoria, que não lem 
menos de 14 paginas a qnal passamos a substan- 
ciar em razào de sua importância a muitos respei- 
tos. Principia o autor delia ponderando^ que como 
quer que a Inglaterra se achasse com uma divida 
de cento e doze milliOes de libras cslerlinas^ e re- 
ceiando que a Uespanha pelo decurso do lempo 
alliaado-se e enlendendo-se com a França para re- 
cobrar Gibraltar tratava de aproveitar-se do lempo 
em que a primeira das duas Potencias acima deli- 
iserava sobre o que deveria fazer nas circunstan- 
cias, em que cntao se achava a Europa para ata- 
lhar a ruina do seu commcrcio e das suas colónias 
da America, para aparelhar-se, caso a Uespanha 
contra cila se declarasíc, a invadir com armas e 
eslabe!ecer-se ua America meridional, ai'bitrio piau- 



— 189 — 



sivtíl para se desendivíilar, e elevar o seu comnier- 

[Cio ao esplendor em que J'anles estava; porèm que 

[nilo poJemIo o Gabinclo liiglez obrar dircclamcnte 

num negocio d^aquclla aatureza, delerminára ser- 

'lir-sc lie Portugal para executar os seus projectos, 

aproveilandO'Se das ^eguinlcs circuEistancias. 

Pondíra em seguida que possuindo os Porlugue- 
Izcs Lia embocadura do Rio-da-Prala a coloaia do 
. Sacramenlo quo era o \alhacoulo e o ninho dos 
conlrabiindislas da Amcríea meridional ein grande 
dclrirncnlo dos inlcroãsoã d^ElHci Calholico, e que 
I dava motivo a frequentes desavenças entre os Hes- 
pnnlioes e os Porlugiiezcs, o Gabinete Inglcz tra- 
tara de persuadir a EIRei de Porlugal em nSi a 
propor a EIRei dilcspanba, com o pretexto de ti- 
rar Ioda a occasiào e motivo de discussões e de 
hoa iiarmonia entre uma e outra coríVi, do ceder- 
Ihe a sobredita colónia codendo S. M, Calholica a 
Porlugal algumas das suas colónias que conlínavSo 
cem o Urazil e mais alguns terrilorios das ralas de 
Hespanha que ofFcrccesscm um equivalente propor- 
cionado aos proveitos e vantagens resultantes da ces- 
são da mencionada colónia do Sacramenlo. 

Oue porèm antes de fazer-se a EIRei Catholico 
expliciia e formalmcnle a ajustada proposta tralá- 
rào os Inglezes cntendendo-se com os Ministros do 
Portugal e de Hespanha, e pela inlervençào da 
Rainha Calholica de dispor os membros do Con- 
selho de Gasiella a annuir á proposta. Que es- 
tando o negocio assim ajustado e conforme EIRei 
do PDrlugal desejava, passou-se á conclusuo do Tra-r 



— 19« — 



tndo, pan o qual oâ Porluguezes exagerando âs ulí- 
lidades e grandes proveitos que dy colónia recebião, 
e que naquclla occaslào codíào, pcdiào cm Iroca sele 
colónias situadfis na margem sepLeiítrional du Rio- 
(la-Prata e a província de Jejus no Reino de Gal- 
liza a qual confinava com PortugaK 

Passa-se depois na memoria que eslamos exlra- 
ctondo a Uar-se conia dns inronnaçíjes a que El- 
Rei Calholico ordenara se procedesse sobre íiquella 
cesÊào, na qual se nioslra haveriam sido os Jesuí- 
tas 09 aulores de nSo ter Portugal augmenlado o 
seu lerrilorio conlinenlal na Eiirupa, e adquirido 
na America meridional uma tão ^asta extensão do 
terra que encerrava para cima de 300 mil vas- 
sallos. 

Que querendo ElBei d*Hespanha informar-se se 
a troca e cessão que líie propuntiao era tào van- 
tajosa como lhe aSiançavâo, expedira ordem ao 
Governador de Montevideo para que elle desse o 
seu parecer sobre aquelle negocio, mas ao passo 
que esta ordem se expedia, escreviao-se ao Gover- 
nador cartas confidenciaes em que se lhe recom- 
mendava de dar as melhores informações com pro- 
messas de o promoverem e adiantarem, e prevale- 
cendo mais com clle o próprio interesse, do que o 
de seu Rei e Pátria, forâo as suas informações af- 
feiçoadas^ e segundo a vontade da Rainha Gatboli- 
ca, e daquellesque ra\oreciiio as pretenções de Por- 
tugal, em consequência do que fura o Marquez de 
Vai de Línos mandado em coínpanlua de dois en- 
geiíheiroi^ para determinarem os limites e executa- 



— 191 — 



rem a (roca Ja colónia do Sacramento por outras 
sele colónias; deo-se igualmente ordem ao Gover- 
nador de Buenos-Ãyres de suãtentar e apoiar as 
disposições que o Marquez de I-inoa houvesse de 
fazer, Tendo-se este transportado para Bueoos-Ay- 
rcs^ e havendo coinraunícado ao Governador o ob- 
jecto e iinpurlancia de sua missão encontrou a maior 
opposiçao da parle delle, que lhe disse que a Iroea 
que se intentava elTeítuar era um engnno, uma tra- 
ma contraria aos interesses d'EIHeí Caliiolico e á 
utilidade e honra da Monarchia. 

Que acresceo a isto unirem-se com o Governa- 
dor de BuGnos-Ayros os Jesuilas, os quaes infor- 
marão o seu Pro^incíal para lho abrir os olhos, 
por isso que nao Lendo conhecimento do estado das 
cousas no Paraguay ha\iu âcousetliado a Iroca^ sem 
ler ouvido os Padres graves da Província, e havia 
apoiado com a sua approvaçao e assentimento a 
informnção do Governador de Montevideo, o que 
só se Linlia vindo a descobrir com a chegada do 
Alarquez de Vai de tinos ao Paraguay. Que nao 
contentes com isto ajuntarão os Jesuilas da Provín- 
cia euj congrcgnçào, c por via de seu procurador 
gerat em Madrid representarão a ElRel Calhotico 
que a disposição da troca da colónia do Sacramento 
cora as 7 Missões e por cima disso com a provín- 
cia e território de Jejus na Galliza era prejudicial 
aos interesses de S. M. G. ; que cedendo S. M. as 
Missões em favor dos Portuguazes, nao sómenlc o^ 
melteria no cor[iç5o da America mejidiona!, mas 
faria oDc mesmo deixaçào de mais de Irezenlos mil 



vassallos; quG além díslo, a margem soplcnlrion.il 
do Rio sendo po\0!iila d^arvoredos de madeiras de 
eonslniccãn, seria faril aos ParUi";<íezes e aos In- 
glczcs seus amigos armarem esquadras, e fazerem 
íncursôfis pelo rio acima ale o Paraguay c deita- 
rem ale o Potosi, que ficava a dez legoas de diá- 
lancia, e fazerem-se senhores das minas d^ouro, in- 
tento que no projecto se reveluva. Que além des- 
tas desvantagens e grandes perdas que experimen- 
taria a Monarchía Hespanhola soíTreria oulra não 
menos noiavel, a de ser desmembrada d'uma pro- 
víncia lào considerável como era a de Jcjus oa Gal- 
liza em augmeulo do Reino de Portugal, que dila- 
taria os seus limites. Que a raencioaaíla Represen- 
laçào assígnada por todos os Conselheiros da Pro- 
víncia da Gpmpanhia fora mandada ao Padre Pro- 
curador geral em Madrid para elle a apresentar a 
EiRei d'Hespanha na occasiao em que se achasse 
em conselho. Que por esse mesmo tempo chegarão 
á America os commissarios Portuguczes com al- 
guns Engenheiros Inglezos para demarcarem os li- 
mites, conforme a Imoa ajustiida enlre as duas co- 
roas, com os quaes se Iraasporlára o Marquez de 
Vai de Linos aos confins do Brazil, mas que logo 
que se espalhara voz que a Iroca se ia cfftiiluar, 
e que as sete colónias ou missões deviiío passar 
para o poder dos Portuguczes, [odos os príncipaes 
delias se juntarão na do S. Nicoiáo que eslava 
quasi no ceniro, o pegárào em armas com o pro- 
pósito de se opporem á entrada dos Portuguezes, 
mandando ao mesmo tempo uma Representação ao 




— 19a — 

TioverTindor dcHucnos-Ajres na qual depois de ha* 
vert'iii apoiílado os serviços que liavião prestado a 
Elltei na ullima guerra que a tlespanha tivera com 
Inglalern, prolcslárrio allamenlc coníra a conven- 
ção que os ia eniregar nas rnSos e poder dos Por- 
luguezeí!, seus mais (Igadaes inimigos. 

Que aquella alrevida resolução, c o ajunUmenlo 
ttc mais de 15000 Paraguenscs na colónia deS, Ki- 
coláo motivarão a retirada dos coramissarios Por- 
tuguczes, dos Engenheiros e de quantos os acom- 
panliavão : que esle faclc fora o fundameuto do fa- 
bnUiso conla do líci Nicoláo I," que lanlo rumor 
causara então na Europa ; que nesse entrementes 
o Procurador dos Jesuilas do Paraguay apresen- 
tara a ElR(?i Catholico, estando ellc cm conselho, 
a Hepresenlaçào dos Padres. 

Qiio Eiltci se sobrcsallára quando delia eolen- 
deo os inconvenientes c perdas, que rcsullavào da 
Iroea ajustada com EIRel de Portugal, porêni que 
Carvajal e os outros membros do conselho que ha- 
\ino sido comprados pela Daínha d Hespanha para 
fortalecer o parlido d'Elltei seu irmão se houverào 
de modo que as razões dos Jpsuilas forào despre- 
zadas, e que Ellíei ordenara afinal fosse o Tratado 
concluído por isso qua ora avanlajoso e ulil para 
perpetuar a boa uniào e paz enire pa duas coroas 
d'Ilespanha e de Portugal. 

Foi o Tratado occullado ao Marquez de La En- 
senada, tal foi o segredo que a esle respeito se ob- 
servou, porém como clle era versado nos negócios 
da America, entendendo desde logo o quíío preju- 

\L ia 



— IDi — 



dicial scha parn a lles[jaiiha o ievnr a elfeilo a ajus* 
lada troca lingio ser do mesmo vgId que os demais 
membros tlu conselho, porírii foi-se ler depois com 
o secrelario do Embaixador de Nápoles, e disse-lhe 
pedisse eocârGCÍdamente da sua parle ao Embaíxa- 
dor Príncipe de Jacey houvesse de lhe mandar pas- 
saporlcs para um correio quo lenoionava expedir a 
Nápoles, Proinpto o correio enEregou-lho o Mar- 
quez um maço para EIRei de Nápoles, que encer- 
rava uma Beprosenlaçao que ellc díiigia a ElBeí 
de Nnpoles sobre oa graves prejuízos que a Monar- 
chiii Uespanhola e\perimenl.iria com a Iroca e ces- 
são de lào grande parle de lerrilorío, qual a que 
se sacrificava com a premedilaila Irooa ; que sendo 
clle liei de Nápoles o herdeiro presunipli^o delia 
lhe roga\a houvesse de alalliar líio grande damno 
daudo ordem ao seu Embaixador em Madrid de 
proleslar inimediala e soltuiocmente contra aquetie 
Tratado- 

Que cm consequência deste aviso e representa- 
ção mandara EIRei Carlos por seu Embaixador fa- 
zer os ditos protestos; cousa que causou nào pe- 
queno abalo a EIRei e Dainha Calholica assim como 
aos conselheiros os quaes forào de parecer que no 
conselho havia um traidor, que liavía divulgado o 
que nelle se passara. Que com ctTeito no cabo de 
muitas investigações veio-se a descobrir que havia 
sido o Marquez de Ensenada, o qual fura poslo 
em desgraça, de modo que veio o Tratado ajus- 
tado enlre as duas coroas a ficar suspenso, sem 
ter tido conclusão com grande sentimento dos In- 



— 19S — 



glezes, que virao diMilro em poucos dias desvane*] 
cidas todas as suas esperanças e illusões. 

Que entrelanlo linuvera em Inglalerra falia du' 
dinheiro para continuar a guerra que trazia com a 
França, o to^o o Parlamento de dar licença aos 
Judeos para se naturalizarem, mediante a quantia 
dti 11 Diilhilíes de libras esterlinas, cuju pagamento 
sérvio para fazer face ás despezas correntes dos 
Empregados ; porém oppondo-se o povo de Lon- 
dres á expedição das cartas de naluralisação, nào 
leve effeito o decreto e ficarão os Judeos privados 
das quantias que linhao dado: que enlrelauto a 
Parlamento para de algum modo indemnfsal-os, 
propozora a EIRci de Portugal o permiti ir-1 lies era 
seus Reinos o livre exercício de sua religião^ alle- 
gando por exemplo quu o Papa liavia perm.ittido 
houvessem syaagogas lanio em Koma como cm ou^ 
trás cidades dos Eslados Pontiíicaes; que se os to- 
lerasse colheria grandíssimos lucros por isso era 
Lisboa em ra?:ão de sua situação quasi o centro 
do commercio da Europa, Asja, Africa e America. 
Que EIRei de Portugal commnnicára pquella pro- 
posta ao seu confessor, o qual se oppozera com 
quantas forças tinha, dizendo que Portugal já es- 
tava assas inficionado de Judaísmo apesar das per- 
seguições que nelltí liavião sofTrido os Judeos, e al- 
legando outros muitos inconvenientes, e quanto a 
lerem-se os Judeos compromcUido a reedificaiera 
Lisboa, e a embellesal-a por diverso modo do que 
era, a nada quizera ceder o confessor. 

Que todavia quando se pozera em conselho ar|uellc 

13^ 



— 1!)6 — 

negocio» logo se dÍMilgnii por Porlugal por via doí 
Negociantes Inglezes a proposição por cUes foila, o 
que clíra muilo que murmurar á gcnlo do loJos as 
classes, e lançórào a culpa tle iudo aos Jesuítas. 

Que lamhem por esse lenipo proposera oGabinele 
Inglez ocasamenlodaPrinccza doBrazíl como Du- 
t|ue de Ciimíierland, cousa a que íambein se oppoze- 
ra, segundo se ilizia, o confessor d'ElRci deaccordo 
com osJesuilnscom muUaseforlesraz5es,oqueludo 
conlribuira para n ruína dos Padres da Companhia. 

0»e a opposiçào feila por parte d^EIUci de lles- 
panha ao cnsameolo da Príacciía do Drozil com o 
Duque de Cumberland írriláia por lai modo o ani"- 
mo d^EIRei conlra os Jesuílas que lodos ds« mios 
successos SC lhes allribuiào, e com pnrlicularidade 
o daquelle casamenlo ; pois devendo o Duque em- 
barcar-sc em unm esquadra que se estava apresr- 
landoem Inglalerra para cerla expedição, queposío 
que secrela, era dfístinada a Iransporlal-o a Lishoa 
para concluir o dito casamento, EIRbÍ dDespanha 
declarara á Inglaterra que ac o Duque se embar- 
casse, elle uniria as suas forças com as d£ Fran- 
ça, e invadiria por leira Portugal ; que os Ingle- 
zes com o receio de lci'em cnnira si nossos ioimí- 
gosede perderocommercioqucfaziaoconia Uespa- 
nhasedelermiDárào a abrir mao daquella cmpreza. 

Com esta peça vera um papel cscriplo em Francez 
sobre a ncce=isidade de formar Elltei D. José um re- 
gimeulo de guardas do corpo (316). 



(316) Arch. c Toh cit,, f , , , 



— Ift7~ 

Despacho do Duque de Choiseul para o Embai- An. 1 760 
xador Conde de Merle, em gue lhe pontiora guc era ^"" ' 
mais verosímil que a missuo do Embaixador Inglcz 
que se esperava em Lisboa tivesse por objecto nào 
um rompimento, mas uma perfeita roconciliaçào en- 
tre umíi e oulra coroa. 0"^ Mjlord Knowles po- 
deria fazer algumas queixas^ porCni que nào lia- 
via probabilidade ^ue usasse de (ermos vehemen- 
tcs ; que como quer que fosse de\'ia ciío Embaixa- 
dor í^uardar-se de fazer a menor insinuação sobre 
aquelle assuniplo ao Conde de OL'iras por isso que 
o desejo que pnr parle da França se mostrasse d*ella 
querer lirar proveito da indisposição das duas Còr-' 
les, faria que cilas mais depressa se congraçassem, 
e se unissem mais estreitamente; que assim cum- 
pria que elle Embaixador se limilasse a ser um ob- 
servador exacto de ludo quanto visse, respeito á 
Embaixada de Lord Knowles {317), 

Despacho do Duque de Choiseul para M. Ber-Aii,i7C0 
nier sobre uma Memoria que o Abbade Salema, ^^^''°^ 
Encarregado dos Negócios de Portugal, Ibe entre- 
gara sobre o confisco de um Nnvio de sua nação 
que havia sido condemnado cm França pelo Con- 
selho das lomadias, depois de ler respondido a vá- 
rios artigos delia, conclue acrescentando oseguinle, 
«Tenho para mim que devo prevcnil-o que nao le- 
mos razão para estar contentes com a Côrlc de Lis- 
boa, e que ella nao é do numero das Potencias, 



(3 17) Arcb. evo], cit., U 70. 



— 1ÍÍ8 — 

com as quaes o bem do serviço d EIRei pode exi- 
gir que lenhamos condescentlencias, adençõcs e fa- 
cilidades» (818), 

An. 1760 Gm despacho desle dia, rcspoiídemlo o Duque 

Fev." 5 j^ Ghoiseul a um oflicio do Conde de ílerle no 
qual aqueJIe Embaixador llic havia feito a seu modo 
uma viva pinLura do estado em quB nessa égoca se 
achava Portugal, lhe faz observar que quanto mais 
Gel era a sohredila pintura por elle feila, lanto mais 
allentamenlG cumpria, que elle attenlasse nas con- 
sequencias que d*um governo lao exUaordínario se 
podcriào originar ; porém que o seu modo de pro- 
ceder devia ser meramente passivo em ludo quanto 
fesse correlativo aos negócios interiores do Reino 
em que residia, e que era misler que se conten- 
tasse com ser um espectador illuslrado e ura his- 
toriador exacto (319), 

An, 1760 Officio do Embaixador Coode de Merie^ no qual 
Fev.^^s \ir\ÍQ a fallar no facto occorrido em Faro cniro 
uma polaca franceza e duns fragatas inglesas dá-o 
por cerlo, concluindo d'a!i que a parcialidade de 
Porlugal pelos Inglezes era mui grande, em prova 
do que nada mais queria que ver o cuidado com 
que os navios froncczes so araalaviío das cosias de 
Porlugal todo o tempo que a guerra durava, pre- 



(318) Areh, e voK cii,, f. 76. 

(319) Ibid., r. 81. 



— 199 — 

ferindo andarem a cruzar cora risco de se perde- 
rem em algum lemporal do que de enlrnrem em 
qual(|uer dos portos, e ^indo a fallar do Condo de 
Oeiras accresceiíla, qae aquelle Miniãlro nao s6 re- 
cebera friamenle a proposta que elle Embaixador 
lho fizera áDcrca dú labaco, mas que ale lhe nào 
pergiinlára se estava conlcule com o forDecimcnto 
que linha fe.ilo ; que no proceder do sobredito ho- 
mem diislado mo via que tivesse o menor conhe- 
cimento das conlemplações que se devem aos Mi- 
nisiros das Polencias estrangeiras, a ponto que se 
elle Embaixador níio tivesse presente na memoria 
o serviço dElltei seu Amo, já leria dado a saber 
^0 Ministro Porluguez a opinião que linha de seu 
talento, c de 'seu coração; que o único meio que 
ha\ia de achar graça ante o Conde de Oeiras era 
de clamar contra os Jesuilas, e que conressava era 
cousa que por ser de mauifesla injustiça guardava 
elle Embaixador sobre ella o mais profundo silen- 
cio. Que SC linba grandissimo ciúme da bondade 
com que a Rainha o tralava, e com maior displi- 
cência a intimidade que enlre elle e.o Núncio rei- 
nava ; que elle amava do coração aquelle Prelado 
pela doçura de seu caracter, e pelo encanto de sua 
conversação; que bem lhe encommendava elle Du- 
que de Choiseul de ler paciência, mas que quando 
íossc de volta a Pariz lhe coutaria um sem numero 
de Taclos que se nào pudiào pik cm papel (320). 



(SaO) Arch. evol, cit,, f. 83. 



— á«í) — 



An, 1760 OfGcio (]o Embaixador du França cm qiic dáparic 
Fov," 12 r^Q Miiiislro, íJeconio o Cônsul fraDcez iloPorlo aca- 
bava de parLicipar-llie, que (['iicJo uni corsário da 
tnesma nação aprescnlado-se dianlc? do porlo de 
Vianna do Minho com uma prosa Inglczu, os do- 
gociantes (laquella naçàoali estabelecidos, logo que 
o soubera», arnmrao em guíjrra qualro chalupas, 
c forào assumeUcl-o á vista de lodos os inorado- 
res, e depois de um renhido combale u obrigarão 
a largar a presa, com a qual cntráriío os In^ílezes 
no porto de Vianna. Que sem perder tempo fora 
ello Embaixador a casa do Conde de Oeií^as, c pas- 
sados os comprimentos do estilo, lhe pedira licença 
para Iralar de rcgocío^ vislo a ausência de D, Luiz 
da Cunha; que o Conde lhe responilt^ra que não 
o podia ou\ir ; que a isso elle Embaixador lhe re- 
plicara, pergunlando-lhe se havia alguma pessoa 
encarregada de ouvir aos Embaixadores na ausên- 
cia d'EIRoi e de um Secrelario d'Eslado; que o 
Condo lhe tornara, que nenhuma, que elle soubes- 
se ; que então elle Embaixador lhe perguntara se 
era licito a um, Embaixador o apresenlar-seem Sal- 
valcrra c so ali seria recebido com decência 5 que 
o Ceude Ibe rei^pondOra nau era aquifle eoslume, 
e que alem disso duvidava que elle Embaixador 
achasse ali alojamento : que elic Embaixador lhe 
represenlára, que na ioipossibilidadc em que em 
laes circunslancias se via de conferenciar com o 
Miníslro dos Negócios Estrangeiros, cnmoelles am- 
bos serviSo ao mesmo Amo, podia elle Conde de 
Oeiras ouvil-o, ao que lhe tornara o Conde que nào 



— 901 — 

lendo ellc a pasla dos Negócios Estrangeiros era 
tnísier ordem posilivn d^ElRiii para poder tratar com 
elle Embaixador; que S. M. nfio lh'ii tendo dado, 
seria desorganizar a orilem observada na admíniã- 
traçào do Reino, so o conlrario se fizesse, o por 
IniLlo que iiào o podia ou\Ír» mas que elle Embai- 
xador podia escrever a D. Luiz da Cunha, pois era 
o unieo caminho, para informar Elllei do negocio 
que interessava a sua respectiva Corle. Que sobre 
isto lhe ponderara outro sim elle Embaixador, que 
o que eiilre elles Conde de Oeiras e de Merle aca- 
bava de passar-so, discrepava muito dos protestos 
de amizade que elle Conde de Oeiras lhe linha amiu- 
dadas vezes feito da parle de S- M. Eidclisaima por 
EIRei ChrisUaiil&simo, e que elle temia fosse aquella 
negativa considerada cm Versalhes debaixo d'oulro 
ponlo de \isla, Que o Conde de Oeiras lhe repli- 
cara que tinha provas não equivocas da amizade 
d^ElItei da França por seu Amo, e que S. M. Fi- 
delíssima da sua parle tinha lambem mostrado o 
desejo que tinha de cultivar a boa inletligencia, 
mandando parlir cxpreasamcnle um navio de guerra 
para ir a Inglaterra buscar M. da Cunha e leval-o 
para França, O Embaixador ajunta que assentara 
nào insisUr mais sobre aquelle assumpto^ e limí- 
lou-se a enviar a D, Luiz da Cunha uma Memo- 
ria; vindo depois a failar do casamento da Prin- 
ceza do Brazi! dá por certo Icr-sc entabolado so- 
bre aqucllc assumpto alguma negociação, por isso 
quo o Embaixador d'Ilospínha tinha frequentes con- 
ferencias com o Conde do Oeirasj c qual, no seu 



— 202 — 

senlir, o negava, porque linha o projeclo de a ca- 
sar com o bastardo d'Elltei D. Joào V, que havia 
8 dias eslava om Salvaterra (3ãt). 

An. 1760 Despacho do Duque de Choiseul para o Goode 
de Merle em que lhe signilica que EIRei de França 
eslava corlo que Elltei de Portugal nào tardaria em 
mandar-lhe utn Embaixador ; por isso que era da 
decência de ambãs as Cáries que a de Porlugal nào 
desse á de Fmnça signal de negligencia em taes 
maferias; que assim elle Embaixador ficava aulo- 
rizado para insistir ao p^ do Minislro íe Portugal 
na prompta partida do EnibaÍAador que estava do- 
meado (322). 

Ao. 1760 Nota passada pelo Embaivodor Conde de Merle 
^*" a D. Luiz da Cunha sobre o facto occorrido em 
Vianna com o corsário Fraacez, e sobre a prosa 
Ingleza que Ifie foi tomada, na qual o sobredito 
Embaixador a reclania, e in?isle ao mesmo tempo 
com o Ministro por que dô ordem expressa a to- 
dos os Governadores das Praças marilimas de ob- 
servarem e razerem observar a roais estricla neu- 
tralidade, pois que S. M. Fidelissima estava reso- 
luto a guardal-a, e defenda aos Negociantes de se 
associarem, e Tazerem armar chalupas de guerra 



(321) Arch. doMinisLeriodos Negoc. Ealrang. de França» 
vai. XC[, f. 89. 

(322) Ibid.. f. 88. 



— 203 — 

para acossarem os navios Francezes nos próprios 
porlosde Porlugal (3i3). 

Oflício do Embaixador Conde de Merle para D- An. 1760 
Luiz (la Cunha renovando as queijas que havia ^^' 
feito sobre o que so ha^ia praticado e cslava-sc 
praLicando lodos os dias nos portos do Reino con- 
Ira a bandeira Frnnccza, e da parcialidade com que 
erào tratados os Inglezes. Insiste tanibein sobre o 
caso acontecido em Lagos, e pede-lhe com efGca- 
cia haja de dar as ordens mais terminantes para 
d^ali em JiatUe giiardar-se a neutralidade com mais 
exacçào e imparcialidade (32i). 

Em despncho â'eale dia tratando o Duque dcAn. 1760 
Choiseul do commercio cnire a França e Porlu- ^^^'"^ *^ 
gal, diz ao Conde de Merle, qne seria muito para 
se desejar que a França enlrasse na partilha dos 
henericios que dcllc provinhão em commum com 
as demais nações, e piírticularoiente com a Ingla- 
terra; e observa-lhe que devia ter visto nas ina- 
irucç(5cs que levara ao partir, quo aquelle objecto 
havia já sido assumpto d'uma longa negociação,. 
porôm que as circunistancias d^enlao lhe uào pa- 
reciào favoráveis, para renoval-a, e conclue que 
dado que na actualidade Portugal tão lhe miois- 
trasse matéria para uma especulação politica, po- 



(323) Arch. e \ol. cil-, f< 89. 

(324) ma., r. 91. 



— 201 — 

dia ellc Embaixador cmpregar-sc ulilmenle no ser- 
viço (l'EIItci íle França estudando íi fundamento a 
Còrle do Lisboa ; examinando e escruíondo os pro- 
jcclos que cUa poderia formar, o caraclcr dXllteJ 
e dos Ministros que liriliào mais ínllneiicia nos ne- 
gócios e adminiâlraçao, e continuando a conGíliar 
a estimação, amizade e conliaTiça das pessoas com 
quem linha de Iralar (3:^3), 

An. 1760 Oflicio do EmbaixaJor Conde de Merle ao Du- 
Fev.** 19 q^Jg j^ Choiseul sobro o facfo acontecido em Faro 
com a polaca Franceza, rcmellendo-lhe incluso o 
histórico dellc cm uma rcl.icão revestida da assi- 
gnalura dos olOcíacs delia, os quaes preleiídiuo ijue 
as auloridaíes Porluguczas se haviâo com grande 
parcialidade em favor dos Itiglezes, e dando ao ne- 
gocio maior vullo pede ao Duque liaja de lhe pres- 
crever os lermos em que elle devia represenlar so- 
'hre aqiielle assnmplo ao Governo Portnguoz para 
que os Ministros delle nào atlribuissem no mão hu- 
mor dello o que na dita representação lhe aconte- 
cesse dízer^ e acrescenta que as conferencias do 
Embaixador d^Hespanlia com o Conde de Oeiras 
ainda não linliào feito Bm ; diz mais que acobavào 
de chegar do I(Ío de Janeiro sele navios de guerra 
com curo para ElRei (326), 



[325] Arch. du Ministcrio dos Nt^goc, EsLrang. àc Fraura, 
vol, cil. f. 92. 

[326) ma., f, 93. 



— 205 — 

Despacho tio Dutiuc de Choiseul para o Em-An. J7r>0 

Ími\:ií]oi\ pnrlícipamlo-tlie que subia que na lisla^"'"^^ 
que o Píipa mandara para Eillei D. Jns** escolher 
o iioví) Núncio SQ achava M. I.erma, e <|ue cam 
elTeilUf no senlír dellc Choi^eul ninguém ora maia 
capaz de occupar oquelle lugiir á salisfaçâo da COrlo 
de Lisboa^ como aíiucllc Prelado, com quem ollo 
havia Ira^ado amizade esLaado em Roma de em- 
baixada ; qiio por lanio lhe pedia houvesse de di- 
zer ao Conde do Oeiras que lhe ficaria pessoalmcnle 
obrigado, se elle podesse fazer com que a escolha 
dTlltri viesse a recair sobre aqucllo Prelado elle 
Duque de Choiseul lhe Gearia agradecido, e qne 
ajuiilaria, que so da sua parlo podesse ser-llie tiLil 
em alguma cousa nas runeçoes de seu Mínislerto, 
achal-o-hia dispuslo a dar-tlic provas de seu zelo 
em ludo quanto podesse ser de seu goslo (327). 

Orticio do Embaixador Conde de Merlc para oAn. 1760 
Duíjue de Choiseul em que lhe parlieipa como linha ^^^^-^^^^ 
vislo pela segunda vez D. Anlonio Alvares da Cu- 
nha, e o lirha convidado a jantar, mas que ainda 
o não linha podido haver; que aqueilo modo de 
proceder lhe parecia cxlraordinario, assim quo nada 
podia dizer acerca do seu caracler e lalenlos; par- 
ticipa m^ís quo um clérigo Italiano, vindo havia 
pouco de Roma, fOra ao desembarcar pedir ao Nun- 



{327) Arcli, dn Ministério dos Kegoc. Eslrang, de Françn^ 
vol.XCf, f. 9£>, 



— 20G — 

cio liDspildliilade; que elle Embaixador matidand» 
por sen Secretarífí iiiquerir dos motivos que o li- 
nhào trazido a PorUigal, víera a saber de sua pró- 
pria boca, que era o autor do vários libellos que 
haviSo appnrecido contra os JesuUas, e que os es- 
crevera por ordem do Ministro Portuguez em Ro- 
ma, o qua! lhe não liavia pago conforme o traba- 
lho que tivera merecido, motivo por que vinha oí- 
ferecer o seu préstimo e serviços, ao Conde de Oei- 
ras 6 ao Cardeal Patriarclia, dos quaes havia sido 
oplímnmenle recebido. Dá lambem parle (h che- 
gada do Ministro de llullsinda >[. de Kismar, oc- 
corrida em '26 do mesmo mez, o qual nào recebe- 
ria, nem faria visitas em quanto EIRei cãti^csse nu- 
senle (328). 

An. 1760 Despacho de M. de Choiseul para o Conde de 
Março 2 jHepie, eni que lhe participa se havia queixado ao 
Embaixador de Portugal que residia em Pariz com 
a altivez que convinha a Elllei seu Amo, da inde- 
cencia com que o Conde de Oeiras bavia acolhido 
as representações dclle Em|}ai\ador, e llie decla- 
rara que houvesse de participiir á sua Corte, que 
se não se tivesse nclla a contemplação que se de- 
via ao caracter de que elle Embaixador eslava re- 
vestido, e principalmente se se não desse a EIRel de 
França uma cabal e publica reparação respeito ao 
facto acontecido em Vianna do Minho, S. M. Chris- 



[328} Arch. e vol. cJI., L !}(i. 



— âí)7 — 

llaiiíãsimd daria as |iL'o^idencía5 que lhe pareces- 
sem elDcazesparafazer-sea si ineámo juâliça(329). 

Ollicío do Embaixador Conde de Merlc, no qual An. 1760 
cotilinuando a informar ao Minislro de quanto oc-^^"-*^ * 
corria em Porlugal lhe parLicipa que no decurso 
de quinze dias linliâo os Paquetes Inglezes levado 
de Portugal um milhão e qulnbcnlos mil francos 
em espécies melallicas ; e que sahía um todos os 
quinze dias que levava de 300 até SOO mil libras, 
e que isto dunna lodo o anuo; que toda a riqueza 
que as Frotas trazião do Brazil, passavão succes- 
Bivamenle de Portugal para a Inglaterra, e a di- 
vida d'aquclle líeino para com o segundo ia sem- 
pre em augnienlo, que o commcrcio níío consistia 
UDÍcamente em frutas e pannos, mas n^um sem nu- 
mero d'arlígoâ de conlrabando, donde inferia que 
o Governo Francez deveria de quando em quando 
mandar ao Tejo um navio de guerra com algum 
delles por isso que a naçíio Portugueza era mullo 
inclinada ás modas de França; ajuntando que era 
cousa digna delle Duque de Choi^eul de concorrer 
ao enfraquecimento e diminuição do commcrcio In- 
glez em Porlirgal, e para o augmenlo do da Fran- 
ça ; lembra alem disso quào conveniente seria o 
mandarem-se duas fragalas cruzar nas costas de 
Portugal entre o Cabo Finislerra e Lisboa para ca- 



(329) Flassan.— Hisl. gén.dela DJplt>m,FraTiç.,lom.vi. 
pag. «79. 



— 208 — 

I 

pliirarem os navios Inglczcsc cora cspficiaMdaíle 03 
paqiielcs ao sair tio Tejo; que ijuiiesquer r|ne fos- 
sem os designi(»s dclle Dijqtie de Clioiseul a res- 
peito de Portugal, so ellts lendiao a «ilgumn tkggo- 
cidçâo, (lL'sacerl3rÍ3o por cerlOf por isso que os 
PortugHczcg tinbão por sysloma nOo ceder cousíi 
alguma a nuo ser arrebatada por força, e prose- 
guiiido ajunia, quo depois que alli era Unha vislo 
ir do Brazil mais de ÍIOO milhões, duas terças par- 
les em ouro, o restante cm fazendas de preço, e 
que SC podia avaliar em 10 milhões o que tinha 
entrado furtado aos direitos. Noticia a checada d'líl- 
Reí de Salvaterra, diz que o fôra compríinenlar e 
que não se podia rccel>or mais provas de bondade 
que as que elle Eml)ai\ador díiqiiellc Monarcha 
uaquellti occasiâo recebera (1^30), 

Au. íTGO Despacho do Ministro de França para o mesmo 
TkUreo % Embaixador, em que observa, que a maior parte 
das nações que se nào achavâo na guerra apenas 
guardavào uma neutralidade apparente.que naquelle 
easo estava Etilci de Portugal ujais do que todos os 
demais Soberanos, por se achar mais do que nc- 
nliurn, na dependência absulola dos ini[nigofi da 
França; que além disto o commercio esla\a tilo 
decahido e lao poucos erão os navios que enlào a 
França tinha, que não era para admirar, que aquol- 



(330) Arcli. do MinisL. doa Negócios Estrang. de Frant^n, 
voL XCI da Corrcsp. ác PotLugJil, f. !I0. 



--2(1!) — 

Tés, que ainda navegavão, buscassem de preferen- 
cia os Portos de Porlugal para nelles fazerem al-^ 
guni negocio; diz-lhe niíiis, que approvava gran- 
demente a resposla que c\\& Embaixador fizera ao 
Conde de Oeiras na famosR eutrevisla que com elle 
hvera, c ordcoa-lhe de conlinuar a dissimular a 
pouca aUençíio que o Conde de Oeiras moslrova 
ler pelo caracter de que elle Conde de Merle se 
achava revestido ; por isso que o dever de seu mi- 
nislerto exigia que assim o lizesse, dando ao mes- 
mo lempo lima conla fiel dos procedimentos do Mi- 
nistro Portuguez a seu respeito, sohre os quaes El- 
Rei llie daria as inslrucç^es e ordens que pareces^ 
sem ccnvcnienlcs á dignida^le de sua Corda o ao 
bem de seu serviço (331), 

Despacho do Duque de Choíseul para o Conde An. í760 
de Merle, accusando-lhe a recepção do seu oíDcio^^^-^*' 
de 12 do mcz antecedente, cm que lhe enfiara co- 
pia da Memoria (|iie havía mandado a D. Luiz da 
Cunho sobre o facto acontecido com o corsário de 
Vianna, assumpto ãobre o qual o Duque lhe diz, 
que uii}a violação tão manifesta da neutralidade se 
assemelharia muito com uma hostilidade directa, 
se a corte de Porlugal negasse á de França naquella 
occasiào a juslicn que lhe devia, e passando a tra- 
jar do Conde de Oeiras ajunia: que o modo poí* 



(331) Arcb. do Mínijlcriodos ^>goc. Eslrang. de França, 
vol. XCJ.r. 99. 

?L 14 



íjue aquelie Minislro havia respondido ás perguti- 
las que elle Enibaixnrior lhe lia\ia feilo pnm &nbpr 
com qutm podia Iralar d*afj»elle negocio^ lia\ia 
sido iniii Síícco e pouco ileccnle, o que EIRei de 
França lhe nSo parecia estar d^animo a soITrer que 
a dignidade da sua Corúa Tosse assim ião pouca 
respeilada ria pessoa de seu Embaixador; que a 
ellc Cniulc de Merle compelia ajuizar so as cousas 
linhào chegado a ponlo delle se retirar de Lisboa, 
aprovoUando-seda licença, que paraisao linha (332). 

Aq.1760 Officio do Emliaixador Coode de Merie para o 
Março 11 piifjjg (]ç Choiseul, dando-lhe conta da confcreo- 
cia (]ue tivera com D. Luiz da Cunha, e da Carla, 
que lho escrevera acerca do acontecido com o cor- 
sário Francês no porto de Vianna do Minho, á qual 
o sobredito D, Luiz da Cunha lhe respondeo : que 
logo que recel)èra aquella sua pnrlicipacuo passara 
a escrever ao Governador da Província, ordonan- 
do-the <le se informar miudamente do ciísoj e Je cas- 
tigar o Jui£ da Alfandega, se por ventura o achasse 
culpado, e juntamenie havia pela mesma occasiao 
renovado aos Governadores das demais províncias 
as ordens foroiaes que d'El[lei seu Amo linliào, de 
observar a mais estricla neutralidade para com as 
Polencías belligerantes ; que lambem havia orde- 
nado fosse a presa relomada posta em deposito ale 
nova ordem, ficando o IJovernador de Vranna ad- 



(332) Arch. e vol. cíl., f. lOí, 



— 2li — 



\erlido de não deixar dali em dianle sair do porlo 
chalupa olguma armada om guerra de qualquer na- 
ção que fosse para ir aíncar os navios que o bus- 
cassem, e conclueo Embaixador o que subrc aquelle 
parlicular se lhe offerecia a dizer, observando: que 
nada mais leria que desejar se tivesse a cerleza que 
ludo quanto D. Luiz da Cunha lhe promettia fosse 
lielmenle execulado, mas que mais que muilo se 
arreceava era da negligencia que reJaa^a em tudo 
quanto dizia respeito á publica adminislraçao. Que 
passara depois a perguntar a D. Luis da Cunha 
qual era a resposta que da parle do Governo lhe 
linha a dar íictsrca da tomada dos dous navios per- 
tencentes á esquadra de M. de la Clue, ao que lhe 
tornara aqucUe Ministro, que a Inglaterra tinha 
remetlido a conclusão daquelte negocio á chegada 
próxima do seu Embaixadír, o qual cora eíTeito 
havia entrado no porlo de Lisboa no dia 8, Assim 
que, prosegue o Embaixador, era-lhe forçoso coa-* 
lenlar-se com aquella resposta, pois que nào po- 
derá ter outra; e passando a outras cousas per- 
guntara a D. Luiz da Cunha se sabia qual tinha 
sido o motivo por que o Conde de Oeiras o nílo 
quizeríi nuvir, quando clle Emb.ii\adnr se apre- 
sentara em sua casa durante a ausência do sobre- 
dito D. Luiz da Cunha, e ao mesmo tempo lhe con- 
láru quanto lla^ia passado com o Conde de Oeiras, 
accrescenlando que desejava saber se era da íalcn- 
çSo de S. M. Fideliísima fosse elle Emijaixador de 
França Iralado com tão pouca contemplação, e sem 
ceremonia ; que como ͣto dissesse folgara muilo com 



— 212 — 

o enleio em que D, Luiz tia Cunha se achara posto, 
vcníío-íc ubrigaJo a confessar, cjuc lai nào era a in- 
Itflrão J'ElRei seu Amo, o a desapprovar alliimiiole 
o modo cem que se linha havido o seu collega, si- 
gn nica [iíJo-1 lis que d ali eoi diaale se elle Embai- 
xador livesse algum negocio grave que Iralar em 
sua ausência, houvesse de Ih^o fazer saber, que sem 
dt^mora viria a Lisboa para o ouvir; ao que elle 
Embaixador respondera como convinha a uma res- 
posta tào graciosa ; que pela meâiiia occasíao D. 
Luiz da Cunha lhe dissera devia seu irmào parlir 
para Piíriz no próximo mez de AbriL 

Passando a outros assumplos conlínua o Embai- 
xador a referir outras muilas particularidades, a 
saber: que se havia traduzido em Portuguez um 
artigo da Gazela Ecclesiastica de França, em que 
vinbào rccapilulados todos os crimes assacados aos 
Jesuiias desde o anno antecedente, e que aquclle lí- 
Iiello se espa1ha\'a por lodo o Reino por diligencia» 
do próprio Conde de Oeiras; que o Ministro d^Ilol- 
landa M. de Kresmar havia tido no dia 8 daquelle 
mez a sua primeira audiência d^EIRcí; que nesse 
mesmo dia chegara lambem Lord línowles. Em- 
baixador extraordinário de Inglaterra, a bordo de 
um navio de 6i pecas escollado por duas fragatas; 
que fora recebido com o ceremonial do estilo; que 
EIftei o mandara buscar em seus escaleres e co- 
ches, e que o Conde de Avinles lhe servira de in- 
Iroduclor; que ElRei D. José havia nomeado cinco 
Conselheiros de Eslado, que lomaríào assento com 
os Secretários d'Estado e erâo o Cardeal Patriar- 



— 213 — 

cha, irmão do Principiil Saldanha, D. João da It^m- 
posla, liíislarfio do Infante D. Francisco, o Arce- 
bispo d'li\ora, irmão do Conde de S. Vicente, o 
Marquez de Tancos e o Conde Barào ; que íiqnclla 
nomearSo havia sido íeila dois dias depois da che- 
gada do Embaixador exlraordinario de Ingialerra 
e áén muito que fallar á genie, e acrescenta, que 
quando considerava nos lalenlos das pessoas no- 
meadas, nào se podia persuadir tivesse a sobredita 
fiomeac3o a menor relação com n ^índa do Em- 
baixndor Inglcz, da vida das quacs promQtLia dar 
ao seu Governo em uma Memoria um fie! Iransuin- 
plo, diz mais que D. António Alvares da Cunba 
destinado para a Embaixada de França, acabava 
de ser nomeado Conde do mesmo nome (333). 

Despacho do Duque de Choiseul para o Conde An. 1760 
de Merle, em que llie dá parte do que havia pas-^^^^***^ 
sado com o Encarregado de Portugal em Pariz so- 
bre o aegocio do corsário Francez^ a quem se quei- 
xara allamcnle e como con^i[lha a Ellíei de França 
da indecencia com que o Conde de Oeiras havia 
recusado allender ás representa coes d'elle Embai- 
xador, e que lhe havia significado que mandasse á 
sua Curte, que se nella se nào tivesse a contem- 
plação que se devia ao caracter de que elle Conde 
de Merle se achava revestido, c que se nilo desse 
a EIRei de França uma publica e cabal sali&farào 



[333] Arch. evo), dl., !. 106- 



— 2U — 

sobre os dous novios lomados pelos Inglezes, S. M- 
Christianissíma ilaria as providencias mais eflica- 
zeg para que lhe fizessem justiça. A esle dt-spacho 
vem appcnsa a niinula íiulographa do Duque jiara 
se lavrar o despacho (331), 

Ar. i76ft Carla do Abbade Salema ISncarregado de Npgo- 
Março 12 ^j^g j^ PorUi^sl om Pariz para o Duque de Clioi- 

seul, pedíndo-lhe ordem para os cavallos de posta 
por ler de miindar a Lisboa um expressu com a 
Memoria das communicaçoes que o sobredilo Du- 
que lhe fizera sobre o fado occorrido no perlo de 
Vianna do Minho com um corsário Francez [335). 

An, 1760 R€spos!a do Duque de Choiseul ã caria anlpce- 
Março la^çjj^g do sobredito Encarregado de Negócios, si- 
gnificando-lhc o muilo que desejava, que elle disse 
á sua Cílrle uma conla exacla das observações que 
elle Duque lhe havia Teilo sobre o negocio do cor- 
sário. Com a mesma daía se encontra a Memoria 
acima mencionada do Duque de Choiseul exigindo 
o castigo do Governador de Vianna, e pedindo a 
restitujçiio da presa tomada ao corsário (336). 

An. 1760 Despacho do Duque de Choiseul para o Conde 
Março 18 ijg M^rfe çqj q^^ lhe significa que a parcialidade 



[334) Arch. e voL cit. f, 106. 

(335) lòid., f. J03. 
{336) /fiftf-, f. 10* e 105. 




— S15 — 

injjâla c noLuria do Go\crno Porluguez para com 
0^ ÍDÍmigoã dâ Frant^a. os vexames, que os navios 
úe SIU1 nação exporímcnlíivâQ noâ porlos ilu Porlu- 
gal, as \ia!encins que nelíes se praticarão contra 
& livre novegíjçao e coramercio dos súbditos d^El- 
Itui seu Amo, coni njaoirosto desprezo da observa- 
ção da ncLjLraiidade, a pouca consideraç3io que os 
MÍuÍsli'os TorUiguczcs moslravâo pela pessoa do 
Eiijbaixador de França, e os mais proceditnenlos 
iadecenles para com elle Conde de Merle pratica- 
dos jíí se nSo pndiao dissimular, nem tolerar; que 
Eiitei de França devia á sua própria dignidade, e 
ao caracter de que jiouvcra porhein revesUI-o, dar 
á Còrle de Lisljoa alguma mostra do seu resenli- 
mento; que todavia antes de llie enviar as ordens 
terniiaanles sobre aquelle assumpto, tinha delermi- 
nado esperar peio elTeilo que podiâo produzir a Me- 
moria que ello£mb:]ivador havia enviado a D. Luiz 
da Cunha e a que elle Duque tiavia enlregAdn a M. 
Saloma, e que este bavia mandado á sua Cárlo por 
um correio CALj-aordinario (337). 



OlEcio do Embaixador Conde de Merle no qual An. 1760 
continua a informar o Duque de ClioiscuI do e3-^^^-° *® 
tado dos negócios no Còrle de Lisboa, c diz-lhe, 
que depois da oomeaç^o dos cinco Consellieiros de 
Estado cstava-se vendo em Porlugal o que nunca 
se ha\ia vislo, nem mesmo nas mais dilliceis cir- 



(337) Arcb. do MinísLcrío dos Negoc. Estrang. de França, 
«ol XGJ, f. 105, 



— 216 — 



cutDslancias ; que Elltei lírha mandado arranjar 
no Paço uma snia, onde o Conselho d^Esliido se 
juDla^a lodos os dias ; que o dílo Conselho d"Es- 
lado era composlo dTllleí, dos Sccrelurios d'Es- 
lado e dos cinco novos Conselheiros com absoluta 
exclusão dos Príncipes ; que aquella novidade dava 
muito em que Tailar ; que nná a atlribuiao unica- 
mente á migâílo do Embaixador da Inglaterra, que 
trazia ordeai para pedir a suspensão das compa- 
nhias de commercio novamente creadas, e outras 
muitas cousas que diziSo respeito ao commercio ; 
que o Conde de Oeiras que fOra o autor e creador 
delias as queria defender para níío recaliir sobre 
elle o mal que dali proviesse, se por ventura a In- 
glaterra jnsistisge com ardor em suas pretençSes; 
que outros dizíào que outro nào era o fim d*aquelle 
conselho senão o do julgar defini ti va me nie os Je- 
suilas, e que por esto motivo tinha o Condo de 
Oeiras tido especial cuidado de nào numear para 
elle senão as pessoas que lhe erao devotas, e de 
que tinha a certeza que erão naquella matéria do 
seu parecer ; Pinalmenle que as pessoas que passa- 
vào por mais bem informadas, e de melhor juizo, 
dizião era por occasiào do casamento da Princeza 
do Crazil, o que o Conde de Oeiras, nao a que- 
rendo dar ao Infanle D. Pedro pelas razões que 
elle Embaixador em oulro oíTicio ha\ía apontado, 
linha poslo os olhos em D. António, bastardo d'El- 
Rei D, João V, porètn que arreceando-se do des- 
contentamento geral, que desta preferencia brota- 
ria, desejava podel-o f^zer recahír sobre n novô 



— 117 — 

Conselho d'EsladD: que se dizia eslava o dilo bas- 
tardo nomeado DuquG de Coimbra. 

Em soguimenlo passa o Embaixador a (ralar do 
caracler diís cinco novos Conselheiros d'Esttit]o, de 
^ue raz uma pintura a eeu sabor, e vindo a fallar 
do Embaixador de Inglalerra diz que alé enlào nào 
(iikha lido a sua primeira audiência, por estar doen- 
te, segundo se dizia, e que o Núncio lhe havia dílo 
em parlicular que o dílo Embaixador tencionava 
dispuiar-lhe a precedência porvir revesUdo do li- 
lulo do Embaixador extraordinário, mas quo cllc 
Conde de Merle eslava resoljlo o níío lhe cederj e 
a ir logo depois daquelle Prelado (338). 

OiBcío do Conde de Merle, participando que Lord An, í760 
Knowles havia tido audiência d'ElRei D. José em^^^*"^^ 
íl do mez acima ; que no comprimento que en- 
dereçara a EIRei fizera muitas excusas de quanto 
havia acontecido em Lagos, e grandíssimos pro- 
testos d^amizade ila parte d^ElHei i^eu Amo a EIRei 
de Portugal : que elle Conde de Merle linha assen- 
tado de nào ir por enião fallar a D. Luiz da Cu- 
nha a respeito da restituíçào dos navios da es- 
quadra de M. de la Clue para dar lodo o tempo 
aquelle Ministro (Ic a obter da Inglalerra, pois que 
lhe havia certificado que aquclla restituição leria 
lagar com a salisfação, que a EItiei seu Amo se 



(3!)81 Arch. do Miniãt. dos Negócios Es trang» de França, 
voL XCf da Corresp. de PortUf^aJ, f. 115. 



— 218 — 

devia: que além dislQ lodos os negócios eslavão 

parados por ler o Conde do Oeiras, a subir-se á 
carruagem, caído e esfolado ambas as pernas; cjue 
por csja occasido tinha clle EiubaiAndor ido fazer- 
lhe uma \isiLíi, e como lhe fiiHassc na recommen- 
daçào, que o Duque lhe h;nia feilo a respeilo de 
M. de Lerma, lhe tornara, que aquelle negocio era 
da competência de D. Lu5z da Cunha, mas que 
quando delle se tratasse clle se lembrnria da re- 
comrncndaçâo do Duque, e folgaria muilo do fazer 
alguma cousa que lhe fosse agradável (339). 

An. 1760 Despacho de M. de Choiseul para o EmbaÍAa- 
Março 25 ^^^ Conde de Mcrie eoi que lhe sipnifica que sen- 
do o modo, por que se haviâo os Ministros Portu- 
guezes para toin os Embaixndnrrs, diverso do que 
em gBral ora o adoplado peias demais Curtes, o £m- 
baísador de Portugal não podia esperar do ser tra- 
lado por outra medida em Pariz, do que elle Con- 
de de Merle havia sido em Lisboa ; o que não obs- 
tante ElHei de França antes de tomar uma reso- 
lução definitiva esperaria pela resposta, e effeilo da 
Memoria de que anteriormente se ha tralado (3&0). 

An. 1760 Despacho de M. de Choiseul para M, Bensir em 

AbrUl qyg ]|jç observa que na verdade sería de summo 

proveito para França o poder entrar de melude nos 



(339) Arch. p voh cil-, f. liS. 

(340) Ibid., r. 117- 



— 219 — 

benefícios que os Inglczes colliião comiiiurciando 
com os Porluguezes ; que por diversos \ezps ha- 
via o Governo tie S, M. Chrislianissiina procurado 
eíFtilual-o, sempre poièm sem succes&o; que Ioda- 
via logo que fosse reslabclecida a paz, elle se flào 
descuidnria d'uniobjeclo do tanta poaderaçào; que 
pela f|Tie dizia respeito a capturarem-se os Paque- 
tes Inglezes, era islo cm seu eiilentler impraticável, 
por gerem de ordiíiíirio navios mui \ekiros (341). 

Officio do Embaixador Conde de Mcrle no qual An. 1760 
respondendo a um despacho aulerior do Duque de ^^ 
Clioiseul lhe diz que se n^o aLlendúra a nada mais 
que ao seu próprio ioleresse desde logo se leria 
apro\eiladc> da faculdade que lhe havíào dado de 
se recolher á Corte, porém que estando presente 
na de Lishoa um Embaixador extraordinário de In- 
glaterra, enleudia niEo devia o de França ausen- 
tar-se. E passando a dar conta dos negócios do que 
eslavo encarregado accrescenia : que viia D. Luiz ^ 
da Cunha, o qual lhe havia proraettido de pôr na 
presença d"EIRei seu Amo as informaçOes que de 
Faro lhe linhào \indo sobro o caso da polaca Fran- 
ce?n, e lhe assegurara que S. M. Fidelíssima ha- 
via de dar á França a salisfaçao que fosse de jus- 
tiça ; que no concernente ao occorrido cm Vianna 
do Minho o mesmo D. Luiz da Cunha lhe dissera 



(341) Arcb. dos Negócios Estrang. de Françji, voL CXII, 
f. i. 



— 221} — 



que oã Inglezçs iinhào andado mal nesse fado por 
se terem aproveíUiilo tia ausência do Goveroador, 
para irem alacar o corsário, g que elle nào tarda- 
ria em communicar-lhe as resoliiçOes d'ElBeÍ seu 
Amo; que eslando os negócios em bom pé, pro- 
segue o Embaixador, se resolvera clle a fallar so- 
bre a \inda do Embaixador de Inglaterra, o que 
dera occasiào a D. Luiz da Cunha a repcLjr-lho em 
substancia o que o Çmbpixador lia\ia dito a ElUei 
na fatia que lhe eudi^reçára em sua primeira au- 
diência ; com o que elle Embaixador se \ira obri- 
gado a convir com D. Luiz da Cunha que polo C|ue 
dizia respeito ao primeiro ponto EIRei de Portu- 
gal se devia de dar por salisíeilo de S. Mageslade 
Britannica, porém que lhe lembrava e lhe havia 
elle D. Luiz da Cunha dito que a resLiluição dos 
navioâ capturados e, queimados devia ser cITeiluada 
ao mesmo passo que a salisfaçao exigida pelo in- 
sulto feilo aos fortes ; que aistolhelornára D. Luiz 
da Cunha, que nào o tinha perdido da lembrança, 
e que o Embaixador de Inglaterra no feclio de seu 
discurso havia expressamente declarado se reser- 
vava de tralar com os Ministros do S. M. Fidelís- 
sima 05 demais objectos para que Elllei seu Amo 
o linha ali mandado, e que elle D. Luiz da Cunha 
não tinha a satisfação porconcluida, porém somente 
por começada, pois que EIRci seu Amo insistia lam- 
bem na restituição dos navios; que clle necessita- 
va de algum lempo pnra Irntar d^aquplle negocio 
com o Embaixador do Inglaterra c lcnciona^a dar 
a elle Embaixador parle de quanlo com eJlo pasr 




— 22t — 

sasse : — Que elle Conde manifeslára a D. Luiz 
da Cunha a salisfaçao que lhe havia causado o que 
ihe diásera, e lhe cerlilicára da que clle teiia de 
o mandar acllc huque pelo primeiro correio ; Que 
peneirado D. Luiz da Cunha dâs pabvras gracio- 
sas que clíe Embaixador lhe havia dirigido lhe as- 
segurara que a sua CôrLe louge de ser Ingleza, se 
inclinava njais á de Frarra, e especialmenle pela 
alliança que o Soberano linha conlrahido com a do 
Hcspanha por seu casntncnio, e pela origem da 
Casa de Portugal que descendia da de Borgonha, 
e ullinianieato pela conformidade de religião. 

Sobre o que, diz o Embaixador, que nào sabia 
dar saída áquclla Gubila mudança do linguagem, 
lai qual nunca ou\Íra depois que t.'Sla\a cm Por- 
lugal, e a atlrihuia ás represenlarOes que elle Du- 
que de Chojseul havia Teíto ao Minislro de Portu- 
gal em Pariz sobre o que se passara enlre elle Condo 
de Merle e o Cunde de Oeiras. Passando a outros 
negócios refere que linha sido decidido que ElRei 
flâo daria ao Cardeal Núncio o barreie, por ser a 
ceremonia longa e faslidiosa, e que aquelle Prela- 
do se dispunha a recebel-o das mdos d'uni Bi^po, 
seu amigo; e que D. Luiz da Cunha d^ra um grande 
jantar ao Corpo Diplumalico, no qual Iodas as saú- 
des reaes forflo dirigidas a elle Embaixador cm pre- 
sença dos EmbaixaíJores d^Inglalerra e d^Hespanha, 
concluindo que livera Iodas as distincções o prefe- 
rencias que podia desejar (342). 



(3421 Arch. cil-, ^o!. XCII, f. 2. 



Ao. 1760 OfficiD ilo EmbaixaJor ConJe Jfi Merle, eai que 
Abril» participa an Duquís ilBChoiseul corao se encontrara 
com o Embaixador de Inglaterra Lord Knowles, a 
quem Iralára com aquclla corlozia que ora (]e\Jda 
ao caracter de que ae achava revcslido, e que não 
podia deixar de confessar que na pratica que com 
elle li\era íicára penhorado de sua franqueza e boas 
maneiras. Participa mais como no dia 3 d'aqijelle 
mezolnranleD.Manoel tinha lido um alaqiied'apo- 
ptexia, o qual começara pela piralysia dobrado es- 
querdo : que acudindo-se-lhe com sangrias, melho- 
ram, e cspcrava-so c&ti^esse dcniro do poucos dias 
restabelecido; que houvera um combale eulre al- 
gumas fragalas Inglezas e Francezas perlo do Cabo 
da Roca, no qual os Ingfezes nào licárSo com a 
^ melhoria porque duas das suas fragatas havlâo en- 

trado em Lisboa destroçadas (343). 

Au. 17G0 Responde nesle dia D. Luiz da Cunha á recla- 

Abrilio niaçSo que lhe ha^ia feito o Conde de Merle acerca 
da polaca Franceza fazendo-lJie saber, que as in- 
formações a que mandara proceder dlITenuo muito 
nos factos das que elle Embaixador rccebíra; que 
a polaca ha^ia recebido das autoridades Porlugue- 
zas toda a prolecçào que ellas lhe podiào dnr, e até 
varias concessões e favores que nao erào do eslilo, 
nem conformes com as leis do Reiao ; como sra o 



(343) Arch, e vol. c((,, r. 15, 



— 223 — 

penniLtir-lhe a saída, vintjo ella carregada de cm- 
Irnbaitdos {3íí). 

Ilcsposla do mesmo para o sobredilo Conde de 
Merle respeito ao occorrido em Vianna do Minho, 
signiCcando-lhe que o aUenlado commelLido conlra 
o corsário Francez pelos Inglczes níio se podia im- 
puLar ii culpa da parle do Governador d'aquelle 
porlo, porèai tjue apezar disto EIReí mandara cas^ 
tigar a Tenente do Forte por ler deixado sair dclle 
as lanchas, dado que não soubesse cstavão arma- 
das ; que o Go\ernador mandara immediatamenie 
embargar a presa para restituíl-a ao corsário : jus- 
liDca depois o Conde de Oeiras por se haver ne- 
gado a Inalar com elle Embaixador, dizendo: que 
as Ires Secretarias d'Estado enlo enlre si 15o dis- 
linclas e independentes umas das outras, segundo 
as leis do Ueiao, como o erào nas demais Curtes 
da Europa, por cujo molivo o Ministro d'uma d'el- 
ias não podia conhecer dos negócios das outras, 
sem ordem especial d^EIlteí, da qual se nào acha- 
va munido o Conde de Oeiras para conferir com 
elle EmlaÍAador, por isso que Elllei seu Amo não 
continuava a dar cslas ordens quando ia a Mafra, 
Queluz, ou Pancas, por serem desnecessárias, e por 
9esupporesla\aElReÍ presente em qualquer d^aquel- 
les Ires lugares por serem mui vizinhos, pois que 



An, 1760 

AbrJL to 



(344) Arch, do Ministério dojtNegoc.Estrang. de Francn, 
voL XCII. t Í7. 



deniro (]'uma hora podia chegar-lhc ás mãos qual- 
quer caria para sobre ell;i poder S. M. deliberar 
e resolver^ e dar as providencias necessárias, como 
teria dado no tempo a qiio ollc Ernbaixadur se re- 
feria, se elle tivesse avisado que lirha negocio da 
RuaCOrle, sobre o qual desejava conferenciar (3iS). 

An, 1760 Onicio do Eoibaixadof Conde de Mcrlc para o 
Abrji 15 Dyqug ,]q Choiseul remetlendo-lhc copia das res- 
postas nlraz mencionadas de D. Luiz da Cunha. 
AnalysR-as o Embaixador, e declara que ja nào 
era D. Luͣ da Cunha qijc nellas fatiava, mas sim 
n Conde de Oeiras ; que em lugar da satisfyçilo que 
esperava, allegavão-the a (ineza e graça especial de 
n3o se haver confiscado a polaca em contormidade 
com as leis do líeíao; que havia feito varias re- 
preseotações a D. Luiz da Cunha sobre o camiuho 
que ia levando aquella negociação, porém que lodo 
fura inútil por a julgar aquelle Minislro concluida. 
Que pelo que dizía respeito á de Vianna da^a ef- 
feclivamenle o Governo Português a satisfação pe- 
dida, e ajunta que Lord Knowles nào lhe parecia 
ter vindo encarregado de negócios de muito peso, 
pois que rara era a vez que via a D. Luiz da Cu^ 
nha ; que os Negocianies Inglezes liaviàu feilo ao 
dilo Embaixador uma representação sobre o estado 
de seu commercio cm Portugal, representação que 
aquelle Diplomata acolhera com frieza, declarau- 



(345) Arch. gvoÍ, dt., f. 21. 



-22S — 

do-llies que nenhuma ordem Iraziíi para entender 
naquella matéria, e sobre esle cnso faz o Conde de 
Merlc a seguinte reflexão ; que não sabia o que os 
Inglezes podiao pedir, sendo que levavao qjanlo 
havia no Reino: oiro, diamantes e mercadorias, 
com o que de\Íào d& estar conlenles. Depois passa 
a referir que se liavia ievynlado uma nova dilli- 
culdade enire a Côrle de Roma e a de Lisboa so- 
bre a nomeação do novo Arcebispo da Bahia frade 
que havia sido de fresco excommungado pelo Nún- 
cio (3Í6). 

Despacho do Duque do Choiscul para o Embai- An- 1760 
xador Conde de Merlc, no qual respondendo ao of- ""' 
llcio deslB de 8 do meií anlecedenle, lhe diz que a 
creação do novo Conselho de Eslado era sem du- 
vida para Iralar do casamento da Princeza do Bra- 
Eil 6 talvez também para discutir e examinar as 
propostas do Embaixador do Inglalerra Lord Know- 
les, sendo a escolha dos cinco conselheiros obra do 
Conde de Oeiras (347). 

Parlicipa ao Duque de Choiseul o embaixador An. i76o 
Conde de Mcrie no |»rcscale officío, que o fímbai-*"*"^^^ 
xador de Inglaterra Lord Knowles havia lido duas 
longas conferencias naquella semana com o Conde 



(346) Arch, do MínJstcrio dos Nr^oc- Eslranir. de FrançB, 
vol. XCII, (. 26. 
(317) Ihid., f. 9S. 

Vi. 15 



— Í26 — 

de Oeirírs, porêin que do tjuo iiellas se ha\ia tra- 
tado nadíi tinha Iransfiirado ; que o Conselho d'Es- 
tado tirklm tido uma nova scssào ; que a Hainhti 
vindo do BL'lein caturii ào cavallo, licando-llie uoi 
pé no estribo, porCm que felizmente o ca\allo se 
nào mechêra ; í|ue na queda desmentira um braço 
de que solTrôra grandemente em quanlo lho não 
concerlárao (3í8). 

An. 1760 Em deBpacho deste dia, respondendo o Duque 
" deChoisenI a um dos olíicios do Eaibaixador Conde 
de Merle, lhe diz que as desculpas que o Embai- 
:(ador de Inglaterra havia feito a EIftei D. José so- 
bre a violação do terrilorio de Lagos podiào ser 
repuíadas por aquelle Soberano como uma snlisfa- 
çâo publica do inãullo que linha sido feito á sua 
própria pessoa, e eslava eni spu arliitrio o dar-se 
por satisfeito com ellas ; portm que pelo que dizia 
respeilo á restituição dos navios Francezcs captu- 
rados ou o equivalente deites, essa devia ser a con- 
sequência do que os Inglezes costuniavao praticar 
em Lisboa, e que competia a EIRei o obtel-a, como 
convinha á França (349). 

An. 1760 Officio do Encarregado de Negócios Salema para 
Abril 24 ^ Duque de Choiseul em favor de J, J. Soares de 
Barros. Pensionario d^EIRei de Portugal no Collc- 



(348) Arch. e vol. cil. T 37- 
[3491 Ibid,. r. 34. 



227 

gio Real de Paris, onde havia muilos arinos eslu- 
dava ninlbcmBlíeas, o que era Hoalmente chamado 
para a C6rlc, e porque o Jiló Darros havia a1i cn- 
conlrado imias caixas com livnís e dinheiro per- 
lencenles aos Jesuitns, e por conseguinle á Coroa 
de Porlugal peJe-lhe haja de mandar-lhe sojào en- 
Iregues aquelles objectos (3Í!0). 

Carla do Minislro Secrelario d'Eslado Duque de An.iTfiO 
Choiseul para o Encarregodo de Ncgucios de Por-* " 
tugal Salenid, parLicipando-lhe que niandaria e^a- 
níinar os papeis que se achavão nos bíihiis, que elle 
reclamava por M. Beniier Minislro da Marinha, e 
que lhe daria parle do resultado do dilo exame (351), 

Oflício do Embaixador Conde de Merle, dando An. I7fl0 
parle das melhoras da Rainha, que se dizia leo- ■**^'*^ -^ 
cionava monlar a cavallo, logo que se achasse res- 
tabelecida {3o2). 

Despacho do Duque de Choiseul, no qual res-An. i760 
pondundo ao olVicio dcsle do primeiro do mci aci-^^"'^-^ 
ma lhe diz. que lendo-lhe Elliei seu Amo dado li- 
cença para se lornar para Versalhes, a leria já con- 
vertido em ordem expressa do rctirar-se, se elle 
houvera couliimado a expcrimenlar o tralamenlo 



(350] Arch. e ví»I. cit., f. 39. 
(331) lòid.. r 41, 
(352) Ibid., f, 53. 



15 



— 228 — 

pouco ilccoroso de quo se queixava da parto dos 

Miiiislros de PorEugal, porém que via com salUfa- 
çSo o que entre elle Embaixador e D, Luiz da Cu- 
nha se havia passado, donde conclue devia elle 
Conde de Merle Iralnr de ganhar a amizade dos }í\- 
niãlros Porluguezes, evitando cuid^ido^amcrlo de 
parecer querer ingerir-se em ludo quanio linha eor- 
relação com aadminislraçlo Interior do Reino [353). 



An. J760 

Maio G 



Em OHicio deste dia dã o Embaixador parle do 
que acontecera á porta das casas de sua residên- 
cia, e vem a ser: que lendo um cozinheiro Fran- 
cez de nação sido havia cousa de Ires annos ca- 
plurado pelos Ingtezes em um navio da Compa- 
nhia das índias, e durante todo esle tempo retido 
Q bordo d*uma náo por nome Windsor, achnndo- 
se esla náo no Tejo, Iralâra de recobrar a liber- 
dade e o posera em eITeito acolhendo-se á casa 
delle Embaixador e pondo-se debaixo da sua pro- 
tecção ; que passado lempo estando o sobredito co- 
zinheiro á poria da mesma casa praticando com os 
criados delie Embaixador, como fosse reconhecido 
por um official luglez que passava acompanhado de 
oito marinheiros, tratou este de apoderar-se delle, 
o que fui era breve executado pelos marinheiros In- 
glezes; o que vendo um dos criados delie Embai- 
xador cslranhou ao olilcial aquelle procedimento, 



(353) Arcli. da MinUteriudns líegocEslrang, de França, 



— !29 — 

íízendo que era aquelle homem francez e eslava 
debnJxo da protecção delle Embaixador, que não 
soíTreria o viessem prender á poria de seu próprio 
palácio ; que porém o ollicíal Inglez surdo ás re- 
presenlações mandara agarrar no criado, sendo elle 
o primeiro que lho poz a mâo na gola da farda ; 
que o criado neste aperlo bradara pelos companhei- 
ros, 05 quaes acudindo derão muilas pancadas nos 
m^iríoheiros Inglezcs e no ofGcial, e indo este a ti- 
ra: a espada, lançarão mão delia e lel-o-hiíio des- 
aroiado seiíàofòra a intervenção do Secretario dello 
Conde Embaixador, o qual fizera cessar a desor- 
dem, ficando no cobro da liberdade tanlo o cozi- 
nheiro con^o o criado: participa mais quo poucos 
dias anies unk marinheiro Francez que tinha um 
passaporte do Cônsul havia lambem sido agarrado 
e levado para bordo d'uma não Ingleza. — Que 
elle Embaixador determinara ir ter com D. Luiz da 
Cunha, a quem referira o acontecido; que aquellc 
Ministro lhe respondíra: sentia muilo qiíc tal ti- 
vesse acontecido, que se elle Embaixador tinha mo- 
Uvo para se arrecear se renovassem semclhaales 
actos, estava prumpto a propor a Elltei seu Amo 
de mandor postar um corpo de guai-da a pequena 
distancia das casas de sua residência, acrescen- 
tando que elle Embaixador bem devia sa(>er que 
os loglczcs erào dlITerenlos das demais nações; que 
quando um Governo se queixava de semelhatiles 
procedimentos ao Embaixador liigloz ou aos Mi- 
nistros, o que lhe respondião era que aquelle ne- 
gocio era da competência do Almiranle o que elles 



— 230 — 

nado lÍEihào que ver nos actos de seus subordina- 
dos ; que elle D. Luiz da Cunha benj enlendia que 
aquillo nào devia ser assim, mas que oa ^erilade 
assim o era, e que não via meio de o impedir. 

Que c]]o Emliaixador so mostrara pouco satis- 
Teilo cora a resposla, e lhe rogara o Iciasse á pre- 
sença d^Ellíei Dh José, aPim que aquelle Soberano 
iiào imputasse a elie Embaixador as desordens que 
por venlura viessem a succeder. Que D. Luiz da 
Cunha para prova úo que havia dito lhe cílára en- 
tre oulras muilas violências praticadas pelos Ingle- 
zes, as ijuaes haviao ficado todas sem casligo, que 
no Cm da pratica clle Embaixador lhe perguntara 
se a resLituiçào dos navios da esquadra de M. de 
Ia C!ue era por venlura o objecto das conferencias 
que o Conde de Oeiras ttnha tido com Lord Know- 
les, e qual fosse definitivamente o estado em que 
se achava aquelle negocio ; quo D. Luiz da Cunha 
depois de estar algum (empo calado lhe tornara ; 
devia ellc Embaixador eslarbom persuadido da boa 
vontade d"ElItei seu Amo, o qual já linha manifes- 
tado qunes fossem sobre aquelle assumpto as suas 
delerminaçiies ao Embaixador de Inglaterra, e que 
elle D, Luiz da Cunha lhe participaria a seu tempo 
o resultado (354), 

An, iTfiO Por despacho deste dia responde o Duque de 
Maio 13 (;;hoiscul ao conteúdo do OOicio do Embaixador 



[351) Arch. c vol. cil.. f. 68. 



— 231 — 

e lí do mez anlecedanle, 
licando-ihe a no[a\eI diíTerença que observava en- 
tre o relação dos factos occorridos em Faro e em 
Viannafeila pola Cflrlude Lisboa e a que a ei!c Du- 
que havia enviado pela Embaixada, e obsena que 
cie ordinário em laes couteslaçòGs ambos os conlon- 
deotes Iralào de fazer com que pareça cslar da sua 
parte o ilireilo e a jusliça fiinda que soja á cusla 
da verdade, ai^sim que parece estar salisfeilo com 
as respostas de D, Luiz da Cunha excepto porêra 
no que diz respeito á resliluiçiio dos navios da es- 
quadra de M. de la Cine em que insiste. Vindo a 
fallar no Conde de Oeiras, nccrescenla aquelle pru- 
dente Ministro: que era fácil fazer juizo do génio 
e caracter do soliredilo Conde pelo modo com que 
elle desempenhava as funcções do seu Ministério, 
mas que pois elle gozava do favor, e principal con- 
fiança dMíiRci Fidelíssimo, era mister que, evitando 
ludo quanto podcsse offender pessoalmente aquelle 
Ministro, elle Conde de McHe lhe manifestasse ex- 
teriormente as deferências e allencDos que eriio de- 
vidas ao lugar que occupava, sem todavia tratar 
com elle directamente os negócios que ínleressavâo 
o serviço d'EtRei de França, devendo para isso di- 

rigir-se unicamente a D. Luiz da Cunha [3d5). 

• 

Memoria apresentada pc!o Ahhade Salema acerca An. fTfiO 
das queixas que a Còrle de Lisboa faíia do Conde ^'^^^** *^ 



(356) Arch- e toL dl., f. 79. 



— 232 — 

de Merle Embaixador de França em Lisboa; consla 
de 17 ailigos e occupa Irezc paginas in-íoL e reza 
em subslancia o seginule: 

O»0 se ElRei Fidelíssimo nào estivera persua- 
dido da amizade d'ElRei ChrisLianissimo, so nào es- 
tivera certo das provas reileradas cnm que se ap- 
plicára em lodo o Icmpo a inteirar a S. M. Ghris- 
tiatiissima da sua recíproca e immutavel alTeicão, 
nào poderia acreditar que a missíio do Conde de 
Uerle, concebida por S. M. Chríslianissíma com 
intenções puras e religiosas, linhi por objecto es- 
pecial a conservação da perfeita harmonia que de 
todo o tempo existira entre uma e outra corda; 
nem desculpar os ditos passos e foJlos do sobredito 
Embaixador, olhando-os simplesmente como pes- 
soaes, e procedidos unicamente da sua ex-lrcma vi- 
vacidade, e da pouca CAperiencia que de necessi- 
dade devia ter, por ser aquella a primeira missão 
diplomática do f|uo fóra encarregfldn, e juntamente 
das más companhias que frequentava. 

1/ Que S. H. Fidelíssima leria lido justos mo- 
tivos para se persuadir com bons fundamentos, que 
o Conde de Merte em vez de ler por missão culti- 
var a uniào entre as duas Coroas liavia sido ex- 
pressamente encarregado de tralar por lodos os meios 
de fomentar a desunião e desordem e de romper a 
boa iuteilígencia que havia tanto tempo entre ellas 
subsistie. 

a.** Que o Embaixador começava logo no prin- 
cipio da sua missão por se ligar com as pessoas 
desaffeclas ao Governo e com aquellas que bavião 



— 233 — 



incorrido no desagrado dEIRei Fidelíssimo, e tra- 
gar aconi ellas relações as mais inlimas, para ceri' 
surar indignamente os actos do Governo com pu- 
blico escândalo de Ioda a Corlo. 

3,'' Que vendo o Conde de MeHe qiio o Car- 
deal Núncio era mal aceito na Corte, pelo modo 
com que so houvera depois do fallecimeDlo do Papa 
Benedito XÍV, e sendo de pratica, não viverem os 
representantes públicos, em círcumslancias mcaos 
delicadas, civil e politícamenlo com aqtielles que 
vêem nílo serem bem recebidos nas Cáries onde re- 
sidem para se nao lornarom a ellas suspeitos e des- 
aceitos, havia pelo conlrario feito gala da sua in- 
timidade com o dito Núncio naquellas notáveis e 
delicadas circumslaacias, a ponto de ler-se o Nún- 
cio obrigado a obter do Papa para o Irmão mais 
velho do dito Embaixador o Ululo de Duque da 
Rpauehamp, em consequência do que o Embaixa- 
dor continuara a fazer gala e oslealaç-ào de ser súb- 
dito c vassallo da Cúria Romana. 

i." Que as conferencias que o dilo Embaixador 
havia lido com os Secretários d^EsIado de S. M. 
Fidelíssima Imviào sido inficionadas de certo sen- 
timenlo d*anitnadversào, que necessariamente de- 
vifio ínspirar-lhe as perniciosas frequenlaçôefi com 
o Cardeal e outras pessoas, e conformes com as 
informações que enviava á sua Corte e com as no- 
las que elle passava á de Lisboa, de que ali so jun<^ 
la^a copia ; que assim todas as ^ezes que o sobre- 
dito Embaixador acertava de ver-se com os Minis- 
tros d'EJBei Fidelissímo, nunca deixava do por- 



— 23Í — 



lar-se com arrogância, desabrimenlo, ronípcndo 
em queixas e ameoçns. como quem de industria 
desejava indispor c irrílar os dilos Minislros com 
o presiipposlo de os exasperor. oTio podendo esles 
por mais moderaçílo e boa fé quo tivessem dissi- 
mular lào inaudito e nunca vislo melhodo de ne- 
gociar a*uma Qrfe estrangeira ainda mesmo na 
Ijypolhesc de se nao estar em bca inlelligcncia. 

íí."^ Què as mencionadas indíiccncias e excessos 
praticados de um modo IHo indigno forao subindo 
de ponto, fllé se csíendcrem a pencliorcm no pró- 
prio palácio d^ElRei Fidelis^imo, lendo o Coiide de 
Merle ousado cnlrar, apezar das prohibições e da 
eliquela sempre observada, ale nos aposentos mais 
secrelos da Rainha Fidelíssima em cooipsnhia do 
Cardeal Núncio, allcnlado nunca praticado por ne- 
nhum ouiro Embaixador, e havendo-sG em oulra 
occasiao com indcccncia o falta de decoro, man- 
dando um de seus criados nolilícar á dila Bainha 
Fidelissima a morlc da Infctota Duqiieza de Parma, 
e comnieltído outras indecencias da mesma natu- 
reza o importância. 

6." 0"e seguindo o mesmo rumo nas informa- 
ções que dava ao Minisiro Secretario dTstado de 
S. M. Christianíssima do estado da Corte de Por- 
tugal, não rra para admirar fizesse o Duque de Choi- 
seu! ao Minisiro d'EIRei Fidelissimo em Pariz, na 
conferencia de II de Março d'aquelle anno a falia 
que lhe endereçou, por ser moralmente certo que 
as informações ao Duque enviadas pelo Embaixa- 
dor haviào de ser uma pintura liei da malevolan- 



~n:\ — 



cia e animosidade de que elle e5ta\a possuído em 
raziio das sociedades que frequenlav.i, 

7."* Que se o Embai\ador não livcra preoccu- 
pado o enlendimenlo, leria obser\ado, desde o co- 
meço da sua missão^ que desde que a guerra se 
rompôra um grande numero de navios com ricas 
cargas já da Coroa de França, já da Companhia 
das índias da mesma naçàa, haviao sido recebidos 
nos portos de Porlugal e do Algarve e em geral 
nos de lodos os dorainios Porluguezes nas Ires par- 
les do mundo; que pelo mesmo leor em lodos os 
dilos portos os vassallos de S, AL Fidelissima ha- 
viao praticado para com os do S. M. Chhstianis- 
sima, os deveres da bospilalidade, coororme o per- 
DicUía a neutralidade estricla, que S. M, Fidelis- 
sima se linba proposto observar para com as [do- 
lências belligcranles, cumo cifeclivamenle havia re- 
iigiosamenle praticado, 

8." Que era cerlo, que depois da vinda do so- 
bredito Embaixador os mesmos factos se haviào re- 
pelido, c o Governo Portuguez havia observado o 
mesmo niodo de proceder, sem a menor allcraçào ; 
que o contrario faria suppor que os Oilos factos 
haviào sido desfigurados acinlemcnie pelo Embai- 
xador, ou fabricados em conciliábulos malcdícos 
para o fim do deprimir a alta repulação de fideli- 
dade de S. M. Fídelissima. 

9,** Que o primeiro dos sobrcdilos faolos fora 
a destruição dos navios da esquadra de M. de la 
Clue ; que era cerlo que taes desastres provinhao 
dos accidcnies í|ue a guerra trazia comsigo nas di- 



— 53C — 



versas cosias morilimas de lodos os Eslados d^Eu- 
ropai quando a parle mnis fraca linha de ceder á 
mais forle ; porfim que lambem era certo e aulhen- 
lícado pelas ordens dadas por S. M, Fidelissima e 
pelas devassas a que por diversas vezes mandara 
proct?der no Algarve, que naquellc reino se havíão 
feito lodos os esforços possiveís para atalhar a tem- 
po os excessos cominetlidos pelos navios Ingleses 
de cujo fogo não hn\iao escapado os fortes situa- 
dos naquetlas paragens. Que depois de consurama- 
do o desasiro S. M. Fjdclissíma havia e^^pcdido as 
ordens mais terminantes, para que no dilo íleiao 
do Algarve se ii>esse para com os oriciaes Fran- 
cezes que ha^iao naufragado Ioda a contemplação, 
t para que lhes fornecessem as quantias de que 
houvessem mister dos cofres da sua fazenda, sem 
a míaor restricção, e successivameale para que se 
negociasse na Curto de Londres sobre a restituição 
dos navios capturados c incendiados, e que S. M. 
Fidelíssima linha lodos os molivos para esperar da 
amizade de S. M, Brilanica uma satisfação confor- 
me com as regras da equidade, o que a seu leinpo 
se havia participado ao Conde Embaixador em um 
oHicio que lhe havia dirigido D. Luiz da Cunha aos 
23 de Outubro do anno antecedente. Que naquel- 
las mesmas occorreucias fura aimunciada a S. M. 
Fidelissima aproxima vinda a Lisboa do Embai- 
xador exlraordinario Lord línowles para o obje- 
cto da reparação dos excessos de que se Iralava. 
Que tendo o dito Embaixador chegado a Lisboa 
tivera a sua primeira audiência, mas que vendo 



— 137 — 



S. M. Fldelísãíma que no longo discurso que o dito 
Embaixador lhe fizera em presença de Ioda a Côrle 
para nsseeffeilo convocada, e\pressaníln-se nos ler- 
mos mais positivos e obsequiosos para com a sua 
pessoa^ nao dissera toda\Ía unia só palavra a res- 
peito da resliluiçào dos navios Fruncezes, lizera ex- 
pedir, segunda \ez por oiticio de D. Luiz da Cu- 
nba ao seu Minislro em Londres, as ordens mais 
lerminanles para qtie se insislissc nesla reclama- 
ção, sohre a qual aqueíla Côrle nao havia ale en- 
tão decidido cousa alguma, de sorto que não era 
possível quo a CiJrle do Lisboa se livcsso havido 
naqueile negocio com mais brevidade e diligencia, 
nem podia dar á Côrle de França outra resposta 
que o antecedente. 

10,** Que no concernente ao seguTido facto oc- 
oorrido no porlo ile Vianna, e representado á Côrlc 
de Lisboa pelo Conde tle Merlc em olHcio de 7 de 
Fe\ercíro pnuimo passado, era mister ponderar 
que a temeridade inaudita das qualro barcas In- 
glezas tào somente próprias para a pesca, que lar- 
garão daquelle porto sem outra equipagem que a 
de 23 pessoas com o único presupposto de se di- 
vertirem nas pescarias, logo que fàra conhecido na 
volta delias o facto e que se soubera trazião uma 
presa, e uma caria de corso dada por um dos na- 
vios Inglezcs que ali estavào surlos, se ordenara 
fossem immediatamenie as dilns barcas capturadas, 
e se embargasse a presa para ser restituída ao cor- 
sário Francez a quem a tinhào lomado, e que de- 
pois dislo S. M. Fidelíssima mandara expedir or- 



t 



— 238 — 



tiem pan que fosse pieso o olBcíãl commanjanie 

do forte por se ter porlado com negligenci;» no exa- 
me quo das barcos devia ter feito, antes delias saí- 
rem, para verificar, conforme a lei do lleino, se 
levavào ou não contrat^ando : o que ludofóra com- 
muDicado ao dito Conde Embaixador nas respostas 
que lhe forao feitas em 10 d'Agoslo : que por con- 
seguinle duo haviu razão para que o Embaixador 
se queixasse com lanla acrimonia do Governador 
de Vianna, nem d'oulro qualquer súbdito da so- 
bredita Fideliâsima Mageslade. 

11.* Que o terceiro facto que dizia respeito á 
polaca Tranceza, e succedido na cosia do Algarve, 
exposlo igualmente pelo Embaixador aos Ministros 
d'ElRei Fidelissirao em ofticio de 14 de Fevereiro, 
no qual elle se eipi'tíssára incíyilmente e com uma 
eslranhavel acrimonia, para se conhecer a verdade 
cumpria releolir que o Conde de Mcrie se expres- 
sara sobre aquelle facLo conlradictoriamente com 
o que se achava escripto na relaçíSo feita pelo Ca- 
pitão Olive, relação que havia servido de base ao 
sobredito ollicio de li de Fevereiro. 

12.** Que a polaca de que se tratava sendo um 
mero navio mercante nenhum direito linha ou pri- 
vilegio que o dispensasse de submetler-se ás leis 
do paiz, as quacs crào as mesmas para lodos os 
navios estrangeiros de qualquer naçào que fossem, 

13." Que não era menos eslranhavel que o so- 
bredilo Capilão Olive, commandando um pequeno 
navio mercante se tivesse abalançado a proleslar 
em lermos nunca usados, e de sua própria auto- 



— 239 — 



ríilaOe conlra a juríãdicçào ilo Juiz ija AKandega 
dentro dos domínios d']ílRei Fidelíssimo, depois de 
havLT transgredido ss leis do Reino. 

lí° QuG no toncerneiile ao quarlo fado que 
era a resposla que o Conde de Oeiras fizera ao Em- 
Laixador, quando o dilo lhe pcrf^uolára se podia 
Iratar com elle os negócios da sua Côrle na au^ 
sencia de D. Luiz da Cunha, fura aquclla resposla 
sincera e do indispensável necessidade. 

13/ Q\iQ o sobredito Conde de Oeiras nao se 
achava revestido d^oulro caracler que o de Minis- 
Iro do Inierior, e que havendo lei que regulava a 
conipelencia rclaliva doa negócios, nào podia o dito 
Conde aUcral-a, sem ordem expressa d^EILIei seu 
Amo, e por esse molivo elle Conde se negara a ou- 
vir o Embaixador : que além disso o Conde Em- 
baixador podia muito bem escrever a D. Luiz da 
Cunha Secrelario d'Eslado compelenie o qual se 
achava em Pancas a pequena disUncía de Lisboa, 
e que nào se linha ale então visto um Embaixa- 
dor, cm qualquer Côrle da Euro[>a que fosse, lo- 
mar a liberdade de dirígir-se ao Ministro d'Esiado, 
que neahuma autoridade (em na reparlíçào que per- 
lence a um de seus collegas e querer obrigal-o por 
força e cora ameaças e expressões acerbas a enten- 
der na expedição de negócios que não erão ria sua 
alçada ; que todavia por aquelJe teor se linha ha- 
vido o Conde de Merlo para com o de Oeiras, amea- 
çando-o com arrogaucia de se queixar ao seu Go- 
verno, se por ventura o dito Conde de Oeiras nào 
consentisse em conferenciar com elle; o que eSQ- 



— 2iO — 



clivamenle execulára. omiUíDdo lodaiia as cír- 
cunslanciaã essencíaes daquetle exlravag^iUe pro- 
cedimento. 

16." Que quanlo ao facto de haver o Conde do 
Meris pedido a Ellteí Cliri&lianissimo licença para 
se relirar da Còrle de Lisboa, era aquelle passo a 
necessária consequência do que acima licava ex- 
pendido, e o que aconIccOra ao Embaixador acon- 
tecia Lodos os dias aos estrangeiros de qualquer 
condição e caracLer que fossem, quando estando 
em paiz estranho, se avisavao de censurar sem mo- 
deração, e sem comcdiaiealo os usos e coslumes 
dos habitantes do paizem que residiam, e com muila 
mais razílo, se declaravão sem rebuço contra o go- 
verno dos Soberanos e coalra as pessoas de seus 
ministros; qae era \erdade que naquellas Decor- 
rências o sobredito Embaixador havia tido o des- 
gosto de \er as casas da sua residência menos fre- 
quentadas do que linhíio sido ao principio : que da 
notoriedade dos factos mencioDados se nao devia 
com Indo deduzir que os fidalgos que havião dei- 
xado de frequentar as casas do Embaixador erào 
pouco affectos a ElBei de França e aos Fraiicezes, 
mas pelo contrario que aquelles vassallos de S- M. 
Fidelíssima que Unhão tido a probidade de nàn que- 
rer ou\Ír dizer raal do seu Governo e dos costu- 
mes da sua pátria se linhào havido com prudência, 
conservando a sua própria honra sem todavia of- 
fender o caracter de que se achava revestido o Em- 
baixador, caracter que elles respeitavão. 

17.** Que de tudo o que ficava exposto se de- 



— 211 — 

\ia concluir, que haviito GS[>ÍrÍlog seiliciosos que 
Iralavilo com premedilatlo desígnio do separar e 
desunir uma e oulra Còrlfl, encarecendo e exage- 
rando fados de sua natureza instgníflcanlos, que 
nunca influirão em oulras Côrles, para os repre- 
scnlar na de Pnriz com oulras cores a ponlo de in- 
iluírem no .inimo do Alinislro Secrelario {1'Eslado 
Duque de Choiscul, como era manifesto pelos ler- 
mos, com que elle se explicara com o Ministro de 
Porlusiil na conferencia do U de Março próximo 
preterilo; e que pelo que dizia respeilo á nculra- 
Ihladc ella ha\ia sido em lodo o lempo religiosa- 
mente observada, AllRnlo o que S. M. Fidelíssima 
esperava da justiça e equidade de S. M, Chrislia- 
nisãima houvesse de lhe dar a salisfaciío que jul- 
gasse mais adequada, fazendo cessar aquelle sedi- 
cioso espirito, por isso que a boae reciproca ami- 
zade que sempre reinara entre as duas Monarctiias 
devia de Hcar superior a Ião fuleis e falsas impres- 
sões. 

A Êsla Memoria eslao appensos vários documen- 
tos que se referem ao que nalle dsixamos substan- 
ciado (3S6). 

Officio do Embaixador Conde tie Merle parlici-An.1760 
pando que o Embaixador d'[nglaterra linha quasi^^ío^^ 
lodos os dias conferencias com o Coode de Oeiras, 



(356) Arch.doMiiii9tenodosNegoc.E9lrang.de França, 



— !i2 — 

sobre as quaes el!e fazia diversos juízos, c concluía 
dizendo, qae o sobredito Embaixador se esmerava 
em agradar ao Conde de Oeiras, fazendo-lhe fl Còrle 
como SC deite esperasse alguma merca (3d7). 

Ad. 1T60 Resposta do Duque de Clioiseul á Memoria apre^ 
*'*'°^** sentada pelo Abbade Salema contra o Conde de 
Merle. 

Principia dizendo Tiue S. M. Chrislianissima via 
com baslanle salísínçao as seguranças que recebia 
dos senlimenlos de S. M, Fidelissiina e do desej»> 
que cila nutria do manlcr a antiga e pcrfeila íd- 
leiligencra que existia entre as duas coroas, e que 
as disposições de S. M. Ctiristianlssima er^o idên- 
ticas. 

Que as inslrucções e ordens que S. M, Chris- 
líanissinia tinham andado passar ao seu Embaixa- 
dor junto á Côrío de Lisboa haviao sido dicladas 
naquetle sentido, e as relações do Conde de Merle 
nao offereciào cousa por onde se podesse duvidar 
da sua exacta fídelídade em conformar-se com as 
intenções da sobredita Ctirístianíssima Magcãlade, 
a quem elle havia dado conla dos testemunhos de 
bondade que experimentara da parle de S. M. Fi- 
delissima. 

Que o dito Embaixador nao se tíaha esquecido 
ISo pouco de communicar ft sua Curte que EIRei 
Fidelissimo havia, imniedialamente depois do de- 



(357} Arch. e vdI. cJt., f. 90. 



— 233 — 

sastre aconlecitlo a M. de la Clue, dado aa ordens 
mm positivas para o bom tratamento dos oEficiaes 
Frnncezes, c quo Ellleí Ghrislianissiino fizera signi- 
ficar a S. M. Portugueza o seu reconhecimento c 
sensibilidade por um modo de proceder l.1o con- 
forme com a amizade, esperando igualmente da so- 
bredita Mageslade proseguiria incessanlemente na 
restiluiçâo dos navios de seus \assallos qiio em 
desprezo do direito das Nações, da soberania de 
S. M. Fidetíssíma e da neutralidade ha\iào sido 
apresados pela Marinha Ingleza, Que no concer- 
neiile ao negocio da polaca, EIRei de França e seu 
Governo» attento ao que M, de Salema ha\ia ex- 
posto em sua Memoria, o dava por concluído. 

Que lendo S. M. Chrislianissima lido allenla- 
menle os officios escriptos pelo Conde de Merle a 
D- Luiz da Cunha nolles nào via cousa que na 
substancia ou nn forma merecesse a qualificação 
que so lhes dava na Memoria. 

Que S, M. nSo entrava era exame algum no que 
dizia respeito ás demais imputações, as quaes sendo 
absoltilamente destituídas de provas Diio consliluiào 
uma falia real do sobredito Embaixador a quem 
era devido o testemunho de ler em lodos os seus 
ollicios fallado com reverencia d^EIRei Fidelíssimo 
e de toda a sua família o tratado com o maior res- 
peito a seus Ministros e as pessoas de sua Cdrle. 
Que o Conde de Merle seria digao de compaixão 
se contra a sua intençiío, tivesse tido a desgraça 
de cair no desagrado d'EIRei Fidelíssimo, porém 
que não seria de justiça de consíderal-o por re- 

16* 



— 2i4 — 

prehensívcl pí)r slmpltís dílos e conjecturas equi- 
vocas. 

Qlc se a sua pessoa era liesagraJarel a S. M, 
Fidelissiraa esle único motho seria sulficienle para 
que sem mais exame S. >I- Cfaristianisima o man- 
dasse recolher, poslo que elle o iiào tivesse pedi- 
do, qufi no enlrelanto ElUei Christianissimn espe- 
raria que S- >L Fidelíssima lhe fizesse sflber com 
toda a precisfio qual fosse a sua voatado, e S. M. 
Chríslianissima lhe daria sem deoiora, plena e in' 
leira salisraçõío (358). 

An. 1760 OíBcio do Embaixador dando parle diurna con- 
Maio 20 ferenoia que íivera com D. Luiz da Cunha, a quem 
pergunlnra novas do negocio da reslILuÈeâo dos na- 
vios ; lendo sido a resposla de D. Luiz da Cunha 
qne eslava agnardnndo a chegjtda do paquclo para 
saber quae^ fusscui as inslruccues paâ:^adas pela 
Inglaterra ao seu Embaixador a esle respeito. Par- 
ticipa mais que tinha chegado do Maranhão um na- 
vio com a noticia de haverem muitos dos habitan- 
tes eraigrado para as possessões Hespanholas e para 
a colónia Franceza da Guiana (3S9). 

An. 1760 OfGcio do Embaixador Conde de Merle, dando 
^'"**-' conta do estado em que se achava Portugal, onde. 



(358) Arcb. do Miníst. dos Negócios E5(^a]»t,^ de França, 
rol. XC1T da Corrfisp, de Porlue-tl, T» 93- 

(359) íbíd.. L 104. 



— 2ííi — 

dizia, eslava ludo na mmr inacção ; que o Con- 
í^elho (l'Eslado nào se tiavia mais loniado a jun- 
lar ; que tlnhíio chegado de Itfilia vários líhellos in- 
juriosos conlra os Jesuitas, os ([uacs sG eslavão tras- 
ladando cm Porluguez para se espalharem por [oda 
a píirlti, 6 passando a outras matérias parlicipa o 
Embaixador que o de Hcspanha havia communi- 
cado a D. Luiz da Cunha que EIBcí seu Amo lhe 
tinha nomeado successor, o qual era D. José Tor- 
rero, que havia servido largos annos na cavalle- 
ria e fòra aio do Infante D, Luiz ; que lambem se 
dizia era um dos objectos da sua Embaixada apres- 
sar o casamenlo da Princeza do Brazil com o In- 
fante D. Pedro (3fiO). 

Em despacho desle dia ordenando o Duque de An. 1760 
ClioiscuI ao limbaixador Conde de Merle de apro-"'*^"^^'* 
\eilar Iodas as uccasiões de Tallar a D. Luiz da 
Cunha ao negocio dos navios da esquadra de M. 
do Ia Cluo, lhe recommcnda mui parlicularmcnle 
de locar ao Mittistro naquella inaleria de leve e 
como para irazer-liie á !en»brpnça sem ajunlar ra- 
ciocínios nem dar mostras de deseonlcnlamenlo e 
d"Dcrímonia (361). 

Em flílicio desle dia parlieipa ao Duque de Choi- An. I760 
seu! o Embaixador Condo de Merlc que se ha\ia, ^""''"^^ 



(360) Arch, c lol, ciU, f. lOt. 

(361) Ibui., f. 107. 



— 2i6 — 



pDucGs i]ía& airaz, ajuntado o Coni^elho d^Eslado. 
e qua a consulta durara desde as 6 horas da tarde 
ale á meia noile, que o que lá se passara uào ha- 
via Ir[iníspirado ; |Jorôifi t|uo so havia ubservado ij.ue 
Da véspera havia o Embaixador d"higialerra larga- 
menle conferenciado com o Conde de Oeiras, e que 
no dia seguinle outro lanlo lizera, assim que, sus- 
peitava elle Embaixador linhão aquelias conferen- 
cias por objeclo o corservar-ss Uespanha no sys- 
tema do Dculralidnde que alo ali havia guardado 
para observar o inlenlo que tinha s dila Poleitcía 
no gnnde armamento que eslava fazendo; que além 
djslo liavia oulro ponlo que nao era menos impor- 
tante para a Inglaterra e que parecia fazer parle da 
missão que trouxera o sea Embaixador, e vinha a 
seA\ romo ha muito se dizia, o casnmenlo da Prin- 
cexa do Brasil com o Infante D, Luiz; que nada 
podia ser raais nocivo ao coramercio dos Inglezes 
du qutí occupar o throno de Portugal um Piincipe 
da Coroa de França, e que não seria para admi- 
rar, que sendo n Inglaterra informada pela Còrle 
de Madrid do projecto desta alliança trabalhasse 
por a romper; que o Conde de Oeiras nào era in- 
clinado a esta alliança ; que o seu inleresse o \^ 
vava a cnsar a Princcza com o bastardo D. Antó- 
nio ; mas que o publico desejava com ardor se de- 
terminasse o casamento no dia dos annos d'EUtei 
seu pai, que era a O daquelle mez, e que se con- 
cluísse immediQlamenle- 

Nolicia mais o Embaixador, que tinhào havido 
grandes alevantnmentos no Alaranbão, por occa- 



— SÍ7 — 

síâo dos qunes muílos dos habílanles se havião pas- 
sado para os dominins HespanhoGS e que depois ha- 
vido pegado em armas, e de lá faziào guerra aos 

Portuguezes (ItfiSj. 

Carla do Mioislro Secretario d^Eslado D. Luízad. i760 
da Cunha para o Embaixador Conde de Merle» par-^"'^''**^ 
lícipando-lbe que a certeza que EIReí seu Amo o 
Senhor D. José tinha do interesse que EIRei Chris- 
Ijanissimo lomava em íudo quanto dizia respeito á 
EUR Casa e Real Familia faziíi que por occasiào do 
casamento da Sereníssima Princeza do Brasil com 
o Infante D. Pedro, o sobredito seu Iteai Amo lhe 
participasse, aquella noticia para cujo Bra ia tam- 
bém despachar para Pariz um correio pelo qual 
e!le Embaixador poderia escrever á sua Côrle, si- 
gnificando-lhe juQlamenle que como por occasiào 
d'aquella solemnidade se deviào pedir audiências, 
S. M, Fidelíssima havia determinado que os Em- 
baixadores serião a ellas admittidos, sendo de igual 
graduação, segundo a antiguidade da apresentação 
das suas respectivas credenciaes pelas quaes havião 
sido acreditados perante aquella Corte, equeo mes- 
mo se observaria com os que viessem dali em diante 
residir nella (363). 

OfGcio do Embaixador Conde de Merle em que ad. 1760 
parlicipa que lendo ido no dia B comprimenlar El- ^""**'' ^ 



(362) Arch. e voT. cit.. f. 109. 
(3631 lbÍã.,L 116. 



— 2ÍR — 



Rei D José por occasiâo de seus annos lodos quan^ 
los encoiilrára lhe haviSo cerlilicailo eslava publi- 
cado o casamenio da Princeza do Brasil com o lii- 
fanle D. Pedro, e que o dilo casamento se devia 
celebrar naquelle mesmo dia ã larde ; que enlào 
se chegara para D. Luiz da Cunha e lhe pergun- 
tara se aquillo era nssim como lhe havíâo diln, e 
ee podia coniprimenlar ElRei em nome de seu Rea) 
Amo cm audiciicia que para esse cffcílo pediria ; 
que D. Luiz da Cunha lhe lornára que cora quanlo 
fosse cena a noiicía do casamcnio nSo coriviaha 
que olle Embaixador comprimenlasse por esse res- 
peilo EIRei Fiilelissimo, seoíio quando elle D. Luiz 
da Cunha lho participasse oEcialmetile; que loda- 
via era lamanha a alegria no palácio que e!Íe Em- 
baixador assenlára nao dever esperar pela parlici- 
paçào c de comprimenlar a suas Magesladea Fide- 
lissinias e ao Infanle e Princeza por occasiào d'ura 
aconleoimenlo que causava a alegria da sua famí- 
lia, bem como de toda a nação; que no dia se- 
guinte recebera a participação onde vio a nova dis- 
posição que assignalava sertão os Embaixadores re- 
cebidos era jerarchia igual conforme a antiguidade 
da npresenlaçao do suas credencines ■ por cujo mo- 
tivo pedira audiência ao dilo D, Luiz da Cunha para 
se explicar com elle sobre a dita nova disposiç5o ; 
que tendo-lhe perguntado que signilicava aquella 
disposição, lhe fora respondido, que os Embaixa- 
dores serião inlroduzidos segundo suas antigui- 
dades, que a isto elle Embaixador replicara per- 
{{untando se S, M. Fidelíssima se tinha concerlodo^ 



sabre aquclle assumplo com EIReJ Cbrí^liauissimo 
spu Amo, e com os demais Soberanos da Europa ; 
que como D. Luiz tia Cunha Ibe dissesse ijue não, 
eile Embaixador llie havia pergiinlado se ello D. 
Luiz da Cunha linha para si quo ha\Ia no mundu 
algum Príncipe com direito para deslinar o lugar 
que devia occupar o Embaixador d'EIRei de Fran- 
ça, e se lhe parecia que houvesse um Embaixador 
Francez que a tal se prestasse; que a isto lhe tor- 
nara D. Luiz da Cunha que se encerrava no que 
Ibe havia dito, e que nada mais linha que dizer- 
Ibe ; que EIRei seu Âmo fazia o mesmo que em 
Madrid se havia pralicado, quando S, M. Calholica 
subira ao Ihrono. Como porém em Portugal fosse 
do costume serem os Embaixadores introduzidos 
uts após dos ouiros, e acontecendo que ura linha 
de esperar que o oiilro saisse para ser introduzido, 
perguntou o Embaixador a D, Luiz da Cunha, se 
SC achasse em Lisboa um Embaixador do Hollaoda 
ou de Vouezu, seria ellu Embaixador de França 
obrigado a esperar a saída delks para ser intro- 
duzido á presença de S. M- : qUB D. Luiz da Cu- 
nha lho respondôra que isso era justamente o que 
queria dizer a sua circular, e que EIRei seu Amo 
tomara ariuella deliberação para evilar as diferen- 
ças que se manifeslavjo por vezes enlre os Embai- 
xadores sobre aquclle assumplo : que então ellfi 
Conde de Merlc lhe significara que nào soffreria 
que ninguém lhe precedesse, lírando o ^imcio e 
o Embaixador do Império. Participa mais o drlo 
Embaixador neste seu oíBcio, que o Cardeal Nun- 



— âoO — 

cio não recebâra salí&ração do casamenlo da Priíi- 
ceza, G pergiinlãra a D. Luiz da Cunha por que 
molivo lhe haviao fallado coru ella, ao que D. Luiz 
respoDdíra que assim se houvera por ler para isso 
ordem d'EíRei; porCm que o Cardeal replicara que 
quando 1ho nào livesst^m mandado nem como Car- 
deal, nem como Núncio, deverào-lhe ler feilo como 
a Embaixador d'um Príncipe lemporal. Subslancia 
o Conde do Merlo o sou officio aUribuindo ludo ao 
Embaixador de Inglaterra, allegando em prova de 
suas conjecturas que nenhum dos Embaixadores 
fòra á audiência de formalidade pelo casamento, 
excepto o de Inglaterra que se adiada já ao palá- 
cio as 8 horas da manhã, e havia tido uma au- 
diência particular d^EIKei ; que o Embaixador de 
Hespanha íòrz ao Paço, sem Ler noticia do casa- 
menlo, e conclue pedindo inslnicções sobre o re- 
gulamento das precedências (3G4). 

An. 1760 OfBcio do Embaixador Conde de Merle era que 
Junhoíí pgfg|.g qyg ^ ^jjj^ ^j^ Q^^\^^ \\^ç. (j^via dito que 

o novo regulaiuenlo das precedências não podia em 
cousa alguma oíTtnder a elle Conde de Merle, vislo 
ser mais antigo quo o Embaixador d'Inglaterra, e 
que no conceraecle ao d^IIespanha, esse era Em- 
baii^ailordofaniilia ; que a isso elle Cunde de Merle 
replicara: oao via naquelle negocio cousa que po- 



(3B4) Arch. dos Nc^cioa Estrin^, de França» vtrl, CXIf, 
f. Í16. 




desse uffender-the pessoaluienlCr porfim que pugna- 
va pelas prerogalívas dEIlíei seu Amo, e (juein Isl 
aconselhara a Elllei Fidelissiuio deNèra ser lido em 
conia iiâo de allíado, senão de inimigo, e prose- 
gulndo diz que tinquillo se eslava \endo a ambi- 
ção dtí Conde de Oeiras, que não se limilava a go- 
leinar de lodo em lodo a Ellici seu Amo, senãq 
queria lambem dar regras de precedências ás di- 
versas Polencias da Europa, e pondera que se por 
veclura a França a lai annuisso poria em avenUra 
as prerogalivas de que gozava em Portugal de tem- 
po immcmorial, e conclue annunciando a chegada 
d'um Navio do Rio de Janeiro com 160 Jesuítas, 
que se encontrara com o Emliaixador d^IIespanha 
o qual lhe dissera duvidava que ElRei seu Amo se 
prestasse a que seus Embnixndores fossem prece- 
didos pelos de Veneza e llollanda, conforme a cir- 
cular de D. Luiz da Cunlia que lambem desappro- 
vava ; que o Núncio não fora convidado ao jantar 
diplomatieo que D. Laíz da Cunha dera a lodos 
os Embaixadores e Ministros Eslrangeiros por oc- 
casião do casamento da Princeza, e que á mesa não 
falLírào dilos indecentes a respeito d'aquelle Pre- 
lado (363). 

Em oflicio desta dala dando o Conde de MerleAn. iT60 
coiíla do que se havia passado na audiência publica ^"'^*^*'*'* 
que ElRei D. Josc deu por occasiào do cssamealo 



(365) Arch. ciL.íoh XCII, f, 131. 



— 232 — 

da Princeza sua filha refere, que aquelle Monarcha 
recebera com summn bondade o comprimento que 
elle Embaixador lhe dirigira^ o lhe eiígníGcára o 
niuilo que folgara com a^ demonslracòes de alegria 
que elle Embaixador havia dado naquelía occasiao ; 
que tko concernenle á Knlnlia nao lliiiia lermos com 
que fxpressar as coisas obrígíiiiles que ella se di- 
gnara dizer-lhe, e que linha por costume endere- 
çar-lhe Iodas as ve7.cs que tinha a honra de se lhe 
apresGiilar, e que lhe fizera varias pergunlas sobre 
o Duque de Borgonha (36<j). 

An. 1760 Circular de D- Luiz da Cunha dirigida ao Coude 
Juttboiòjg Merle, e acompanhada do Memoria! dirigido ao 
Papa sobre a expulsão de Portugal do Cardeal Ao- 
ciuli, pedíndo-lhe o dito D. Luiz da Cunha houvesse 

de a levar ao conhecimento da sua C<lrte (367)_ 

An. 1760 OfBcio do Embaixador em que dando parle do 
Junho 17 q^g acoiilecôra com o Cardeal Kuncio, se expressa 
dizendo que acabava de se passar em Lisboa um 
fado não menos violento que indecente; que no 
13 d^aquelle wnz linha havido á noíle uni Conse- 
lho d^Eslado, no qnal se havia decidido a expulsão 
do Cardeal ; que ás 7 horas da manhã do dia 13 
se acháriío cercadas com Iropas do cavalleria c de 
infantaria Iodas as ruas que conimunicavào rom a 



(366) 4rch. e voL cit., f. 126. 

[367) /6id„ F. 135. 



— 253 — 



em que residia o Njncío, e um esquadrão de ca- 
lallaria se achava posln em balalha diante da poria 
principal das casas ao passo que um balalhJio de 
infanlariíi á Icsla do qual se fichava ocomm^indanle 
da Torre de Belém peneirarão nas casas d» Nún- 
cio, a quem achãrào rrzando o ofiicio divino; que 
lhe signilicárào da parle d^EIRei Fídelissimo que 
linhão ordem para ocoodjzirenj o mais breve pos- 
sível as raias do Heino, Que o Cardeal se não sal- 
leára muilocom a novidade, porque linha um per- 
feito conhccímenlo do génio do Conde de Oeiras, 
EÓmenle pergunlára se podia fazer ^^ disposições 
indispensáveis para a jornada ; que lhe respondera. 
que as ordens que llnhào crào pelo contrario de 
o conduzirem sem mais lardar pai'a as frunleiras: 
que o Cardeal sem dizer mais nada se >eslira a 
Ioda prensa o se subira n^uma sege quQ o condu- 
zio á ribeira onde o eslavão aguardando muitos es- 
caleres n'um dos quaes se embarcara com o seu Se- 
crelario. Que em quanto durara aquella diligencia 
inaudita el lo Embaixador vira das suas janel las muilo 
povo apiahado mostrando no semblante signaes de 
couslcrnaçiío. Que elle Conde de Merle havia or- 
denado a um de seus genlis-homens de aproximar- 
se o mais que possivel fosse do Cardeal e de lhe 
fazer os seus comprimentos, mas que os odiciacs 
que eslavào á ilharga do Cardeal nao odeixãrào fal-* 
lar dizendo-lhe dcsabridamcnle : Despacha-se. Re- 
fere inais o Emhai\adar que naquello mesmo dia 
havia elle con\ídado a janiar lodos os Secrelaríos 
(i'Eslado e os Ministros Estrangeiros, e as pessoas 



— 231 — 

mais dislinclsR da nobreza pnra (estejaren o casa- 
mento da Princoza : que o jantar livera lugar, po- 
rôm q«c Krd Irislo em rozao da violência feita ao 
Nrdcío, e ponJeraudo o qiianio era para se Icner 
aquelle precedente respeitu á segurança dos Minis- 
tros que no ponir houvessem de \ír para ali re- 
sidir, conclue dizendo: havia o Núncio anles de 
se partir declarado acabada a sua Niincíalura, e 
protestado contn\ a violência que lhe havia sido 
feita (3G8]- 

An. 1760 Despacho do Duque de Choiseul para o Embai- 
juuhoiTj^ajjQr Conde de Merle em que lhe significa, que o 
insnllo e a violência que havião sido feilos a um 
navio Porluguez por um navio de guerra Inglei no 
canal da Mancha era uma nova prova do império 
tyrannico e escandaloso que os Inglezes excrciào 
cm lodos os mares, era dclrinicnlo da navegação 
e do commercío das demais nações, e encommen- 
da-lhe trate de aproveilar-se díiquella occasiào para 
fallar a D. Luiz da Cunha no negocio da restituição 
dos navios da esquadra de Al. de la Clue (3ti9}, 

An. neo Prospguindo o Conde de Merle em informar a sua 
JuDho2l Corte do andamento dos públicos negócios ra de Lis- 
boa refere, que depois de partido o Núncio, todos 



(368) Arcb^ doMinhUriodos N^egocEslrang, de Frauça. 
Tcl. XC![, r 140, 

(369) ibitj., f. lag. 



2u ™ 
aj — 

fallavSD no caso ; que o Go^en]o havia esEJamaSo 
por toda parle a Promemoria (o Embaixador a ap- 
pellkla libello); que Iodas ns pessoas que Unhão 
relações com o Núncio êslavào a lai ponlo possuí- 
das do temor que se nSo alrcviao a sair de casa, 
com receio de serem prezas; que o Embaixador 
(i'Ilc5panlia eslava resolvido logo que voltasse a 
Madrid de dar a conhecer á sua Curte a falsidade 
das allegações da Promemoria publicada conlra o 
Núncio ; que no mesmo Conselho dTslado em que 
íílra determinada a expulsão do Núncio EIRei D. 
José declarara de seu próprio motu, que tinha re- 
soluto conceder varias mercês por occasiào do ca* 
samento ilu Princeza sua filha, e intenlava eome- 
çar pela soUora dos fidalgos que havia tanto Icmpo 
eslavào presos; que D. Luiz da Cunha fura do pa- 
recer d'ElRei, mas que o Conde de Oeiras em um 
longo arrazoado fizera ver que havia perigo era pòr 
em liberdade pessoas cuja ianocencia n3o eslava 
provada ; que de seu voto forão o Cardeal Palriar- 
cha, o Arcebispo..-, e o Conde Bariío ; que EIRei 
dissera que reílectiria; que tudo aquillo havia trans- 
pirado pela indiscrição d'um dos Consellieiroã; que 
linha haiido novos desterros ; a saber : do Viscon- 
de de Ponte de Lima, do Conde de S, Lourenço, 
com o que diz o Embaixador que ficava pezaroso ; 
que o Embaixador dlnglalerra nao deixava um só 
inslantc o Conde de Oeiras ; que passavào dias in- 
Leiros em conferencia \ que o Conselho d'Esbdo se 
juntava com frequência c que erão longns as ses- 
sões, e emfim que tinha chegado iim navio da Ba- 



— !;;« — 

"fiTa com mais de cem ]esuilas, que forao immoíiia- 
lamenle Iransferídos paru um navio gcaovez(370). 



Ad. 1760 
Junho 25 



Nesla data entregou o Encarregado de Negócios 
de Portugal Àbbadc Salema ao Duque de ClioiscuI 
uma MomorJn acerca do novo rcgulrmcnlo das Pro- 
cedências dos Embaixadores e Ministros estrangei- 
ros estabelecido pelo Sr- Rei D, José, a qual con- 
tinha eni somma o seguinte: 

Reporlando-se á circular passada por D- Luiz 
da Cunha estabelece-se na sobredita Memoria : 

1." Que sendo aquella disposição d*lí[Rei Fidelis- 
fiinio universal e gorai, nella se achavSo comprehen- 
didos os Embaixadores c Ministros das Rc^publicas 
as mais rintigas do modo nella apontado, bem que 
todavia não devlao estes pretender de nenhuma ma- 
neira a preceder aos das testas coroadas, desappa- 
recendo assim toda a duvida que poderiâo ler os 
Embaixadores e Ministros estrangeiros que nào es- 
lavào acostumados a ceder uns e outros. 

2.** Que poslo que naquella occasiSo o Embai- 
xador de França fosse o mais anligo, a generali- 
dade e perpetuidade daquella disposíçàu, que se es- 
tendia e applicava ao fuluro, tiraria de todo o em- 
baraço os Embaixadores de Inglaterra, pois que 
delia se via que elles havião lambem de preceder 
aos de França achando-se elles nos termos em que 
então se achava o d'aquella Còrle. 



(370) Arcb. e toI. cil„ f, 148. 



3/ Que S. M. Calholíca acabavd de praticar o 
mesmo pelos mesmos molívos a rcspeiln dos Em- 
baixadores e Ministros qne se achavao cm Madrid 
na occasiào da siia cntrnda naquclla Côrle, sendo 
o Embaixador de Uollanda o primeiro qiic havia 
sido admUlido á audiência d^Elílei Catholico por 
jssu que era o mais aoLígo na apresenlaçào das 
credcncines. 

Porém que como o Conde de Merle nSo parecia 
satisfeilo com aquetle expediente S. IVl. Fidelíssima 
havia ordenado íi elle Abbado Salema, seu iMinisIro 
em Pariz, de informar o Governo de S. M. Chris- 
liauissima das razoes lào forles como raluraes qiia 
a tiaviao movido a abraçar aquella rcsoiuçào (371). 

Responde o Duque de Choíseul nesla dala á Me- An. 1760 
moria que llie havia enviado o Encarregado de Ne-''"'^**'^^** 
gocíos Ahbadtí Salema acerca do novo pcgulamenlo 
das precedências ealre os Ministros estrangeiros, e 
signiTica-lhc qnc EUici de França seu Amo a quem 
elle Atíbadc ha\ia notificado o cíisamealo da Piin- 
ceza do Urazil tiavin ordenado n elle Duque de Choi- 
seul de lestemnnhar a S. M. Fidelíssima o mtjito 
que SC interessava n'uma alliança lao convenienlc 
flfira a felicidade da Familia lEeal de Porlugal, e 
que esperava que SS. WM. Fidelissimas fariàoem 
todas as occosiCcs justiça á sinceridade dos \olas 
que elle fazia pela prosperidade das sobreditas Ma- ^ 
geslades. 



(371) Areh. evol. qíU, L 163. 
VI, 



17 



— 158 — 

Que pelo que dizia respeito á 2/ parle da caria 
d^etle Encarregado de Negócios de 6 d'aqu(.0]e mez 
que nnnunciava uma nova disposição acerca da je- 
rartlira dos Einbai\ad(jres, Ellíei íIu Franca mo po- 
dia nem queria tlesísUr da jerarchia inherentee de- 
lida á sua Con)3, e nào pensava que a dala das 
credenciaes podia em caso iilgum, nem debaixo de 
qualquer pretexto, coarctar os díreilos inberenteâ 
á dignidade da França. 

Que lai era a resposta que EIRei seu Amo Ibe 
ordenara que desse a D. Luiz da Cunha para et)e 
a levar ao contjecimenlo d*£lftei Fidelíssimo (372), 

An. tTfio Em despacho desle dia responde M. ile Choiseul 
Juiiho29gQ oílicio do Embaixador Conde de Merle, em que 
lhe ha\ia tlado parle do novo regulamenln que a 
respeito das precedências dos Miiiíslros estrangei- 
ros havia ElRci D» José mondado observar, e lhe 
signiGca que linha para si que nenhum Soberano 
ha^erta que se prestasse a reconhecer aquclle di- 
reito n EIKei de Portugal ; que a prelcnção d aquelle 
Soberano era sem exemplo e nào lhe podia ler sido 
inspirada, senào por iMinislros ou Corlezaos pouco 
versados nas regras e estilos em que os Reis sa 
Iratavão rcciprocamenl&; que, como quer queTossQ, 
EIRei de França cuja jerarchia provinha do seu alio 
nascimenlu, e da dignidade da sua Corúa, por ne- 



(37â) Arch, do Mint(;terio dos Neg^c. Estran^. áp; França, 



— ÍÍ9 — 



nliuma condição soffreria que nenhuma Potencia do 
universo ínlrcprendesse diminuir as dislincçfies ad- 
quiridas e aime\as á antiguidade e magestade do 
sen tiirono. 

Que |>or estes princípios S, M. lhe ordenava de 
escrever a D. Luiz da Cunha a caria de que elle 
Duque de Choiseul lhe enviava em minuU a subs^ 
lancia para com ella responder á que aquelle Mi- 
nistro l!ie ha\ia escripto em fi d'iiqiicl!e mez, Par- 
licipa-ihe mais que M. Salema lhe havia enviado 
uma Memoria, á quat elle Duque rcspondôra por 
escripto, cuja copia nconipímhava aquelle despa- 
cho, porôm que elle Embaixador deveria guardar 
para si quanto oaquelles papeis se conlinha aíé a 
Ctlrle de Lisboa recel)cr oificialmenlo por via do 
seu Ministro o mencionado Abbade Salema a res- 
posla que recebera do Governo d^EIltei Cbrislianis- 
siino. 

Quo no locanle ao que D. Luiz da Cunha lhe 
havia declarado, a saber: que aquella ionovaciío 
nenhuma correlação tinha com a pessoa delle Conde 
de Merle, visto ser elle oraais antigo, e ter por este 
motivo de cOTitiaunr a preceder ao Embaixador de 
Inglaterra Lord Knowics, a França nao considera- 
ria aquidla precedência senão como um dircilo in- 
hcrenlo ao caracter de que Elliei Cbrislianissimo 
o havia revestido ; o que elle Embai.vador decla- 
raria cm lermos explícitos em todas as occasíões 
que se lhe ofTerecessem. 

Com o mesmo despacho mandava o Duque de 
Choiseul ao Embaixador a carta de Luiz XV para 

17» 



— 260 — 

EIRei D. Jostí em resposla Ja nolificaçao do casa- 
mento da Príaceza du Brazil, encommendando-lhe 

houvesse de pedir audiência para a entregar a S. M. 
Fidolissima a quem renovaria os prclcslos de ami- 
zade, e do interesse qiíc cm ludo qtiarío Ilie fosse 
agradável loniitra Ellíei Ghríslianissimo, e conclue 
o Duque pârlicípando ao Embaixador que havia 
mandado ao Marquez d^Oseun Embaixador em Ma- 
drid copias da corta de D, Luiz da Cuaha sobre o 
regulamcnio das precedências úo& Ministros eslran- 
geiros da Memoria do Abbaile Salema e da resposta 
por elle Duque dada, para que aquella Embaixa- 
dor as houvesse de communicar a S, M. Calholica 
na esperança de que aquelle Soberano seria naquelle 
particular do mesmo parecer que EIRei de França ; 
mas que ainda quando assim niio fosse, EIRei Cbrts- 
tianissimo nào deixaria por isso de sustentar com 
a maior tlrmeza a dignidade dasua jerarchia (373]. 

An. 1760 Despacho do Duque de Choiseul para o Conde 
junho29 jj, j]^,^!^^ significando-Ilie era vontade d'EIReí seu 
Amo que elle Conde Embaixador fizesse nma via- 
gem a França, e a annuneíasse á Corte de Lisboa» 
onde residia como uma licença que EIRei Chris- 
liatiissimo 1he havia concedido para Irutar do seus 
negócios particulares (37Í). 



(373) Arch. do Ministcrio dos ^egoc. Estrang. de França . 
yoLXClI. r 166. 

[374) ma., r. les. 



— 281 — 



Resposta dada pelo Duqje tle Choiseul a Pedro An. 1760 
da Cosia Salema Encarregado de Negocias de Por- ^^^^^^ 
lugal em Pariz acerca da Memoria sobre as prc- 
cedeociâs alraz substanciadas, Ê concebida dos ler- 
mos seguintes: 

Que era um principio cerlo e reconhecido pelo 
djreilo das Nacces^ que os Embaixadores e Mjnis- 
Iros d'ura Soberano acredilodo, peranie outro So- 
berano deviào gozar de Iodas as prerogatívas in- 
hej"entes ao seu caracler reprcsenlalivo. 

Que as Potencias junto ás íjuaes os dilos Em- 
baixadores e Minislrcs residiâo íiSo devião, nem 
podiao a esle respcilo alhrar, nem infringir as re- 
gras e usos adoptados, e geralmente observados. 
Que era natural se originassem na Cúrle de Lis- 
boa contendas acerca da precedência enire os Mi- 
jijstros estrangeiros, discussões e contendas que não 
occorrião nas demais Côrles d^Europa, e que na his- 
toria poucos exemplos se enconfrariào d'aUcrações 
laes- 

Que com cíTcilo nenhum Soberano cm similhanto 
matéria reconheceria nas pessoas dos outros Sobe- 
ranos ura poder legislativo ; que lodos se devião re- 
ciprocamente do não fazer cousa que parecesse con- 
trária ao esliio que nào eslá ao seu arbítrio de al- 
terar. 

Que spgundo aquelles princípios EIRei de Fran- 
ça cuja jerarchia dependia unicamente do seu nas- 
cimcuto o da dignidade da sua Coriza nào consen- 
tiria por nenhum respeito, nem debaixo de qual- 
quer prelc\to que fosse, que nenhuma Potencia pre^ 



— 252 — 



lendesse conrclar ou diminuir as diatincçaes devi- 
das nao BÓ á anLlguidade mas lambem á mageslade 
do seu Ihrono, 

Que era verdade que o novo ceremoiiíal proposlo 
pela Córle de Lisboa não dizia respeilo á pessoa do 
Conde de Merle por isso que aquelle Embaixador 
se achavii acreditado junio aS- M. Fidelíssima muito 
anles que o fosse o Conde de línnwlcs, porCm que 
a precedência de ura Embaixador do França não 
devia derivar da doln das suas credenciaes, senão 
de um direilo esaencialineiUu inherenle ao caracter 
de que se achava revestido. 

Que Filiei Fidelíssimo tinha sem duvida a liber- 
dade de procurar Iodas as commodidades aos Em- 
baixadores dMnglalcrra que rosídiâo em sua Côrle, 
de lhes evitar e poupar embararns. mas que a af- 
feiçào que por elles linha não podia, nem devia de 
modo algum caiiaor prejuizo aos direitos d^oolrem» 
Que alem disso a Côrle de Londres n5o linha em 
tempo algum pretendido a precedência de seus Mi- 
nislros sobre os da França. Que o que S. M. Ca- 
Iholica havia praticado pelo que respeitava á or- 
dem segundo a qual faavia dado audiência aos Em- 
baixadores e Minisiros acreditados junlo á sua pes- 
soa nao havia lido nem o mesmo motivo, nem o 
mesmo objeclo que o regulamento que se pretendia 
introduzir em Portuga!. 

Que os Soberanos annuncíavâo a seu arbítrio os 
dias o horas que julgavâo aecommodadas para ou- 
virem os Ministros estrangeiros, masque o que nes- 
Las occaslões se observava nada tinha de ver con 



— 283 — 

"íi jcrarchia que regulava o jso e pralica observada 
enire as diversas l*o!encías. 

Que rinalnitínle Ellíei de França Tníia a devido 
juãtiça ás luzes e á equidade de S, M. Fidelíssima 
e so lisongeava qje ella conheceria a solidez d^aqiiel- 
Ias obscrviíçGes.asquacsscrvirião de resposla ã Mô- 
inoiia que o Abbade Salema havia entregado ao Du- 
que de Choíseul (37ii), 

Despacho do Duque de Cboisoul para o Conde -^n- ^''fi'* 
de Merle no qual respondendo ao officio desle de 
lU do mci antecedente approva quanto o Embai- 
xador havia praticado por occasiào do casamento 
da Princc2a do Brazil» e vindo a fullar da Rainha 
de Portugal, diz ha\ij aqitella Princesa coiislanle- 
HR^nlc iiioâlrado por tudo quanto interessava EIRei 
e a FamilJa Real de França os senlitnenlos de que 
dcvjilo estar possuídos Iodos os Príncipes da Casa 
de França, e que elle Embaixador nâo de\ia dei- 
xar de aproveitar lodns as occasioes que se lhe of- 
íerecessem de fazer a Curte á Rainha para renovar- 
Ihe oa protcãlos bem âincoros da amizade d'EIRci 
Luiz XV (370). 

OlEcio do Embaixador Conde de Merle para o Du- An. i76o 
que íleChoiseul emqueconlinuandoainformal-odo^'^'^**^ 
estado politico da Corte de Lisboa lhe participa, que 
as perseguições contiouavào ; que se havia preso 



(375) Areh. e vai. cit*, f. 170. 

(376) /ftiíí.,f. 175. 



— m^r 

um frade que eslava á lesta da adminislrarao dos 
Príncipes do Palhavà, que reiativamenle a Roma, 
no dia seguinte da partida do Núncio o Auditor fora 
ter coai D- Luiz da Cunlia, e Ilio JL^clarár.n, que a 
Nuncialura era finda cm quanto se não recebessem 
novas ordens do Siininio Pontífice, mas que Icnilo 
elle Auditor na Secretaria alguns papeis relativos 
a negócios de baslanle imporlancia dcseja\a con- 
cluil-os; sendo que S, M. Fidelissima o liouvesse 
por bem ; que todavia elle nada faria sem ter para 
isso licença; que D. Luiz da Cunha lho mo dera 
resposla ; que o dono das casas onde residia o so- 
bredita Núncio lendo ido pergnular ao Conde de 
Oeiras o que devia fazer das armas do Papa que 
eslnvào á poria, e como viesse a fallar no Kuncio 
e na Nuncialura aqueile Ministro romiJÒra em in- 
vectivas conlra aquelle Prelado e a Corle de Bonia, 
e que ajunlára que se dcvíào lançar por lerra as 
' armas, o pòv ao meio da rua Ludo quanto porlen- 
cia ao Núncio ; que com o receio que lhe não acon- 
tecesse alguma cousa, o Auditor fizera abaixaras 
armas e arrecadara os papeis da Nuncialura em 
barracas, e continua no mesmo som fazerdo uma 
pintura liorrivel das violências que elle dizia pra- 
ticadas pelo Conde de Oeiras e conclue participan- 
do a nomeação do Arcebispo d^Evora para o cargo 
de Regedor das Justiças, coraquanlo no sentir delle 
Embaixador fosse aquelle Prelado hospede no es- 
tudo das leis f377). 



(377) Arcb. « Tpl. cit., L 180. 



-265 — 



OlQcio do lítnbaixatlor Conde de Mede dando An. 1760 
conla de haver pedido uma conferencia a D. Luíi'"'*^"*^ 

da Cuníia para lhe communícar as deleinjínncoes 
d^EIRei seu Amo a respeilo da fiiicstào do novo 
regulanicnlo dos Eiubaí\adoros, e referindo ^ue D. 
Luiz da Cunha lho dissera no decurso da conver- 
sação que o Eiiibaixadur de Infilalerra nào reco- 
nhecia a elle Conde de Merle por Embaixador, nem 
era obrigado a ler conlemplações por uma Poleu- 
cia com quem EIRei seu Amo eslava em fíucrra^ 
que elle Embaixador de França lhe respondera que 
pouco se lhe dava da approvarao ou conlemplação 
do Conde de Koowles, o que aquelle modo de pen- 
sar do Ministro Inglcz não de^ín determinar S> M. 
Fidelíssima a regular as precedências pelo ioodo com 
que o havia feito, que D, Luiz replicáraque EIRei 
seu Amo era senhor em seus Estados, ao que elie 
Embaixador retrucara que sim o eia no que dizia 
respcilo a seus vassalios, mas não quando se tra- 
lava de alterar as regras estabelecidas e adoptadas 
por lodos os Principcs da Europo, as quacs se não 
podiào modifrcar sem o concurso das Polencías uel- 
las interessadas. 

Acrescenta lambem o Embaixador que bera se 
reconhecia em ludo quanto D. Luiz da Cunha lhe 
dizia, que elle era instigado pelo Embaixador de 
Inglaterra, e que fôra por sua instigarão, que a 
caria de C de Junho havia sido csoripta ; que o 
Conde do Oeiras oào curava de o dissimular na 
Memoria que lhe havia feilo entregar pelo Abbade 
Salema; que não annuneiára ainda a sua partida 



An, 1760 
Julho 15 



— 2GC — 

para não dar moãtraâ visíveis Ll'um próximo rom- 
pimento (378). 

Despacho do Du<iue de Choiseul em rcsposla ao 
oHicio Je 17 de Jtinlio do Eiribiiixadór Conde de 
Merle sobre a expulsão do Nuíicio, no qual arjuelle 
Miniiíro so limila a dizer que na Pronieiuorin eu- 
confiara uma oníissíio ou falia tlafiuclle Prelado, e 
fora a de não ler posto luminárias na occasisio do 
casamento da Princeza, c que sobre aquelle aâsum- 
plo dcvia-se allender ao que cm Roma se delcrmi- 
iiasse ; que no enlrelanto elle ELubalAíidur nao de- 
via ingcrir-sc de modo algum aaquelle negocio; 
que pois conhecia o caracler e génio dos Ministros 
PortuguÊzes cumpria-lhe observar o mais profundo 
silencio sobre a expulsão do Cardeal (B79j. 



An* t7€0 Despacho do Duque de Choiseul em resposta ao 
Julho 32 oHicit, i^ Embaixador Conde de Merle de 24 do 

mez antecedente em que observa que só em Por- 
tugal se víao praticar actos de violência e ínjusli- 
ças laes quaes as que caraclerÍ3a\5o a adminislra- 
Çílo do Príncipe que entào reinava, que seria inú- 
til continuar a dar inslrucções a cllo Embaixador, 
por isso que era do agrado d^Elltei de França que 



(378) Arch. do MlnieUrio dos Negoc Eslraiig. deFrançi, 
vol. ri(. i. 1SS. 

(379) Arth. e vol. ciL f. 197. 



— 2G7 — 

elle se nproveilasse quanto anles da licença que lhe 
havia dado por se recolher a Vmz, deixando livre 
o cíimpn ao Embaixador de Inglalerra. e evitando 
por meio d'uma pronipta retirada os accidentos que 
podiào Êobrevir n*uma Cúrlo Ião pouco ohscrvadora 
dos prÍnci}jÍoH e das refiras. Acrcsceulava o Duque 
conridencialmenle que ElRei de Frauça eslava de- 
terminado a nào mandar mais a Portugal Embai- 
xador, assim qne por tanto devia eitc Embaixador 
despcdir-se de SS. MM. Fidelíssimas, e acredilar 
junlo a eilas >L de S. Jiitien como encarregado da 
correspondência commercial durante a sua ausên- 
cia, Parlicipa-lhe mais que a Côrlc do Vienna na 
resposta que dera á communicacào que sellie linha, 
íeilo do novo rcgulamenio da precedência dos Mi- 
nislros Estrangeiros a considerara absurda, e que 
se nào devia adtnillir, e que era necessário que a 
França se coacerlasse com a Hespanha para ani- 
quilar ama lai prelençao (380). 

Despacho do Duque deChoiseul paraM. deSainl- An. 1760 
Julíen em que lhe signitica havia ElRei seu Amo de- ^^'^^^^ 
terminado ficasse elle Saínl-Julien encarregado da 
correspondência, durante a ausência do Conde de 
Merle [381). 



(380) Árcli, doMinisleríodosNcgcc. Eslrang. de Franca, 
vol.XCH, f. 197. 

(381) Ibíd., í. 19S. 



— 268 — 



Ali. iTfiO Onicio do Embaixador Conde de Merle em que 
Julho 22 p^i^ljpjpjj aa Duque de Choiseul, que haua ct>m- 
munícado a D. Luiz dn Cunha c|ue tinha licença 
d'EIBci seu Amo para voltar para França, que D. 
luiz da Cunha oom Gsla communicaçao parecera 
algum tanto admírad^j, e lhe pcrgunlára por varias 
vezes se elle Embaixador não linha esperanças de 
lornar a Portugal, ao que elle respondera linha Ioda 
a cerlezQ, e que era uma simples licença qoe El- 
Rei lhe linha dado e não entrara mais cm maleria- 
Acresocnla o Rmbaixador que Ioda n genie da sua 
casa «slava sumniamcnle conLenIe com aqiiella no- 
licia e com especialidade elle ãentindo-se alliviado 
por auséntar-so li^uuia Cúrle 0[ide ludo lhe causava 
horror conde passava a \!dad'uni modo pouco con- 
venienle para a (lignidade d"Ellit'i, e que de viva 
voz diria ao dilo Duque de Choiseul o njars, por 
serem cousas mui longas e que se nào podião pôr 
em pcpel ; que as mais nolicias erào que um dos 
Infantes do Palhavã Inquisidor Geral dera a sua 
demissão por nào querer revestir de sua approva- 
ção certas publicaçDcs imperiosas contra a Corte de 
Roma, cousa que de todos fOraapprcvada; que El- 
Rei havia assistido a dous Conselhos de Cslado, um 
a 18, ouiro a 20 daquelle mez, mas que se râo 
sahia sobre que versara a deliberação; que se pre- 
sumia era sobro o desterro do Inquisidor Geral ; 
que no dito dia 20 houvera um grande Iremor de 
terra; que na noite desse dia para o dia 21 ha- 
vjão sido presos o inquisidor Geral e D. António 
seu Irmào por um esquadrão de cavallaría, e que 



Re (lizin tinlião sido conduzidos para as Berlcn- 
gas(382). 

OiTicio (lo Conde de Merle em que parlicipLi que An. neo 
linha oslado com D. Luiz da Cunha, a quem per-^"'^**^^ 
giinlúra quul fòrn n n^sposlu quo dera a Inglaterra 
sobre a queslSo tios dois N;i\ius caplurados. e que 
aquelle Miaislro lhe respondera qiio pelo iillimo pa- 
quele havia o seu Governo recebido a noiícia de es- 
lar aquelle negocio no mesmo ser, em consequên- 
cia da doença de M. Pill; que n isto replicara elle 
Emhaixador dizendo desejava saber se o (lovcrno 
Inglez havia respondido á Memoria que EIRei Fi- 
dclisí^imo linhft mandado yprcsonlor ao sobrodílo 
GoACrno pelo Slini^lro jnnfo a clle acrediíadn ; que 
D. Luiz da Cunha lhe lornára, que ClRei de França 
iJe\ia Calar bem inleirado das boas inienções de S. 
M. Fidelissima ; que se elle Embaixador lhe qui- 
zesse remeiíer uma Memoria em Í6rma, elle a a[ire- 
senfaria a EíRei seu Ama, o qual lhe daria as or- 
dens precisas para rospondor-lho. Que elle Embai- 
Diador lho observara que havia dez mezes que ello 
lhe linha dÍrij;ido as suas reclainaçues sobre aquelle 
assumplo, o que sem embargo disso ainda eslava 
sem resposta, e acrescenta que como no decurso da 
conferencia livessc occasiâo para perguntar áquelle 
Ministro se seu Irmào fazín as disposições nece^ 
sarias para ir preencher em França o lugar de Em- 



(382) \rch, cit., rol. XCU, T 199, 



— í:o — 

hníxador, aquellc Ministro llic [ornara que sim. E 
conliniiando a informar a sim CòrlG áú estado das 
cousas na de Lisboa, jiroíoguo dizendo, que a con- 
(lucta do Embdixíidor de Inglalcrra era sampro a 
mesma, que as conferencias com o Conde de Oei- 
ras nao descontinuavão, se bem que não podiào ver- 
sar sobre objectos commcrciaes sendo que quanlos 
Negociantes Inglezes ali erao osLa\5o sobremaneira 
descontentes do Embaixador; que as pBrseguiç(3es 
Gonlinuavão havendo sido pregos dous Padres do 
Oratório, o Bibliolhecario. correspondente das Aca- 
demias de Parlz e de Londres, e o Professor de Phy- 
sica ; que o mesmo aconlecôra a um Monsenbor da 
Palrlarcbal amigo do Cardeal Accioli ; que havia 
chegado de Pernambuco um navio perlencenlo aos 
Jesuitas e cora que aquelles Padres faziao o cora- 
mercio do Brazil (383). 



An. 1760 
Julho 29 



Onicio do sobredito Embaixador om que dando 
a ra^do por que havia sido preso o Inquisidor Ge- 
ral assegura que o fora por haver represenliidoao 
Conde de Oeiras que se espalhavâo por Ioda a parte 
vários livros contra a BEfligiiío sam a censura do 
Sanlo Officio ; que o dito Conde lhe havia promel- 
lido de pi^r naquillo cobro, se hem fossem os taes 
livros trazidos por Estrangeiros; mas que haven- 
do-se novissimamente espalhado um que tinha por 
litulo da Autoridade Real, o qual alacava n Relí- 



{383J Arch. nvd. eit., f. 174. 



— 271 — 

gião, a aiiloridado da Còrte de Roma, e o respeito 
que so devia aos Bispos e ao Clero, e tendo esle li- 
vro lindo de fura e sido mandado espalhar pelo 
Conde de Oeiras, eslc Ministro exigira que o In- 
quisidor Geral o approvasse; que como nem o In- 
quisidor, nem o Conselho Geral do Sanlo OHicÍo 
o quizcsse fazer, e o Inquisidor pedisse a sua de- 
missão, por isso o Ministro para se vingar o fizera 
prender : acresceula que o povo murmurava conlra 
Q Embaixador de Iní^lalerra, ao qual por ser muilo 
amigo do Conde de Oeíraâ altribuião o ódio que o 
dílo Condti tinha ao Clero. Os Meninos úa Falha- 
va haviSo sido desterrados para o Uussaco (38i). 

Officio do Embaixador Conde de Mcrie parlici- An.nfio 
pando que tencionada partir aos 23 d^Agoslo pro-^"^*'^'*^^ 
xímo, drixando a correspondência a cargo de M, 
Sainl-Julien ; dizia mais que as perseguições con- 
linua\ão com a mesma forra, que dcimis da pri- 
são dos Infanles d& Falhava se Unha seguido a 
de muitos frades de differentes ordens, que o povo 
rompia em discursos violentos^ o quo na verdade 
nào era possivel anle\er o que podia acontecer ^ 
quo se dizia devia cm breve publicar-se uma Me- 
moria cm que se declarariào os motivos por que 
EIKei mandara prender a seus Irmãos, mas que 
aquella Memoria seria lào verdadeira, como a que 
havia sido publicada contra o Cardeal (3Sj}. 



(384) Arch. evol. cit.. r. 208, 

(385) Itíiá., U 20f. 



— 111 — 

An. 1760 Officio do Emliaixailop tonrle do Merle em que 
^*** ■ participa, que o Conde d'AccÍolÍ sobrinho do Nún- 
cio que linha trazido porn o lio o barreie de Car- 
deíil nào podéra obicr audiência d^ElHei, dizendo- 
lhe D, Luiz dn Cunha, quando elle o fora ver, que 
podia partir quando lhe parecesse, masque vol- 
tando para casa poucas horas depois que tinha sido 
recebido por aquelle Ministro com Ioda a poUdez e 
cortezía recebera dcllc uma ordem datada da vés- 
pera na qual se lhe ordenava em nome do S. M. 
Fidelíssima houvesse de sair de Lisboa dentro de 
\jnlee qualro horas, e do Reino dcnlro de seis dias. 
Acrescenta o Embaixador que por notícias de 
Roma se sabia que o Embaixador de Portugal se 
linha rclirado daquelh Còrle e dos Estados Ponli- 
licini?, depois deleraílixadonaporla do palácio Ires 
declarações a cada qual mais insolentes (386). 

An. 1760 Olficio de M. Sainl-Juljen accusando a recepçãa 
AgosLiâ^jQ Despacho que o encarregava da correspondên- 
cia (S87). 

An.iTen Ofllcio do Condo de Meríe enviando ao seu Go- 

Agost.i2 ygppf^ os Recreios passados em Lisboa relativos ao 

rompimento com a Córle de Roma, no qual diz 

que perguntara ao Secretario da Lcgiiçíío d'Aus- 

Iria que era ao mesnio tempo Encarregado de Ne* 



(387) Ibá.. í, 229. 



— 273 — 

gocios o que Ijnhn pnsssdo com o Condo da Oei- 
ras rclalivamenle ao negocio do novo regulnmenlo 
íioceremonial doâ Ministros Eslrangciros, que o dilo 
Secretario lhe dissera que o Conde de Oeiras lhe 
havia díLo quQ nquolla dlãpoãiçào se nào de^ia ob- 
servar enirc aquelias Polencias cuja precedeDcia 
não eslava delerruinada, e dava occasiiio a frequen- 
tes conlendas e dilTerençRS. Ajunta o Embaixador 
que salíia que a Côrle d'Hcspanha ^ não linha 
ainda cxplicndo sobre aquelle assumpto; que por 
Eanlo era necessário fazer com que aquellc regu- 
lamento nào Tosse ãvanle ; por isso que a circular 
de D. LuÍk da Cunha não podia deixar de ser ci- 
lada como areslo á primeira vez que um Embai- 
xador d^ElRei de Franca se achasse em concorrên- 
cia com um Minislro d^Inglaterra ou d'Eespanba, 
o nao 50 podia duiidar que ambas aquelias C^UIcs 
obleriào a preferencia, quando o caso se apresen- 
tasse, molivo por que cumpria que a França so apro- 
veitasse, para annullar aquelJa disposição, da boa 
vonlade em que cstavao as Cilrtes de Vienna c de 
Madrid (388). 

OHicio do Condo de Merlc dando parle de ler An, i7flo 
lido audiência de despedida de SS. MM. FiJelissi- -^Ho^t-ií* 
mas aos 16 daquelíe mez. wElRci, diz o Embai- 
xador, me recebeo com bondade, c dignou-se as- 



(388) Arch.UtkMinisleriodos Ne^oc.Eaíraog.de Fran^^a, 
«dl. XCIl, r. 230. 

vj. . IS 



— ní — 

segurãr-me que eslava salisfeilo do modo com que 
cu linliji desempenhado as funrões do meu minis- 
tério durantfí o tempo da minha resídcncía em sua 
Gèrle. » E vindo a fallar da [tainha acrescenta, que 
ella haviii dado o seu relrnlo a M. de Merle, e ihe 
encarregara a elle Embaixador diurna caria para 
EIRei dUIcspanha seu irmão, e a rcspcib de Luiz 
XV llie dissera as cousas mais lisongeiras e obse- 
quiosas, que ella Conde coaimunicaria de viva voz 
ao subredilo Monarcha, logo que íosse chegado a 
Versalhes (38!)). 

An. 1760 Despacho do Duque de Choiseul para M. de Saínt- 
AffosL26 jtiijen rocommendando-lbe com a maior elficacia de 
ser um observador judicioso, e um historiador Cel 
du quanlo se passasse em Portugal ; por isso que 
a crise em que aquelle Reino se achava devia de 
necessidade dar origem a aconlecimentos de que era 
mister que ellc Saint-Julien estivesse bem informa- 
do para lhe participar (Í90)- 

ad. 1760 Oilicío de M, de Saint-Jtilien para o Duque de 
Aeosi.26C(,Q|gçul^ parlicipando-lho a partida do Conde de 
Merle em 23 d^aquelle mez indo por exlremo pe- 
nhorado do bom acolhimento que lhe fizera a fa- 
mília Real (391). 



(389) Arch.evol. ciU, T. 231. 

(390) Ibid., f. 236. 

(391) /Òitf.. r. 237. 



— 27S — 

OfHcio (lo Conde de Mcrie escnplo cm Madrid An. 1760 
eoi que parlicipa âo Duque de Choiscul. que na ^ ' 
ullima visita que elle Embaixador havia feilo a D, 
Luiz da Cunha Ihecommunicára ficava M. de Saint- 
Julien encarregado dos Negócios da sua naçào ; que 
fora om companhia delle á casa daquelle Minislro, 
o qual nào recebera, mas que lhe escrevera com 
Ioda a polidez; que todos os Secretários d^Eslnda 
lho pagáríio a visiln; quo como estivesse descon- 
lenle de D. Luiz da Cunha o parLicipára a todo o 
Corpo Díplomalico, para que não lhe iuventasseni 
ao depois aleives, e conclua rogando ao Duque de 
haver assas de confiança nelle Conde de Merle e 
de acreditar na verdade de quanlo lhe dissesse em 
Versalhes dos Ministros d"Estado de Portugal (392), 

Officio de M, de Saint-Julien em que refere que An, i76í 
era voz publica que Elltei niio queria que fossem ^^^'" *** 
executados três Padres da Companhia que se acha- 
vlo condemnados a pena capital (393). 

OIBcio do sobredito Agente cora a parlícipaçào An.iieo 
d^haver chegado dos Açores um navio de guerra ®^^'" *** 

com sessenta Jesuítas, que partirão immedialamente 
do porto de Lisboa enn outro navio com destino para 
Givita-Veccbía (394). 



(392) Aroh, c yoh cii-, T 340. 

(393) íbid., r. aie. 

(394) íbid., f. 247_ 



18. 



— 276 — 

An. I7fi0 Despacho do Duijiie de Clioiseul para o Conde 
^^^■'' '^ do Mcrie, dando-lhe pressa pnra -jue de Madrid se 
passasse pnra Pnriz. onde o eslava esperando pnra 
com clle occupar-se tle vários objeclos conccrnen- 
l€sa PorUigal [3flri)- 

Ad. 17G0 Despacho do Duque dcChoiscuI paraM. deSninl- 
het.^ ^íi Julien, encommeiídando-lhc houvesse de fazer por 
descobrir o molivo por que D. Luiz da Cunha não 
fora visitar ao Conde do Ulcrle, sem embargo de 
ter sido o Condo muito bera recebido por ElRei e 
pela Rainha (3í)fi). 

An-iTGO Carla do mesmo Duque a M, de Lamoignon-Ma- 
Se[.*' 23 leshcrbcs, significando-lhe houvesse do prohibir qitc 
se reimprimisse em França cerlo escriplo em Por- 

luguez impresso em Lisfwn (397). 

An.i7S0 Continua M» de Saint-Julien a informar a sua 
Set." 23 CtjTle de quanfo ia occorrendo na de Lisboa, e re- 
fere que corria voz acabava de ser desterrado o Se- 
crelario d'Eslado da marinha Thomé Joaquim da 
Costa que se achavci tomando banhos nas Caldcs, 
e dando razão desle desterro acrescenta, que podia 
ser que delle se seguisse a desgraça do v\bbade Sa- 
lema Encarregado de Negócios de Portugal em Pa- 



(395) Arch. e yoI. cíL, f. 248. 

[396) Ibiã., L 351, 
r397) Ibid.. f. 252. 



— 277 — 

nz» por isso que haua siJo crcaLura (1'aquellc Se- 
crelario d^Kslado; que a maior no\idade que havia 
|iia COrle era r nomeação de M. Barros que havia 
residido no\u annoscm Pnriz para Secretario d'Em- 
baixaUa na dila Cõrle ^3ílS). 

Despacho do Duque (]e Choiseul para M. de Saint- An. 1760 
Julicn, ordeuando-lhe houvesse de tempos a tempos " ' 
de perguntar a D. Luiz da Cunha se a Inglaterra 
ha^ía feilo alguma ref^posta respeito aos na^ios ca- 
pturados em Lagos (339). 

Orricio do sobredito Agente participando que geAn. 1760 
dizia que um iia\io l^orluguez \indo da índia Irou-*^"^*"^ 
Acra a nolicia de liaverem os Jesuítas de Goa fu- 
lgido para o interior, levando cornsigo o corpo de 
S- Francisco Xavier e grandes cabedaeâ, e que logo 
depois dessa fuga o Marata viera com grande po- 
der de gente contra uma das praças da pro\incia 
de Salselc ; e que M. do Sá era mandado em mis- 
são a Nápoles e encarregado para a Còrle de Ma- 
drid de vários negócios que dizlào respeito pela 
maior parle aos Jesuilas (ÍOO), 

Em ofGcio deste dia participa >L de Sainl-Julíen An.i760 
á sua Corte qne todos os vassallos do Pipa que se 
achavào em Portugal se haviao retirado cm conse- 



(3*í8) Arch. c voL cil., T. 2S3. 

(m) ibid., r. 2G-a. 

[iOO] Ibid., I. , . 



Ad. 1760 
OuL,"21 



— 278 — 

quenciado roínpimeiUo declarado enlreaâduasCõr-> 

les (ÍOI). 

Em officio desla data participfl M. de Sainl-Ju- 
lien que se hnvia alTixado em Lisboa um edital que 
ordenava a demolição de Iodas as casas de madeira 
que se linliào edificado em consequência do terre- 
molo : o que, acresccnia aquelle Agcole, causava 
nSo pequeno desconlenlamenio por pertencerem as 
ditas casas a pessoas que fía^iàD ficado arruiuadas 
com o grande Iremor de lerra (iOS). 



An, 1760 Depois de haver parlicipado a elif^gada a Lishoa 
Oui.' 28 jg jj j^g^ Torrero Embaixador d^Hespanha em í26 
daquetle mez continua o Agcnlo Francez a infor- 
mar o seu Governo de quanto em Lisboa se pas- 
sava dizendo, que o Embaixador extraordinário de 
laglaterra tencionava recollier-se para aquei!a Corte 
em um navio da sua Naçào; que os negociantes la- 
glezcs se queixavão altamente d'el1e, por ísgo que 
nada linha feito em favor do seu commercío; que 
como chegasse o Paquete, clle Sainl-Julien se apro- 
veitara da conjuuclura para perguntar a D. Luiz 
da Cunha se tinha alguma resposta acerca dos na- 
vios tomados em Lagos; que aquelle Ministro lhe 
respondera, que nào havia ainda nada de positivo, 
mas que (inlia ordem d'Elltei seu Amo para soli- 



(401) Arch, e vol. dl., f, 26£>. 
(403) ma., f. 2G8. 



— 27Í — 

cilar de novo a conclusíio daqucllc negocio, e por 
tiquella occasiSo lhe atinunL-iára parlia para Parir. 
Josí? Jonquim de Barros como Secrelario de Em- 
bc^ixada, o fjiial ia apromplar a casa paríi o Conde 
da Cunha (403). 

Em officio deste dia participa M, de SainUJu- An. 1760 
l!en ao Duque do Choiscíil que o molivo por qiic^"^-" ^ 
D. Luiz da Cunha nâo linha visilado o Condo de 
Merle na occasi^o da sua parLIda de Lisboa TAra 
porque o Cardeal de Bernis nâo havia pagado a vi- 
sila ao Principal Saldanha, quando aí|ucl]e Minis- 
tro se relirára de Pariz ; c vindo a fallar dos ncfío- 
í!if>3 inleriares de Portugal, diz que lhe asses^rára 
que o Dispo de Coimbra havia sido doslerrado para 
Arganil por ler ido ao Bussaco \isitar os Meninos de 
Palhavà ; queLord Knowhjs partira cm 2 traquolle 
mez^equealémdo presenledo eslilo, recebera d'E!- 
Rei uma barra d^ouro e uma caisa d'ouro guarne- 
ciJa de díamnnles do valor de Irínta mi] Trancos; 
presente que subia de preço pelo modo com que lhe 
fora dado; pnrque depois de o Embaixador se ler des- 
pedido da Famitia Real, mandou-o EIKei chamar e 
lhe disse, aprcscntando-lho, que posto a sua Cílrle 
e a d'Elllei dlnglatcrra ti\esse de commutn accurdo 
de nSo fazerem recíprociímeníe presenles aos Em- 
baixadores, elle (lueriaporaquelleinodi) dÍsUí»gi*ÍI-n 



(i03) Artrh. df> Mini^l.dos Negócios Eâlmn^. de França, 
M>1 XCU, f- 272. 



— 280 — 

dentre os outros, e dar-lhG a conhecer a eslimaçâo 
em que o linha (iOi). 



An. nfio 



Despacho do Dut]ue de Choisoul em resposla ao 
officio de M. de Sainl-Julicii de 7 do iiicz anlccc- 

deule, em que lhe sigiiilica que a serem cerlas as 
nolícias da índia qae por aqnellc olllcio lhe parli- 
GÍpára, erào ellas da maior imporlancía para o po- 
der de Porlngal, e ao mesmo [empo para o com- 
mercio das demais nações da Europa, em conse- 
quência do que, lho ordena de pi^r lodo o estudo 
e applicaçào eoi lhe recolher Iodas as novas que por 
venLura chegassem dnquellc aconlecimcnlo; que lhe 
desse igualuienle informações sobre o Tralado da 
troca da Colónia do Sacramento, se o dilo iralado 
eslava ainda cnj vigor, e se de uma parte e d'ou- 
tra se tratava do o púr em execução (Í05), 



An, 1760 
Nov-- 11 



Officio do mesmo participando que José Joaquim 
Soares de Barros partia para França não somente 
como Secretario de Embaixada, mas lambem como 
Encarregado de Negócios em quanto a!i díÍo cfie- 
gasse o Conde da Cunha (í06]. 



An. 1760 Officio do M, dc Sainl-Julien participando quo 
NoY.^ II [^Q^j Knowles havia alcanrado da Cilrte de Porlu- 



{404} Arch. evol. ciL, f. 27ti. 
(405) /fcírf.. f. t>75. 
(toe) Jbid., f. 282. 



— 281 — 

gal o sRguinIe: l." Que nenhum Inglez podesse 
eer preso sem ordem expressa do Juiz Conserva- 
dor e porelie as&ignflda. 2."0uu com o prclcxloda 
saca d'ouro se nfio poderíSo tirar o seu pjopiio di- 
nheiro, 3," Que as casas Inglezas eslabelecidiís oo 
Porlo poiieriâo fazer as compras de vinho que qui- 
zessem, sem quo a Companhia lho podesse impe- 
dir. 

A esle oHicio vem appenso um Papel com noti- 
cias de Lisboa em que se diz, que dentro de pou- 
cos dias sairia á luz uai grosso volume contra os 
Jesui(íis de que era aulor o Abbadc Plalel, que ha- 
\ía sido Trade Capucho bem conhecido pelo que pra- 
ticara nas missues do Coehinchina, o qual haven- 
do-se passado para Londres, viera de lá para Lis- 
boa com uma hna pensào que lho mandara dar 
o Conde de Oeiras para clle trabalhar naquelia 
obra (Í07). 



Officio de M. do SaiDl-Julien com a participa- An. i76o 



Tção da morle dTIHei da Gran-Iíretanha (ÍOÍí). 



Nov,** 18 



Despacho do Duque deChoiseuI para M» de Saiol- An.l760 
Julien,signi[ic3ndo-lhe o quanto lhe parecia exiraor- *^'^' 
dínario, que tendo a Corte do Lisboa solíciíado com 
tanta ellicacla da de Inglaterra, âeguudo lhe havia 



(407] Aroh- dos Negócios Eslrang. de Franra, vol, CXJI^ 

f. aso. 
(408) Jbid., r, âfti. 



— 282 — 

asseverado D, Luiz da Cunha, a restiiuição do& Ka- 
vios cnplurados em Lagos, não livesse ainda esla 
dado sohre aqiielle assumplo uma resposta defini- 
tiva, observando tiiie se a soberania d"EIIiei D. José 
havia sido noloriamenle olTendida. e seu lerritorio 
violado naqnella occasiilo, a sua dignidade nào se 
achava menos compromellida pela conlemplaçiio quo 
os laglczGs parecíào ler para com as suas reclama- 
eíSes (409), 



An. 1760 
Nov." 23 



OlEcio do sobredito M. de Sainl-Julicn parlici- 
pando que o Embaixador dHespanha havia lido a 
sua primeira audiência aosâS daquelle inez(ilO). 



An. 1760 
Dez." 2 



Despacho do Duque de Clioiseu! paraM. de Sainl- 
Julicn, no qual lhe parlicipa que o Conde de Merle 
em consequência do estado de desarranjo cm que 
se achavyo os negócios da sua casa, era mui pro- 
vável que nào conlinuassc na Fmbiiixada de Por- 
tugal, e que por esse molivo tencionava despedir-se 
por caria d^ElRci de Portugal. Acrescenta o Du- 
que que linhal para si que a nossa Corte não linha 
tenção de mnndar Embaixador á de França, moli- 
vo por que defendia a ello Saint-Julíen de fallar 
naquella matéria, mostrando disso desejo; que pelo 
que dizia respeilo a nào ter o Cardeal de líernis pa- 
gado ao Principal Saldanha a visita, aquelle Pre- 



[409) Arch. e yo\. ciL. f. 286. 
(4iO) ihid,, f. 287. 



— 283 — 

lado obrflria com mais acerlo tratando de pagar as 
dividas que deixara em Pariz do que dando falsas 
informações á sua Círte ; que elle Sainl-Julien as- 
sim o podia dizer á sua Côrle; e conclue com a 
seguinlc rcllexão que nos dá a chave da Dcrimonia 
com que acima se expressava, a saber ; quo a dis- 
lincçâo com que havia sido iralado o Embaixador 
de Inglaterra era a consequência necessária do ape- 
go e submissão de Portugal á nação Ingleza (411) ! 

OlBcio de M_ de Sainl-JulÍGn dando parte de ha- An. 1760 
ver chegado ura navio do Pará com IIS Jesuítas, '"" ^ 
os quaes no dia seguinte forâo Ira aspo ria d os para 
um navio Dinamarquez que »ti fizera a vela para 
Civiía-Vecchia {il'2)- 

Em otGcio deste dia participa M. de Saínt-Julien An.i76o 
ao Duque de Choiseul que entregara a D, Luík da ^**^'°*^ 
Cunha as cartas para SS. MM. Fidelíssimas e se 
aproveilára da occasião para pcrgunlar áquclle Mi- 
nistro se havia alguma resjxjsta sobre a queslào dos 
navios tomados eui Lagos ; que D. Luiz da Cunha 
lhe respondera, que a morte d^EIBei de Inglater- 
ra, os embaraços que ella causara naquella Côrle 
junio com os contínuos padecimentos e incommo- 
dos de saúde do M. PiíL haviiío relardado a solu- 
çào daquelle negocio^ o que não obslanle ello D. 



(411) Arch. e vol. cit-, f. 280. 

[412) /6tí,,f. 292, 



— 28i — 

Luiz ih Cunha c-onlíniiava a solícilar n (]{>cÍsào delle 
com toda a eflicacia. Parlicipa mais qut ha^ia gran- 
de frei]ucncia de corrcius ealre os Ctlrles de Míidrid 
e Lisboa, u qut? se drzia trala\a-su ile niiindlar o tra- 
tado da ln>ca da Cílonia do Sacranicnlo ; e vindo 
a íallar dos negócios inleriores ajunla, que a de- 
motrçào das barracas fòra occasiào de mil discur- 
sos liolpnlos da parle das pessoas iieílas inloros- 
sadas, de maneira que o Conde de Oeiras que li- 
Dha cspiijcs por Ioda a parte fizera prender uma 
boa parle dos falladores (413). 



An. 1760 
Dm." 23 



OfUcio do Agente Francez 5L doSainl-Julieo em 
que participa que D. Liiiz da Cunha lhe havia dilo 
que o Conde seu irraào nomeado Embaixador ia 
parlír em breve para o sej deslino, e que o Go- 
verno já lhe havia mandado alugar casa para sua 
residência; que se apro^cilára d^aquetln aberta para 
dizer a D. Luiz da Cunho, conforme elle Duque de 
Choiseul lho eocommcndára, que a coaimunicaçào 
que o Principal Saldanha lhe lizera acerca da falia 
da visita do Cardeal de Bernis não fora exncla, ao 
que D. Luiz da Cunhfl liie tornara que o Principal 
nào linhn Teito communlcaçào qui? nao fogse sobre- 
maneira lisongeira para a Corte de França (41i). 



An. 1760 Neste oflicio dá o Agente Francez miúdas infor- 
Dez." 30 rnaçues do José Joaquisn Suares de ISanos, dizendo 



(Í13] Arch. .; vol. cil., f. ^«6. 
[Ml) IM-, f. 301.