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Full text of "De Benguella ás terras de Iácca; descripção de uma viagem na Africa central e occidental. Comprehendendo narrações, aventuras, e estudos importantes sobre as cabeceiras do rios Cu-nene, Cu-bango, Lu-ando, Cu-anza e Cu-ango, e de grande parte do curso do dois ultimos; alem da descoberta dos rios Hamba, Cauali, Sussa e Cu-gho, e larga noticia sobre as terras de Quiteca, Nʼbungo, Sosso, Futa, e Iácca, por H. Capello e R. Ivens. Expedição organisada nos annos de 1877-1880"

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DE BENGUELLA 



AS 



* TERRAS DE lÁCCA 

DESCRIPÇÂO DE UMA VIAGEM 

NA 

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AFRICA CENTRAL E OCCIDENTAL 



Comprehendendo narrações, aventuras e estudos importantes 

sobre as cabeceiras dos rios Cu-nene, Cu-bango, 

Lu-ando, Cu-an^a e Cu-angv, e de grande parte do curso dos dois últimos; 

alem da descoberta dos rios Hamba, Cauali, Sussa e Cu-gho, 

e larga noticia sobre as terras de Quiteca Nbungo, 

Sosso, Futa e lácca 

POR 

H. CAPELLO E R. IVENS 

^ OFTICUES DA ARMADA REAL 



EXPEDIÇÃO ORGANISADA NOS ANNOS DE 1877-1880 



EDIÇÃO ILLUSTRADA 



I VOLUME II 

I — 



LISBOA 

IMPRENSA NACIONAL 
1881 



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DE BENGUELLA 



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TERRAS DE lÁCCA 

DESCRIPÇÃO DE UMA VIAGEM 

NA 

AFRICA CENTRAL E OCCIDENTAL 

Comprehendendo narracScs, aventuras e estudos importantes 

sobre as cabeceiras dos rios Cu-nene, Cu-bango, 

Lu-ando, Curan^a e Cu-ango, e de grande parte do curso dos dois últimos; 

alem da descoberta dos rios Hamba, Cauali, Sussa e Cu-gho, 

e larga noticia sobre as terras de Quiteca Nbungo, 

Sosso, Futa e lácca 



POR 



H. CAPELLO E R. IVENS 

^ OFTICIAES DA ARMADA REAL 



EXPEDIÇ\0 ORGANISADA NOS ANNOS DE 1877-1880 



EDIÇÃO ILLUSTRADA 



VOLUME II 



LISBOA 

IMPRENSA NACIONAL 
1881 



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DE BENGUELLA 



AS 



TERRAS DE lÁCCA 



VIII índice dos capítulos 



XVII 

o Hungo e seus habitantes. Penteados e enfeites— O tabaco c seu emprego — Feal- 
dade das mulheres. Pouco interesse no fato — O amor ás vaccas e o desprezo pelas espo- 
sas — O monarciía do Congo— Aprestos de partida — Discussões com os naturaes — Ora- . 
çâo proferida pelos auctores, no intuito de commoverem os indigenas. Exigências d'estes 
e encerramento tempestuoso de uma sessão — Senxalas abandonadas — Exploração cen- 
surável — Tibre, a lagoa encantadora — Transe poético e escandaloso procedimento do 
cozinheiro— A cozinha do campo e a gallinha do estylo— As maxillas em acção e a ses- 
ta interrompida — Novamente cercados — Fugida da caravana — Entre ladrões c modo 
de resolver litigios — Singular decisão — A noite e o fogo das florestas — Os bosques e a 
vegetação- Quadnimanos e reptis— Luctas e solTrimentos- Descoberta do Cu-glio— Va- 
riantes de arvoredo. As palmeiras — Passagem de um rio e traições indigenas — Ultimas 
pendências — Abalada — A sós com a natureza 71 

XVIII 

Partida do Cu-gho— Lúgubres presentimentos — Os mu-chilos e o deserto— A sós 
com a natureza— Uma tarde angustiosa com sede devoradora — Momentos supremos da 
existência no mato — Um acaso providencial — Novos muchitos e trabalhos— Presos no 
bosque — Estado nervoso dos auctorcs e o receio de enlouquecer— Perdidos inteiramen- 
te— Pesquizas por caravanas organisadas em procura de caminho — Duas linhas do diá- 
rio— Uma noite sombria no meio de queimadas — Apparecimento de José. Sua missão 

— Encontro feliz- Dois caçadores furtivos — Promessas e abalada — Outra vez perdi- 
dos— Um tropel de palancas— Approxima-se a noite- Ultima decisão 91 

XIX 

Perigos do laconismo na dcscripção dos sofTrimentos, c receios dos auctorcs sobre 
similhante assumpto— A noite de 27 de maio — Apprehensóes — Pelo escuro da noite 
rondavam vultos— Visões e insomnias —Descoberta inesperada — As raparigas da cara- 
vana e um casamento no mato— Não ha fome que não dê em fartura — Satisfeito o cor- 
po, distrahiamos o espirito— A ar\ore perigosa — As gan\as de maluvo e uma aprecia- 
ção espantosa — Quizengamo, o primeiro dos quiloloi — Duas paginas do nosso diário — 
Insistência dos guias em levar-nos ao Quianvo — A nossa opinião e uma manhã por aquel- 
las terras — O Cu-ango e as curvas caprichosas do seu leito— Medonhos effeitos da dy- 
senterla— A fermentação pútrida c a falta de alimentos— Um baile nos raa-iácca— Aban- 
donados na floresta — Febres, ulceras c dyscntería — LHtimas exigências do guia. Fugida 
d'estc— No meio de misérias, a sós com os nossos recursos — O deserto— Fragmento do 
diário— A lua no minguante e uma confidencia a medo — O Cu-gho Ii3 

XX 

A fome, o estômago e uma opinião dos auctores— Succinta idéa sobre o rio Cu-ango 
—No Cu-gho— Epocha feliz e epocha fatidica — O arraial transformado em matadouro — 
O maluvo c a sua colheita — O lago Aquilonda supprimido do mappa— A palmeira e as 
zonas climatológicas— Abalada das terras do norte — O Pussa c o Cauali— A vegetação 

— Catuma Cangando, o soba bordado— Consequências da curiosidade- Uma copla gen- 
tílica— Ceremonia notável entre os roa-hungo— Um enterro nos bosques— Danje, Lu- 
amba, Matamba e Pacaça Aquibonda— Os Caculo-Cabaça— Assassinato de um compa- 
nheiro—Valor da vida entre os negros— V^unia-ia-Ebo e a ultima sepultura— Os valles 
do Lu-calla e a historia de um crocodilo— Nova cosmogonia— A mesa, e satisfação es- 
pecial que aos auctores inspirava- Passagem do Lu-calla— Lista dos restantes no dia 

do regresso iBg 



índice dos capítulos IX 



XXI 

Duque de Bragança— Sua importância e fertilidade — Mais um jantar com o chefe— 
Coordenadas astronómicas e magnéticas respectivas— Um soba compadre— As crean- 
ças africanas e duas considerações acerca d'c1las— Os infantes e os adultos — Curiosida- 
de bem comprehendida e resposta que a deve satisfazer — Como da fortuna se p>óde pas- 
sar á miséria — O dia 24 de julho e um capitão avesso ao raciocinio — O acampamento 
cm chammas— Os papeis dos expedicionários e as munições do armamento— Carrega- 
dores e ladrões — As cinzas brazeadas e felicidade providencial — Otubo e o ajudante ob- 
servador— O ^i-^on^/e e a ultima noite do mcz de julho 161 

XXII 

Definitiva partida do Duque de Bragança — Mestre José, o Luchilo e as patrulhas — 
O Ptyelus olivaceus e o capitão Silvério— Macaco agonisante e gato em liberdade— As- 
sombroso protesto— Pássaro original e novo tio do interprete — Samba-Cango, o Hango 
e o Lucalla — Breve noticia sobre o rio, terrenos e vegetações — Cariombo e o Porto Real 

— Canoas desconhecidas e novo systema de propulsão — Uma visita a Pamba, quatro con- 
siderações sobre ella e um elephante do reino vegetal — A caminho das Pedras Negras 

— Mestre Zé e os basaltos— Uma batota pregada á sciencia— A seda indígena— Pungo 
N'Dongo, seu aspecto e constituição— Notáveis pegadas impressas nos penedos — Factos 
dignos de menção— O porto Hunga e um Iwsque de laranjeiras — Philosophicas consi- 
derações dos auctores— .Va terra dos olhos, quem tem um cego é rei! A cachoeira Ca- 
ballo — O Cu-anza, obstáculos, peixes, cataractas. Breves reflexões sobre estas— Malanje 
Calundo, Pungo N'Dongo 177 

XXIII 

Novamente acampados— O /»M/t»>:/?^e/rdrn5 e um ento\oarto notável —Variabilidade 
dos ventos em Pungo-N*Dongo — O bordão do expedicionário e a penna do escriptor — 
Ultimo adeus a Silvério- Cabeto e as moscas do Cu-anza — O pára-raiosnomato — Ca- 
panda e a vegetação para oeste. Noticia sobre a sua ornithologia — O sangue c o Nhan- 
gue-ia-Pêpe — Cataracta no Cu-anza — O soba Dumba — Cassoque — Von Mechow e oseu 
mau portuguez — O Bango e as variantes climatológicas— O Cu-anza e a cataracta Ca- 
bullo — Ultimo olhar para as terras do interior— O Dondo. Recepção e obséquios feitos 
aos auctores n*aquelle ponto— Viagem pelo rio — Luanda. Distincções, amigos ali resi- 
dentes— Mossamedes— A caminho da pátria 3o5 



Conclusão , 227 



índice das gravuras 



Domingos ao despedir-se 2 

Catraio, o ajudante observador 3 

Construcção do quilombo opp. a 7 

Em alongada linha avançámos 10 

Cambollo, ojagga 11 

Engolfando-nos no adusto capim 18 

O atalho serpeia nos flancos da quebrada 19 

Boceta 21 

Fumando a fatal liamba 27 

As lughias colossaes 3i 

Campo de sepulturas 35 

Um cavalheiro de Ambaca 39 

Chegada do dr. Max Buchner 42 

Cataracta Lianzundo opp. a 44 

Ninho de capata-ièu 45 

Ao meio estiveram para arriar opp. a 48 

Typo jinga 5i 

Cateco, o guia 59 

Uma chuva torrencial caiu opp. a 62 

Perdidos no rio Mucuna ^ 

A manada de bois 67 

Sharpia Angolensis 69 

Senhoras do Hungo opp. a 73 

Lagoa Tibre 79 

Typo do Holo 81 

Estávamos em pleno tribunal 84 

Formava emmaranhado macisso opp. a 86 

Os pilotos do Cu-gho 88 

Cynocephalus porcarius 90 

O mu-chito opp. a 92 

Descendo uma encosta 96 

Chegada do guia Zé io5 

As palancas 108 

Coracias espatulata 1 1 1 



XII índice das gravuras 

Lemba, a mulher de Mutu 

As duas fugitivas 

Penteados iáccas 

O cu~ango em lácca ,. opp. a 

Dansas dos ma-iácca .' 

Mulher do Congo 

Que ermos, que solidão sem igual opp. a 

Qui-vuvi, a aranha da seda 

Era uma faina indescriptivel 

A curiosidade castigada 

Imprevidência funesta 

Cosmetornis vexillarius (Quimbamba) 

Era um soba compadre 

O perigo era immenso opp. a 

Seda africana . . • 

A patrulha de Samba Cango 

É um systema de hélices parallelos opp. a 

Pedras de Pungo N'Dongo 

Cachoeira Caballo opp a 

Telphusa Anchietae 

Telphusa Bayonianna 

Euprepes Ivensi (espécie nova) 

Chromis sparramanni 

Dembe, Mormyrus Lhuisi 200 

Muaca, Hemicromis Angolensis 200 

Chromis Mossambicus 200 

Rana ornatissima . 201 

Caranguejo do Cu-anza 2o3 

Empacaceiro da Quissama *. 212 

As tipóias de Angola 220 

A caminho do oceano 225 



J7 
21 

25 

28 
29 
33 

34 

37 
45 

49 
53 

60 

65 

72 

73 
81 

84 
89 

93 
96 

96 

97 
97 



Carta de Malanje opp. a 40 

Carta do Duque de Bragança opp. a 1 56 

Fac-simile de uma folha do registo das observações meteoroló- 
gicas opp. a 174 

Carta de Pungo N'Dongo opp. a 198 

Carta de Capanda ao soba Dumba opp. a 216 

Curvas meteorológicas opp. a 338 

Carta magnética 352 

Carta do curso do Cu-anza, do Dondo ao oceano — fim do volume. 



CAPITULO XIV 



Ultima tarde na feira e derradeiras considerações sobre os velhos sy- 
comoros — Deserções e despedidas ao abalarmos para oeste — Aperçu 
geral do paiz, temperatura c inlluencia da humidade — Um fun- 
damento e um cemitério — Rápida idca sobre o modo dos auctores 
acamparem no mato — Cambollo o jagga — Etiquetas na banza — 
O chapéu do soba — Um boi por um cão. As margens do Lu-i e os 
primeiros bao-babs — Conselhos dos guias — Um momento de ancie- 
dade— A cobra de agua e feitiços preservativos — Duas sanguesu- 
gas e debandada vergonhosa — Ojas^ga dos Bondos e quatro lagoas 
salgadas — Um palmipede preto victima da sciencia — Comitivas in- 
digênas — Tendência dos africanos para o negocio. Vantagens que 
d ahi lhes provém — A peste dos bosques e uma formiga sem igual — 
Tala-Mogongo. Seu aspecto e vegetação — Vingança dos auctores. 



A vcspera da partida de uma caravana para longa via- 
gem é sempre acontecimento notável, a que o leitor po- 
deria assistir, se comnosco estivesse em Cassanje na tarde 
do dia i8 de fevereiro do anno da graça de 1879, no amplo 
terraço da nossa residência, onde tal espectáculo se exhibia. 

De dentro dos armazéns haviam saído os artigos de ba- 
gagem, que os rapazes azafamados puxavam em todos os 
sentidos. 

voL. n i 



AFRICA CENTRAL 



[CAP. 



O trabalho começara com afan, acompanhando-o conver- 
sação calorosa, animada, jovial, que alguns mais matreiros 
sentados nas respectivas malas, excitavam com ditos facetos. 

Trocas de cargas, protestos contra o peso excessivo, sub- 
stituição de armas, furtos de cordas e correias, emfím a 
perda da chave de uma caixa importante, que se tomava 
necessário abrir, e que o cabeçudo portador, depois de insa- 




nas pesquizas, subitamente inspirado, veiu correndo para nós 

a exclamar ttatvez esteja dentro», foram os incidentes ge- 

raes. 

O sol, avançando, serviu de signat de remate, reunindo- 

se em pilha as cargas enumeradas. 
Ao chegarmos aos fataes sycomoros sentámo-nos. 
Cada um de nós accendeu o seu cachimbo, e dirigbdo 

mutuamente enormes baforadas de fumo ao nariz, espeta- 



Xiv] B OCCIDENTAL 3 

vamos o queixo, conchegando o occiput á gola do casaco, 
depois de bem arqueadas as costas, posição procurada por 
quem tem para cadeira apenas uma pedra! 

Quarenta dias aqui passámos, dizíamos, olhando para a 
palhoça, e quarenta planos nos falharam. 

O homem põe e Deus dispõe, é um bem certo provérbio 
que em Cassanje teve constante comprovação. 

Encurralados n'esta misera cubata, onde os fardos e as 
caixas jaziam em semi-pittoresca desordem; presos umas ve- 
zes pela febre, outras sujeitos a ella, e alem d'isso em per- 




manente lucta com os ferozes ma-n'cuba (carrapatos) que 
comnosco viviam em commum, não houve contrariedade 
que nos não succedesse. 

A viagem para leste foi impedida pelos ban-gala, encar- 
regando-se a febre de frustrar a outra para o norte; a chuva 
impediu as divagações nos arredores; emfim, as entrevistas 
com os naturaes cansavam-nos a ponto de ultimamente nos 
aferrolharmos para não os receber, porque o orgulho atre- 
vido dos chefes se tornava insupportavel. 

Cada dia é um aranzel, cada visita uma discussão! 



AFRICA CENTRAL [CAP. 



Por isso, apesar de Cassanje nSo reputar-se dos peiores 
logares em assumpto de recursos, foi justamente o sitio de 
que nos apartámos sem saudades, votando-o ao olvido, con- 
tentes com esta vingança. 

José, um precioso guia que engajámos nos últimos dias, 
propunha-se levar-nos por diíferente caminho, através da 
Jinga, até encontrar de novo o Cu-ango. 

Muitos dos carregadores, porém, que nao sentiam o me- 
nor interesse ou admiração por similhantc arrojo, deserta- 
ram, e com elles os cabindas que nos serviam. 

O guia pôde, apesar d^isso, conseguir vinte e cinco novos 
portadores, que foram um proveitoso auxilio. 

Ao sol de 1 8 de fevereiro succedera-se a noite, a esta os 
primeiros alvores do decimo nono dia, quando uma voz 
amiga nos despertou. 

— Senhores, sao cinco horas. 

Saltando ligeiros aprestámo-nos todos, em seguida a suc- 
colenta refeição- em casa do nosso bom amigo Narciso A. 
Paschoal, a quem aqui deixamos um voto de indelével re- 
conhecimento, após muitos apertos de máo, recommenda- 
çoes de prudência e de sentidos adeuses a algumas deze- 
nas de jovens, que tristonhas viam com a partida dos seus 
esvair-se em fumo os dourados sonhos da véspera, dando 
logar a verdadeiros improvisos, como o seguinte: 

Umba-ri-amé muene n* dengue la-oendè. 
Umba-ri^amé muene n* dengue lo-oendè. 

Moi N^jinji. 

Era a chorosa despedida que Domingos, carregador, di- 
rigia á sua diva Umba, e na qual n dengue (o coração) en- 
trava com a maior parte, como o leitor poderá julgar pela 
seguinte traducção approximada: 

«Umba, senhora e coração meu, vou-me. . . eu N'jinji.» 
Depois da vigésima fuga da esposa de Catraio ;o ajudan- 
te observador], que, sentado no solo, de cachimbo em pu- 
nho, se não decidia a partir, soltou a caravana o seu ru- 



V^oi^ 



( 



xiv] E OCCIDENTAL 



mo ao oeste, desfilando em longa linha, de cargas ás cos- 
tas, apoiadas nas respectivas armas. 

Abandonemos pois Cassanje, e seguindo o tortuoso atalho 
que primeiro atravessa as ondulantes planicies até ás ser- 
ras do oeste, o qual, embrenhando-se nas vertentes d^aquel- 
las, se desenvolve na parte superior do vasto planalto, per- 
corramos as terras dos ban-gala e dos ban-bondo, no dis- 
tricto elevado, até ao concelho portuguez do Duque de 
Bragança. 

O corpo expedicionário cortava directamente para a 
quebrada de Tala-Mogongo, que dista cerca de sete jor- 
nadas do ponto em que nos achávamos. 

Atravessando perpendicularmente ao seu thahveg nume- 
rosos riachos, na maioria aflluentes do Lu-i, uns de curso 
impetuoso, margens abruptas de rochas schistosas a des- 
coberto, e outros de leito plano alagado em muita extensão, 
occultos por capim resistente e cortante, fetos, Papfriis, 
Typhas, Nenuphares, VictoriaSy mariangas^ povoados de 
rãs que faziam enorme ruido, á similhança do grasnar dos 
patos, e de sapos que produziam um tilintar, lembrando 
muitos guisos, achava-se a caravana n^uma das mais pitto- 
rescas regiões doesta parte de Africa. 

Que pena, acrescentávamos mentalmente, que os nossos 
poetas e pintores, vendo tantas cousas com os olhos do es- 
pirito, não viessem aqui gosar realmente similhante pano- 
rama! 

Que recursos encontraria n^estas selváticas scenas a ar- 
dente e insaciável vontade do artista e do. . .; mas não sa- 
bendo de momento se o poeta é artista, suspendemos as 
philosophicas considerações, introduzindo-nos pelas estevas 
com paladinica resolução! 

Sob esta latitude os mezes de fevereiro e marco são os 
mais quentes do annb, chegando o thermometro a marcar 
3i° á sombra. ' 

O ar quente e cheio de humidade é então um verdadei- 
ro perigo. 



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AFRICA CENTRAL [CAP. 



No mais basto da floresta, o meio saturado de vapor 
torna-se quasi irrespirável, e é preciso um verdadeiro esfor- 
ço para conseguir os movimentos normaes da caixa thora- 
cica. 

Sob a sua influencia até os próprios vegetaes soffrem, 
encontrando-sc por toda a parte troncos de robustas ar- 
vores invadidos por cryptogamicas, em perfeito estado de 
podridão. Como consequência d^isto os metaes oxydavam- 
se com uma rapidez que espantava, e os canos das armas, 
as facas, as agulhas das bússolas, em poucas horas estavam 
de todo enferrujados. 

O couro amoUecia, a madeira dos instrumentos empena- 
va, o papel tomava-se pastoso, as fazendas escorriam agua, 
sendo necessário abrir e pôr ao sol os fardos de algodões 
e riscados, inteiramente cobertos de bolor. 

No homem este desequilibrio da natureza manifesta-sc 
então pela dysenteria permanente. 

As doze horas do dia 25 o caminho conduzia-nos á frente 
da barita do soba CamboUo, chefe de uma das familias a 
quem pertence o jaggado. 

Momentos antes passámos perto de gigantesco sycomoro, 
onde parecia estar funccionando um tribunal. 

Era o fundamento. 

Julgava-se um assassino, para ser remido a dinheiro, in- 
demnisando a familia da victima. Choviam aqui um mu<a- 
no^ ali um quttuche, a propósito das causas do crime, e o 
accusado ia pagar irremediavelmente. 

Deixando a ban:{a ao oeste, dirigimo-nos para uma emi- 
nência, que, coroada por botiquet de elegantes arvores, se 
nos afigurou o sitio mais apropriado á construcçâo do qui- 
lombo. 

Começando porém os indigenas a gritar, soubemos en- 
tão que ali era o cemitério, facto notável mais de uma vez 
comnosco succedido e que nos levou de futuro a fugir dos 
logares pittorescos, vista a especial mania dos indigenas em 
os escolherem para dominio e residência dos mortos. 




Xiv] E OCODENTAL 



Desde o começo da viagem adoptámos o systema de 
acampar no mato, em arraial feito pela nossa gente. 

Era de toda a vantagem esta disposição, porque assim 
ficávamos relativamente independentes, e sobretudo livres 
da visita e incommodos provenientes da residência nas //- 
batas dos sobas. 

Entretanto mais de uma vez tivemos sérias questões com 
estes senhores para conseguir similhante resultado, ao cabo 
porém viam-se elles coagidos a ceder, em presença de tanta 

obstinação. 

» 

N^esse intento, depois de percorrermos a libata, perto da 
qual era nosso desejo ficar, avançávamos cerca de meia 
milha, e, logo que obtinhamos agua, arriavam-se as cargas 
junto da arvore mais alta. 

Começava então a faina, que se repetiu tantas vezes 
quantas as marchas que fizemos em Africa. 

A nossa gente, já habituada e dividida para esse fim, 
partia em varias direcções. 

Uns, em procura de adequadas arvores, cortavam-lhes 
os troncos, e, voltando com elles, construíam os esqueletos 
das cubatas, n^um logar previamente limpo. Outros, ageita- 
vam os ramos para a primeira cobertura, sendo coadju- 
vados por um grande numero, que já ao tempo havia reu- 
nido os feixes de capim, para revestimento exterior d'aquel- 
les. 

Quatro muleques entretinham-se no arranjo das camas, 
compostas de capim e folhas soltas, sobre que se assenta- 
vam duas pelles de panthera. 

Defronte das duas cubatas, Otubo dispunha sobre dois 
troncos de arvore, assentes parallelamente, todas as cargas, 
em seguida cobertas por encerados que para isso leváva- 
mos. 

Terminado este trabalho tratavam todos da construcção 
dos próprios fundos^ que eram dispostos n^uma circumfe- 
rencia de circulo, em derredor das cargas arriadas. 

Em duas horas estava tudo concluído. 



8 AFRICA CENTRAL [CAP. 



Ao tempo já Capulca havia dado começo d installação 
da sua cozinha de campo, e cercando-se de dois ou tres 
pequenos muleques, no meio de pancllas, cafeteiras, facas, 
pratos de ferro, chávenas, etc, procedia á sua limpeza. 

Nós, entretanto, determinávamos por diversas observa- 
ções as cordenadas geographicas, com suas variantes, fazía- 
mos o levantamento da região em que nos achávamos e os 
registos e cálculos meteorológicos. 

Passava-se tudo isto á carta até ás tres da tarde, hora 
geralmente escolhida por nós para a refeição mais importante 
do dia. 

A pequena caixa que conduzia as chávenas e pratos ser- 
via alternadamente de mesa para comida e trabalho. 

Sobre esta eram então coUocados dois pratos e dois 
talheres, e no chão, em derredor, uma grande travessa de 
ferro cheia de infundi, um prato com carne guisada, nos 
dias felizes, peixe do rio fumado, nos peiorcs, e cousa ne- 
nhuma nos aziagos. 

Meia dúzia de pimentas do Chili, jindungo, dispunham o 
paladar para similhantes manjares, tornando-o pela sua 
forca indifFerente á sensação. 

Uma chávena de café e um cachimbo cheio dava remate 
a esta scena diurna. 

Chegava então o momento das magnas considerações e 
do descanso. 

Um céu anilado, uma temperatura agradável, a paiza- 
gem brilhante e o estômago repleto, convidava-nos a re- 
costar na fofa alfombra do capim que por toda a parte 
se nos ofierecia, deixando ás auras galernas (na phrase do 
poeta) o cuidado de nos rociar as frontes! 

Estirados, com a face apoiada no braço, o cotovelo as- 
sente na terra, ora scismavamos, admirando o panorama 
que se nos ofFerecia, ora discutíamos, quando não nos do- 
minava o somno! 

As duas horas da tarde fomos introduzidos na habitação 

> 

do jagga Cambolio. 



1 



XIV] E OCCIDENTAL 



Formosa residência, pela maior parte construida de ma- 
rianga junta, perfeitamente entrelaçada de capim, tinha um* 
cercado da mesma espécie a resguardal-a. 

Os macotas, abrindo e fechando portas, foram successi- 
vamente introduzindo-nos. 

A medida que avançávamos, parecia que se complicava 
a questão, com uma etiqueta mais exagerada. 

Olhava-se para os cantos, diziam-se segredos, affirmando- 
se com a cabeça, emfim nada se percebia. 

Mais dois compartimentos percorridos nos levaram á sala 
da recepção, ao meio da qual estava o velho chefe. 

Acocorados n'um pequeno banco, observámol-o, deixan- 
do proseguir o extenso j{mbolaj7iento com aquella paciência 
evangélica de que tantas vezes temos fallado. 

O soba c grande, muito poderoso, tudo governa, só elle 
manda, pódc matar e fazer a guerra, tem numerosos vas- 
sallos, e mil outras prerogativas que os panegyrisias repetem 
para grande satisfação e gloria dos respectivos monarchas ! 

Cambollo é homem de idade avançada. 

Envolto n'um longo panno de riscadinho debruado de 
zuarte, manilhas nos pulsos e tornozelos, coUar de mis- 
sanga e cabeça rapada, tinha um aspecto que não desagra- 
dava. 

O enorme chapéu de soldado de infanteria portugueza 
do século XVIII, mettido ate ás orelhas, dava-lhe um ar bas- 
tante grutesco! 

Triste, segundo dizia, de nos não poder gratificar ampla- 
mente como desejava, fez-nos o pequeno presente de um 
enorme boi preto, que, mimoseado com uma bala, não se 
decidiu a succumbir, fugindo pelas campinas ad perpetuam 
fei memof^iam. 

Retribuído com uma dadiva de fazenda, e um pequeno 
cão filho de Cassai que nos acompanhava, o qual s. ex.^ o 
jagga manifestara desejos de possuir, abandonámos as ter- 
ras de Cambollo-Cangonga, proseguindo para oeste. 

Defronte cstendia-se a azulada linha das terras alterosas, 



IO AFRICA CENTRAL [CAP. 

terminando ao norte pelo morro Bango e os cerros do 
N'guri, e perdendo-se ao sul nos extensos horísontes, aonde 
em Cajinga, Bumba, outro jagga, tem a sua residência. 

Ao sueste divisava-se um elevado cabeço. 

Era o Cassalla, cuja ascensão só conhecem determinados 
indígenas, que encontrando agua na parte superior, d^elle 
têem feito em tempos de guerra um verdadeiro baluarte, 
considerado como posição inexpugnável. 

Transposto o Lu-i, de margens cobertas pelas largas fitas 
de Arundo phragmites^ de verdes fetos, de eschinomenes 



EH ALONCAIU UHIU AViIHÇÍHO) 

e de edemonas, continuámos as marchas por planicies ala- 
gadas. 

No penúltimo dia do mez de fevereiro, ao noroeste da 
senzala Lu-argo, a expedição, acampada, bebia agua do 
riacho Muhamba, profunda ravina que as torrentes das 
serras conduzem ao Lu-i, saudando o apparecimento de nu* 
merosos bao-babs, os quaes desde Quillengues deixáramos 
de ver. 

A altitude era então de 1:012 metros. 

As avalanches de agua, despenhando-se, interrompiam 
todo o trabalho de campo. 



XIV] E OCCIDENTAL 1 1 

Depois de coUocar os instrumentos meteorológicos, ba- 
rómetros, thermometros ao ar livre, psychrometros para 
avaliar a humidade, observávamos do interior da palhoça 
o quadro que diante de nós se desenrolava. 

Acabrunhados de fadiga não tínhamos esperança de ver 
terminar as chuvas. 

Fervilhava-nos na mente a idéa de proseguir ainda a nor- 




deste para ver se, illudindo os ban-gala, passaríamos pelo 
Holo para o Cu-ango. 

Os guias, porém, não cessavam de protestar, asseverando 
que tal tentativa não podia ter resultado. 

— Em todo ò Cassanje, diziam, se espalhou a noticia 
de que os povos do Cu-ango impedirão a passagem dos 
brancos. 

— Ha pouco um fcbindelle (e referiam-se a Otto Schutt) 



12 AFRICA CENTRAL [CAP. 

esbarrou no longo com o Calandula do Ca-quilo e o banza 
Quitumba-Caquipungo; vós, mais ao sul, estivestes presos 
pelo Banza-e-Lunda, em risco de perder os haveres; lan- 
çar-vos, pois, outra vez entre esses selvagens, c vontade de 
tudo comprometter. 

Isto, porem, em nada podia influir no momento em que 
um, ficando no campo, o outro buscasse perquirir as in- 
tenções dos indigenas. 

Organisado assim o projecto, tratava-se de o pôr em 
pratica. 

No dia seguinte de manhã largava pois um na direcção 
dos morros do N'guri, que ao norte se avistavam, e perto 
dos quaes o jciggci dos Bondos tem a sua residência. 

Transpondo o pequeno plateau do Lu-ango, começámos 
a subir e a descer as terras accidentadas que se nos defron- 
tavam no meio das maiores difficuldades. 

As correntes que vinham da serra pelas brechas feitas 
na encosta, saltavam impetuosas aqui e acolá, ora produ- 
zindo riachos de leito profundo, ora alagando as planuras 
intercaladas e construindo verdadeiros pântanos, onde a 
agua nos chegava ás curvas. 

Saindo de um vallado profundo, erguiamo-nos ao morro 
seguinte; breve, porém, nos engolfávamos no adusto ca- 
pim e Papfrus de terceiro, luctando assim com a floresta 
e baixa vegetação que tudo envolvia. 

Estas marchas em subidas e descidas tinham alem d'isso 
muito de insípidas e monótonas, porquanto as paredes das 
montanhas nos interceptavam completamente a vista, e só 
nas cumiadas descobríamos alguma cousa. 

Na margem direita do rio Bale, quando com agua pela 
cintura o atravessámos, um dos carregadores esteve a pon- 
to de perder-se. 

Foi un\ momento de cruel anciedade, a que só os nossos 
gritos e a energia dos companheiros pozeram termo. 

O infeliz, assentando o pé n^um poço circular e lodoso 
de terreno falso, muito frequente nos leitos dos rios panta- 



XIV] E OCCIDENTAL l3 



nosos, enfiara por ellc, immergindo até ao pescoço e ver- 
gando ao peso da carga, via-se em risco de morrer asphy- 
xiado. 

Pouco depois, mais adiante, idêntico incidente se repro- 
duziu, sendo necessárias extremas precauções para avan- 
çar um passo sem perigo de ser inhumado vivo. 

Os bosques que íamos atravessando eram desertos. 

Apenas se encontravam n'uma ou n'outra clareira vestí- 
gios de passagem de comitivas, pelos troncos carbonisados 
e pedras calcinadas. 

Como nos embrenhássemos por meio de uma mata, ver- 
dadeiro dédalo de cipós e ramos, onde todas as arvo- 
res assentavam os troncos cm raizes descobertas, vimos 
com grande espanto os primeiros portadores da vanguarda, 
abandonando as suas cargas, partir a correr para junto de 
nós. 

— Uta-Utãy bradavam todos. Uma cobra, senhor, uma 
boa enorme! 

Querendo assegurar-nos do facto, avançámos na direcção 
indicada, torneando cautelosamente o tronco de uma colos- 
sal Hervúniera E„ que jazia em terra decomposto, junto 
da escarpa limitativa do riacho de corrente espumante. Pre- 
paravamo-nos para observar, quando de improviso saiu por 
entre o capim, n''uma ondulação, gigantesca cabeça, depois 
enorme corpo, e, revolvendo-se em duas voltas espiraes, 
metter-se pela agua. Isto produziu desagradável efleito nos 
circumstantes, como sempre succede a quem ve próximo 
de si qualquer animal de terrível aspecto. 

Era uma uta-ia-maia (cobra de agua), um Najaf?) talvez, 
a qual, saltando rápida, se abysmára no fluxo que cobria 
o lameiro. 

Mas agora ninguém ousava vadear o rio. 

Todos viam o monstro apparecer, de guela escancarada, 
prompto a feril-os. 

Para afastar o reptil, e destruir de alguma forma as in- 
fluencias secretas e nefastas do repugnante bicho, asseveran- 



14 AFRICA CENTRAL [CAP. 

do O successo da nossa passagem, mestre José (Zé assim 
lhe chamávamos), recolhendo-se para o bosque, permittíu- 
se obsequiar-nos, afastando o animal por um systema com- 
binado de feitiços, só d'elle conhecido. 

Ao termo de cinco minutos, volvendo da ceremonia, que 
terminara por dois estrondosos assobios, declarou poder- 
mos entrar n^agua. A meio caminho, porém, um movimento 
de refluxo se opera inopinadamente, dois gritos ferem os 
ares, todos debandam, e nós mesmos, aterrados, fugimos 
também. 

Um dos homens gritava: 

— Estou perdido ! estou . . . morto ! 

Mas ninguém queria acreditar que um morto estava de pé; 
e passado o pânico, voltámos envergonhados, íingindo-nos 
distrahidos, em vista do exemplar castigo que tivera a ridi- 
cula retirada. 

Duas sanguesugas agarradas ao tornozelo do nosso he* 
roe haviam sido a causa da medonha confusão ! 

A 2 de março, passando na base da serra Catanha, um 
portador foi enviado acima, á senzala do jagga, com o 
presente do costume, seguindo nós para o nordeste, em di- 
recção ás terras do N'ganga N^Zumba. 

Este soba não se achava ali, e as informações dos natu- 
raes abalaram logo as nossas phantasias, no sentido de pro- 
seguir a viagem pelo Cu-ango. 

cOs ban-gala não deixam passar», diziam todos; alem 
d^isso, o terreno é coberto de agua, onde serpeia o rio Lu- 
handa, e tem quatro lagoas salgadas, propriedade do ai- 
ludido N^ganga, as quaes impedem a marcha, aíiançando-se 
que d^ali para diante o trilho se tomava intransitável, pois 
ao longo das escarpas da serra tudo era alagado. 

Na descida o portador, na companhia de um bondista, 
trouxe-nos uma quinda de fubá, com que nos mimoseavam, 
e enorme pássaro (attento o ilosso gosto pela ornithologia), 
dadiva aos museus da Europa, fazendo a interrogação: 

— No calunga conhecem este bicho? 



XIV] E OCaDENTAL l5 

Era um grande palmipede preto, de immenso bico como 
os tucanos; os olhos lembrando os do camaleão, circulares, 
proeminentes e moveis; o corpo como o do pato, mas muito 
maior. 

Não sabendo se similhante creatura tinha relações natu- 
ralistas, suspendemos a replica. 

E como a duvida nos salteasse o espirito, não vimos me- 
lhor meio, para resolver o problema, do que torcer-lhe o 
pescoço em nome da sciencia, e substituindo-lhe as vísceras 
por algodão em rama, aguardar tranquillos a resposta dos 
mestres. 

Conformando-nos pois, tomámos o expediente da prom- 
pta retirada, e rodando sobre os calcanhares, partimos por 
onde tínhamos vindo. 

O nosso organismo empobrecido começou também a pro- 
testar. 

A 3 prostrava-nos a febre, manifestava-se a dysenteria, 
e a ulceração da parte inferior das pernas resistia a todo o 
tratamento, de forma que as ultimas jornadas foram um mar- 
tyrio. 

As scenas precedentes repetiram-se. 

Ao terceiro dia de viagem encontrámos uma comitiva de 
ma-songo, que se dirigia para oeste com muitas cargas de 
borracha e cera, enviadas de Cassanje. 

Uma longa fila de homens e creanças, pela maior parte 
com um singelo trapo suspenso de cordel que lhes cingia 
os rins, e no qual iam mettidos cachimbo, machado, faca, 
etc, avançava entoando tristonha cantiga. 

De ordinário os rapazes coadjuvam os mais velhos, e é 
notável que, recebendo estes cargas de 90 libras, quasi sem- 
pre dividem metade com aquelles, chegando um pequeno 
a pegar ás vezes em 40 libras. 

Triste situação a do negociante por ali. 

Apenas acampados, choviam as bolas de borracha, sub- 
trahidas dos fardos pelos portadores, que tudo nos que- 
riam comprar. 



i:) aí"iii«:a «:entral ':ap. 



.^xdiain em dcseiori de permutação, e crnno nada conse- 
guiirseiii- dispersavam, indo fazer ne;ii:'CÍo peias ríenzalas pró- 
ximas, onde loizo sura;iram muitas questões. 

Um. que quizera trocar uma espintzarda sem feci:os por 
outra no\a, dando cera ou borracha-, alterca'-. a com o com- 
prador; outro, pretendendo adquirir :íarapa. era victima dos 
componiieiros que lhe bebiam m.etade, e fujpa de cabaça em 
punho para não perder o resto; o b«:rb>:'rinho dos p^^ucos 
que, tendi) comprad«> tabaco, não pt:diam di\id:l-o entre 
si, e accusavam os vendedo-res de cj/::.j;7ir'/ò' ladrões , in- 
vestindi;. izrit^uido. correndo, tudo ci}m o rim de tra.icor, 
eis o que entJiD se pas:ír.u. 

O africani:), na i^eneraiidade. mostra tendência innata para 
neiíociar. Bin-bund(^. ban-;j;a!a. ba-iunda. ban-bocdo. todos 
sJíD a porrla commerciantes. ^uprondo-íe n'isto tonto mais 
perfeitos, quanto mais ladinos e ladrões, considerondo-se 
indispensável esta uitima quaiidade. 

VL\endo peio ne:zocio e para o nei^oci-:. corre em todos 
os sentid-xs en: priícura de mercad-^rias. enviííve^e nas mais 
comp-icadas ji:ntri'y. er^ias, em --erios contratos, a que umas 
vezes falta, «surrai nlo satisfaz, prodi:^alisando dias e pa- 
lavras, o'ATí 'j que náo se embaraça. 

As feiras --.u mercad«;s ^i) os iiT.ptjrtantes cenn^os, em que 
elle desen- oive tijda a sua presteza e e!«:quencia» e para 
onde se dirige em izrandes expedições commerciaes. 

Peio caminho pij':v:m vae .sempre negociando. 

As mercadorias variam muitij de preço e vendas, confor- 
me os terras a percorrer, sendt) fácil por este ou aquelle ar- 
tigo determinar appro limadamente o sertão a que se des- 
tina qualquer cijmidva. 

O indigena tem no negocio tudo a .uianliar, e p<.>ue bem 
dizer-sc que sem tai recurso nada seria. 

O ci^mmercicí- obrigando-<)s a repetidas ^ iaj;ens* traz co- 
mo consequência necessária os relações e contratos com 
pov-3s distantes. 

F«jrçados a procurar local onde lhes oôereçam os g;eneros 



-^ 



XIV] E OCCIDENTAL I7 

mais baratos, para maior proveito tirarem, resulta d"'ahi o 
gosto pela especulação e o immediato conhecimento dos va- 
lores. 

A competência dá-lhes a esperteza atrevida e a dissimu- 
lação ladina, que elles, principalmente com europeus, empre- 
gam sempre. 

É na verdade curioso observar a satisfação com que o 
preto entra em negocio á mais leve proposta. Um lenço ou 
panno por elle comprado, é logo cedido, se n'isso vir qual- 
quer lucro. 

No nosso acampamento tivemos occasião de ver, no curto 
espaço de vinte e quatro horas, i metro de baeta vermelha 
passar por seis possuidores successivos. 

Na Africa emfim, ao sul do equador, o commercio é todo 
feito ás costas de homens, que juntos em numerosas comi- 
tivas denominadas nibjcas no sul, quibiicas no norte, diri- 
gidos por um quissongo^ marcham em linhas extensas pelos 
matos. 

Era uma d''estas comitivas que se achava ali, a qual breve 
partiu, deixando-nos a sós e livres de tanta inferneira. 

Construído o acampamento, o nosso primeiro cuidado 
foi accender fogo para enxugar o fato e prepararmos re- 
feições. 

As três horas, estando tudo concluído, começaram a dis- 
por-se* os instrumentos das observações diárias, thermome- 
tros normaes de máxima e minima, barómetros, etc, quan- 
do Catraio (a ave agoureira da expedição e encarregado 
dos mesmos instrumentos), appareceu declarando que desde 
aquella data podíamos considerar-nos sem thermometro 
para a terra, porquanto lhe havia esquecido em Casssanje o 
tubo de ferro, assim como dois pares de botas! Attribuia 
a culpa á esposa, que lhe dera desgostos ao partir, e com 
este pretexto se desculpava. 

Parecia que todos os nossos artigos (para a terra), seriam 
condemnados á eliminação, se a infelicidade de Catraio 
continuasse. 

voL. n 9 



AFWCA CENTRAL 



Sid>5titumdo a pnmdrs perda com um tbermometro 
para o ar. pensávamos em intlifnr correcnvo ao le^iaDO, se 




não podessemos resolver o transtorno da Fcjninda^ qaan> 
do vigoroso vespão, frequente □os*bos(]ucs, cujas poderosas 



E OCCIDENTAL 



'9 



mandíbulas causam terror aos indígenas, se lembrou de 
apparecer e dissuadir-nos do propósito em que estávamos 
de castigar o esquecido, picando o ajudante observador ! 

É um pouco similhante á Capambo (Dasypogon Capam- 
bo?) mosca de boi, mas muito maior. 




Ás suas mordeduras, muito venenosas, succedem logo a 
inflammação e dores agudas, que incommodam seriamente. 

Chamam-lhe os naturalistas Synagris comuta e nós ficâ- 
mol-a conhecendo por peste dos bosques! 

A 7 de março achavamo-nos reunidos nas margens do 
riacho Gamba. 



20 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Um cheiro horriv.el enchia o ar, levando-nos a suppor 
ser proveniente da carne em decomposição que já ha dias 
transportávamos. 

Interrogados, porém, mostraram-nos a causa. 

A infecção era devida á espécie original de formigas pre- 
tas, de I centimetro de comprido, que por todo o acampa- 
mento puUulavam, exhalando horrível fétido ao tocar-lhes. 

Ainda náo despontava o dia quando partimos. 

Defrontavam-nos as vastas serras de Tala-Mogongo, que 
para a planície lançam verdadeiros promontórios, cujas ra- 
vinadas espaldas, coloridas pelo oxydo de ferro, similhavam 
enormes paredes. 

Seguindo o Íngreme e desigual atalho, serpeiando nos 
flancos da quebrada, ora seguros a um musgoso tronco, ora 
a ramos que se fendiam, conseguimos elevar o nosso redu- 
zido peso, através das asperezas que medeiavam entre o 
valle e as cumiadas superiores. 

No alto das serranias parávamos no intuito de gosar do 
esplendido panorama que diante se desenrolava. 

A inclinação da encosta era de 45^ approximadamente. 

Espessa floresta, verde escura, vestia-a por modo que 
nem um palmo de terreno se descobria. 

Os próprios troncos dos tamarindos, acácias, mafumei- 
ras ou taculas eram invisíveis sob a cobertura da folhagem. 

A partir da base da montanha apparecíam, táo longe 
quanto a vista podia attingir, as vastas planícies que em 
gradações parallelas passavam do verde ao azul, cobertas 
ao principio de um labyrintho de troncos, recortadas de 
riachos, pairando sobre ellas as ultimas manchas do cacim- 
bo, no momento de díssipar-se. 

Alguns morros, como o Bango e as serras do longo, 
destacavam-se doeste meio, e o sol, elevando-se no azul, 
dourava tâo estranha paizagem com as suas ondas lumi- 
nosas e transparentes. 

Durante meia hora contemplámos em profundo e me- 
lancólico silencio os longíquos horisontes. 



XIV] E OCCIDENTAL 21 

Estávamos, graças ao delicioso panorama, em suave e 
feliz disposição de espirito. 

O que havia pois a fazer era sustentar-nos quanto po- 
dessemos n'essa esphera de satisfação ideal e doce tranquil- 
lidade. 

Enchia-nos a alma um sentimento indefinivel, e não des- 
viávamos a vista das longiquas perspectivas, com receio de 
que alguma impressão inferior nol-a destruisse. 

Lá ao longe o Cu-ango, as terras do Shinge, os montes 
do Peinde, abundando em problemas curiosos e gentes des- 
conhecidas, eram por nós observados com saudade. 

Assim se passaram dois quartos de hora, que tanto du- 
rou a agradável emoção, até se succederem as más dispo- 
sições, sempre nascidas de uma natureza revolta. 

Ah! ban-gala, infames! 

Como se pôde admittir que tantos milhares de individuos 
vivam e se conservem avessos a todo o principio civilisado ! 

Será forçoso acreditar que esta raça miserável é insus- 
ceptivel de aperfeiçoamento, e ficará eternamente condem- 
nada á miséria, á escravidão, a um meio deletério e rebel- 
de, hostilisando todas as tentativas para civilisal-a? 

Quem poderá sabel-o? 

E erguendo nervosa a dextra, como quem declama, pro- 
ferimos do alto da serra uma feia apostrophe! 




BOCETA 



CAPITULO XV 



Limite de Cassanje e uma lucta entre indígenas — Modo de pensar 
dos auctores sobre as dissensões africanas — A nascente do Cambo 
e a entomologia por estas terras — O erguer do mato e scenas con- 
sequentes — Lembrança lamentável do cozinheiro e as maravilhas 
naturaes do sertão dos Bondos —A lagoa Utumba e queda desgraça- 
da — Fructo inesperado — De como os auctores, de limpos que esta- 
vam, se transformaram em dois sórdidos infelizes — Preâmbulos de 
fome — O Chiça e N*Dala Samba — Um almoço em companhia — Jo- 
sé do Telhado e a mortalidade pelas terras de Africa — Cu-ango 
e Cu-anza. Linha divisória de suas aguas — Cha-Landa e exigên- 
cias dos pequenos sobas — O ambaquista, traços distinctivos, seus 
hábitos, importância, perigosos protestos e recursos — O morro Ban- 
go e a ascensão d'este. Max Buchner, o explorador allemão — Uma 
celebridade ecclesiastica — O Lu-calla e a cataracta Lianzundo — 
Duque de Bragança. 



Estávamos pois fora do districto dos jaggas de Cassanje. 

Longe dos importunos ban-gala e do terrível clima, por- 
quanto, se por estes parallelos a Africa não ganha pela sa- 
lubridade, a bacia do Cu-ango deve ser considerada como 
pestilencial, havíamos mudado de opinião, e, imaginando- 
nos resarcidos das fadigas, occorria-nos a idéa de retroceder. 

Breve, porém, renunciámos a similhante plano, convictos 
de que não era o momento para valentias, e voltando as 
costas proseguimos. 



24 AFRICA CENTRAL [c\P. 



Todos exprimiam um vivo sentimento de satisfação ao 
verem-se livres d'aquelles cuja cobiça e crueldade os tinham 
embaraçado por longo tempo, e tremendo pelo regresso ca- 
minhavam ligeiros. 

€ Vamos ás cabeceiras do Cambo», diziam; e Capulca na 
frente, nós na retaguarda, cortávamos pelos macissos de 
verdura. 

A abundância de planícies pantanosas e de grandes char- 
cos é a verdadeira calamidade d''este districto, cujo chefe 
principal se denomina N'Dala Quissua. 

Ainda não tínhamos andado 3 milhas quando corremos 
pelo caminho, em consequência de aíBictivos gritos que 
cchoavam na floresta. 

Cassai (cadella), adiantando-se ligeira, tomou por um ata- 
lho. 

Nós, seguindo-a, em poucos momentos encontrámos um 
quilombo, pela parte de fora do qual se accumulava nume- 
roso gentio. 

Era uma quibuca de funantc, que não estava presente, 
segundo disseram. 

Inquirida a rasão dos gritos, soubemos, após algumas pa- 
lavras de preambulo, que os carregadores se divertiam a 
infligir castigo a um desgraçado, por não poder pagar certa 
divida. 

O mais interessante era não ter elle a culpa, pois nos 
constou, ao resgatal-o, que um parente ou habitante da sua 
senzala, passando pela do credor, havia comido e não sa- 
tisfizera a despeza. 

O infeliz tinha as costas cm miserável estado, mas ao ver- 
nos redobrou de furor, e, correndo para um d^^elles de faca 
em punho, travou-se a lucta, ferindo-o seriamente. 

A final, apaziguado o motim separámo-nos, trazendo-o 
comnosco, como guia, para o ponto aonde nos destináva- 
mos, e que elle dizia não ser longe d^^ali. 

Nota-se por muito raro ver-se entre os indígenas cicatri- 
zes que provem dissensões individuaes entre cUes. 



XV] E OCCIDENTAL 2 

Ao principio parcceu-nos este caso abonatorio do seu ca- 
racter, evidenciando-se a exigua tendência para o crime. 

Mais tarde modificámos similhante juizo, após estudo 
attento, e convencemo-nos que é um signal da sua inferior 
situação. 

O indigena pouco pensa nos outros. 

O interesse pessoal é tudo, resolvido elle, por qualquer 
meio, de nada mais se importa. 

D^ahi a circumstancia de haver só rivalidades cm casos 
muito especiacs. 

O estimulo da dignidade não existe. 

Os jogos, as luctas de destreza, que na Europa são causa 
de tanta querela, o prurido da distincção, a vaidade de ser 
admirado, tornam-se para elles questões à pcu prcs desço 
nhecidas. 

Doesta forma, achando -se estanques as principacs fontes 
d'onde saem os grandes males que envenenam as paixões 
e originam crimes, as consequências desapparecem. 

O preto pois, sentindo natural horror pelo sangue, qua- 
si nunca aggride o seu similhante, não só por falta de affe- 
ctos superiores, mas por medo e cobardia. 

Submettido porém ao contacto da civilisaçáo, creados os 
interesses e estimulos, faz-se muitas vezes assassino peri- 
goso. 

É por isso que os grandes facinoras derivam principal- 
mente das tribus, vivendo entre europeus e nos grandes cen- 
tros commerciaes. 

A uma hora e trinta minutos do dia 8 de marco de 
1879 chegávamos a um vasto juncal, indicado pelo guia 
como a nascente do rio que procurávamos. 

Installando o abba á beira do charco, dispozemos os ele- 
mentos para a longitude e variação, e rilhando uma raiz de 
mandioca (invariavelmente exclamávamos «muito se assi- 
milha á castanha»), escrevemos o seguinte em nosso diário. 

Nasce o Cambo na encosta da serra Catanha, n^^uma 
planície encharcada que recolhe as aguas d'esta parte do 



20 AFRICA CENTRAL [CAP. 



plan'alto superior, e cortando para o norte por entre as 
terras de Quifucussa e Catalla Canjinga, penetra na Jinga, 
indo a final precipitar-se no Cu-ango, na latitude de 7® 40', 
cerca de 7 milhas abaixo da grande cataracta de Suco-ia- 
muquita ou Suco-ia-n^bundi^, nas terras do Tembo Aluma, 
e acima de duas outras que o mesmo rio possue. 

É o segundo affluente do Cu-ango depois do Lu-i, e que 
na velha carta está erradamente representado, correndo nas 
baixas planuras do longo e Holo com uma direcção média 
de nomordeste. 

Preparavamo-nos para fazer uma serie de observações 
magnéticas no interesse da sciencia (que tanto exige hoje 
do viajante), quando a chuva nos demoveu do propósito, 
deixando sem muita pena esse cuidado a futuros explora- 
dores que por ali transitem e a quem desejámos melhor tem- 
po. 

Surprehendidos por uma medonha trovoada, seguida de 
chuva diluviai, conservámo-nos acampados, com grande sa- 
tisfação dos nossos, que, em meio de uma nuvem de espes- 
so fumo, enchendo completamente os fundos, passavam de 
boca em boca o cachimbo carregado de tabaco, muito abun- 
dante nas terras dos Bondos; substituindo-lhes pouco de- 
pois a mu-topa, em que se consome a fatal liamba (Canna- 
bis sativa). 

Os fumantes sentam-se em derredor de um amplo bra- 
zeiro, d^onde tiram com pequenas tenazes os carvões para 
começar a operação. 

O primeiro que a conduz aos lábios, depois de ter quatro 
ou cinco vezes aspirado o precioso fumo, estendendo os bei- 
ços e chupando sôfrego, desata n'um vivo accesso de tosse, 
o qual parece tanto mais satisfactorio quanto mais próximo 
esteve da suffocacão. 

O cachimbo é logo entregue ao immediato, que continua 
o processo e fica estatelado, roncando de modo singular. 



^ Suco-ia-n*bundi parece exprimir perturbação da vista. 



E OCCIDENTAL 



A agua dentro do chifre borbulha, deixando passar as 
bolhas de fumo, que produzem ruído especial. 

Em breve um vacarme de urros nada permltte ouvír-se. 

Os círcumstantes, com a b6ca cheia de saliva, que expel- 
tem a niíudo, proseguem na faina, rindo, fallando, excitados 
pela acção perturbadora do cânhamo. 




Inspira na verdade dó ver similhante scena. 

Mas como impedil-a, se para elles é isto um dos maiores 
deleites em que podem empregar o tempo? 

Ao principio intentámol-o; mas infructifero esforço, por- 
que, fogindo para o mato, faziam-no clandestinamente! 

Um entomologista n'esta região teria farta colheita. 



28 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Ao terminar da chuva esvoaçavam milhares de maripo- 
sas, cujas azas multicores, desafiando a attenção, nos lem- 
braram quanto desejaria vel-as o illustre director do museu 
de Lisboa. 

Ah! se o dr. Bocage o soubesse, nunca nos perdoaria; 
e recostando-nos, diziamos : 

— A falta de alfinetes será a desculpa. 

De um para outro lado perseguiam-nos as já alludidas 
Sfiiagris comuta, e os ma-ciinhapamba ligeiros, Odonata 
(tira olhos). 

Pelos ramos verdes do capim os miKurnliimbia Mautis 
(louva a Deus), de mais de i decimetro de comprido, tre- 
pavam vagarosos em procura dos próprios ninhos, de en- 
volta com os quaes se viam os dos Capata-iéu (borbole- 
tas?), construídos de pequenos paus sobrepostos e juntos 
pelo animal n'uma bem entretecida teia, que, depois de quei- 
mados, apontam-se como bom remédio para os dentes, e 
isso mesmo se deduz do nome gentílico, pois iéii significa 
dente. 

No terreno os gongôlo (Spirostreptus gongolo) arrasta- 
vam-se lentamente ao lado de Capricórnios e diversos Sca- 
rabeos, entre os quaes viamos os ma-tiitatimoi (Ateuchus 
africanus), que em laboriosa tarefa transportavam as enor- 
mes bolas feitas da matéria dejectada pelos herbívoros, on- 
de guardam os ovos. 

As térmites diligentes reconstruíam as habitações. 

Arachnidios exóticos como as aranhas de seda ma-vuvi 
(Nephita bragantina) balouçavam-se de ramo em ramo, li- 
gando com a fina teia amarella as extremidades superiores. 

Os activos e obscuros Xylophages minavam até ao âma- 
go os nodosos troncos de velhas arvores. 

Colossaes tnbangarala (Cicadas)^ cigarras africanas, em 
movimento contínuo, atordoavam-nos os ouvidos com o 
seu susurro especial, interrompido de quando em quando 
pelos estridentes gritos do ngumbe^ pássaro celebre que 
julgamos ser o mesmo Corythaix paulina. 



XV] E OCCIDENTAL 29 

Os originaes ma-ribiindo ou ma-libundo (Pelopceiís spirí- 
fexjy cujos ninhos de argilla se vêem por todas as traves 
de antigas e modernas casas, onde elles, depois de deposi- 
tarem um ovo e o respectivo fornecimento para o futuro 
animal, o fecham e abandonam, e que entre varias singula- 
ridades têem a de nao se lhes conhecerem fêmeas, pois 
quantos se encontram são machos, viam-se esvoaçar por 
entre as abdhas c umas pequenas moscas fabricadoras de 
mel, verdadeiro flagello dos acampamentos, as quaes acom- 
mettem o viajante suado, invadindo-o por toda a parte, de 
forma que em pouco tempo o triste assoa-se e cospe mos- 
cas, tendo de fugir para não endoudecer no meio da perti- 
naz insistência de similhantes bichos. 

As seis horas, desapparecendo o sol, a terra em que nos 
achávamos immergia na sombra, os insectos rctiraram-se 
e tudo entrou em silencio. 

Tratando de procurar um sitio enxuto dentro das cuba- 
tas, onde podessemos estender os membros fatigados, invo- 
cámos o divino Morpheu, solicitando-lhe tranquillo somno. 

Accommodados nas pellcs que envolviam o capim, bar- 
rete até ás orelhas, cerrando as pálpebras, principiámos a 
invariável cantata de roncos, diapasão pelo qual os nossos 
companheiros afinavam com decidido gosto, continuando 
noite adiante sem notável desharmonia. 

Ao ruborisar dos céus, concluindo o innocente passatem- 
po, de olhos meio arregalados, dêmos ordem para erguer, 
e rcpetiram-se as scenas pittorescas da partida de uma co- 
mitiva, cheia de peripécias e mesmo de selvagens encantos 
para o viajante, que é d''clles parte integrante. 

Primeiro foram os esprcRuiçamentos c os bocejos acom- 
panhados de diálogos e risadas a que se seguiu, acto con- 
tínuo, o atiçar das fogueiras meio amortecidas, para aquecer 
refeição previamente preparada e o enrolar das esteiras-ca- 
mas, que com tiras de carne e saccos de fubá compunham 
a bagagem do carregador. 

O café dos chefes fervia. 



3o AFRICA CENTRAL [CAP. 

As cargas, tiradas dos montes, eram conduzidas pelos 
respectivos donos, que tratavam de as ligar aos tnangos, 
amarrando-lhes facas, panellas, etc. 

Todos trabalhavam então; susurro geral ouvia-se pelo 
vasto campo. 

Depois eram dois a discutir, mais um a participar qual- 
quer complicação, e emfim o guia, que, chegando-se para 
os chefes, vinha receber as ultimas ordens e dar as derradei- 
ras informações. 

Sobrevindo á ultima hora uma ou outra disputa, tinha de 
resolver-se. 

A claridade era já intensa. 

Milhares de aves enchiam os ares com os seus melodio- 
sos cantos. 

A cacimba que envolvera o horisonte, agora em largos e 
estirados farrapos, começava pelos intervallos a deixar aper- 
ceber os contornos das terras distantes, detraz das quaes 
se viam os primeiros clarões do astro rei, que n'aquellas la- 
titudes, conforme ao norte ou sul do equador, são appro- 
ximadamente seis e dez ou seis menos dez minutos. 

Tudo estava prestes. 

Tomado o café e de estômago quente, nós, no meio do 
quilombo, apertávamos as correias da cinta, d'onde pendiam 
a cartucheira e a faca de mato. 

O cozinheiro entregava os últimos artigos ao carregador 
respectivo, as raparigas curvadas, tendo no chão e defronte 
as enormes cestas que transportavam á cabeça, punham 
ás costas os filhinhos, apertando-os com os pannos. 

O sol, galgando pelo cume das arvores próximas, enviava 
os primeiros raios, que subitamente illuminavam o acam- 
pamento e quanto n'elle se via. 

Destacavam-se já alguns vultos em movimento. 

Eram os primeiros carregadores que rompiam a marcha 
com o guia. 

Bem depressa outros se succederam ; uns curiosos ainda 
esquadrinhavam o campo com receio de não esquecer ali 



IVJ 



E OCCIDENTAL 



algum artigo ; e em poucos minutos, no local onde tanta gen- 
te se agitava, existiam apenas duas dúzias de cubatas meio 
derrocadas e uns madeiros reduzidos a carvão, dos quaes 
se despedia íiimo azulado. 

Embrenhando-nos nos bosques, refeitos de forças, devo- 
rávamos o caminho de cajado em punho, fazendo phíloso- 
phicas considerações sobre as originalidades da creacão, e 




as vantagens de um adhesivo inglez que possuiamos para 
os calios! 

Estes passeios matutinos por meio das gramíneas carre- 
gadas de agua e do gottejar constante das folhas da vegeta- 
ção alta, que se transforma em verdadeira chuva quando ha 
vento, são pouco agradáveis. 

Continuámos porém, alimentando-nos a esperança de ver 
em breve tudo enxuto pelo sol, quando) occorreu a Capulca 



32 AFRICA CENTRAL [CAP. 

uma circumstancia digna da mais seria ponderação; isto é, 
que a respeito de jantar para esse dia, tinhamos a escolher, 
entre i libra de fubá para dois, ou quantas quizessemos do 
embalsamado ar que nos cercava! 

— Pois só agora te lembraste? dissemos. 

— Só agora! respondeu muito naturalmente. 

Que descoberta tão pungente, no meio da floresta, por um 
caminho tortuoso! 

E a paizagem tornava-se subitamente bella. 

O capim desenvolvido, cobrindo o terreno, deixava ver, 
brotando do seu seio, os negros troncos das ultimas quei- 
madas, onde cousa alguma viamos que se ingerisse. 

As lughias colossaes, cujo saboroso fructo verde é muito 
apreciado, verdadeiro pára-sol, ao abrigo do qual se po- 
deriam recolher centenas de homens, ao lado da mU'an\a 
(leguminosa), cuja casca serve para tingir o couro, mas não 
para comer, e de exóticas espinhosas á feição da esponjei- 
ra, accumuladas de flores, produziam um pittoresco eífeito, 
furtando-nos ao menos com a sombra da sua desenvolvida 
folhagem á influencia directa dos raios solares. 

Pequenos lagos em sítios diversos, cobertos de convol- 
vulaceas, liliaceas e outras flores, acrescentavam encantos 
á formosura do paiz. 

Similhantes curiosidades, poréríi, já não entretinham. 

Todas estas maravilhas, mais vivazes, mais frescas que 
nunca, eram para nós indiffercntes, absorvidos como está- 
vamos na questão de satisfazer o estômago. 

Maldita lembrança a de Capulca, diziamos nós, em ar 
de conclusão; e emquanto os companheiros se occupavam 
a encher os cachimbos, nós, abandonando a paizagem que 
deslumbrados admirávamos, tratámos de estudar o meio 
de resolver o assumpto, comprimindo o cinturão que em 
consequência do vazio ameaçava cair. 

O tempo corria a unha de cavallo; não havia que hesitar. 

O sol, avançando, dava-nos o exemplo. 

A caminho pois. 



XV] E OCCIDENTAL 33 

Em marcha os negros pensamentos dissiparam-se com a 
constante mudança de panorama, e illudindo a fome cami- 
nhávamos pelo trilho plano e horisontal ladeado de flores- 
tas, distrahidos, attendendo ora ao cachimbo, ora ás aspere- 
zas do terreno, onde uma topada era sempre presagio da 
banal exclamação. 

Que excellentes botas! 

Não duraram por muitas horas estes passatempos: suc- 
cesso inesperado nos apanhou de súbito. 

Uma milha adiante encontrámos immensa campina en- 
charcada, verdadeiro lamaçal, que o guia disse chamar-se 
Utumba. 

Quando chegámos ali, um atascou-se até aos joelhos e o 
outro, falhando-lhe o pé, caiu estatelado, sujando a figura 
toda. 

Que desagradável situação, caro leitor, é moldar a cara 
na lama! 

Narinas, boca, tudo em misero estado! 

Soprando pelas ventas para sacudir o lodo, limpávamos 
a boca litteralmente cheia, e abrindo um pouco os olhos, 
por onde descobríamos as risonhas caras dos companheiros, 
desesperámos primeiro, suspirando depois por uma banheira 
no hotel Central! 

Emfim salta aqui, escorrega acolá, fomos proseguindo. 

Nada havia de comer, pois nem sequer encontrávamos 
uma senzala. 

As quatro horas acampámos abatidos pelo cansaço. 

Apenas installados, Capulca (o homem das descobertas) 
dirigir a-se meditativo para a margem do riacho próximo. 

Não tinham decorrido dez minutos quando o vimos vol- 
ver radiante de alegria. 

De nariz no ar, mostrava-nos alguma cousa, que a dis- 
tancia não permittia reconhecer. 

A final approximou-se, e arriando um volume deixou-nos 
ver no amplo bonet uns fructos amarellos, á similhança da 
nespera da Europa. 

VOL. II 3 



34 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Maravilhas do acaso. 

Sem dizer sequer uma palavra, lançámo-nos a elles e de 
boca cheia apontávamos para a arvore mãe, indicando 
aos muleques uma nova recolte, o que foi executado prom- 
ptamente. 

Estes, por cada três que apanhavam, comiam dois, de for- 
ma que, a meio caminho de encher o estômago, só encon- 
trámos os despidos galhos. 

Entretanto sobreveiu a noite, accenderam-se as fogueiras. 

Seriam oito horas, accommodámo-nos nas palhoças, para 
repousar, quando uns estranhos ruidos nos chegaram aos 
ouvidos. 

Eram ais afflictivos e suspiros como de quem faz um 
esforço, depois sons roucos, tumultuosos, originaes; dir- 
se-ía estarmos junto de vasos que se enchiam ou despeja- 
vam, emfim de cousas inexplicáveis. 

De pescoço espetado e ouvidos attentos, não podiamos 
atinar com a causa; mas levando as mãos ao ventre, soltá- 
mos dois enormes gritos, partindo quasi ao mesmo tempo 
pela cubata fdra. 

O escuro envolvia tudo. 

Proseguiamos desvairados na vertiginosa carreira quando 
tropeçámos com dois vultos de cócoras. Nem tempo houve 
de exclamar «quem está ahi», e dando uma viravolta esten- 
demo-nos no chão! 

Um cheiro atroz enfrascava o ambiente; das nossas mãos, 
casacos, etc, exhalava-se inqualificável fétido. 

Terrivel noite! 

Foi então que se nos aclarou o mysterio. 

O cozinheiro (um dos vultos com que esbarráramos), os 
muleques e alguns dos carregadores, eram victimas da in- 
gestão excessiva do fructo descoberto, e em vasto circulo, 
em derredor do acampamento, viam-se obrigados a depor 
um alimento com que o tubo digestivo não sympathisava ! 

D'ahi o coro de suspiros e ais, os rumores estranhos que 
tanto nos espantaram. 



XV] E OCCIDENTAL 35 

D^ahi também esses desagradáveis odor e tombo, cujas 
consequências, pouco aromáticas, por muitas horas se fize- 
ram resentir. 

Nefasto dia, que devíamos marcar com uma cruz preta, 
resultando augmento da fome, e vigilia durante a noite, na 
laboriosa tarefa de nos beneficiarmos. 

Uma corrida bastara para operar esse contratempo, e 
dos dois chefes, mediocremente limpos, fazer dois pobres 
diabos em lamentável estado ! 



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Repetindo as abluções até ao romper do dia, partimo'^ 
estonteados de mão no nariz e outra no ventre, amaldi- 
çoando a frondosa arvore, que, ^aciosamente debruçada 
sobre o curso de agua próximo, fora causa de tanta desgraça, 
e depois de classificarmos sitio funesto o rio Gu-iji, desappa- 
recemos no espesso dos bosques. 

Agora, porém, decididos a encontrar pousada, apertáva- 
mos a marcha, conformando-nos com as disposições do Al- 
tíssimo. 



3b AFRICA CENTRAL [CAP. 



José, cujo estômago, por necessidade ou sympathia, ron- 
cava como os nossos, afiançava- nos que n^^essa tarde se en- 
contrariam os estabelecimentos de N'Dala Samba, onde elle 
tinha até um . . • tio, revelação extraordinária com a qual 
nos redobrou as forças! 

Effectivamente assim foi, e após 7*/^ milhas de marcha 
passámos no Chiça, levantando a final o bivouac em N^Dala 
Samba, junto de duas feitorias, e ahi se compraram logo 
mantimentos. 

Tínhamos emfim de comer, a questão era preparal-o. 

Para mitigar o aborrecimento da espera, e bem dispor 
o appetite excitado pelo jejum das vinte e quatro horas an- 
tecedentes (se não fossem os fructos), sentámo-nos, cortando 
pausinhos emquanto o tio do nosso guia, a quem previamente 
fomos apresentados, nos contava umas historias semeadas 
de episódios da vida do mato, que por extremamente fres- 
cas não reproduzimos aqui. 

Depois Gapulca soltou o brado « está prompto » . 

Costas ao narrador, observámos attentos. 

Com que emoção nós viamos, no meio dos cachões da 
fervente agua em redemoinhos e voltas, duas brancas e bem 
depennadas gallinhas, apparecendo e mergulhando! 

Ah! estômago, estômago, quão exigente és! 

Mas como são grandes também as sensações que nos pro- 
porcionas, as quaes apesar de ligadas á matéria, em nada 
cedem ás do espirito! 

Em dez minutos tudo havia desapparecido, com grande 
espanto de José e seu respeitável tio, que de olhos arre- 
galados, alongando o pescoço, olhava para o fundo da pa- 
nella, a qual maliciosamente lhe ofFerecemos vazia! 

No trajecto ate õ ultimo arraial encontrámos frequentes 
sepulturas de portuguezes e africanos, attestando por aqui 
evidente dificuldade de existir, não longe de uns poucos 
estabelecimentos, onde agentes das casas, de Malanje se 
adiantam á porfia no caminho, com o fim de serem os pri- 
meiros encontrados pelas comitivas. 



XV] E OCCIDENTAL Sy 

No Chiça, em meio de uma pequena aldeiola, visitámos 
o tumulo do notável facinora portuguez José do Telhado, 
cuja reputação de valentia ainda hoje se conserva nos indi- 
genas. A sepultura, cuidadosamente tratada pelos últimos 
dos servos, achava-se cheia de flores e coberta de artigos 
diversos. 

A mortalidade n'esta quadra é espantosa. 

A influencia miasmatica não parece influir com a mesma 
intensidade em todas as epochas, e isso bem se compre- 
hende. 

No tempo das chuvas a temperatura elevada não só faz 
que as emanações do solo sejam maiores, mas transpira- 
se abundantemente, bebe-se mais e a absorpção é conside- 
rável. Perturbado assim o organismo, manifesta-se a doen- 
ça mais enérgica e perigosa. 

Em Gassanje, durante a demora ali, vimos succumbir 
três negociantes, dos quaes um europeu. 

Em Malanje, uma casa com delegação em Gassanje, que 
tinha sido fundada por três associados, fechara pelo mo- 
tivo da morte de dois. 

É triste, mas convém dizel-o : as condições de habitabili- 
dade por aqui não satisfazem as exigências europêas. 

Estávamos nas linhas divisórias das bacias do Cu-ango 
e Gu-anza. 

Ao norte Camicungo despeja as aguas no Gongo-Zaire, 
a leste o Gamoaxi corre pelo Mucari para o Gu-anza. 

Fornecida a caravana, e depois de uma digressão feita ao 
Sanza, seguimos a sudoeste. 

Estávamos no concelho de Malanje, que queríamos atra- 
vessar para ir ao Duque de Bragança, d'onde tencionáva- 
mos internar-nos de novo nos sertões.' 

Bosques totalmente fechados, appareciam a espaços, co- 
bertos de agua, com pequenas clareiras ás vezes alagadiças. 

Abundavam pistas de caça, mas não se via uma peça; 
as perdizes e rolas, comquanto frequentes, eram em extre- 
mo desconfiadas. 



38 AFRICA CENTRAL [CAP. 



Os pequenos sobetos visitavam-nos aos milhares. 

Um d^elles, Cha-Landa, teve comnosco séria questão. 

Por mero capricho phantasiou este senhor possuir um 
casaco dos nossos, e em marchas e contra-marchas exigiu 
do interprete que lhe fizéssemos a concessão. 

Irritado com a recusa, esbracejava no quilombo, sendo 
necessário pol-o fora pouco airosamente. 

Ninguém pôde imaginar a serie de pequenas dificulda- 
des e exigências com que o explorador tem de reagir por 
aqui. 

A vista das fazendas, despertando geral cobiça, dá livre 
curso a todo o género de tentativas enganadoras. 

Mal surge a comitiva n'um ponto qualquer, apparecem 
logo sobetos, séculos, delegados doestes, parentes d^aquelles, 
com dadivas insignificantes, como por exemplo dois ovos, 
pedindo peças de fazenda. 

Muitas vezes o soba, que entra com uma farda de capi- 
tão do exercito, é um simples soldado com baixa da se- 
gunda linha que o governo de Portugal tem em Africa. 

Sem embargo apresenta-se vaidoso, possuindo-se do seu 
papel, cercado de grande caterva, e invariavelmente segui- 
do por uma espécie de secretario ou rufião, ladino e esper- 
to, que sempre se escolhe entre ambaquistas. 

E agora que chegámos a este ponto, digamos duas pala- 
vras sobre esta notável tribu, laia de bohemios de Afi^ica, 
os quaes se encontram por todo o interior, continuando a 
caminho de Malanje. • 

O ambaquista é a alma damnada do sertão. 

Um dos modos seguros para o conhecer consiste na toi- 
lette sempre extravagante; outro, nas marcas de bexigas que 
geralmente tem no rosto, as quaes então fazem d'elle ver- 
dadeira peste. 

Um ambaquista bexigoso é mais ladino que uma raposa. 

O que apresentamos ao leitor é endinheirado, negociante, 
velhaco encanecido em batotas. 

Profundo conhecedor das tendências do indígena, entra- 



XY] E OCCTDENTAL $9 

lhe pela senzala, cría-se uma posição, capta as boas graças 
de todos e principalmente dos régulos, decide questões, 
sustenta o conceito de sábio que d'elle fazem, contando- 
Ihes historias sobre os costumes e hábitos dos europeus, dá^ 




lhes uns lampejos sobre religião e manifestações externas do 
culto doesta, e fazendo volver todas estas circumstancias 
em seu proveito, escreve-lhes cartas como complemento. 
O ambaquista escreve ! 



40 AFRICA CENTRAL [CAP. 

É tal a mania pela leitura e escripta (resultado indubi- 
tavelmente de influencias missionarias), que em marcha leva 
sempre dentro da pequena mit-hamba um tinteiro, uma 
penna e duas ou três folhas de papel, servindo-lhe isto no 
interior para escrever a mit-canda (carta) a um soba, pela 
qual exige 2, 3 e 4 jardas, e junto das auctoridades para 
lavrar protestos e manifestações contra elles. 

Chega isto a extremos de verdadeiro furor. 

Seis ambaquistas, reunidos em conselho, fazem pelo me- 
nos um protesto cada semana. 

A propósito, ouvimos contar algures uma historia digna 
de mencionar-se. 

Cinco d'estes, havendo redigido extensa representação 
contra certa auctoridade, trataram de assignal-a. 

Suscitando-se grave debate, pois que nenhum queria ser 
o primeiro a firmar por seu punho tal documento, com re- 
ceio de ser preso como iniciador, pensaram elles no modo 
de resolver a intrincada questão por forma que nenhum 
apparecesse em cabeça de rol. 

Reunidos pois, matutando, discutindo, entrechocando-se 
alvitres (porque ninguém como estes senhores tem mais fácil 
loquela), estavam para annullar o protesto, pela difticuldade 
de encontrar o a: do problema. 

Emfim, após maduras considerações, acharam solução 
satisfatória: inscrever as assignaturas em circumferencia de 
circulo! 

Estanrios juntos á villa de Malanje. 

Ao sul ficava-nos o morro Bango, perto do qual estabe- 
lecemos arraial, para gosarmos algum tempo de descanso e 
fazer a ascensão do cerro, no intuito de operar um tour 
d^horison. 

Como o denso mato da encosta impedia o transito, os 
dois primeiros dias foram destinados a abrir caminho para 
a parte superior, faina em que se empregou toda a nossa 
gente. 

Mais desembaraçados e tranquillos, preparámos a baga- 



XV] E OCCIDENTAL 4I 

gem scientifica que havia a transportar, para depois se pro- 
ceder aos trabalhos necessários. 

Ao terceiro escalou-se. 

No cimo sentámo-nos estafados. 

O peito soprava-nos como o folie de uma forja. 

Admirando o espectáculo que sempre encanta quem, 
achando-se n"'uma planície, se eleva em poucos momentos 
de 800 a 900 pés, contemplávamos as verdejantes planu- 
ras onde serpeia o Cu-anza, do meio das quaes viamos 
erguer um morro que torneia pelo norte. 

No horisonte de oeste projectavam-se altivos os pene- 
dos de Pungo N^Dongo, similhando as cúpulas de gigan- 
tesco edifício, ao noroeste os montes de Ambaca, ao norte 
a serra Muhunzo, ao sul a villa de Malanjc, tudo successi- 
vamente marcado pela agulha azimuthal e recebido pelo 
papel quando esta desceu. 

Na manhã seguinte, 19 de março, achavamo-nos á porta 
da barraca, desenhando o retrato de mestre José ;o guia), 
de pé, com o largo chapéu e embrulhado no matutino co- 
bertor, a quem o tio, ao pegar-lhe, admirava de pernas para 
o ar (modo que nós considerámos assas extraordinário de 
aperceber perspectivas), quando subitamente nos appareceu 
na clareira do arraial um cavalheiro europeu, montado em 
boi-cavallo e seguido de dois ou três pretos. 

Dirigimo-nos para o desconhecido, que, apeando-se de 
um salto, se encaminhou também para nós. 

iQuem será»! Eis o que mentalmente perguntávamos a 
nós mesmos, vendo por aquellas alturas um homem, cujo 
typo alourado denotava ser oriundo do norte da culta 
Europa. 

Isto se encarregou elle de nos dizer e aqui repetimos 
ao leitor. 

— Sou o dr. Max Buchner, explorador allemão, enviado 
cm missão especial ás terras da Lunda, onde devo encon- 
trar o Muata-Ianvo. Acho-me em Malanje, completando o 
pessoal e á espera de alguns objectos que commigo devo 



42 



AFBICA CENTRAL 



[CAP- 



transportar. Soube do vosso apparecimento aqui, vim com 
o duplo intento de vos conhecer e de escalar o morro que 
temos em frente, idéa suggerida desde o ingresso n^esta 
terra. 

Convidando-o a almoçar, acercámo-nos da caixa do ran- 
cho, onde os muleques nos serviram do melhor que havia, 
conversando por espaço de uma hora em tudo quanto a 



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imaginação podia suscitar a três homens n^aquellas cir- 
cumstancias. 

Vantagem d'estas bússolas, bom emprego de certos theo- 
dolitos, processos directos para a determinação de longitu- 
des, dificuldade de transportes no mato, noticias da velha 
Europa, decidido interesse dos seus povoadores pela Africa, 
influencia nefasta do clima, modos de preservar das febres, 



XV] E OCCIDENTAL 43 

foram outros tantos pontos sobre que versaram as nossas 
considerações. 

Depois Buchner, partindo com um guia que lhe ofFerece- 
mos, subiu ao cerro pelo caminho por nós feito. 

Ás quatro horas regressou. 

Devorava-o uma febre de escaldar, sendo necessário se- 
pararmo-nos sem demora do delicado hospede. 

No arraial continuámos alguns dias em trabalho e ouvin- 
do historias, das quaes a mais digna de reproduzir-se é a se- 
guinte. 

Esteve por aqui um celebre ecclesiastico (suppomos não 
ser portuguez), cujo nome calamos por commiseração, o qual 
praticou, segundo nos disseram, extraordinárias proezas. 

Em toda a parte nos fallavam de tal creatura. 

Parece que o nobre catechista intentava estabelecer o 
culto de Baccho, moldado por elle, sectário acérrimo, e 
como encontrasse, em vez de catechumenos, velhos useiros 
e competidores despeitados, recorria ao cacete ! 

Os indigenas, arreceiando-se do enérgico processo, afasta- 
vam-se á sua chegada n^um raio de muitas milhas, deixando 
divagar o digito pastor de sotaina, lenço na cabeça e botija 
debaixo do braço. 

Chamavam-lhe N' ganga-ia-puto (feiticeiro do branco), e, 
exagerando a sua malefíca influencia, fugiam apenas podiam 
lobrigal-o. 

Felizmente, como a aguardente escasseasse, esfriou o 
zelo do missionário, que, depois de maduro exame da si- 
tuação, concluiu ser ridículo e inglorioso arriscar-se ao mar- 
tyrio da falta de álcool pela tola e insignificante satisfação 
de quatro baptismos e três chrlsmas. 

Em vista d'isto poz-se a caminho do litoral, onde o rhum 
nunca falta, marcando n'esse trajecto angustioso cada pou- 
sada com uma bebedeira. 

Que estranho modo de propagar a fé, esgotando garra- 
fas, e quanto perigosas são para ella estes pseudo-missiO' 
naríos ! 



44 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Recebida uma encommenda feita ao chefe em Malanje, 
partimos. 

Ladeando as montanhas que nos íicavam á direita e dei- 
xando á esquerda uma immensa planura cortada por mui- 
tos riachos de margens pantanosas, onde as aves do céu 
e as bestas da terra (na phrase do mystico) podiam saciar-se 
á vontade, percorremos em seis dias pela orla do concelho 
de Malanje a distancia ao Duque de Bragança, dormindo 
hoje perto de uma aldeiola (na qual um soba com uniforme 
de soldado hespanhol nos apoquentava), amanhã no mato, 
outro dia na margem de qualquer rio. 

A 28 de março divisávamos pela primeira vez o rio Lu- 
calla, na habitação do Calandula, perto dos rápidos Faba, 
onde a montante está a grande cataracta Lianzundo, for- 
moso lençol espumante de 3o metros verticaes, entretendo 
uma primaveral vegetação nas empinadas encostas, ao fundo 
das quacs distinguimos um bosque de laranjeiras que apre- 
sentámos na gravura e visitámos a 29. No dia 3o avistou-se 
a fortaleza do Duque, sendo-nos feitas as honras receptivas 
pelo chefe portuguez, o capitão A. Silvério, bom e sympa- 
pathico velhote, cansado e gasto no serviço do seu paiz. 
Em três horas construiu-se o quilombo^ recebendo o convite 
para jantar. 

E entrando na residência, eis o que vimos n'um breve 
relance : 

Uma vasta varanda, á similhança das dos tembés árabes, 
defrontava para o pateo interior, ficando ao fundo a cozi- 
nha, defendido por bananeiras e estacas, onde corriam 
meia dúzia de muleques, rodeiados de dois porcos, dez 
gallinhas, um macaco, uma gazella e um papagaio. 

Do lado opposto eram os quartos de domicilio. 

Servindo alternadamente de sala de conversação e jantar, 
achavam-se n^uma comprida mesa, coberta de alva toalha, 
oâ respectivos pratos alinhados, contendo iguarias fume- 
gantes e duas bojudas garrafas de vinho postas em diago- 
nal. 



«j siz=Dtaitz ssm:jc ts^jv^ o — urc; i. ntsnucx. mm. 
^^ ^ jmc SI THTí. -n-.Ti. ; unu. me tex ã; Kcí^tío; 

líDJDiã- 5ii=:a=iiai-=c iHiiK -j sam iratrs^ Dnaj^niruí-se 




CAPITULO XVI 



De xxrro para o ieráo — At zziirzfn^ ào L:xa?J:a t isna critâca dít- 
psta — U^ s:Õ2 rnarcerifiríro — Caieco o cafaior... de esposas — A 
Jrr.ga. 5^:15 r^'tg? c rrronaríria — O rcL trn^crs c resâifnrâa — E»- 
calas lig-^arr"-"r?5 — >5of-> cripn^ de iifCr£b:dr a proprSeáadc — 
O iRJlayfu^írv £5 '•i3-Tà£r£'<j e 2 pcjinz^Oi M~co-N'Goila oe Moca- 
N'Go'la — Pfrtsad:/5 nccsTsit c a al££bc£ra ir~:h£T*Q — A beira da 
serra de Cai*:il3^ PLUosccbâcas cr^cKderacóes dc»5 «inares e acca- 
Tel cç^ZfZZ) fe -j=ia vr.r^.a azij:>rosa — Pei:::ihrr5a e :Jtrna ques::áo 
i:'e&e dia — Aí^ trocrpat de zr^erra e o svrmo dos £::.nares — Rique- 
za r-.lr^irr^ da Jírxa- 05 ;:& — ^r^ e as bírhafò» d" ai: — TeurpesLade 
i»s i:o5c:ierf e orrra deserção de carrejxdores — Hifr.csias de Ca- 
p«ulca e o ::crrll de talttadcret — Ur^a p ^p^-^a 5o diário e "i^sa 
dará — CLe:z2Ld£ a Caf-riils^ 



\lmc c qiiatro áías se passaram desde qiic vos ddxámos. 
Idtor. ao }cjxx2i. rtpeiindo-se as iD£sn:kas yrras agoardai}- 
do em soce2;o a cessação das druvas: unias vezes absor- 
vendo qmmao. oirtras de cama. sem ver céa Dcm icna- 

EstaiDCfs a 2*i de abriL predsankeiíte qumhcstos triíita e 
dois dias do afasiameiíto de Btn^úitÚ3^ aiiteve^>e7a da ikos* 
sa saída para o Bcune. Os plt:nv>s choques não nos tmham 
abalado as di«poiár.6es« 

Deiermnados a oppor coosxasda is di^culdades que 
sobiie%7»isem, coc^fádeTaraiix» cmpmhaíia a hoora e a di- 



48 AFRICA CENTRAL [CAP. 

gnidade na resolução do problema, preparando tudo para 
uma breve partida. 

Dependia isto só da mudança do tempo. 

A fim de chegarmos novamente á bacia do Cu-ango era 
mister atravessar grande parte do reino da Jinga, de que os 
informadores nos haviam feito as mais exageradas e dramá- 
ticas descripções, com relação ás exigências e tyrannias do 
monarcha. 

Habituados, porém, não lhe demos credito, apressando 
os successos. 

Assim, ao romper do dia 28 de abril de 1879, ^^^ ^^^ 
esperarmos a appetecivel hora do almoço, dirigimo-nos para 
a margem do rio, onde tínhamos ás ordens uma miserável 
canoa. 

As margens do Lu-calla são quasi todas cobertas de pân- 
tanos, e portanto foi necessário o transporte ás costas, para 
o que se oífereceram logo meia dúzia de naturaes. 

Um reforço era sempre vantajoso, e portanto acceitou-sc 
a proposta dos indígenas, ofFerecendo o guia, como retri- 
buição do trabalho, 2 jardas por cabeça, com o que elles 
plenamente se conformaram. 

Somente a meio do serviço, entre atoleiros, como a re- 
muneração estipulada lhes parecesse medíocre, estiveram 
para arriar. 

Na Europa, em casos similhantes, as partes contratantes, 
depois de disputarem sem chegar a accordo, teriam na- 
turalmente invocado a escolha de um terceiro arbitro que 
levasse a questão perante os tribunaes. Ali, porém, as cou- 
sas passaram-se de outra forma, e até nos ameaçaram com 
o risco de morrer entre a lama! 

Emfim, lá fomos pelos matagaes e lameiros, promettendo 
mundos e fundos, até que conseguimos pôr os pés em terra 
firme. ^ 

Estávamos perto da habitação do soba Zundo-ia-Faco^ 
para onde entrámos de turbilhão, seguidos pelos imperti- 
nentes jingas. 



XVll E OCCIDENTAL 49 

O chefe, que logo reconhecemos pelo roto barrete, acha- 
va-se acocorado no meio do largo, aperfeiçoando as costas 
de uma tosca cadeira por elle organisada. 

S. ex.* tinha queda para marceneiro. 

Tirando-lhe delicadamente da máo a tripeca, sentámo-nos, 
dispostos a fazer um discurso em defeza própria, deixan- 
do-lhe a liberdade de aproveitar-se do solo, levando duas 
horas para re>olvcr o litigio relativo aos bucephalos, e a 
final tivemos de pagar 3 jardas a cada um. 

A 3o de abril tinhamos construido o quilombo^ perto da 
habitação do Cjz/iti-ria-Legho, quando um homem se nos 
apresentou para guia. 

Como o examinássemos dos pés á cabeça, elle, tomando 
assento, começou a contar a bua historia. 

Com facilidade natural de linguagem, e também de ges- 
ticular, proferiu em dez minutos um milhão de palavras, 
que comporiam pira cima de cento e cincoenta orações, 
no meio de profundo silencio, observado por deferência e 
pela especial circumstancia de nada percebermos. 

Quando terminou o aranzel, foi-nos feito o seu resumo. 

Era, segundo dizia o homem, muito conhecedor de ca- 
minhos e sobas, o mais desinteressado de quantos seguiam 
a profissão í^caçador que adoptara por gosto, d''onde pro- 
vinham muitas vantagens, e a prova consistia no grande nu- 
mero de suas esposas, espalhadas por diversos paizes, lou- 
cas por elle, e vivendo em perfeita harmonia. 

O seu aspecto débil, e rugoso, deu-nos uma alta idéa da 
pouca exigência das damas africanas! 

Disse-nos que n''aquella mesma occasião. Já aborrecido 
de uma bella com quem vivera (Jurante as chuvas, se de- 
cidira a ir passar a sécca no norte, muito longe, em com- 
panhia de outra que ha um anno não via, para seguida- 
mente substituir por terceira, etc. 

— Muito bem, interrompemos, se o numero de esposas 
c n'esta terra garantia de seriedade, ninguém ha mais serio 
do que esie sujeito. 

voL. n 4 



5o AFRICA CENTRAL [CAP. 

Um sobrinho que estava ao lado, sem embargo de não 
ter comprehendido a nossa reflexão, acenava afíirmativa- 
mente com a cabeça. 

— Já que tu conheces tão bem o paiz, faz-nos o favor de 
dizer qual é o melhor caminho para as terras do Hungo. 

— Cortando por aqui (e apontava para o oesnorueste), 
iremos pela serra Catanha entrar justamente em mau sitio, 
porquanto lá se encontra o Quinbungo Quiassama, que é 
um tyranno. Do lado nordeste teremos o Tembo Aluma, 
ainda peior. Assim, aconselho como mais rasoavel ir direito 
á corte do rei. 

— A corte do rei?!... Decididamente, observámos nós, 
este maroto começa já a enganar-nos. Mas vá! Cumpra-se 
o alvitre. 

E despedindo-o, acrescentámos: 

— Amanhã partiremos para o norte, estás engajado; ao 
romper do dia, aqui. 

Dois calungas trocados pozeram remate á entrevista. 

O homem retirou-se pouco depois, ficando nós frente a 
frente com o soba do logar, que nem pio soltava. 

Como nada tinhamos a dizer, démos-lhe 6 jardas, safan- 
do-nos para os fundos, a fim de redigir as colhidas noticias, 
e em somno profundo deixámos acabar o mez de abril, da 
agradável primavera na abençoada pátria. 

Estávamos em pleno reino da Jinga (do qual uma rainha 
figura nos sonetos de Bocage), hoje verdadeiro reflexo das 
grandezas de outr^ora, dividido em três provindas, Sussa, 
Danje e Dongo, a que annexaram ultimamente as terras de 
Matamba. 

Tem por limites a leste o Cu-ango, a oeste Lu-calla, ao 
norte Hungo e ao sul Holo. 

A sua importância commercial é quasi nulla. 

A Jinga, como todas as nações velhas e caducas, deixa- 
se escorregar pela inclinada senda que a conduz á aniqui- 
lação, fraca, perdida. 

O autocrata da Jinga é conhecido pelo titulo de rei, de- 



XVI] E OCCIDENTAL 5 1 

signação que nos pareceu assas pretenciosa, porque tal per- 
sonagem pouco differe de um carregador de typoia. 

Denominatn-se os monarchas sempre N'golas Quilluanjes 
Quissambas, tendo porém o seu nome especial, que o de 
hoje diz ser Calunga N'Dombo Acambo. 

Reside n'uma senzala pomposamente intitulada cÔrte, 
cercado de muitos vassallos, duques, condes, marquezes, 
que elle explora em proveito próprio. 

A Jinga está dividida não em feudos, porque ninguém 




d^elles é senhor directo, mas em muitas propriedades, cujo 
usufructo aufere qualquer vitaliciamente, e que depois o 
monarcha se reserva o direito de empolgar ou ceder a va- 
lidos! 

A concessão faz-se, segundo a ordem do valor, a indivi- 
duos que por esse facto têem importância e designações 
diversas, constituindo assim a escala hierarchico-social com- 
plicada, a qual passámos a descrever. 

Os primeiros são os viindas (espécie de duques), depois 



52 AFRICA CENTRAL [CAP. 

OS caudas (talvez condes), qmlluajijes, fundos, dambis, ca- 
pelles, catecoSy ngola-n boles (espécie de secretários), ma- 
iomuiumoSy etc, que nas terras cedidas, rodeados de escra- 
vos, compõem o séquito real. 

Quando morre qualquer doestes senhores, não pódc o pa- 
rente succeder-lhe immediatamente, e isto pela simples rasão 
do monarcha não permittir, visto interpor-se quasi sempre 
um ambicioso, que, por mais endinheirado, tenta prejudicar 
o natural proprietário. 

Estabelece-se então a demanda, de que o chefe supremo 
se aproveita, decidindo a favor de quem lhe dá mais. 

Não querendo perder de todo o tempo que levam estas 
questões, conserva o celeberrimo rei vastos arimos em re- 
dor da corte, obrigando os litigantes a cultival-os emquanto 
ali se dernoram, isto a pretexto dos futuros terem meios de 
subsistência. 

Começam então os pretendentes a trabalhar e a reunir fa- 
zenda necessária para preencher a cifra que lhes indicam, e 
como frequentemente esta augmenta cada dia, detem-se o 
espoliado ás vezes seis mezes n'*esse sitio. 

Emfim, após mudanças de resolução, decisões frustradas, 
termina o pleito, e o vencedor é imdado (investido ou ajura- 
mentado), recebendo uma ma-hinga^ (manilha), a qiii-jiuga 
ou ca-jinga (barrete), com a declaração de vunda ou cattda, 
e pôde a seu turno esbolhar os subalternos (a que elles com 
galanteria chamam conceder m'pembas de ma-tomuiumo, 
n gol a-tt' bole, etc). 

Tirará então a qui-jmga só defronte do rei, a quem coni- 
primenta sempre conforme o estylo da terra; isto é, esten- 
de-se de costas, e, volvendo-se para tocar o chão com os lá- 
bios, bate as palmas e começa a arenga. 

Pôde antepor ao próprio nome o termo calunga, signifi- 
cativo de fidalgo, assim como o monarcha usa de mueniche. 



1 Parece que no singular devia dizer-se qui-lunga; como porém nun- 
ca o ouvíssemos, deixámos ficar assim. 



XVI] E OCCIDENTAL 53 



Emfim, voltando para o novo domínio, é senhor de tudo 
quanto lá se contém. 

Os jingas denominam-se Muco-N^Gola ou Mona-N^Gola. 

No geral são elegantes, bem conformados, mas franzinos, 
de cor carregada e uniforme. 

Têem extremo desvelo nos penteados, assas variáveis, 
compostos de um apanhado de cabello na parte superior da 
cabeça, guarnecida de bandós, tranças, rufos, pennachos, 
com enfeites de latão em forma de espiraes, chapas do mes- 
mo metal, coralina, missanga, etc. 

A propósito vem um detalhe interessante : é o da algibei- 
ra! 

Os jingas usam a algibeira na cabeça, com a abertura 
por detraz! 

Da carapinha fazem um verdadeiro bolso, onde introdu- 
zem os pequenos objectos que se lhes ofFerecem. 

Desde a nossa chegada notámos por vezes que, ao dar a 
qualquer natural meia dúzia de bagos de missanga, elle, 
levando a mão cheia ao occiput, ficava com aqucUa sempre 
vasia. 

Aguilhoada a curiosidade, incitava-nos a idéa de os es- 
preitar. 

Um bem comprehendido sentimento da nossa dignidade 
impedia-nos porém de andarmos em corredinhas por detraz 
dos sujeitos, que de resto, ao ver-nos, viravam-se logo, ten- 
do de nos limitar ás informações dos mulequcs. 

As doze horas do dia 2 de maio, sob abrazador sol, che- 
gámos esbaforidos á beira da serra Catanha, onde á sombra 
de frondosa acácia, sentados nos calcanhares, permanecemos 
quarenta minutos em philosophica meditação, envoltos em 
camisolas a escorrer suor, rilhando raiz de mandioca! 

Do alto doesta vertente avistam-se as extensas planícies 
do reino da Jinga, a começar pela província do Dongo. 

Senzalas agrupadas em todos os sentidos constituem as 
já alludidas povoações, de que é senhor qualquer caiida ou 
vunda, onde possuc dezenas de escravos. 



54 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Ao longo, nas margens do Hamba, via-se a pretendida 
corte, cercada de habitações de servos do rei. 

Numerosos rebanhos animavam as coUinas verdejantes. 

Recostados no fofo capim encetámos o seguinte dialogo, 
consequência da inspiração do momento. 

— Que esplendido panorama se gosa d'este ponto; como 
se ostentam férteis as terras por aqui! 

A Africa é um dos mais bellos e ricos paizes do mundo; 
mas os seus habitantes são muito infelizes. 

— A maldita escravatura campeia em grande parte do con- 
tinente. Emquanto o trafico não for totalmente banido e 
der garantias fructuo^as, este cancro existirá, como subsiste 
desde o estabelecimento das populações africanas, ficando a 
Africa sempre sujeita ao jugo despótico. 

— Pobre escravo, ultima palavra de degradação moral! 
O captiveiro é o maior dos inimigos com que a civilisação 
tem a luctar. 

— A escravidão é como terra maldita, onde não germina 
semente alguma. 

— Com ella não se concilia um só sentimento. A piedade 
desapparece sob o azorrague, o amor perante a satisfação 
fácil das brutaes exigências, a familia em frente da polyga- 
mia, o espirito do interesse pelo trabalho legal ante o força- 
do, aggravando-se tudo isto pelas necessidades e supersti- 
ções de um modo de ver táo miserável. 
* 

— E dizem aquelles que nunca pizaram o continente ne- 
gro : ao interior é o caminho, matar a fera no seu antro, ex- 
tinguir o mal na origem, eis a magna questão ! 

— Puro engano. 

— Metade dos régulos africanos que hoje possuem escra- 
vos e fazem a guerra para obtel-os, abandonariam similhante 
systema, se tivessem a certeza de não fruirem d^elles grandes 
proventos ; o negro deixaria de ser moeda corrente no mato, 
nenhuma vantagem resultando para os inhumanos senhores 
debaixo doesse ponto de vista, antes pelo contrario, tendo 
que sustental-o a expensas suas. 



XVI] E OCCIDENTAL DO 

— Nos mercados é que devem combater-se, fazendo-os 
desapparecer á força, e com elles a influencia árabe, a mais 
perniciosa em Africa. 

— E nota que em todas as historias ouvidas no sertão 
sobre escravatura, figuravam sempre gentilezas dos árabes, 
hoje dominantes em quasi todo o interior. 

— É verdade. Outr''ora limitavam as operações nas terras 
de este, desde o Nyassa até o Tanganika, com as suas jor- 
nadas á bahia de Pemba, Rovuma, Zanzibar e mercados 
do norte. Se em breve não lhe tolhermos o passo, extinguin- 
do as feiras, avançam para o sul, n^uma linha que parece ter 
como direcção média a viagem do illustre Cameron, seguindo 
até Quilemba ás origens do Lu-lua e dominando as terras de 
este a oeste doeste itinerário até ao sertão de Quioco. 

— Hoje qualquer delonga deixal-os-ha fortificar ali, sendo 
em pouco tempo um verdadeiro embaraço para toda a or- 
dem de missões europêas, que elles suppõem organisadas 
com o intuito de lhes affectar os interesses. 

Estávamos n'esta altura quando um barulho espantoso 
se levantou do lado da senzala, acudindo todos em procura 
da novidade. 

— O que succedeu? 

— E que. . . foi elle que. . . 

— Quem? diziamos nós, quando uma interjeição unisona 
^estampou ao mesmo tempo. 

Era elle effectivamente que, mais uma vez, esquecendo-se 
das nossas recommendações, se havia tornado D. Juan, lan- 
çando-se na carreira das aventuras amorosas. 

Verdadeiro martyr de similhante inclinação, nem o pró- 
prio cacete tirava d'elle partido. 

Estava longe de possuir o mais singelo d^esses dotes que 
constituem a belleza, com tanta insistência descripta pelos 
poetas. 

Baixo, magro, pernas tortas, envelhecido prematuramente 
pelos excessos de toda a casta, exhibia sobre o delgado pes- 
coço um rosto sinistro, no qual se moviam dois olhos de ama- 



56 . AFRICA CENTRAL [CAP. 



relladas sclerotícas, sempre desconfiantes e cobiçosos, emfim 
dois olhos de larapio. 

A enorme boca, verdadeiro parenthesis aberto entre o ex- 
tenso nariz e a comprida pêra, ornada de beiços similhando 
morcellas de Arouca na cor e espessura, deixava ver de 
quando em quando um fio de dentes curvos. 

Apesar doestes defeitos physicos era o mais terrível dos 
conquistadores ! 

E sabeis, leitor, quem reunia este conjuncto, como invó- 
lucro de um montão de imperfeições moraes? Capulca, ao 
qual pomposamente chamávamos nosso cozinheiro. 

Vendo-se ocioso, nas horas de descanso da sua arte, pen- 
sou que o mais aprazivel passatempo seria entre as gracio- 
sas povoadoras do reino onde nos achávamos; e, entrando 
na senzala próxima sem o maior rebuço, propozera a certa 
dama um poético passeio pelas campinas suburbanas. 

Como esta não annuisse ao desejo do heroc, que inflam- 
mado em santo amor, de fauces escancaradas, manifestava 
a sua paixão por truanescos esgares, Capulca decidiu-sc a 
arriscar uma pata dentro da cubata, mas deu de nariz com 
o legitimo possuidor, que acto contínuo, agarrando-o e cha- 
mando gente em auxilio, nol-o trouxe preso. 

Eis o epilogo. 

Seguro o delinquente por um dos delegados do governo 
de sua magestade, passou outro a infligir-lhe summariamcnte 
o numero de cacetadas necessárias para attrahir ás costas 
o calor que lhe ia no coração. 

Em seguida pagou-se ao marido, que se retirou contente 
com o desfecho da aventura. 

Assim se resolvem pouco mais ou menos por ali todas es- 
tas pendências amorosas, supprimindo o cacete quando a 
culpa procede da dama,'applicando-o se porventura o crimi- 
noso é do sexo a que os auctorcs têcm a honra de perten- 
cer; sem complicado attirail, no qual os juizes e advogados 
baseiam os confusos processos da Europa, e tratando sem- 
pre de contentar os esposos ! 



xvi] E OCCIDENTAL bj 



Agora aqui tendes caso contrario: 

Uma dama desgostou-se da companhia de quem outr'ora 
era objecto dos seus sonhos de felicidade; clandestinamente 
safa-se-lhe, e longe da habitação conjugal mette-se com o 
primeiro que encontra devoluto. 

O marido, para aplanar difficuldades, procura-o, exigindo 
prestes, com a mais completa indifferença, a indemnisação, 
que o novo senhor paga irremissivelmente. 

Algumas vezes este, pouco propenso a tomar encargos, 
recusa receber a sereia, eífectuando-se então segunda com- 
posição*, e acrescida a multa de uma verba, em que as par- 
tes contratantes accordam, o esposo fica ainda de posse da 
leviana, fazendo com toda a probabilidade fervorosos votos 
para que appareça outro amador dos encantos da cônjuge. 

Perfeita ratoeira em que os ratos fornecem a isca! 

Capulca, doesta vez, fazendo-se rato, constituíra-nos fia- 
dor da tal isca. 

O patife, apesar de lhe doerem as costas, após o paga- 
mento tinha as suas pretensões a augmentar-nos a comiti- 
va com a posse da mulher, facto que parecia indignar o au- 
gusto esposo. 

Abandonando emfim a sombra da acácia, depois de uma 
questão complementar com o guia Cateco, que nos indica- 
va caminho errado, acampámos á beira da serra, tendo 
perto o solar do fidalgo Cj;/tY^-ria-Massango. 

Não estávamos ainda em descanso e já tinhamos pela 
proa outro, denominado C<í«(i<í-ria-Canzella, fidalgote com 
ares de pimpão, supinamente propenso á embriaguez. 

Viera ao quilombo visitar-nos, mas como ahi encontrasse 
um cavalheiro, o sr. A. de Figueiredo, negociante do Duque, 
que n'aquelle ponto costumava exercer o seu laborioso mister, 
e agora em nossa companhia se propunha explorar os ser- 
tões limitrophes, envolveu-o n''uma complicação que durou 
até ao anoitecer, a propósito de uma dama, mas de modo 
inverso, porquanto o sr. Figueiredo era o roubado. 

Depois de muito nos causticar e embebedar-se, abalou, 



58 AFRICA CENTRAL [CAP. 

e em poucos momentos roncavam umas trompas de guerra, 
a fim de impellir os habitantes para a lucta. 

Os guerreiros, porém, ou porque a hora fosse adiantada 
ou não confiassem no estado de lucidez do general, depon- 
do as armas ao canto das respectivas alcovas, embrulha- 
ram-se tranquillamente nas pelles das camas, e, fazendo 
uma figa ao bellicoso Marte, desertaram para o sereno 
Morpheu. 

Seguiu-se profundo socego. 

De narizes frios como gelo, por estarmos de vigília, decidi- 
mos recolher e esperar o inimigo deitados, visto demorar-se. 

Decorridos apenas alguns minutos ouviram-se os dois ah ! 
consoladores que deve soltar quem, estendendo-se, dá aos 
músculos ampla liberdade e conserva os adversários em paz. 

Depois de volver os olhos para o tecto e dar um sopro 
na vela, conchegámos o gabão, estatelando-nos na cama, im- 
pressionados por uma serie de idéas gradualmente menos 
perceptíveis, que degeneraram em extravagantes visões kalei- 
doscopicas sob um fundo escuro, e. . . adormecemos. Guer- 
reiros ferozes nos perpassavam pela mente, fazendo nigro- 
mancias e acenos! 

A 3, antes de apparecer a aurora, partimos, deixando o 
arraial aos indigenas. 

Caminhávamos pela elevada encosta da serra Catanha, 
cujo flanco oriental, naturalmente obra de algum cataclys- 
mo, nos apresentava precipícios aqui e alem, semeados de 
blocs de grés e granito, selvagem decoração onde phanta- 
siavamos fortalezas, castellos, etc. 

Esta região é rica em minério. 

Parece abundar principalmente em prata, visto todos os 
sobas visitantes possuírem bengalas ou cajados com grandes 
virolas d^aquelle metal. 

Das respectivas minas, porém, poucas indicações tivemos, 
assim como do processo empregado na exploração. 

A tacula é talvez um dos mais importantes artigos de 
commercio, a julgarmos pelos indivíduos que encontrámos 



XVi] E OCCIDENTAL Sg 

carregando pilhas d'esta madeira, cujos empregos são diver- 
sos, como sarapintar cabellos e corpos, mas sobretudo para 
preparo de fazendas. 

Na Jinga tèem o costume de tingir os pannos, pois dizem 
que assim duram muito tempo e ficam mais frescos. 

Fazem uma infusão de iaciila em pó e azeite, onde im- 




mergem o panno durante dias, pondo-o depois ao sol. 

Dá-lhe este processo a apparencía de encerado, que talvez 
seja vantajoso para a agua, mas exhala cheiro insupporta- 
vel. 

As habitações dos jingas são differentes das outras que 
temos visto. 



bO AFRICA CENTRAL [cap. 

Espécie de calottas elípticas, entretecidas de capim, tcem 
a pona n*uma das extremidades do eixo maior, sobrepujada 
por alpendre guarnecido de bordados. 

Ao norte ticavam-nos as terras de Matamba, a leste o 
Dongo, tendo por limite uma azulada barreira que divisáva- 
mos ao Ionize. 

o guia Catcco dirigia-nos sem hesitar através doestas re- 
giões. A sua marcha, larga e uniforme, em nada era modi- 
íicada. 

Com o passo firme e igual de caçador, percorria montes 
c valles, transpunha barrancos, vadeava riachos, de com- 
prida espingarda ao hombro, voltando-se somente nas bi- 
furcações do caminho para exclamar: 

— Sigila mumo, ngana, (Por aqui o caminho, senhor.) 

Outras vezes nem mesmo esta phrase proferia, e ao che- 
gar a qualquer /7jm^o {encruzilhada), arrancava um ramo de 
anore, atravessando-o sobre o trilho que náo era conveniente 
seguir-se. 

Prolongada a marcha para o norte, chegámos arquejan- 
tes a um povoado, onde estabelecemos o arraial, gastando 
o dia a cimentar o edifício da nossa commum reputação, 
isto é, em trabalhos scientifícos. 

Ao amanhecer do dia 4 de maio eis-nos partindo para 
as terras do Z///í*ío-ia-Cassungo, depois de levantar o acam- 
pamento perto da senzala do Cj/íJj-ria-Lumbombo. 

O tempo, que até á nossa entrada nas terras do Danje se 
conser\ára fresco e claro, tomou-se subitamente sombrio. 

O calor sufibcante gretava o terreno cm todos os senti- 
dos, e as primeiras gotas de chuva que caíam eram logo 
absor\idas. 

Grandes massas de nuvens do sueste ameaçavam tem- 
pestade imminente. 

Nem uma só folha se mexb ; as ar\'ores silenciosas, co- 
bertas de pó, pareciam esperar entristecidas a agua que 
lhes havia de restituir o viço. 

A poucos passos, nas quebradas que nos ladeavam o tri- 



XVi] E OCCIDENTAL 6l 

lho pelo oeste, acham-se as nascentes do rio Hamba, gran- 
de affluente do Cambo, por nós pela primeira vez visitado. 

Passando n'uma ponte rústica para a margem esquerda, 
fomos obrigados a parar, por motivo imprevisto, que nos 
creon novos embaraços. Grandes gritos na retaguarda da 
comitiva attrahiam a nossa attencão. 

— O que foi? perguntámos. 

Um dos guias (José), em poucos momentos nos trouxe a 
noticia. 

Sete dos carregadores, que vinham atraz, fugiram com 
as respectivas armas, abandonando as cargas no caminho ! 

José havia feito todos os esforços possiveis para os des- 
viar de similhante propósito; elles porém a nada se move- 
ram. 

O receio de avançar ao norte, para uma região que, se- 
gundo diziam, era povoada de antropophagos; contestações 
na véspera com parte dos homens no acampamento, e ou- 
tras* causas talvez, que se não dignaram revelar ao dito guia, 
os levava a proceder assim. 

Por única resposta ouviu este o tund^enu (vamo-nos), e 
foram-se. 

A chuva torrencial, que n''cste momento caía, collocava- 
nos na mais estranha das situações. 

Abrigados junto de uma acácia, reunimos immediatamen- 
te conselho. 

A influencia monótona do meio onde estávamos, a vista 
da nossa gente com ar embasbacado e escorrendo agua, o 
estrondo do trovão, o gemer dos troncos sob a acção dos 
ventos desencadeando-se, formavam um tal conjuncto, que 
ficámos quasi inhabeis para tomar qualquer providencia. 

Inquietos pelas cargas, sem duvida encharcadas, o pri- 
meiro cuidado foi enviar gente que as trouxesse para junto 
de nós. 

O guia marchou para esse eífeito com uns poucos de ho- 
mens, emquanto nós, séance tenante, tratávamos de ver 
como distribuil-as por todos os da comitiva. 



62 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Este que leva menos, aquelle que possue mais, muda d'aqui, 
transporta para acolá, e ao fim de meia hora tínhamos 
tudo em ordem, caminhando pela floresta com passo firme, 
apesar de molhados até aos ossos, fazendo mentalmente 
votos por que os fugitivos companheiros encontrassem a 
maior somma de difficuldades possíveis, na sua retirada 
pelos matos, da parte dos sobas. 

É este o único lenitivo do explorador no sertão, bál- 
samo para a ferida da raiva e do despeito no momento da 
fuga dos carregadores, e que sempre meia dúzia dos res- 
tantes lhes ministram em quantidade. 

— Que marotos, trastes, ingratos ! E nós que os tratáva- 
mos como filhos ! O que te parece, Somma, José, Fortuna ? 

— Ah ! Deixem v. s." estar, acudiu Capulca, o cozinheiro ; 
não lhes concedo um^dia de viagem. Com os sobas da Jinga 
não se brinca; estes vundas, candas, catecos, têem má indole ; 
é gente de ruins figados, e aposto que amanhã já cinco ou 
seis estarão amarrados. Eu, pela minha parte, nem dava 
aqui dois passos sósinho por toda a fazenda do mundo ! Ha 
poucos dias — 

E dispunha-se a contar uma das historias a que era tão 
habitual, quando nós lhe cortámos o fio ao discurso, convi- 
dando-o a proseguir na marcha. 

A 3o® de temperatura, sob uma chuva de trópicos, não 
se ouvem contos! 

A tempestade chegara ao seu auge, tendo de acolher-nos 
debaixo das ar\'ores próximas, acocorados, mirando o solo. 

Que horror causa no sertão uma borrasca d'esta ordem ! 

A chuva, amoUecendo o terreno, destroe em pouco tempo 
o atalho, e a fazenda augmenta o peso das cargas. 

A marcha lenta occasiona quedas inevitáveis. 

As grossas e escuras nuvens, invadindo totalmente o céu, 
obscurecem-no por forma tal, que dentro da floresta quasi 
nada se vê. 

A agua cae com estrépito medonho; são verdadeiras ava- 
lanches despedindo-se das cataractas celestes. 






rv^] E OCCIDENTAL 63 

Os relâmpagos que se succedem, percursores de assom- 
brosos trovões, illuminando repentinamente o recinto, dei- 
xam aperceber os troncos negros das arv^^ores em derredor, 
afigurando-se ao viajante que está n''uma immensa jaula fe- 
chada por todos os lados. 

O rumor do vento nas folhagens, os troncos que se cur- 
vam gemendo, torcem e estalam, os sinistros ruidos emfim 
da tempestade, produzem na alma um sentimento de an- 
gustia, que a nossa pequenez e impotência toma mais grave. 

Como poderíamos nós, fracas creaturas, resistir no meio 
d'esses terríveis elementos, sem nenhum dos recursos de 
que dispõe a humana industria para superar taes luctas? 
Não sabíamos, e persistindo ao abrigo das gigantescas arvo- 
res, dando saída pelas botas á agua que nos entrava pelo 
pescoço, entregámo-nos á Providencia. 

Após as medonhas lufadas, a tempestade foi diminuin- 
do; breve uma clareira nas nuvens deixou-nos ver parte do 
limpido azul dos céus; um raio do sol, penetrando por esta 
abertura, illuminou a floresta; radiante gloria espargiu-se por 
todo o espaço; e a alegria, voltando, baniu da imaginação 
os últimos terrores. 

Sacudindo-nos um pouco, á maneira de cão que sae da 
agua, partimos, acampando ás duas horas perto da senzala 
do chefe Z//w<io-ia-Cassungo, na base da serra Catucua. 

O dia 5 de maio rompeu sereno e bello, proseguindo nós, 
nas melhores disposições, a longa marcha. 

Cateco, porém, encarregou-se de tudo frustrar, e met- 
tendo-se por atalhos e becos, pregou comnosco nas habita- 
ções de quantos amigos por ali tinha. 

Era um covil de salteadores, que nos poz a paciência á 
prova e a bolsa quasi vazia. 

Innumeros pundas, todos exigentes, queriam fazendas, far- 
dos e aguardente em larga escala. 

Primeiro foi um celebre Fw;;<ij-ia-Navuia, depois atrevi- 
do Cambaxe, logo adiante Fw«rfa-ia-Buta, dois passos mais 
longe Fí/;;<ia-ia-N'gola-Quilluanje, seguidamente Vunda-iei' 



64 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Miquenha, um inferno cmfim de fidalgos pedintes, que nos 
cnguliram peças de fazenda. 

Furiosos, acampámos junto do pequeno rio Quimbaxe, 
receiosos de continuar nV^sse dia, visto estarmos em maré 
de ser expoliados. 

Alem d'isso a região onde nos achávamos era sob todos 
os pontos interessante, e com os presentes, pagamentos e 
promessas, tornava-se impossivel um estudo regular. 

Felizmente o tirocinio de mezes traz comsigo experiência 
pratica, e o viajante que tem por habito a orographia das 
terras onde está, a direcção das cadeias montanhosas e suas 
ramificações, as origens do curso de agua, etc, adquire n'esse 
labor seguro golpe de vista e maneira rápida de oricntar-se, 
abreviando assim os trabalhos de campo. 

Assim, n^um momento, com duas latitudes e longitudes 
extremas, dois azimuths oppostos e um tour a meio cami- 
nho, elle lança á cana, sem embaraço, os rios cujos cursos 
encontrou, a direcção das nascentes, as sinuosidades, a orien- 
tação das serras; e contente, olhando no arraial uma ultima 
vez para o croquis que acabara de fazer, fecha-o cuidado- 
samente, e, introduzindo-o na mala, exclama: 

— E este mais um dia ganho. 

A G e 7 de maio a natureza encarregou-se de nos apo- 
quentar também, como o leitor verá pelo seguinte extracto 
do diário. 

EXPEDIÇÃO AFRICO-PORTUGUEZA Pnp. 510 

Maio, 6—1879 

Aneróide — 6y3,o (não corr.) Temperatura — 28 

--^.45 duas horas e de:ç minutos. — Acampados junto do rio Can- 
danje. Aò noroeste de um elevado cabeço da serra Catucua, por 245* 
verd. (Lu-ache e Cambo, rios), por 76*» verd. no parallelo de 8» 22' sul, 
Si. mer. = 72,06; azimuth ret. i5o' verd. 

Do quilombo ao partir a corte por 57° verd. 
'Caminho de hoje, infernal, accidentado, medonho, por entre duas 
quebradas, a Catucua a oeste e Temo a leste, formando a bacia do 
Hamba. Subimos e descemos oito encostas abruptas de não menos de 
3oo metros, que nos trazem mortos de fadiga. 



XVI] E OCCIDENTAL 65 



»0 guia, conhecedor da terra, diz que d'aqui para o Cu-ango 
irá progressivamente peiorando; os subsequentes vinte e cinco dias 
de marcha serão passados em subidas e descidas, por montes e val- 
les, cobertos de alta vegetação. 

---^D'este ponto vemos o Hamba, que n'uma estreita curva desfe- 
cha para o nordeste por meio de penedos. * 

»Ao oeste do campo montes e vallcs interceptam a 



•Acabámos mesmo agora de visitar duas sepulturas aqui pró- 
ximo, a respeito das quacs ouvimos historia um pouco á similhança 
da fabula dos dois grillos que, engaiolados, se devoraram. 

....^Oois indigcnas havendo partido de sociedade para a costa, a fim 
de venderem os géneros que possuiam, acamparam no regresso n'este 
logar, com o propósito de dividirem as fazendas. 

-^w^Como, porém, discordassem na partilha, irritados pegaram das 
armas, mas com tanta infelicidade que se mataram um ao outro. 

-^^O notável é que parece terem-se inhumado a si mesmos, por- 
quanto uma testemunha ocular, encontrando-os de tarde mortos, 
observou com grande espanto, em segunda visita no dia immediato, os 
cadáveres debaixo da terra, só com os pés de fora 1 

— ^Que patife! É pena não apparecer a testemunha para pergun- 
tarmos se acaso lhes enterraria os pés 1 

\0s povoadores d'aqui são extremamente... 



EXPEDIÇÃO AFRICO-PORTUGUEZA Pag.Sn 

Maio, 7— 1879 

Aneróide - 694,0 Temperatura — 27,5 



— »^/A 



^Abalámos ás sete horas e trinta minutos de... 
.Novos trabalhos e difficuldades. Desalentam na verdade taes 
marchas para quem fraco já tem dezoito mezes de sertão. 

-^O caminho de hoje foi sempre por um atalho tão direito como 
uma linha na algibeira. 

--^No espaço de um quarto de hora chegámos a andar ao norte, 

sul e leste. 

.Coberto de calhaus rolados, torna-se um verdadeiro precipício. 

.A vegetação impede o transito das cargas. 

.Os homens, feridos e exhaustos de forças, recusavam andar. 

Tristes companheiros! Faz dó vel-os sob 70 libras de peso! 

.0 trajecto fez-se de Candanje a Calunga-MxxáiWej d' este a Ca- 
/M«^<i-N'bondo, e emfim a Ca/wn^a-Mutomba, onde nos achamos 
acampados, sempre pelas vertentes da grande quebrada que nos fica 
á esquerda. 

TOL. U 



66 



AFRICA CENTRAL 



Terminara a tarde de 7 por uma grande questão com o 
soba, o qual exigia ficássemos esperando uns bois do Ca- 
/«H^ii-N'bondo, que este delicado e obsequioso senhor nos 
queria ceder á força. 

Como recusássemos, pois era carisslmo, Cateco, o rufião, 
encarregou-se de lhe satisfazer os desejos, e a 8, ao romper 
do dia, partindo comnosco, depois de prévio accordo entre 




elle e o soba, levou-nos por um trilho sem saída, ferrando 
com a caravana n^um fundo rio chamado Mucuna, e deitou 
a fugir! 

Após inúteis pesquízas, tivemos que retroceder, ficando 
quasi no logar d'onde haviamos partido. 

Que paciência ! 

No dia seguinte, agarrado o guia, cortámos para o nor- 
te, mas tão vagarosamente, que ao chegar a Mahabo, lá 



»VlJ E OCCIDENTAL 67 

estava a manada esperando por nós, para abatermos uma 

rez. 

Suscitou-se intrincada polemica, que levou horas, 

O soba não queria vender, mas presentear-nos á força. 

O mais engraçado é que exigia anticipadamente, como 

troca, dezeseis peças de fazenda. 




Emfim, chegámos a composição, cedendo-nos o tratante 
uma vacca gorda, mas tão velha, que nenhum dente podia 
entrar com ella. 

Diziam-nos ser este um dos mais opulentos sobas da Jin- 
ga, e assim o julgámos pelas grandes manadas que possuia. 

Mais tarde, comtudo, observámos que apesar de rico nin- 



68 AFRICA CENl RAL [CAP. 

gucm O respeitava, e depois de esquartejado o animal, cada 
um dos indigenas, apanhando o seu farnel, lhe virou as cos- 
tas e escapuliu-se. 

E um facto notável, mostrando de certo modo que a for- 
tuna para elles não implica a idéa de superioridade, mas 
simplesmente a vantagem de satisfazer quaesquer appetites. 

Esse sentimento de respeito de que nos deixamos pos- 
suir na velha Europa, em presença de um bojudo capitalista, 
é d*elfes desconhecido. 

Por isso geralmente os sobas, apesar de abastados, se 
degradam a pedir tudo que vêem, sendo os pobres de ordi- 
nário menos exigentes. 

Ahi conhcce-se apenas a aristocracia das proezas. 

Este porque é caçador c matou tantas rezes quantas as 
argolas de pelles no cano da arma indicam; aquelle porque 
em certas guerras se distinguiu, obrando prodígios no meio 
dos seus admiradores; emfim outro porque ousou penetrar 
n^um sertão até ali ignoto, são os primeiros considerados e 
escolhidos para exercerem os logares de chefes. 

Fartos de peripécias, almejávamos por um local para 
descanso, c carregando a pesada vacca, pozemo-nos a cami- 
nho, por terrenos péssimos, e só parámos quando no dia 
16 se avistou na margem do Cu-ilo, rio pela primeira vez 
marcado, a habitação de Cafuchila, um dos principaes so- 
bas do Hungo, que Cateco especialmente nos recommen- 
dava. 

Ao approximar-nos, porem, tivemos por noticia que o re- 
gulo não estava ali, mas sim uma irmã. 

Como pouco nos importasse encontrar o mano ou a ma- 
na, acampámos n''aquelle sitio, aborrecidos de tantas com- 
plicações. 

Mas outras já se nos preparavam, como o leitor verá no 
capitulo seguinte. 

Somente diremos que duas horas depois da chegada já 
não era uma irmã que ali permanecia, mas o soba tornado 
cadáver; em seguida não era o soba morto, mas fugido; e 



f 



E OCCIDENTAL 



69 



enifim nem isso, mas em viagem;- propondo-se os macolas 
trazel-o á nossa presença, se quizesscmos. 

— Com os demónios, que serie de confusões! diziamos. 
Morto, fugido, em viagem, seja como for, pouco nos im- 
porta. 

— Mas, repelia Cateco, ellcs querem ir buscal-o!... 

— Pois que vão. 

Foi a nossa desgraça; mal sabiamos que similhante an- 
nuencia nos custaria vinte peças de fazenda! 




CAPITULO XVII 



O Hungo e seus habitantes. Penteados e enfeites — O tabaco e seu 
emprego — Fealdade das mulheres. Pouco interesse no fato — O 
amor ás vaccas e o desprezo pelas esposas — O monarcha do Con- 
go — Aprestos de partida — Discussões com os naturaes — Oração 
proferida pelos auctores, no intuito de commoverem os indigenas. 
Exigências d'estes e encerramento tempestuoso de uma sessão — 
Senzalas abandonadas — Exploração censurável — Tibre, a lagoa 
encantadora — Transe poético e escandaloso procedimento do co- 
zinheiro — A cozinha do campo e a gallinha do estylo — As ma- 
xillas em acção e a sesta interrompida —Novamente cercados — 
Fugida da caravana — Entre ladrões e modo de resolver litigios — 
Singular decisão — A noite e o fogo das florestas — Os bosques e a 
vegetação — Quadrumanos e reptis — Luctas e soffrimentos — Des- 
coberta do Cu-gho — Variantes ôo arvoredo. As palmeiras — Pas- 
sagem de um rio e traições indigenas — Ultimas pendências — Aba- 
lada — A sós com a natureza. 



Estamos nas terras do Hungo, e nada ainda dissemos do 
aspecto e costumes dos seus habitantes, pela simples rasão 
de que sendo este trabalho colligido das notas do diário, só 
agora chegámos á altura onde se falia dos ma-hungo. 

O indigena d^aqui tem um typo especial e diverso da 
gente do sul. 

Desde a entrada em Matamba começámos a notar essa 



72 AFRICA CENTRAL [CAP. 

differença, que a cor e os penteados principalmente tornam 
frisante. 

Ao negro retinto do jinga succedeu-se o bronzeado dos 
ma-hungo. 

Aos bandós e tranças enfeitados d^aquelles, os trabalhos 
de cabello menos difliceis de Matamba. 

A estes ainda, seguiram-se os singelos dos povos de que 
tratamos. 

O mu-hungo não faz tranças. A carapinha solta, e quando 
muito rapada na testa, composta dos lados ás vezes com 
umas contas de vidro azul, é entre ellcs o mais vulgar. 

A manilha de latão e um panno á cinta são para os ho- 
mens o único desejo, o qual se completa com uma espin- 
garda raiuna, extremamente limpa e polida, e um sabre re- 
curvo de antigos hussares, com copos de metal. 

Os ma-hungo partem pela raiz os dois incisivos médios 
superiores, e ás vezes os dois inferiores, o que lhes dá ap- 
parencia repcllente. 

São atrevidos e selvagens no seu modo de vida. 

Untam e sarapintam os corpos com azeite e argilla, de 
onde rescendem desconhecidos aromas. 

Homens e mulheres fumam incessantemente. 

O tabaco (Nicotiana, tabacum) de folha larga lanceolada 
abunda, assim como uma outra qualidade de folha redon- 
da (N. rústica ou vulgar is?), que se vende ás folhas ou em 
pequenas pilhas cónicas onde o amassam. 

Vicio inveterado, porém, ha o do rapé, constituindo mes- 
mo um luxo, de que todos se servem com frequência. 

Para isto usam de bocetas cilyndricas, onde introduzem 
a folha torrada, que moem com pequena haste de madeira, 
e á qual addicionam pimenta, a fim de o tornar mais enér- 
gico, empregando para tomal-o o seguinte processo : 

A parte extrema da haste da massambala, com o respe- 
ctivo carrilho depois de debulhado, é entroduzida na boceta 
e cheia de pó, applicada em forma de zaragatoa ás narinas, 
as quaes, aspirando com força, favorecem o inhalamento. 




/i 



XVII] E OCCIDENTAL yS 

Feita esta operação, que contenta o vicio, passa-se á se- 
gunda para satisfação do luxo. 

O operador, introduzindo novamente o dito instrumento, 
carrcga-o segunda vez de pó, e besuntando todo o labio supe- 
rior, onde algum mucus favorece a adherencia, dá remate á 
ceremonia, convencido da distincção. 

As senhoras têem igual habito, e de zaragatoa em punho, 
abrindo a boca e deixando ver os dentes partidos, applicam, 
por forma similhantc, extraordinária quantidade do amarel- 
lado pó. 

Que horror, caras leitoras! 

Com dezoito primaveras, quando tudo nos sorri, já des- 
dentadas e de pingo no nariz! 

Gostos ! 

E visto d'^ellas fallarmos, acrescentemos alguma cousa 
sobre tão degeneradas filhas de Eva, que da primeira mãe 
só possuem, quanto a nós, a singeleza da ioilette, 

A mulher do Hungo é cm geral mais feia do que o ho- 
mem. O seu porte selvagem coaduna-sc com o aspecto bra- 
vio das terras onde habita. 

A cor fula, manchada ás vezes aqui e acolá, não agra- 
da tanto á vista como o preto brilhante das congéneres do 
sul. 

Passeiando pelas florestas em grande costume (isto é, nuas 
como a palma da mão), com uma camada de argilla cobrin- 
do-lhes o cabcllo, cachimbo na boca e a caixa de rapé á 
cinta, membros gigantescos, altura de ^,70, uma cesta sus- 
pensa da estreita tira de couro, que ellas atirando ás costas 
passam de roda da testa, inspiram verdadeiro dó, pela ac- 
cumulação de tanta deselegancia. 

Teem estas senhoras pelo fato o mais soberano dos des- 
prezos. 

Trinta vezes sobre uma nos rejeitaram fazenda, conten- 
tando-se com búzios e missanga, para ornar as chatas 
tranças que lhes cingem a cabeça, e constituem os vaido- 
sos penteados, representando trabalho de mezes (verdadei- 



74 AFRICA CENTRAL [CAP. 

ro ninho onde os parasitas devem viver tranquillos em gran- 
de communidade), e i palmo de feaeta encarnada, pseudo- 
cobertura com a qual ameaçam a parte postero-inferior do 
tronco ! 

O muito que fazem, quando não cedem a fazenda ao ma- 
rido, é envolver n^ella o pequeno filho, mas nunca cobri- 
rem a própria nudez. 

Apreciam-nas por toda a parte na rasão do valor como 
animaes de carga, afigurando-se-nos, çorém, mais despren- 
didas e convictas, se assim se pôde dizer, da sua qualidade 
pura de escravas. 

Se nos enlaces para o sul o amor sempre nos pareceu 
sentimento de certa forma problemático, aqui pôde afian- 
car-se não existirem noções d^elle! 

Tudo é absolutamente pratico. O homem aprecia mais 
as suas vaccas do que as esposas, e no caso de roubo sa- 
crificar-se-ha pelas primeiras, deitando as segundas á mar- 
gem. 

As mesmas scenas meio romanescas de algumas dansas 
do sul consistem aqui n^uns tripúdios brutaes, em que as 
mulheres tomam parte activa. 

As habitações são immundas e as obras de argilla mal 
feitas; no interior accumula-se grande numero de objectos, 
producto da esculptura africana, de que o leitor já tem co- 
nhecimento. 

Pilões, tambores, bancos, tamboretes, arcas, lanças, ben- 
galas, pratos de madeira, remos, feitiços, quindas, caba- 
ças, cartucheiras, polvorinhos, manilhas, cachimbos, facas, 
marimbas, eis os artigos encontrados, que os ma-hungo, co- 
mo os seus congéneres, fabricam grosseiramente. 

Emfim, a auctoridade suprema reconhecida por estes po- 
vos, indubitavelmente de origem differente dos do sul, é o rei 
do Congo, residente ao norte, em S. Salvador, um dos três 
monarchas para elles existentes, a saber: el-rei de Portu- 
gal, o rei da Jinga e o do Congo, considerado mais velho. 

Na tarde do terceiro dia da nossa residência em Cafu- 



XVII] E OCCIDENTAL 



chila, O guia Cateco, com a sua astúcia ordinária, veiu per- 
guntar se sempre tencionávamos partir na manhã seguinte, 
conforme se dissera. 

— Olé! foi a resposta. 

— Partiremos todos; o soba não apparece, só cá está a 
irmã; não havemos de apodrecer aqui. 

Virando-nos as costas com ar insolente, dirigiu-se para a 
aldeiola, a fim de naturalmente conferenciar, no que consumiu 
horas, pois não regressou ao quilombo. 

A noite correu socegada, e logo que os primeiros alvo- 
res do dia se manifestaram, começámos de dispor a baga- 
gem para partir, mandando procurar Cateco. 

Impossivel foi encontral-o; o rufião escondêra-se, e ainda 
doesta vez tivemos de seguir sem conductor. 

Ao levantar-nos para continuar, comprchendemos a situa- 
ção, pois ao primeiro passo dado um grande clamor echoou 
por todos os pontos em derredor, succedendo-se logo o to- 
car das tabalhas e caixas de guerra, e o apparecimento pelos 
bosques próximos de muitos indígenas armados. 

Haviamo-nos cercado, era evidente. 

Algum crime praticáramos, e os indígenas queriam paga- 
mento d^elle. 

Mas qual era ? Eis o que nós mesmos perguntávamos, quan- 
do á frente nos saiu o impudente Cateco, com mais três de 
pennas na cabeça, fazendo signaes e gestos hyperbolicos. 

No primeiro momento a nossa idéa foi arremeçar-nos so- 
bre elle de cacete em punho, applicando-lhe uma bem me- 
recida correcção. 

O patife, porém, cujas esguias e delgadas pernas, apoio 
de um tronco magro e cavernoso, sobrepujado pela cabeça 
periforme, lhe davam ares de flamengo africano, prevendo 
sem duvida esta intenção, partiu a fugir, e foi necessário 
muito trabalho para o trazer á falia. 

Emfim, acercaram-se todos, e após curto silencio, um 
d'elles, de physionomia carrancuda, vomitou o seguinte dis- 
curso, em tom secco e atrevido: . 



yb AFRICA CENTRAL [CAP. 

«Mueno puto! 

«Os ma-hungo estão mal comvosco. 

«A irmã de Cafuchila, agora no estado, foi illudida por 
vós, que dissestes esperaríeis o soba. 

«Não vos despachou ella um dos seus macotas, para da 
vossa boca ouvir que esperáveis o irmão, o qual está d^aqui a 
dois soes? 

— Despachou. 

— Não declarastes que sim? 

— Declarámos. 

— Não c ella agora a senhora doestas terras? 

— Talvez. 

— Não vos tem dado a farinha para o alimento de todos 
os dias? 

— Precisamente dado, não; mas vendido. 

— Pois bem, disseram elles, não podeis sair d^aqui por- 
que não tendes duas liiiguasl Ficae ou voltae para traz, 
mesmo porque não ha mais terra para diante; se fizerdes o 
contrario tereis de pagar. 

Tomando uma attitude conveniente, e puxando José (o in- 
terprete) para ao pé de nós, lançámos cadenciadamente a 
seguinte peça oratória: 

«Macotas! 

«Viemos aqui fazer uma visita ao soba; não o encontrámos, 
o que bem nos ãjfflige o coração^ e portanto vamos proseguir 
na viagem, para nós interessante. 

«Nunca tivemos sequer a desconfiança de possuirmos. . . 
duas linguas, monstruosidade sem igual que só um erro da 
natureza podia occasionar. 

«Somos amigos bons e leaes (e este ultimo termo substi- 
tuiu o José por ffordos, visto não encontrar palavra que o 
traduzisse)! 

«Que rasão ha para nos criminar por esse modo; não vos 
parece uma violência para com os brancos? 

«Se acaso fosseis á nossa terra, julgaes que seriamos 
capazes de ali vos prender? 



XVU] E OCCIDENTAL 77 



«Pois bem, a nossa intenção não é fugir ao soba, e como 
prova da nossa amisade aqui temos já um presente para lhe 
offerecer. » 

N''esta altura do discurso pareceu-nos que a cousa surtia 
effeito, e íamos deitar a mão ao embrulho, quando os três 
nos interromperam: 

— E que presente é? 

— Uma peça de riscado, meia de algodão e seis lenços, 
respondemos, revestidos de grande seriedade. 

— Eh-eh! exclamaram os larápios, pois outra cousa nãõ 
eram, levantando-sc. Cafuchila é grande Muene, governa 
toda esta terra, maior que Tcmbo Aluma, que Quinbungo 
Quiassama; só respeita o Manicongo. 

— Elle a ninguém consente passar sem licença. 

— Eh-eh! Aguardae um dia de marcha, e estará comnosco. 

— Elle não viu os brancos, quer conversar e beber aguar- 
dente com elles. 

— Esperae, esperae dois dias e elle virá. 

Mal empregado discurso, dizíamos; perante similhante 
cobiça não ha rhctorica possivel, e continuávamos discor- 
rendo, quando o inimitável Cateco, dirigindo-se a nós, acres- 
centou : 

— Tendes mais alguma cousa para nos offerecer? 

— Temos um. . . cacete. 

E lançando mão d''elle, levantámos a sessão, partindo os 
parlamentados a fugir! 

Embrenhando-nos decididamente pela vasta campina do 
norte, marchávamos ao compasso das tabalhas, até que, 
augmentando a distancia, os echos tornaram-se menos per- 
ceptíveis, e breve caiu tudo em socego. 

Duas milhas mais longe começámos a encontrar planta- 
ções de mandioca, pimenta, abóboras, etc, descobrindo se- 
guidamente duas senzalas no mato. 

Providas de utensílios e artigos da vida selvagem, acha- 
vam-se desertas na occasião. 

Pelas cinzas ainda quentes e pela desordem ahi reinante 



yS AFRICA CENTRAL [CAP. 

percebia-se bem que os moradores se tinham afastado pre- 
cipitadamente. 

Na Africa uma senzala é abandonada, bastando para is- 
so o primeiro som da caixa de guerra. 

O ladino Capulca, explicando sempre o facto, foi en- 
trando para ella, alentado pela certeza de que lá não estava 
ninguém, e operando o reconhecimento, empalmou um bor- 
dão e uma dúzia de mandiocas. 

Firmes com o exemplo, um apoderou-se de boa pelle, 
outro subtrahiu uma panella, terceiro não sabemos o que, 
e nós mesmos furtámos um pequeno feitiço, desculpando- 
nos perante a nossa consciência, com o pretexto de só o fa- 
zermos por interesse scientifico e em nome da curiosidade 
curopêa. 

Accendemos os cachimbos nos brazeiros e afastámo-nos 
d^aquelle sitio. 

Seguindo ao rumo de norte, por atalho descoberto, vi- 
mos outra aldeiola deserta, por onde atravessámos trium- 
phantes, e descendo 2 milhas mais longe uma abrupta en- 
costa, dêmos ás onze horas e trinta minutos com formosa 
lagoa, cercada de terras altas, que depois soubemos cha- 
mar-seTibre. 

As suas margens, recortadas em curvas caprichosas, co- 
bertas de macissos de verdura, ofFereciam á vista um qua- 
dro encantador, que nos fez breve esquecer as complicações 
da manhã. 

Habituados á vida dos bosques, abandonávamos descui- 
dosos a primeira novidade com igual indifferença á que 
sentiria qualquer dos indígenas nossos companheiros. 

A agua, mais limpida do que a do seu homonymo da ve- 
lha Roma, reflectia fielmente a imagem dos terrenos alcanti- 
lados, cercando a pequena bacia, e o azul da abobada supe- 
rior, fazendo como por encanto imaginar que as margens 
estavam suspensas na atmosphera. 

Não se ouvia o menor susurro, nem um sopro agitava as 
adormecidas aguas. 



E OCCtDENTAL 



79 



Tudo dispunha a crer que nos achávamos a sós no meio da 
agreste natureza africana. 

A magia de uma tal scena era digna de completar-se com 
satisfação, e por Isso deliberámos, após profundo meditar, 
inteiral-a com as suaves delicias da matéria, almoçando. 

Capulca, !onge de comprehender estes vivos transportes, 
despido do mais singelo sentimento de enthusiasmo, rilhava, 




de costas voltadas para a paizagem, uma enorme raiz de 
mandioca, quando a intimação nossa o fez saltar. 

Comezinhamente versado nas elementares noções de culi- 
nária e da celebre cerveja denominada quimbombo, que va- 
rias vezes preparava, tendo porém immediata solicitude de 
ingeril-a quasi toda, Capulca mesmo no seu ramo devia con- 
siderar-se como medíocre nullidade. 



8o AFRICA CENTRAL [CAP. 

— Arranja-nos o almoço! foi a expressa ordem. 

Procedendo ás ceremonias preliminares, cortou direito 
para a arvore mais próxima, e, collocando junto d'ella trcs 
grandes pedras (fogão de mato constantemente empregado), 
começou por se ajoelhar, pondo em derredor de si os obje- 
ctos usuaes, isto é, o vetusto bonet, as botas, o cachimbo, 
o trinchante, que suspenso por detraz em estirada bainha 
dava-lhe apparencia de macaco de longo rabo, a comprida 
espingarda, etc; depois dedicou-se ao preparo da invariável 
gallinha. 

Nós, entretendo-nos a apanhar conchinhas para enrique- 
cer os conhecimentos conchiologicos dos naturalistas, espe- 
rávamos á sombra que se improvisasse a mesa, e feito isto 
dêmos principio á ingestão do triste bipede. 

Passando vagarosamente a anatomisar o volátil com sy- 
baritico prazer, parámos meia hora em divagações sobre 
a estructura resistente doesta espécie de animaes na Africa, 
cujos músculos, aferrados aos ossos, dão ás maxillas hercúleo 
trabalho, até que, concluída a doce tarefa, nos dispozemos á 
sesta, e, oíhando para o firmamento, exclamájnos : 

Abobada infinita, 
Não és senão a tampa 
D'esta sombria campa 
Que a humanidade habita. 

occorrendo-nos a phrasc do poeta realista. 

Por desgraça, porém, nada é duradouro n^este mundo, 
e as melhores cousas têem ephemera existência, conforme 
adiante se verá. 

Como estivéssemos recostados, de olhos meio abertos, se- 
guindo distrahidos a ultima limpeza das panellas, pelos mu- 
leques, cujo indicador espetado, rasando o bordo interno, 
recolhia as raspas, que seguidamente chupavam com fra- 
desca satisfação, um movimento unanime nos sobresaltou 
bruscamente. 

— Os ma-Kungo! 



XVII] E OCaDENTAL 8l 

Eis O grito, e n'uin momento tudo se levantou, lançando 
mão das respectivas armas. 

Rapidamente a pé, n'um relance apercebemo-nos também 
da sua presença. 

Pelas collinas próximas e dentro dos capins viam-se ban- 
dos de indigenas, que acenando mostravam armas e zagaias. 

— Eil-os que voltam e não passaremos, diziam muitos. 

— Vão roubar-nos, clamavam outros ! 

— Pois bem, emquanto tivermos forças defendamo-nos. 

E dando ordem para erguer, investimos com a encosta 




da terra fromeira, no meio do estridente grito dos selva- 
gens, o qual echoando pelas quebradas fazia ruídos estra- 
nhos. 

Que angustiosa marcha foi esta por uma serra escabrosa, 
sob sol ardente, tendo por trilho os sulcos feitos no grés pelas 
aguas, despenhando-se, e semeados de calhaus roliços! 

Ao chegar á parte superior, divisavam-se na base, entes- 
tando com a escarpada, os vultos e caras luzidias dos natu- 
raes que nos perseguiam. 

As mulheres da comitiva, aSãíctas, com enormes cargas á 



82 AFRICA CENTRAL [CAP. 

cabeça e os filhinhos ás costas, mal podiam acompanhar, 
obrigando-nos a ir na retaguarda, para não serem presa dos 
indígenas, que intentavam agarral-as. 

A serra succedeu-se uma planície, encontrando nós na 
perpendicular o trilho importante denominado do Holo, que 
para oeste vae sfi Ambriz, e passa no Dembo Naboangongo. 

Assim se fez a marcha, seguidos de perto pela horda dos 
bárbaros que nos perseguiam com gritos e ameaças, paran- 
do quando volviamos, querendo investir se continuávamos. 
Isto nos convenceu da inefficacia de qualquer tentativa de 
negociação. 

Por vezes occultavam-se elles; a alegria porém era mo- 
mentânea, porque breve surgiam numerosas cabeças de ou- 
tro lado. 

Parecia saírem da terra, pullulando por toda a parte. 

No meio doestas peripécias, quatro horas se passaram, 
como se fossem para nós quatro séculos, e não sabíamos que 
fazer, reflectindo nos perigos de ficar n^uma terra deserta, 
com tão poucos recursos, no centro de gente perigosa, quan- 
do estranhos rumores soaram da vanguarda. 

Na encosta do morro que descíamos, avistámos uma sen- 
zala. 

Perto d'ella decidimos acampar, arriando as nossas car- 
gas e dispondo-nos ao trabalho. 

Os ma-hungo, surgindo por todos os lados, cercam-nos 
de novo. 

De repente um velho de cajinga saindo da habitação vem 
ao nosso encontro. 

O seu aspecto extravagante, a enorme boca, os lábios 
pendentes, a pelle enrugada, o nariz achatado e olhar amor- 
tecido, deixa-nos suspeitosos. 

— Outro ladrão! exclamámos. 

Elle, nada percebendo, approxima-se e dirige-nos a pala- 
vra pela forma seguinte: 

— Sou o chefe doesta senzala. Quem sois? D -onde vindes ? 
Quem é esta gente que vos cerca? 



XVII] E OCCIDENTAL 83 



Ao principio hesitamos na resposta retrocedendo quatro 
passos, mas attentando bem no seu rosto, inspira-nos con- 
fiança pelo modo rude como olha os ma-hungo. 

Em duas palavras o inu-iumbo conta-lhe a historia das 
peripécias do dia, a perseguição que se nos faz, as exigências 
inqualificáveis dos ma-hungo, os quaes pretendem pelo menos 
vinte peças de riscado ou algodão, como pagamento do ima- 
ginário crime que commettemos. 

— Não receiem, exclamou. Eu vou decidir tudo. 

E n'um Ímpeto de cólera, virando-se para os perseguido- 
res, começou a articular uma vehemente apostrophe, semea- 
da de epithetos notáveis, como: ladrões, tratantes, etc. 

O velho chefe,* apesar de pouco attrahente, captou as 
nossas boas disposições, parccendo-nos que tudo estava de- 
cidido a fazer em favor da comitiva. 

Engano completo; era um jinga ladino e mais ladrão 
que todos os outros, pois que levou a sua esperteza ao 
ponto de espoliar todos, roubadores e roubados. 

Considerando que á sua avançada idade não conviria 
muiío a posição vertical, oíferecemos-lhe um pequeno banco. 

Seguidamente sentou-sc entre a nossa gente e os adver- 
sários. 

Estávamos em pleno tribunal. De um lado nós e o inter- 
prete José, expúnhamos as amargas queixas, do outro os 
ma-hungo, pela voz do decano, defendiam a sua causa. 

Figurae-vos agora, leitor, as intermináveis discussões que 
n*Qste fuJidamenío se encadearam. 

O velho juiz escuta, mas não parece apressado em pro- 
ferir a sentença. 

A noite approxima-se, e elle sabe que os naturaes não fi- 
carão ali. 

Espera, pois, o momento propicio para lhes modificar as 
pretensões. 

Ao por do sol já estes reduzem a quinze peças a síia 
exigência. 

Emfim baixam a doze e depois a dez. 



AFRICA CENTRAL 



[CAP. 



— Vá pelas dez, exclamámos. 

O bom homem prestou-nos um serviço, reduzindo a con- 
tenda a metade. 




Um fardo aberto deixou ver as dez peças, que os indige- 
nas receberam, abalando logo. 

Imagine-se, porém, o nosso espanto quando, ao retirarem- 



xvifj E OCCÍDENTAL 8Í 

se OS ladrões, o velho, estendendo a mão direita para um 
dos fardos, exclamou : 

— Bin-elle! Venham agora as outras dez peças para mim! 

Singular decisão, que nos ficará para sempre gravada na 
memoria ! 

Assim concluiu esta galante aventura justamente quando 
pela vez primeira esperávamos obter justiça. 

Veiu-nos ainda á idéa continuar a marcha pela noite, 
e livrarmo-nos doestes, talvez mais ladrões do que os ou- 
tros. 

A escuridão, porém, era completa no ponto em que está- 
vamos, e em derredor de nós, a 4 ou 6 milhas de distancia, 
o horisonte do norte, n^um arco de 100% similhava oceano 
de labaredas. 

As florestas em fogo davam aos montes e cerros para esse 
lado um tom lúgubre, capaz de intimidar os mais audazes. 

Breve para o sul levantaram-se também as chammas, lan- 
çadas sem duvida pelos que retiravam, a fim de interpor 
uma barreira. 

Achavamo-nos n'um circulo em ignição, no meio do qual 
passámos a mais amarga das noites. 

Então reconhecemos a veracidade das descripções de 
Stanley. 

Que diíferença entre os habitantes da bacia média do 
G)ngo, onde raro penetram europeus, e os mansos povos 
do sul: quiocos, ganguellas, songos! 

Quanta selvageria e má fé ha n^estes monstros, que de 
homens só têem a forma! 

E ao espirito acudia-nos a idéa do que seria mais para 
diante. 

A quem pedir protecção, quando tudo quanto se nos afi- 
gurava humano se dispunha ferozmente a perder-nos? 

Era o que não sabíamos, e só o acaso se encarregaria 
de nol-o ensinar. 

Assim se passou esta noite, succedendo-lhe uma manhã 
deliciosa. 



86 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Escapando-nos por entre os bosques, onde alguns indí- 
genas nos espreitavam, mas fugiam com feroz precipitação 
ao surprehendcl-os, descemos uma Íngreme encosta, che- 
gando ao fundo do valle. Ahi rigueiras gigantes, mpafu 
\EUmit e palmeiras exóticas, entreligadas pelos cypos espi- 
raes do Calamus Jlorus. formavam emmaranhado macisso 
intransiiavcK cheio de bandos de macacos de feio aspecto, 
em que reconhecemos o Cynocep/ulus forcarius. 

Um rio de margens pantanosas defrontava-nos perpendi- 
cularmente, não havendo passagem a enxuto em ponto al- 
gum. 

Mais este sacriíicio se tomou necessano, e resignados pe- 
netrámos nVlle com agua pela cintura. 

Errantes fH>r montes e valles, sempre a caminho do norte, 
ora em charcos ora em adustos bosques, encontrámos oc- 
casionalmenre, ás quatro horas, quando iá desesperávamos, 
a pequena aldeia Mucole Qu:p.u:zo, onde acto continuo fo- 
mos victimas do roubv>. 

O guia quo se nos oiVsíroccra, e a quem havíamos adian- 
tado ò jard.is de fa/onda, fugiu ao partirmos. 

A sós continuámos á toa, um com febres, outro soffren- 
do rheumaiismo. 

Não consenriado as asperezas do terreno nem os bosques 
que seguíssemos ao norte, tivemos de cortar p.ira Lste, 
gastando n'isc>o dois dias, no meio d^esses Iaí:}TLr.thos do 
Hungo, a que o indígena ch.Lma mu-ciito. N^aquelle ponto, 
de machado e catana em punho, cortando nunos e cypos, a 
comitiva enfraquecida passou horas inteiras para abrir i mi- 
lha de cuiiiiiho. 

Que dias e horas decorreram entre sJTiiih.intes dédalos, 
onde a mio do homem nunca penetrou, dos quaes o indí- 
gena foge^ artrahindo só os quadrumanos ou lijoim hi-dlondo 
reptil, que pavura couto deb-iLvo dos podres troncos sias 
corpulentas arvores ou multiplicadas hastes da Rjfli:jz do 
vinho! 

EÍ5 os verdadeiros espinhos das viagens de exploraclo^ e 



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XVli] E OCCIDENTAL 87 

n^esta quadra precisa o explorador revestir-se de toda a ener- 
gia, para com o exemplo não deixar desmoralisar aquelles 
que dirige. 

Luctando com charcos pestilenciaes ou embaraçosas bre- 
nhas, caindo aqui, enterrando-se acolá, depondo mais longe 
o fardo para erguer o machado, succumbem ás vezes perante 
tão enorme fadiga, e, famintos, olham para os chefes, como 
se aguardassem d^elles a inspiração! 

No meio de tantos trabalhos um prazer se nos prepara- 
va, não isento de amargura, mas que de certa forma com- 
pensou os males dos últimos dias. 

A 23 de maio, marchando por suave encosta, divisámos 
ao fundo e em grande extensão macissos fechados pelas cam- 
pinas, que denotavam haver ali amplo rio. 

Assim era, e ao chegar abaixo vimos um vasto curso de 
agua que os indigenas da senzala próxima disseram cha- 
mar-se Cu-gho, aífluente do Cu-ango, o qual foi immediata- 
mente marcado na carta, sendo-lhe mais tarde assignada a 
extensão de loo milhas. 

Nasce ao noroeste, nas terras de Macume-N''jimbo, em es- 
paçosa lagoa, segundo nos informaram, descendo ao longo 
d^elle um trilho que liga por Quizau Malunga o interior com 
a costa. 

Em frente de nós, ao nonoroeste, estendia-se o districto 
de Quicongo, áspero, accidentado, cheio de lagoas no fundo 
de grandes valles, que defronta pelo oesnoroeste com as ter- 
ras de Quiteca N'bungo; pelo norte doestas as de Futa servem 
de abrigo ás tribus ba-congo. 

Que aspecto tão selvagem apresenta tudo! 

Posto que estivéssemos já habituados á Africa interior, pa- 
recia-nos esta região diversa. A terra, o ar, os homens, tudo 
é differente. 

A vegetação, principalmente, imprime-lhe um caracter dis- 
tincto. 

Predominam as palmeiras; por exemplo, a Elais, a Hy- 
phosjie, os Borassus, uma espécie de Chamccrops (palmeira 



88 AFRICA CENTRAL [CAT. 

leque), as ramalhudas Raphias acaules, d'onde se extrahe 
o máluvo, de que breve fallaremos. 
li Começam a apparecer espécies tinhosas em famílias que 
sSo geralmente herbáceas próximo do trópico. 

Malvaceas, sobretudo, onde figuram os géneros Adan- 
sonia e Eriodendron anf., e mesmo varias Rubiaceas, dão 
signaes d''esta transformação. 




As Nymphaceas contam por aqui espécies numerosas, 
como também as Euphorbiaceas e as Acantaceas, precisa- 
mente ao contrario das Fugeras e Orchideas epidendres, 
que sendo raras por todo o continente, quasi desapparecem 
n'este sitio. 

A gigante Burseracea do bálsamo Elemi, a que já temos 
alludido, designando-a por mpafu ou mbafii. é em extremo 
vulgar. 



xvn] E OCCIDENTAL 89 

Ao longo dos enormes troncos escorre a branca resina, 
que, evaporando-se em parte, forma pingos á similhança dos 
das grandes tochas. 

A elles se ligam as colossaes Landolphias, que produzem 
a borracha, muito abundante no Hungo. 

Descansando no dia 23 de maio junto da libata Cambam- 
ba, pozémo-nos a caminho a 24 para Mangongo, a fim de 
operar a passagem do rio. 

Esta, porém, que constitue um dos mais difficeis proble- 
mas de Africa, quando o viajante tem de se servir das em- 
barcações do gentio, tomou-se para nós verdadeira lucta. 

Ao principio esconderam as canoas, depois recusaram as 
primeiras oíFertas, mais tarde protestaram que não passaría- 
mos, mas a final cederam. 

Que martyrios sob o império da febre! 

G)meçou a passagem. 

Logo que os malvados apanharam metade da comitiva 
mudada para a outra margem, e portanto dividida em duas 
a expedição, collocando-se a meio do rio, suspenderam de 
vogar. 

— O que é? exclamámos. 

— Não passamos mais. 

— Porque ? 

— Por quatro peças é pouco. 

— Mas o contrato? 

— Pois sim, hão de dar mais duas, aliás ficam ahi. 

Presos de nervosa excitação, a primeira idéa foi, met- 
tendo armas á cara, varal-os a ambos. 

Isto, porém, teria sérias consequências, a que não devía- 
mos entregar-nos. 

Recorreu-se, pois, á generosidade; mediante mais fazen- 
das, novas supplicas e três horas de febril impaciência, obti- 
vemos doestes bárbaros o serviço que tanto desejávamos, e 
ás quatro horas da tarde estava tudo concluído, ladroeiras 
inclusive, que fecharam com chave de oiro, roubando-nos 
na ultima bar cada uma pobre cabra. 



90 



AFRICA, CENTRAL E OCCIDENTAL 



[CAP, svn] 



Acabrunhados, abatidos, praguejando, fomos para o nor- 
noroeste em procura de logar apto ao estabelecimento do 
arraiai, o que só conseguimos no meio de uma brenha, onde 
trabalhámos até á noite. 

O cheiro almiscarado dos animaes silvestres enchia o ar. 

Parecia estarmos n'um co\ii de leões ou n'um antro de 
pantheras, em que de resto pouco pensávamos. 

A força das inclemências e privações quasi nos fazia con- 
siderar como feras, e mortos de fadiga adormecemos entre 
o mato. 

Chegáramos ao limite do Hungo. 




CAPITULO XVIII 



Partida do Cu-gho — Lúgubres presentimentos — Os mu-chitos e o de- 
serto — A sós com a natureza — Uma tarde angustiosa com sede de- 
voradora — Momentos supremos da existência no mato — Um acaso 
providencial — Novos mu-chitos e trabalhos — Presos no bosque — 
Estado nervoso dos auctores e o receio de enlouquecer — Perdi- 
dos inteiramente — Pesquizas por caravanas organisadas em pro- 
cura de caminho — Duas linhas do diário — Uma noite sombria no 
meio de queimadas — Apparecimento de José. Sua missão — Encon- 
tro feliz — Dois caçadores furtivos — Promessas e abalada — Outra 
vez perdidos — Um tropel de palancas — Approxima-se a noite — Ul- 
tima decisão. 



Com a proximidade de lácca começou a quadra mais 
angustiosa de toda a exploração. 

Emquanto estivemos no Cu-gho notámos, e o guia nol-o 
affirmou, que os indigenas se interrogavam mutuamente com 
espanto sobre os caminhos que íamos seguir; pois, diziam 
elles, para aquelles lados ninguém existia, e só prolongan- 
do o rio se encontrava um trilho conhecido, o de Cha-Mas- 
sango. 

Mas habituados de ha muito a ouvir fallar em terras de- 
sertas,, e ver por toda a parte povoações, não demos cre- 
dito, e firmando-nos na experiência resolvemos continuar. 



i)2 AFRICA CENTRAL [CAP. 

A a5 de maio, pois, erguidos pelo escuro, quando ainda 
echoavum nos bosques os lúgubres gritos dos quadrumanos 
e OH tristonhos lamentos dos chacaes, sentámo-nos junto do 
fogo, aguardando o dia, que um presentimento inexplicável 
nos levava a antever como trabalhoso. 

Hrcve raiou a aurora, e com ella sobreveiu a energia que 
sempre acompanha quem se prepara para horas de lucta. 

t Arriba», foi a voz, e n^um momento os esguios vultos de 
Jc^^cnas de homens se ergueram das esteiras, accommo- 
Jai\do os pannos nas cintas. 

N ingucm tugia ; mSs mesmos calados esperávamos o ter- 
minar dos preparativos, no meio de um silencio que des- 
Mgradavclmcnte contrastava com a hilaridade habitual. 

Depois tratou-sc de ver se próximo havia trilho, e como 
o guia encontrasse um atalho de cabras, s^uimol-o ao ru- 
mo de iHM\lcste* 

Durante a prin\eira hora caminhámos por meio das fra- 
gas e penedias que forniam a encosta agreste da margem 
esquci\la do laigho* prestando o ouvido ao menor nimor 
«Klkatiw da cxistxaicia de gente. 

Nesm um sigiuK pi>rcm^ o attesiava* e na encosta desnu- 
dada que de^í^ciamos^ tendo ao íundo magras palmeiras, en- 
CKMUránvvs funda rax ina^ quasi occulta pela abundante vege- 

O trilh<> dcsapjM^ecÈrái. 

^^^^lAd^v^ <an dcrredixr Jk> novo obstáculo buscámos mr.a 
clawr*^ jNvr *\3>de ixvs^ mettesaxvs meio cunhados. 

Ao íjtw duTv> e rc«stcini« síjiccedeiu-síe húmus bakío, 2 
<5^tc x^m Sa«u<a3 cv^ibesrto de foiaias. tocos c vat^s ds Mc- 
tWiX^^y^ <sfttT« *\s ^)Uâ^ « ^-is^vA a jiinia- 

K^tAX"4i«v^ TK> 4i3\Teo Je pe^jcDo lix 

A r^^íiATJí^í )a7 d> 5»ci3 stíbstir4iírA-s« uma paoumbrií. q-jt 
Tk^ in*jf<>ái4i o T^(C<xih<^ál!I>cnTo: ,fios iágfiicts tud:^ ôí t£>- 

jjíc^j^Ào» i«ferior^ ojí pvissicis e iih» itodccís áe <s5>sa£5 cd:c- 

~^^ -- «■ 

A âoctsíu^ Ciíiii V'fs. m£2s oenst* irim^ic-ss í rrr.i qiu^ 



XVIII] E OCCIDENTAL qS 

impenetrável, obrigando-nos a voltas e contravoltas cerca 
do mesmo terreno. 

Ás nove horas e trinta minutos, faltos de animo e receio- 
sos de ficarmos em similhante recinto, suspendemos a mar- 
cha, destacando homens em sentidos diversos, os quaes 
dariam gritos pelo caminho, para comnosco communicar, 
e escutámos. 

Breve uma serie de tiros dados ao norte preveniram-nos 
de occorrencia notável, e torcendo aqui, destruindo acolá, 
furando mais adiante, saímos do labyrintho. 

Eram dez horas em ponto. O sol elevadissimo feria com 
deslumbrante irradiação a campina fronteira, coberta de um 
novo género de capim rasteiro e amarellado, que nós sulcá- 
vamos sem custo. 

Não tínhamos ainda três quartos de hora de marcha, 
quando nos engolfámos em segundo e colossal mu-chito, que 
abrangia n^umas poucas de léguas toda a bacia do largo rio 
denominado Cu-viji. 

É difficil imaginar-se os perigos que n^estes bosques en- 
contra o viajante. 

O solo negro e movediço, formado pelas accumulaçoes dez 
vezes seculares dos detritos do mundo vegetal, a humidade 
inferior retida pela impermeabilidade de camada argillosa su- 
bjacente, os tépidos vapores do solo elevando-se como uma 
nuvem espessa por meio dos troncos, a agua gotejando das 
folhas superiores, a transpiração emfim que exsuda de todos 
os poros, constituem um meio tão extraordinário, que a pen- 
na mal pôde descrever. 

Continuando pela sinistra floresta, foi a caravana arros- 
tando com muitas contrariedades, até que, como da primei- 
ra vez, conseguiu sair do escuro recinto. 

Alongava-se então perante nós uma accidentada região 
de morros circulares despidos e profundos vallados verde- 
jantes, que as florestas tomavam defezas. 

Nem sequer um trilho ou pegada marcava a passagem do. 
homem por ali. 



(V^ AFRICA CENTRAL [cap. 

K.Htavrtmos cm pleno deserto. 

Arrastaiuio-nos sob um sol ardente, dentro em pouco a 
hcdc comov;ou a sentir-se. 

ICin todos os valles pi*ocuravamos pressurosos a agua, que 
cm parte alguma apparccia. 

As quati^> lioras c trinta minutos achavamo-nos sobre 
un\ clcvavlo caboco^ olhando os horisontes que nos cerca- 
\am% Ncncivlos pela fadiga, queimados pelo sol, arquejan- 
tc?«% >cq\uosos» 

Vm n\agnirico panorama do collinas. cones e morros sem 
alinhamento se doNcnrola\a a iu>ssa vista, 

K>ta disposisiio do torrono suppunhamos ser a causa de 
lanttNs soiVrimcnu^s. 

Nao ha\ cndo leitos do rios* mas aper.^js valles afunila- 
d*v^* a ag^ia das clnivas* accumul.uid<>-$e em lagoas separa- 
das^ depressa so e>a]V>ra dura:itc a c>t3aí:eni* Ton^ardo a 
terra do todo socca. 

Tns do^ K^nions dirigiram-so para vários pomos, cm pro- 
fira do precioso lis^iiido, jiias \oIiaram passado lempo sem 
5uda onc-oíitrarcnv 

1^50 1a7or era tão criíic^^ pí^sicão» q-uj-ndo o 5d se ::i:aii- 
í^\'A npidíin*ícr:c píira o vvcaso; 

à r.níCíí c*x;s<i pAssi\-o; — c-fir.^i^ahíir. 

l>A'av4o o cvoínplo A;.ts nòsssTs. ía tdcío òcsr>:»rLy:5.£3:í5^ 

« 
0»Mn*>oCAA'ít -DAS or.TÍo 41 xr^mír.r.r n:» es7»:r:t:' l Jii:i: ái* 

ífniVl)iíí-n*'*> a ixnrui^iT^ cmb:irii c:ins:!r\i:sscin:«' LÍnàL ãzz. 
TCs?o cie J*i\'ida. 

5>ttrii ^iJfmIi^ 4tL cicíUrrBCii. doi*- dn*- a:rr:i£:íLâ;jrx!K. niit:brL- 



XVIII] E OCCIDENTAL Ç)D 

dos de cansaço e afflictos pela sede, arriaram cargas 2 mi- 
lhas adiante, incapazes de proseguir. 

Foi preciso sobrecarregar-nos com as próprias armas que 
os muleques transportavam, a fim de livres os poderem aju- 
dar. 

Eram cinco horas e trinta minutos da tarde. 

A inquietação chegara ao auge. 

Na frente alguns mais corajosos avançavam com a ener- 
gia de que podiam dispor, no intuito de serem os primei- 
ros a saciar-se. 

Puro engano! 

Montes, campinas, valles, mostravam pela esterilidade a 
ausência da agua de que careciamos. 

O sol, envolvendo-se nas primeiras nuvens, manto que 
no occaso o espera, como para o livrar dos rigores da noite^ 
imprimia em meias tintas um melancholico aspecto a esta 
árida terra. 

O dia estava a terminar; e então que seria de nós e da 
comitiva, depois de trinta horas de sede? 

Certamente ninguém na manhã seguinte era capaz de dar 
um passo sob 70 libras de carga. 

A sede naturalmente succeder-se-ía a fome, pois sem agua 
como preparar o infwidi, e á fome. . . quem sabe? 

Ah! Bem pouco dignos são de tamanhos sacrifícios os 
habitadores da Africa central ! 

Quanto soffre quem ali vae trabalhar em seu interesse c 
que n'elles só vê a ingratidão ! 

Chegara o momento supremo. 

Primeiro dois, seguidamente quatro, depois seis dos ra- 
pazes, depondo as cargas, atiraram-se para o chão, excla- 
mando : 

— Faltam-nos as forças, doeste modo é impossivel conti- 
nuar. Retrocedamos, para traz é o caminho. Só assim en- 
contraremos agua. 

De pé, exhortando-os, animavamol-os com argumentos, 
no intuito de conseguir mais uma ou duas milhas, quando 



96 AFRICA CENTRAL [CAP. 

subitamente se ouviram da vanguarda dois tiros, que echoa- 
ram pelas quebradas e foram morrer ao longe. 

Imagine-se o violento abalo produzido por esse inespe- 
rado estrondo! 

Ao abatimento succedeu-se n'um relâmpago a excitação, 
ao medo a alegria, e abandonando tudo, armas e bagagens, 
partimos guiados pelos sons. 




Ambos na retaguarda, sudbcados pela poeira que todos 
levantavam na vertiginosa corrida, mais pesadamente ves- 
tidos, distanciavamo-nos a olhos vistos, não pensando na 
loucura de similhante carreira, com receio de ainda mais se 
aggravar o mal. 

Emfim, despenhando-nos á doida por uma encosta, aba- 
tidos, febris, saudámos com dois agudos gritos a feliz desco- 
berta. 



xvm] E OCCIDENTAL 97 

Era um vasto rio correndo a nossos pés, que Fortuna, 
um dos rapazes do sertão da Tunda e Celli, acabava de en- 
contrar. 

Lançando-nos a elle, bebíamos, sôfregos, por cabaças ou 
pelas palmas das mãos, sem reflectir que nos haviam fica- 
do dispersas nos matos todas as cargas. da expedição; de- 
cidindo acto contínuo marcar na carta o rio com o nome 
de Fortuna. 

Restabelecidos pouco a pouco, pensámos em arranjar 
acampamento, e volvendo á bagagem que abandonáramos, 
carregámos quasi meia tonelada de agua nas numerosas 
cabaças. 

Exhaustas as forças para construir fundos, decidiu-se dor- 
mir ao ar livre, cercando o recinto de fogueiras. 

Chegara a noite, apenas illuminada pelo minguado cres- 
cente e pela intensa scintillação das estrellas, e com ella viera 
o somno reparador. 

As doze horas o vento sueste moderou, e a lua no occaso, 
banhando com uma suave claridade o nosso grupo, que en- 
volvido em pannos brancos dormia na planicie ao redor 
das fogueiras amortecidas, dava em pequeno quadro a idéa 
approximada de um campo de batalha, onde jaziam em des- 
ordem os malaventurados do dia. 

No fundo do vallç corria sereno o Fortuna, por entre as 
massas verde-escuras que lhe orlavam as margens, d''onde 
por vezes saíam, interrompendo o silencio nocturno, rumo- 
res surdos, outras vezes gritos ferozes produzidos pelas vi- 
brações da cartilaginosa glotte dos quadrumanos, os quacs de 
ramo em ramo percorriam as florestas. 

A 26, ao alvorecer, bem providos de agua, e devorados 
uns restos de carne secca que possuiamos, partimos pela 
região elevada, cortando para leste, a fim de procurar de 
comer, convencidos que ao longo do rio encontraríamos fa- 
talmente o Cu-ango e as habitações que procurávamos, pois 
sem duvida aqueUe era affluente d'este. 

Infelizmente havia engano. 

voL. n 7 



98 AFRICA CENTRAL [CAP. 

A 4 milhas do arraial appareceu-nos de súbito sob os pcs 
uma ravina, que logo descemos. 

Ao fundo começava um denso arvoredo, e novo mu-chito 
se nos deparou, por onde nos embrenhámos, divagando 
duas horas inteiras para d*elle sair. 

Apertados entre o rio e uma elevada encosta pelo sul, 
continuámos a marginal-a até um ponto em que, entrando 
n^outro expesso bosque, nos vimos cercados de agua e plan- 
tas. 

Estávamos presos. 

D'^entre o capim, alto e agreste, agita va-se a confusa ca- 
ravana, cm busca de uma saída, que não conseguiu encon- 
trar. 

Em alguns sitios as gramineas acamadas parecia mostra- 
rem uma aberta, para onde nos dirigimos. 

Breve reconheciamos, pelas colossaes pegadas dos h}p- 
popotamos, que á paragem doestes animacs era devido o 
rastro, tornando-se necessário todo o cuidado para não es- 
barrar com algum dVlles. 

Nem o menor ruido se ouvia! 

O rio, embrenhado pelas estevas e juncaes, afigurou-se- 
nos tomar varias direcções, ou dividir-se em grande numero 
de braços, pois que, correndo por um lado a leste, pelo ou- 
tro parecia ir ao norte. 

Ao acercarmo-nos da margem faltou o terreno debaixo 
dos pés c cnterrámo-nos até ao joelho, sendo preciso mutuo 
auxilio para livrar os da vanguarda. 

Cansados e tristes, caíamos famintos sob o peso de ta- 
manhas difficuldíKies, não sabendo que fazer ou ordenar, e 
entregámo-nos ás considerações dos companheiros,' cujos 
murmúrios de protesto se ouviam claramente. 

— Onde é que v;unos assim? 

— Quem pôde andar por estas terras desertas sem ali- 
mento, falto de rumo no meio de bichos ? 

Estas e outras considerações tendiam a provar-nos a lou- 
cura do emprehendimento. 



xvní] E OCCIDENTAL 99 

Voltar, eis o remédio. Mas então sálteâva-nos a idéa da 
perda dos nossos trabalhos, a consciência do dever; c revol- 
tando-nos contra similhantes alvitres, irados, fulos, impo- 
tentes, erguiamo-nos como querendo derruir os gigantescos 
obstáculos. 

Faltando-nos porém as forças, rapidamente caíamos pros- 
trados de cansaço. 

A vida do mato, geralmente miserável, c aggravada á 
medida que nos internámos. 

Os grandes obstáculos e as privações enfraquecem c cau- 
sam no viajante, ao fim de muitos mezes de marcha, um 
estado de irritabilidade, de abalo nervoso, que á menor 
questão passa a extremos de quasi enlouquecer. 

A alteração profunda do caracter individual manifesta 
se logo. 

Os gestos exagerados, a precipitação cm todos os actos, 
as ordens terminantes, os receios sem fundamento e o de- 
sejo de caminhar rapidamente, tudo prova a alludida mu- 
dança, que é conhecida no grande continente pelo nome de 
bilis africana. 

As idcas que então se lhe suscitam, tèem estreitas rela- 
ções com as matérias da exploração. 

O plano que preconcebera é um como centro rotatório 
de todo o trabalho cerebral; o pobre explorador, durante o 
dia, á menor abstracção, pensa cm rios de curso longo, lagos 
colossaes intercalados, caminhos novos, habitações diversas ; 
de noite sonha com a Africa, e milhares de scenas cheias 
de peripécias lhe povoam a mente. 

Quantas vezes, pensando em proseguir, adormeciamos, 
ou em nossos sonhos nos apparecia frequentemente o Cu- 
. ango, correndo n''uma vasta planicie c entrando a final no 
Congo-Zaire ! 

As bellezas d'essa região eram mais sombrias. Na mente 
escaldada creavamos e suppunhamos ver a immensa bacia 
do Congo-Zaire, plana chata:, alagada, coberta de rachitica 
vegetação, pestilencial, sob um sol de escaldar. 



lOO AFRICA CENTRAL [CAP. 

Numerosos rios affluiam para ali. 

O Cu-ango, o Lu-angue o Cassai, o Moaza-N'gombe, to- 
dos lá convergiam, parecendo reunir as suas aguas. 

Phantasiavamos informações indigenas e concluiamos sce- 
nas extraordinárias, julgando ter d^ellas a comprehensão exa- 
cta. 

Acordando febris, luctavamos, querendo afastar de nós 
similhantes pensamentos, mas vão empenho! 

Tinhamos stereotypado no intellecto o mappa geogra- 
phico de Africa, e pelo escuro da barraca, arregalando os 
olhos, parecia-nos ver mappas por todos os lados. 

G)mo remate surgia um dos mais sérios receios que sal- 
teiam o homem chegado a esta situação: o endoudecer. 

A loucura, eis a idéa fixa que nos perseguia, povoando- 
nos sinistra a imaginação, a qual se aggravava quanto mais 
esgrimiamos. 

Diflicilmente poderá a penna, embora manejada por tes- 
temunha presencial, dar a justa medida do que por ali se 
sofFre. 

Aquelles mesmos que hoje voà narram, leitores, as gran- 
des dificuldades sofEridas, longe d^ellas descrevem-nas por 
forma diversa. 

A fome, a sede, as angustias consequentes, a febre, o ca- 
lor, a fraqueza, o quebramento, os desgostos, as apprehen- 
s6es, n'uma palavra, esse milhar de misérias que de nós se 
apoderara, não se traduzem, experimentam-se ! 

Emfim, o combate era improfícuo. 

Não vendo meio algum de proseguir, pensámos em re- 
solver o que mais importava : procurar alimento. 

Abandonando a margem do rio, abrimos de machado 
em punho a floresta da Íngreme encosta, e derruindo as 
plantas rasteiras, rasgámos até á parte superior, no intuito 
de observar de alto as regiões suburbanas. 

Só então vimos a doudice do nosso emprehendimento, 
e tivemos a explicação dos braços imaginados do rio que 
seguíramos. 



xvni] E OCCIDENTAL '-:":,, lOI 



Aquella floresta alongava-se até onde a vlstà padia al- 
cançar. 

Nas verdejantes planuras entrecaladas observámos "rióV 
distinctamente dois rios, um pelo norte e outro pelo sul do" 
morro, os quaes correndo pacificos se encontravam no vér- 
tice. 

Era o Fortuna que se- lançava no Cu-gho; estávamos pois 
no massango, ponto de confluência d'elles. 

Não havia duvida que fatalmente tinhamos de retroceder, 
visto a impossibilidade de n^ellcs penetrar. 

Soaram três horas da tarde, e ainda nós continuávamos 
observando. 

Longe, muito longe e para leste, via-se fumo; habitações 
nenhumas. 

A terra era deserta, e os nossos estômagos, em consequên- 
cia doesta certeza, começaram os seus protestos com extrema 
energia. 

Reunindo o conselho, organisou-se rapidamente um plano 
para o caso. 

Fortuna o feliz (então já nós tinhamos doestes prejuízos), 
acompanhado de mais dois, cortaria a leste, armado, para 
dar signal á menor descoberta e defender-se de qualquer 
ataque. 

Somma, um intelligente e atrevido mu-sumbi, com alguns 
companheiros, partiria ao sul, em busca de caça e do mais 
que houvesse. 

O guia José, para o norte, farejando habitações; nós em- 
fim, presos e afadigados, ficaríamos no campo com as reser- 
vas, a esperar novidades. 

Havendo todos partido, dêmos começo á construcçao do 
campo e fomos explorar raizes nos arredores. 

Por terem sido infructuosas as nossas pesquizas, conten- 
támo-nos com agua fresca, e invertendo como uma luva o 
sacco da farinha, aproveitámos pelas costuras o pó lá exis- 
tente; depois confiámo-nos ao acaso, escrevendo na pagina 
do diário as lacónicas phrases que vos apresentamos. 



• • • 



.V. 



102 •-.•./ "africa central [cap. 









. ••:% -'EXPEDIÇÃO AFRICO-PORTLGUEZA Pag. 5,1 

• •• • • 

••••,•• Aneróide — 710,0 Temperatura— 2t>,3 



• • • 

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• • • 



• 



— ^^Dia nefasto. Acampados n'um cerro na confluência do Cu-gho 
c Fortuna^ completamente faltos de mantimentos. Estamos tristes e aba- 
tidos. Terra deserta. Ninguém se encontra. Fome, febre, doença. 

— .^^^orario para a longitude: 

Q âss^^^^.^^Si. H-=A5o".28'.3oVA2Íth. = 309,9 
£1 mer. «= 67.07 

— ^NQue acontecerá? Esperemos. 

Effectivnmente esperávamos resignados, contando os mi- 
nutos e escutando os ruídos. 

Na immensa solidão reinava sepulchral silencio, que nós 
abatidos não ousávamos interromper. 

O sol, correndo imperturbável, passara do amarello bri- 
lhante ao alaranjado, e approximando-se no horisonte, iri- 
sava a abobada de fachos multicores, n^um fundo de esme- 
ralda, até que, engolfando-se, despediu os derradeiros raios, 
desapparecendo com elle as ultimas esperanças. 

— Ninguém! diziamos tristemente. Nada encontraram, é 
certo, se não voltariam. 

E agoniados pelo infeliz presente e triste futuro, scisma- 
vamos. 

A noite tornava ainda mais sombrios os nossos pensa- 
mentos, a que umas grandes queimadas a leste e o crescen- 
te da lua davam lúgubre aspecto. 

Assim decorreram horas, quando uns tiros se ouviram 
próximos: era Somma que voltava; depois novo tiroteio 
annunciou a chegada de Fortuna. 

Nenhum dVlles fora feliz na escuridão. Caminho, rastro, 
signal de habitadores, nada existia. 

Muitos bosques, diziam-nos, cercavam o sitio, que escolhê- 
ramos, não havendo comtudo a menor indicação de uma 
senda. 



xvill] E OCCIDENTAL Io3 



José era o único que faltava e por quem esperávamos 
anciosos. 

A noite proseguiu sem que d'elle houvesse noticia. 

As quatro horas precisas estávamos de atalaia; insomnia 
terrível tinha impedido o descanso. 

Entretanto a brisa, fraco allivio para similhante situação, 
alenta va-nos. 

Como sair, porém, se Josc não apparecia ? 

Emfim despontara a aurora, illuminou-se tudo, e um dia 
radioso vciu esclarecer as nossas misérias. 

Pallidos, transidos de fome, envoltos, nos gabões, debaixo 
de um miserável abrigo, apoiados ás malas abertas, dáva- 
mos corda aos chronometros, e observando os thermome- 
tros cumpríamos para com a sciencia as nossas obrigações. 

Depois, erguendo-nos, mirávamos tudo. 

Era o espectáculo da véspera; os mesmos valles e flores- 
tas, idêntico silencio por toda a parte. 

Mas agora, presos ao acampamento, pois tinhamos cargas 
abandonadas, pertencentes áquelles que acompanharam o 
guia, nem d'elle podiamos sair! 

Como o tempo corresse, urgia tomar uma resolução, qual- 
quer partido, e não succumbir á fome de braços cruzados. 

Mas que fazer? cogitávamos nós. 

Voltar? Estavam longe as habitações; pelo mesmo ca- 
minho, necessitávamos dois dias, e este lapso de tempo, 
junto ao já decorrido com fome, era sufliciente para pôr 
termo á nossa pobre existência. 

Proseguir? Mas por onde, se tudo nos embaraçava em 
redor! 

E Josc, abandonal-o-íamos ? Não. 

Ficar, foi a idéa decisiva, e extrahindo forças da própria 
fraqueza, resolvemos, quer no rio, na pesca, quer nos arre- 
dores, na caça, buscar o alimento que precisávamos. 

Era em verdade curioso ver similhante alvitre tão bem 
recebido, e como n'um prompto nos dedicámos á faina. 

Todos se preparavam ; uns a dispor tarrafas para no rio 



104 AFRICA CENTRAL [CAP. 

(nossa maior esperança) perseguir os bagres, outros fazen- 
do com chumbo cartuchos para matar as aves, alguns idean- 
do armadilhas para prender toupeiras e ratos. 

Organisaram-se, pois, as pequenas expedições, e dirigi- 
mo-nos para o rio no intuito de construir a. primeira palis- 
sada, dando ordens á direita e esquerda, esquecendo a fome 
com o novo trabalho, quando da floresta ao noroeste retum- 
baram dois tiros! 

— Eil-os! José e os outros. 

E em três saltos, adiantando-nos, vimos José e os compa- 
nheiros saírem da espessura do bosque, com o passo firme 
de quem traz estômago cheio, conduzindo volumes ás costas. 

Não pôde descrever-se a alegria selvagem que de todos 
se apoderou ão enxergaras cargas; saltávamos, corríamos, 
curiosos, cheios de esperança. 

— Traz de comer! 

E José, baixo, saracoteando-se, mostrava-nos n'um ca- 
jado uma enfiada de bagres, na algibeira uma raiz de man- 
dioca, aos hombros dos carregadores pequenos fardos en- 
volvidos em folhas. 

Esbocemos em duas linhas a commissão de mestre Zé. 

Partindo na véspera, divagara élle pelos bosques próxi- 
mos, e avizinhando-se do rio muito a montante do ponto 
onde nos achávamos, percebeu que podia vadeal-o. 

Mãos e pés á obra ; com pouco trabalho conseguiu o seu 
intento. 

Nos bosques de lá, vendo um atalho, que parecia de ca- 
bras, enfiou por elle, e caminhando sem interrupção, ao cair 
da tarde fòi o guia surprehendido pela presença de uma pa- 
lhoça isolada no meio dos capins. 

Acto contínuo, dirigindo-se a ella, encontrou dentro duas 
creaturas humanas. 

Eram dois caçadores furtivos, que sósinhos se occupa- 
vam pelos bosques em similhante mister. 

Intelligente e hábil, formulou logo o seguinte interroga- 
tório : 



vin] E OCCIDENTAL Io5 

— Ha de comer? 
— Estaes sós? 

— Ha povoação próximo? 

— E caminhos por aqui? 
— Que terra» são estas? 

Um dos velhos (que elle afiançava ter duas linguas, isto é, 




não repetir a mesma cousa), respondeu singelamente e por 
ordem : 

— Ha. 
— Sim. 

— Ha. 
— Sim. 

— Quicongo. 

A afirmativa primeira, tratou elle de replicar com uma 
peça de fazenda e um sacco de missanga, que abertos dei. 



Io6 AFRICA CENTRAL [CAP. 

xaram admirados os dois forasteiros,* comprando segui- 
damente quanto encontrou, a saber: trinta bagres, uma pe- 
quena carga de raizes de mandioca, 8 libras proximamente 
de farinha, duas biudas de inaliivo; e dizendo-lhes que es- 
perassem por nós a fim de nos servirem de guias, dispu- 
nha-se a voltar pela noite. 

Como, porem, o avisassem de que por ali havia abun- 
dância de animaes silvestres, mestre Zé, em sua alta sabe- 
doria, decidiu repousar e inquirir os dois desconhecidos a 
respeito das terras próximas. 

Emquanto o nosso heroe contava detidamente a histo- 
ria das suas aventuras, distribuíamos petit à petit os ar- 
tigos chegados, que, apesar de parcos, tocaram a todos, 
e rilhando umA raiz de mandioca, com uma fracção de ba- 
gre, preparámo-nos a marchar no sentido indicado, expri- 
mindo o reconhecimento ao esperto guia por uma promessa 
de fazenda na volta para a costa. 

A pagina negra da nossa historia estava, comtudo, ainda 
em meio, e á passageira alegria de alguns momentos iam 
succeder-se novos trabalhos por estas regiões nefastas. 

Juntando a bagagem, levantámos o campo. 

Noroeste era o ciiminho. - 

Seguindo no encalço do guia, retrocedemos, e uma hora 
ininterrupta de marcha nos levou ao ponto onde o rio offe- 
recia vau. 

— Chama-se Unguiji, disse José; vem de longe e nasce 
n''uma lagoa. 

Depois, subindo obliquamente uma serra íngreme, escor- 
rendo suor por todos os poros, pingando a caderneta nas 
haltes para as marcações, avistou a comitiva a pousada de 
que falíamos, no fundo de um vallado, junto de pequeno 
riacho. 

Eram onze horas e trinta minutos do dia 27 de maio do 
anno de 1879. 

Ao approximarmo-nos do albergue, experimenta'mos logo 
a primeira decepção. 



xvm] E OCCIDENTAL I07 

Os caçadores, ao vercnvnos reunidos, fugiram, internan- 
do-se no mato, c só á força de instancias conseguimos at- 
trahil-os. 

Seguidamente entrámos em negociações com elles, para 
nos apontarem um trilho que nos levasse a alguma habita- 
ção na margem do Cu-ango. 

Desconfiados, não queriam por forma alguma acceder, 
sendo necessário novas promessas para os demover do seu 
propósito. 

Emfim, decidiram-se a mostrar a senda que nos conduzi- 
ria ás terras dos povos ma-iácca, partindo na cabeça da ca- 
ravana. 

Sem o peso de mantimentos, percorriamos rapidamente 
a orla da floresta, e subindo uma encosta granitica escal- 
vada, descemos á pittoresca margem do rio Mapemba, onde 
se dispensaram dez minutos para refrescar. 

De novo em marcha, galgámos a encosta fronteira, en- 
contrando na parte superior vasta planura, destituida de 
vegetação arbórea, por meio da qual serpenteava uma es- 
pécie de trilho. 

Aqui os gui:is declararam não continuar, pois que, próxi- 
mos do Cu-ango, era seguir pelo trilho indicado. 

Não nos agradava muito esta resolução; um presenti- 
mento dizia-nos mesmo que ainda não estávamos seguros; 
toda a cautela era pouca. 

Quem podia, porem, contel-os, se já haviam recebido o 
pagamento do seu serviço?! 

Despedidos, pois, proscguimos, e ao cabo de uma hora 
de marcha, havendo desapparecido todo o indicio de cami- 
nho, perdemo-nos completamente no meio do alteroso capim. 

Algum leitor mais exigente dirá: 

— Mas no centro de uma planície, tendo a bússola na mão, 
seria fácil dirigir-se para um ponto determinado. 

Nós lhe responderemos (sem deixar de ter em muita con- 
ta a sua opinião), que c bastante diHicil seguir uma linha re- 
cta, sem descortinar um ponto visivel ao longe, c nas cir- 




AFRICA CENTRAL 



ncumstancias de então era justamente o que não tínhamos, 
V ,por nos occultarem as estevas e vegetação baixa. 
1 ^ Ás apalpadellas fomos proseguindo em ziguezague, can- 

^ ísados do calor, antevendo outra vez a fome, a sede e os 
i íhorrores que nos últimos tempos nos flagellavam. 
\ <^ Lesnordeste era a direcção em que necessariamente devia 

Acstar o Cu-ango. 




í y Esforçámo-nos pois por cortar para lá, e collocando na 
3 "»>S vanguarda três dos «nais robustos, a fim de desviarem ra- 
íl^^mos, capim, ele, arrastavamo-nos tristes e pezarosos. 
\ ' O acaso parecia propenso a contrariar-nos, e com ironia 



■•^-;; 



1 



] cruel precisamente nos feria quando mais socegados estáva- 
mos. 

Como fossemos caminhando por meio d'essas terras de- 
sertas, um dos carregadores disse-nos ver para a nossa es- 



XVIII] E OCCIDENTAL I09 

querda, na planura, vários objectos escuros, que elle consi- 
derava palancas. 

— Vamos a elles! 

Immediatamente partimos no intuito de lhes atirar, aga- 
chados ou seguindo marcha vagarosa, para não attrahir a 
attenção dos presentidos animaes, que em poucos momentos 
avistámos, juntos no meio do capim, com as bellas cabeças 
de fora. 

Eram antilopes grandes (fêmeas), de pescoço longo, for- 
mas elegantes, o pello muito claro e lustroso, sem chifres, 
orelhas desenvolvidas, fazendo lembrar, á primeira vista, 
uma recua de jumentos. 

Quando nos approximámos, alguns separaram-se do ban- 
do, e, com as orelhas hirtas, começaram a farejar; depois, 
reparando attentos, fugiram. 

Dirigiram-se dois tiros ao mais perto, que por infelicida- 
de nossa não lhe acertaram, permanecendo embasbacados 
todos os da comitiva e conservando dos animaes apenas a 

triste recordação. 

> 

Ainda tentámos ir-lhes no encalço, mas breve desappa- 
receram, e nós fracos, abatidos, desistimos de uma empreza 
cujo resultado sem duvida seria aggravar a já precária situa- 
ção. / 

Como tivéssemos ensejo de observar bem o menos dis- 
tante, serviu-nos isso para fazer um croquis, soffrivelmente 
próximo da verdade; contentando-nos com tal, á falta de 
melhor, recurso. 

Este ultimo facto ainda mais aífectou a coragem de alguns 
dos nossos já desmoralisados. 

Tinham decorrido dez horas desde que partíramos do rio 
Fortuna, contadas como se fossem dez extensos mezes, 
cheias de angustias, e na frente nada divisávamos denotan- 
do habitação. 

Estava a final decidida a nossa sorte ; mais um dia de de- 
mora, e a expedição perder-se-ía, desorganisando-se total- 
mente. 



I IO AFRICA CENTRAL [CAP. 

Os próprios ban-sumbi, os mais robustos d^entre todos, 
vergavam ao rigor de tanta inclemência, arriando em qual- 
quer parte as respectivas cargas. 

Os pequenos muleques iam arquejantes, as mulheres, na 
maioria sobrecarregadas com os filhinhos e escorrendo suor, 
detinham-se em todas as encostas, mais resolvidas a ficar 
do que a proseguir em busca do que já suppunham irreali- 
savel. 

Nós, embora livres de peso, náo soflriamos menos do que 
qualquer d^elles. 

Debilidade geral se apoderara de todo o organismo, fa- 
zendo com que mal nos podessemos suster na- posição ver- 
tical, que fortes dores de rins e curvas aggravavam por for- 
ma indescriptivel. 

Nas subidas, principalmente, todas estas misérias recres- 
ciam por modo tal, que é ditficil transmittir perfeita idca. 

Podia considerar-se uma ascensão para successivos cal- 
vários, que concluía por nos prostrarmos, quasi sem con- 
sciência, no meio do solo, sibilando ao respirar, impotentes, 
aniquilados. 

As fontes batiam-nos como enormes martellos, e a cir- 
culação, accelerada, em verdadeiras ondas, quasi nos suílb- 
cava. 

O sol inclinara rapidamente, o calor diminuíra, a sede c 
a fome augmentavam, minando-nos a^ entranhas com atroz 
insistência, e quanto mais andávamos parecia que menos 
adiantados nos viamos. 

Sabendo, porem, pela dura experiência nada haver peior 
do que parar, e não pensando sequer em retroceder, pro- 
seguimos como podemos, decidindo ir dia c noite em pro- 
cura de agua. 

Alongando-nos por uma suave encosta, investigando sem- 
pre, distribuindo gente a um e outro lado, começámos a subir. 

Ao anoitecer chegou-se a uma ladeira abrupta e desnu- 
dada, que pelo oeste ladeava um grande rio, a i milha de 
distancia. 



yf 



ivm) 



E OCCIDENTAL 



Ao fundo o extenso valle coberto de capim, aonde li- 
nhas de vegetação mais desenvolvida e escura sobresaíam, 
era indicio do curso de pequenos ribeiros. 

— Aqui ficaremos! bradaram todos com ar resoluto. 

Não havia que protestar, chegáramos ao extremo; rumo- 
res especiaes denotavam as más disposições de todos; accor- 
dando pois com a deliberação acampámos. 

Eram sete horas da noite. 




CAPITULO XIX 



Perigos do laconismo na descripçáo dos soffrimentos, e receios dos 
auctores sobre similhante assumpto — A noite de 27 de maio — Ap- 
prehensóes — Pelo escuro da noite rondavam vultos — Visões e in- 
somnias — Descoberta inesperada — As raparigas da caravana e um 
casamento no mato — Não ha fome que não dê em fartura — Satis- 
feito o corpo, distrahiamos o espirito — A arvore perigosa — Asgan- 
:{as de maluvo e uma apreciação espantosa — Quizengamo, o primei- 
ro dos quilolos — Duas paginas do nosso diário — Insistência dos 
guias em levar-nos ao Quianvo — A nossa opinião e uma manhã por 
aquellas terras — O Cu-ango e as curvas caprichosas do seu leito 

— Medonhos effeitos da dysenteria — A fermentação pútrida e a 
falta de alimentos. — Um baile nos ma-iácca — Abandonados na flo- 
resta — Febres, ulceras e dysentria — Ultimas exigências do guia. Fu- 
gida d'este — No meio de misérias, a sós com os nossos recursos 

— O deserto — Fragmento do diário — A lua no minguante e uma 
confidencia a medo — O Cu-gho. 



Para o homem que nunca teve a desdita de passar com 
fome e sede dias inteiros, á temperatura de 3o® centigrados; 
para quem nunca experimentou as dolorosas sensações da 
febre intensa, aggravando-se pelas angustias da dysenteria 
e as pungentes dores da enchaqueca, emmolduradas na de- 
sesperante comichão do lichen, insupportavel com a roupa 
de flanella; para quantos emfim nunca sentiram os crucian- 

voL. n 8 



114 AFRICA CENTRAL fCAP. 



tes padecimentos que originiim as feridas escorbuticas pelas 
pernas e pés, tornando o calçado um martyrio, poderá afi- 
gurar-se-lhes exagerada a nossa insistência em similhante 
matéria. 

Não é, porem» verdadeiro tal modo de ver, e jamais o via- 
jante será capaz de, por muia> que faça cm seu gabinete 
\^quando de volta á Europa , precisar rielmenie quanto sof- 
íreu por aqucllas inhospiías terras, dando a justa medida 
das tribulações physicas e moraes que lhe opprimiram a mi- 
scra existência. 

Conserva d^ellas a recordação, e cá, ao relatar, temendo 
fiigir a \ erdade. suspende hesitante entre o diário e a con- 
sciência. 

O primeiro, organisado quando menos se p^\3e descre- 
ver, e lacor.ico, denciente* não diz nem refaz o que se sen- 
tiu, e o explorador, como que oiTendido, afa^ia-iv 

Pois qne: tAnios solTrimenios devem limiiar-se á s::\i:eia 
phrase do diário: 

*D;a ar.gi2Stiosoi: 

Não, c a consciência d:z-!he: soííVesie, desci>íve. 

O bálsamo para essa ferida esu na apreciação qiíe d'c!3,: 
SC íac^. 

O c\TlL>rad."^r rjibisca então cc^m a e>per,:nç.>, de aprr*>\:- 
mar es leitores peli phur.iaíia de ludo o qise cOle e\pcr>4jcn- 

Qu-Lnt:is veres q-uitro phrases escriptas debaixo diis m:^:s 
dnr,is imprei-s^es cxyrànes: irL'jr:er.so, apeNir de Ei^l ava- 
liadas : 

o qi:e rJo quereri : dir^er St.irJí}\ o Sí^àiz via^ainte^ ç;:::;nui> 
i 30 de iar.bo» de jS:% esii Zini^:, escrevi ji: 

4\)s de:al*^e> d."^^ ic^mienios por mim >:-írid.^s ni-o pc^iim 
3escrc\"er->£* mas existem i^.Jdr^■el^JC^:T^ i:r:.\- jd:-> r>L^ íúT:- 
vdo de 'uni co.rac^o ^ue ser.te loá^ a .mr.iriTura djs dc-rei- ciijc 
o c^-íHipcniicm.. i- 

ln^.i:ín$o . AqijcTle iieric» ^cl^^■o e ir.fj-riíivi], >:i -xerEir-i:- 
.fe> j>cso d: íni:^^a se decidiria a e\ar-Lr sirru>.rv.es LiJias. 



xix) E OCCIDENTAL 1 l3 



Luctas, fomes, febres, perdas de companheiros, eis a 



origem. 



Lacónico na occasião, a muitos passaria desapercebida 
n'esse singelo paragrapho a grandeza da idéa do nosso ir- 
mão nos sotfrimentos. 

Continuando, pois, n''este capitulo, a descripção precisa 
do que nos succedeu, levamos um duplo fim: ser verdadeiros, 
e requerer, no dó que ella inspirar, a paga de pretéritas vi- 
cissitudes. 

Na margem esquerda de certo rio, a 27 de maio achava-se 
a caravana, de que éramos chefes, sem abrigo, com fome, 
cheia de males, assente n^um cabeço desarborisado, posta- 
da em estreito circulo, ao meio do qual ardia uma débil fo- 
gueira. 

O dia de amanhã era o pensamento de todos. 

Perdidos dez vezes por dia, andávamos em permanente 
perigo, que alguma vez seria fatal. 

E espreitando o horisontc, a nós mesmos perguntávamos: 
Continuará isto assim? 

Ao longe descobriamos, ajudados pela pardacenta clari- 
dade da lua, umas terras mais altas, no cimo das quaes se 
viam fogos. 

Eram talvez senzalas, ou seriam fogueiras occasionaes? 

Ninguém podia dizel-o. A verdade, porém, é que rumor 
algum denunciava a existência de gente. 

Tudo jazia cm socego profundo, apenas interrompido á 
meia noite por uma matilha de lobos que vieram cair sobre 
nós. 

No valle próximo rondavam também uns vultos negros, 
silenciosos, que não podemos conhecer, e para os quaes de 
prevenção se tinham voltado trinta bocas de espingardas 
carregadas e sobre o gatilho, 

Minava-nos uma febre lenta, e a insomnia terrível impe- 
dia a tranquilidade a ambos. 

A imaginação exaltada andava-nos em panorâmico mo- 
vimento. 



n6 * AFRICA CENTRAL [CAP. 

Milhares de scenas, de pensamentos, de idéas exóticas 
atropellando-se, nos passavam rápidas, fugazes, pelo espi- 
rito, ininterruptamente. 

Interrogando-nos por vezes, certificavamo-nos da recipro- 
cidade doeste phenomeno, e conchegando os gabões que a 
cacimba fria endurecera, diligenciámos repousar. 

Baldado esfor^jo; ás quatro horas e três quartos da ma- 
nhã assistiamos contra vontade ao aclarar do céu na parte 
leste. 

Logo que a luz permittiu, começou tudo em observação, 
concluindo-se o seguinte. 

Estávamos na margem do Cu-ango, sobre um cerrado 
abrupto, que o ladeava pelo oeste. 

Ao fundo, em amplo lençol de agua, corria elle espelhan- 
do-se por meio da ciunpina, e limitado marginalmente por 
massas verde-negras. 

Nas encostas de lá viam-se manchas esbranquiçadas que 
o binóculo afigurava habitações. 

Para o norte o terreno era cheio de accidentes. 

Uns fumos alvos elevavam-se por detraz. 

Cinco horas marcavam os relógios^ quando se organisou 
a primeira escolta piura ir ao rio buscar agua; depois outra 
para a jusante fazer um reconhecimento, e assim de seguida 
aguardávamos novidades. 

Apenas os nossos tinham partido^ e sobre malas encetá- 
vamos o levantamento das terras em derredor, vimos na 
campina dois que regressavam e com gestos e gritos su- 
biam a ladeira. 

Eram muleques, dos quaes um, Lianda, ladino e esperto, 
na primeira pesquiza encontrara immenso arraial povoado 
por pescadores, onde a abundância era tamanha que, para 
nos dar idéa d''elia, dizia o garoto: 

— Teem tantas cabaças de mcdnvo, que nós todos juntos 
somos menos! 

Contar a sensação produzida por similhante nodda, seria 
r^etir miais uma vez as impressões de 25, quando desco^ 



Xrt] E OCCIDENTAL 1 17 

brimos o Fortuna (rio), de 26, quando n'elle nos perdemos, 
e a véspera do dia em que estávamos. 

Restabelecidos do abalo causado pela novidade, partimos. 

Em tormosa linha descíamos a escarpa, levando á frente 
as raparigas da caravana, as quaes, de filhinhos sobraçadas, 
entoavam uma tristonha mas poética canção, como que em 
louvor á Providencia. 

Nos dias propícios eram as primeiras a acampar, e em 
coros enthusiasticos reinava com ellas a alegria no campo; 




nos dias aziagos nem tinham uma queixa, e esperando an- 
ciosas, saudavam com a sua voz feminil qualquer circums- 
tancia feliz. 

Coitadas, justamente por serem mulheres, quantas vezes 
no meio de luctas, ao vel-as avançar com afan, nos serviu 
de estimulo o seu exemplo, recordando-nos que éramos ho- 
mens, devendo portanto ser os primeiros no trabalho! 

E os nossos, á vista de tal proceder, investiam também, 
habituando-se a pouco e pouco a ter por ellas um respeito 
ao principio deconhecído. 



Il8 AFRICA CliNTRAL [CAP 

No campo expedicionário a mulher era acatada; as que- 
relas e pequenas questões só por nós podiam ser decididas, 
c todo o marido que ousasse tocar ná companheira ou rou- 
bar-lhe um panno para vender, sabia quanto lhe custava. 

Centenas de vezes o experimentou Capulca, que apesar 
das suas leviandades para com estranhas era um brutal 
Othello quando se tratava da sua Eva. 

E então por cada pancada sabia que tinha uma dúzia a 
receber, porquanto, pagadores exactos, jamais ficávamos 
em divida. 

Os pannos e fatos eram-lhes distribuidos methodicamente, 
dos filhinhos tratávamos nós, e se por infelicidade, d'entre 
os homens que succumbiam, alguma ficava viuva, íamos 
logo separal-as com o maior desvelo, para de novo a casar- 
mos. 

Assim, quando no Quioco nos morreu Filippe, Lemba, 
a esposa, foi acto contínuo excluida do grupo, e ao dia se- 
guinte, formando todos os rapazes cm linha, saiu ella com- 
nosco á frente, a fim de indicar a quem dava preferencia o 
seu coração. 

Despertava curiosidade vel-os, apesar de indigenas, segui- 
rem attcntos esta sccna para clles nova. Tão agradável é 
ao homem, quando em competência com muitos, ser o es- 
colhido da mulher I 

No primeiro momento, sorrindo, parecia-lhes o caso brin- 
cadeira; como, porém, nos observassem sérios, suspende- 
ram á espera da decisão. 

E ao erguer a rapariga o braço, e designar um que es- 
tava defronte, o sorriso somente assomou aos lábios do in- 
digitado. 

Saindo então do grupo, acercou-se de nós para respon- 
der aos seguintes quesitos : 

— Gostas doesta mulher? 

— Sim.- 

— Queres viver com ella? 
— Quero. 



xix] E .OCCI DENTAL I 1 9 

— Pois bem; ouve. De ora avante será a tua compa- 
nheira. 

«Com ella viverás. 

« Apartâmos-te do rancho para juntos cozinharem. 

«Ficas responsável pelos seus actos, na certeza de que 
se im mediatamente não deres parte da primeira leviandade 
por ella praticada, serás tu o castigado. 

«Tocar-lhe, nem com um dedo. 

«Váo em paz.» 

Assim foram casados Mutu e Lemba! 

O sol radioso surgira á nossa frente, como para felici- 
tar-nos, e illuminando obliquamente a campina, adormecida 
nos vapores da manha, dava-lhe um cunho de belleza juve- 
nil e uma serenidade que consolava. 

Rompendo pelo capim, transpozemos os pequenos bos- 
ques que em todas as direcções semeavam a planura, sur- 
dindo depois junto do arraial, segundo nos fora indicado. 

Meia dúzia de telheiros, perfeitamente construidos com 
meias cannas de uma espécie de bambu, cercavam o re- 
cinto, onde varias fogueiras serviam para preparar enfiadas 
de peixe. 

De roda bindas de vinho de palma, rolos de mandioca, 
tiras de carne, estavam accommodadas nas habitações, e 
pelo meio d'estas uma porção de individuos se agitava. 

Perto e á direita procedia grande numero a uma opera- 
ção importante. 

Tratava-se de esfolar um enorme búfalo, que por terra 
jazia, morto na véspera. 

Ao nosso apparecimento suspenderam-se todos os tra- 
balhos. 

Os indigenas fitavam-nos com espanto, emquanto nós, de 
olhos muito abertos, observávamos o colossal ruminante, ex- 
clamando : 

— Não ha fome que não dê em fartura! 

Cinco minutos após esta commovedora scena, achava- 
mo-nos acocorados, joelhos juntos ao corpo, á altura do 



I20 AFRICA CENTRAL [CAP. 

queixo, em pequeno circulo, no centro do qual José, de fa- 
zenda em punho, fazia compras, interrompendo-se por ve- 
zes para nos responder a diversas perguntas, como . 

— Quem são estes povos ? 
— Ma-iácca. 

— Quem os governa? 

— O Quianvo ou Muene Puto Cassongo. 

— Onde habita? 

— Ali, e apontava para o norte. 

— É poderoso? 

— Sim. 

E mil outras que pausadamente escrevíamos no diário, 
interrompendo-nos por vezes para gritar ao cozinheiro, que 
em multiplicadas conversas não fechava um momento a 
boca: 

— Vae arranjando a cozinha. 

Duas horas levámos em trabalhos culinários, ingerindo 
quanto estava prompto, esperando pelo resto em preparo, 
bebendo maluvo, até que, satisfeitos e repletos, dêmos a 
refeição por terminada. 

Convenientemente retiradas para os domínios da cozi- 
nha as marmitas e cassarolas, ordenámos a construcção do 
arraial. 

Depois, satisfeito o corpo, pensando em distrahir o es- 
pirito, a fim de dissipar as negras nuvens que ainda o po- 
voavam, fomos de passeio a uma aldeia próxima. 

Ao enfiarmos pelo bosque fronteiro, depararam-senios 
duas jovens, as quaes, em trajo primitivo, fugiram á nossa 
approximação, abandonando umas cestas que comsigo tra- 
ziam. 

O seu exquisito penteado, terminando por dois grandes bi- 
cos, saindo do meio do capim, dava-lhes certo tom original, 
quer nós (com o devido respeito) assimilhámos a um par 
de jumentos. 

Examinados os artigos contidos nas cestas, proseguia* 
mos, q;aando mestre Zé nos apontou com ar gaiato para a 






E OCCIDENTAL 



celeberrima arvore, cujo effeíto havíamos experimentado nos 
Bondos ! 

— Eil-a, é verdade! foi a exclamação. 

E elle, o ladino, virando-lhe as costas com uma panto- 
mima apropriada, levou as mãos ao abdómen. 

Continuando resolutos e esbaforidos, saímos para a cam- 
pina, onde o calor intenso seria capaz de fritar ovos, e 
ao cabo de alguns minutos abicavamos á senzala, architcc- 
tada n'uma clareira. 




Muitos indivíduos entregavam-se no interior a copiosas li- 
bações, em roda de enormes gan\as (cabaças), que elles ao 
ver-nos largaram attonitos. 

Accommodando-os com modo soberano, perguntámos- 
Ihes o que estava nas bindas. 

— Maluvo, ngana. (Vinho, senhor.) 

Tendo por ajuizada a idéa, acercámo-nos, decididos a 
imital-os, emquanto elles, palestrando entre si, tratavam 
de algum assumpto que nós não comprehendiamos. 

Emlim, mestre Zé explicou tudo. 



122 AFRICA CENIRAL [CAP. 



Versava o debate sobre a falsa informação que a um 
mais idoso tinham dado, acerca do viver dos brancos. Di- 
zia o illustrc velho : 

— Estes homens são... peixes! Vivem na agua; e quem 
vae perto do mar vè-os chegar nadando I 

Similhante apreciação, primeira no género, deixou-nos 
boquiabertos. 

Como, porém, provar-lhes o contrario seria ditficil, deixá- 
mos esse cuidado aos companheiros, e concluindo a con- 
versa por pouco instructiva, variámos para as terras em 
que nos achávamos, para a abundância de comer e outros 
factos" importantes. 

íamos n^^estas alturas, contando e ouvindo, quando pre- 
cipitadamente nos annunciaram que um soba importante 
acabava de chegar ao quilombo^ no intuito de fazer uma vi- 
sita aos brancos. 

Suspendemos pois a sessão, terminando alguns negócios. 

Mediante missanga e algumas jardas de fazenda, comprá- 
mos uma colossal inhame, ovos e gallinhas; e feita a troca, 
com inteira satisfação das partes contratantes, partimos, a 
tim de encontrar o novo visitante. 

Quando regressámos ao campo achavam-se os nossos 
companheiros postos cm adoração ao redor de um grupo, 
cujo centro era occupado pelo chefe. 

Seria ousadia -descrever ainda uma vez ao leitor esta 
sorte de recepções, sem o risco de o não enfadar. 

De penna a correr, pois, curreuic cjlamo, só lhe dire- 
mos que o vi^itante era um dos primeiros quilolos do Quian- 
vo, denominado Quizengamo, habitando na margem de lá» 
junto ao riacho Alussala. Envolvido n*uma esteira de ma- 
bcHa, linha physionomia pouco s\*mpaihica; o penteado 
ridículo para homem, assimilhava-se ao \*ulgarmente em 
uso pelas damas de idade avançada, a saber: era repuxa- 
do para o occiput e prendia-se ahi. 

De tudo quanto d elle colhemos, n'uma memorável sessão 
de três horas e meia, vamos pòr ao corrente o leitor, trans- 



xix] E OCCIDIíNTAL 12.') 

creyendo, ipsis perbis, as laudas do diário, para evitar maior 
incommodo. 

EXPEDIÇÃO AFRICO-PORTUGUEZA Pag. 603 

Maio, 28—1879 

M.VRGEM ESQUERDA DO RIO CU-ANGO. 

Aneróide — 724,0 (não corr.) Temperatura — 000,0 

Lat. 7**.2o'i57 por £1 mer. — 67,75 

Ângulos azimuthacà (csta*jâo no acampamento) : 

2° E. (senz. o', 3 — Cu-ango o',8). 

52^ 5 (morro elevado a. 6',o?). 

<)i°,o (morro b. i',o). 

lO/^jO (morro c. 2^1). 

127", 5 (morro íjf. 2',i). 

i65°,o (azimuth rcl. do acampamento). 

241^,0 (morro e. i',6). 

Rio a montante, média, io(/,o; a jusante o. 

—•^Primeiro quilolo do Quianvo hoje em visita. . . 

— ^sAíiançaram-nos os interpretes serem os ma-iácca, pela maior 
parte, escravos da Lunda ali estabelecidos. 

-— ^A historia da sua ascendência é similhante á dos ma-quico, com 
a diflerença de em logar de provirem de uma mulher parece que des- 
cendem de duas. 

--^De resto estas historias são quasi sempre fabulosas, tornando-se 
necessária toda a reserva. 

-^^O aspecto dos ma-iacca não é tão distincto como o dos povos 
do sul. 

-^viNa maioria paciíicos, ao menos os de hoje, com quem entrámos 
em relações, mas muito selvagens, mostram extrema desconfiança. 

— ^Os seus penteadoá são originaes e diversissimos, cortando o ca- 
bello de forma que lhes dá apparencia de bonet sem pala, outros se- 
guros ao occiput com tranças em roda; alguns rapam a cabeça ás ti- 
ras, da nuca para a testa; emíim variam-no por maneira que se não 
pôde apresentar nenhum como especial. 

— ^Andam quasi nus ou envolvidos em inabellas, visto a exiguidade 
das fazendas. 

—AN As suas habitações, geometricamente bem construídas, de ma- 
rianga entretecida com capim, téem de longe lima perspectiva interes- 
sante. 



124 AFRICA CENTRAL [CAP. 



'Agricultam pouco os terrenos, pescam em grande escala, e não 
propendem para pastores. 

—^Ouvimos contar a Quizengamo de um costume original, quando 
lhe falíamos em gado, pouco frequente pelo resto da Africa; isto é, 
que os ma-iácca não podem ser creadores de gado vaccum, e apenas de 
cabras, carneiros, etc. 

-^^Só o regulo o possue e cria, e quem ousar infringir similhante 
lei perde irremissivelmente a cabeça, porque embora queira fugir, os 
feiticeiros o descobrirão. 

— ^Por toda a terra que percorrermos, diz elle, na margem esquer- 
da do Cu-ango, não conseguiremos avistar um só boil 

--^Este estranho uso, cuja causa intentámos inquirir, não tem expli- 
cação satisfactoria. 

-«^A caça á também um dos seus empregos, perseguindo palancas, 
enormes antilopes de que nos mostraram os chifres, á feição dos haris- 
bruck, as gazellas, etc, abundantes em todo aquelle sitio. 

— v.As terras de uma e outra margem do rio Cu-ango acham-se sub- 
divididas em muitos districtos, com nomes especiaes a que o viajante 
deve atterider, para evitar confusão. 

— ^É assim que a oeste as terras de Quiteca-N'bungo, Macume- 
N*jimbo, Futa, das quaes já falíamos, são de ma-sosso, dando-lhes el- 
les nomes diversos, conforme os logares. 

A este as de lácca acham-se no mesmo caso. 
.0 chefe principal dos ma-iácca é o Mequianvo, Quianvo ou Mue- 
ne Puto Cassongo. 

-^A%A sua habitação está sob o parallelo de 6^ 3o', junto a um ria- 
cho chamado N'ganga, e approximadamente a quatro horas do Cu-an- 
go, onde fica o porto. 

-^w^As historias que ali nos contaram dos quilolos eram tão diver- 
sas e contradictorias que, embora muito apuradas, subsistiram du- 
vidas. 

-^w^ Diziam uns ser o Quianvo mais poderoso do que o Muata da 
Lunda, pois era elle quem concedia em ceremonia o estado ao succes- 
sor por morte do lanvo da Lunda. 

--^Negavam outros, affirmando todavia que até aquelle eravassal- 
lo d*este. 

--^Emíim os interpretes reputavam tudo como falso, pois nem se 
conheciam. 

-wwNEsta ultima asserção suppomol-a inexacta, porquanto parece 
que inclusive se presenteiam. 

»0 Quianvo é homem de estatura regular e reforçado. 
>Nos dias de recepção apresenta-se envolvido n'um panno, oman- 
do-lhe a cabeça uma larga fita bordada a missanga, que elle amarra 



E OCaDENTAL 



s pen- 



por detraz, ao bordo superior da qual se vêem cosidas 
nas vermelhas de papagaio. 

— -Nos braços e pulsos usa manilhas. 

— ^Bebe muito maluvo, só come caça miúda, gazellas, etc. 

— "Conserva relações commerciaes com a costa (Ambrii) por um 
caminho directo que prolonga o Loje (rio) por intermédio dos ma-sos- 
so, quando em procura de borracha e marfim atravessam as suas ter- 
ras para irem até a Muata Compana e Muene Congo Tubi nge. 

— -Este ultimo soba parece ser importante. 

— -Tem a sua habitação na margem do Muluia e fronteira a um 
grande rio, que dizem denominar-se Baccari. 




—"Defrontam os seus estaJos com a grande região dos ba-cundi 
ou ma-cundi, cannibaes ferozes, que se estendem pelo nordeste, segun- 
do nos apontaram, e de quem nos fallaram com terror. 

— .Têem, emfim, como o Cu-ango um grande rio qucvae ao mar, 
sendo nós os primeiros brancos apparecidos nas terras do Muene Puto 
Cassongo, instando para irmos visjtal-o. 

— -Ao terminar a visita do Quizengamo appareceu-nos um natural 
do Sosso, que nos foi apresentado, o qual adiantou alguma cousa sobre 
as primitivas informações, 

— xsDiz residir no caminho de S. Salvador, conhecer o Congo-Zaire, 
N'cusso, e estar perto das habitações do Mambo Assamba e Malungo 
Atcca, ofTerecendo-se^ios para guia. 



I2b AFRICA CENTRAL [CAP. 



■— A%Nas serras do Zombo estão as nascentes do Lu-quiche, ultimo 
affluente do Cu-ango, na margem esquerda. 

-^^A montante obra de dois dias, numerosas pedras obstruem a 
passagem do rio num sitio que se denomina Quicunji, e mais acima 
está a embocadura do Cu-ilo Quiasosso. 

--^Continua sustentando que por cá não ha caminho ao longo do 
Cu-ango, pois é deserto, e afiança que este rio, mona-calunga, quer di- 



zer, vae ao mar. 



--^ Falia da reunião do Cu-engo com o Cu-ango, e mais longe do 
Cassai e outros rios, com grande espanto, dizendo serem enormes e 



as terras alagadas. 



,Relatou-nos que ha dois annos passou por lá (nos massango, 
ponto de confluência, como elle diz) um mun-delle (branco), embarca- 
do n'um odto-iá-pito (canoa de europeus), que sem duvida era Stanley. 

^Certifica a existência de grande lago e a dos celebres anões. 

■— ^Conclue que para ir ao massango são precisos seis mezes de 
viagem! * 

Inscripto isto na pagina 6o3 e seguintes do diário, fechá- 
mol-o, cansados como estávamos de accommodar tanta infor- 
mação, e escorrendo em suor fomos postar-nos em mangas 
de camisa sob um alpendre por nós construido, em presen- 
ça de cabaça cheia de maluvo, a fazer planos ! 

Conforme a opinião dos selvagens, era necessário trans- 
por o rio para nos dirigirmos á residência do Quianvo, único 
caminho habitado e onde encontraríamos recursos. 

Sempre a mesma historia! 

Dirigir-se ao monarcha, é constante indicação. 

Nós, porém, de cargas já bastante leves, tremiamos com 
a idéa de passar para o outro lado, fazendo as seguintes 
considerações : 

«Teremos mais um ladrão? 

«Quem sabe se, depois de lá nbs apanhar, será o prinleiro 
a reter-nos com o fim de expoliar-nos ? 

« E emfim, de retirada impedida, sem canoas, como pode- 
ríamos seguir a oeste ? 

Appellámos portanto para a maior somma de bom senso 
possivcl, e decidimos em nossa alta intelligencia continuar 
pela margem de cá, engajando o novo guia do Sosso. 



'^ 



Xl\] E OCCIDENTAL I27 

«O nosso fim c o estudo do Cu-ango, c não visitar régu- 
los, diziamos. 

«Todas as relações com estes só terão em resultado de- 
morar-nos, e o nosso estado de saúde pouco permitte já 
abusar.» 

E gastando o resto da tarde a reunir mantimentos, pas- 
sámos a noite em socego profundo. 

A 29 de maio, aos primeiros cantares do gallo, tudo se 
preparava no qiiilcmbo. 

Rompera uma d'*essas madrugadas de que os poetas em 
geral devem ter apenas vaga idca, attenta a circumstancia 
da sua pouca ou nenhuma disposição para as viagens no 
grande continente. 

O denso véu de cacimba dissipado, com umas ligeiras 
aragens do sueste, percursoras do apparecimento do dia, 
carregadas de deliciosos perfumes, deixou-nos breve ver os 
morros dispersos, cobertos alguns de vegetação frondosa, 
produzindo effeitos mágicos, coroados pelos primeiros raios 
do sol que nascia. 

As collinas, escuras até então, começavam de vestir-se 
com um verde de todos os matizes; as planuras interme- 
diarias similhavam lagos; as serras distantes pareciam re- 
flectir o azul dos céus. 

A natureza sorria; campos, firmamento, tudo se adorna- 
va, aquelles com flores, este com a radiante luz do astro 
rei. 

Ténues e rosadas nuvens, fluctuando em volta do grande 
disco, emmolduravam o quadro superior, que cá em baixo se 
completava com o murmurar dos ribeiros, o cicio da aragem, 
o gorgeio das aves (que não eram a cotovia nem a calhandra 
madrugadora, então .ausentes)! 

Uma suave emoção se apodera sempre da testemunha 
doestas scenas, que embora repetidas não cansam, tão bem 
sabe a natureza apresentar-lhes os cambiantes! 

O árduo trabalho em que íamos empenhados, afigurava- 
se-nos então mais fácil, e promptos abrimos a marcha. 



128 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Preparavam-se-nos, porém, grandes privações, perante 
as quaes o nosso animo se havia de quebrantar, obrigando- 
nos na lucta pela existência a esquecer quanto tinha de in- 
teresse para nós esta terra, como adiante veremos. 

Passando novamente em Cha-Cala, senzala onde já es- 
tivéramos no encalço do guia, cortámos para oesnoroeste, 
visto o Cu-ango ahi dar uma grande volta ! Seguiam-nos al- 
guns indigenas. 

Caminhávamos em terreno agora duro, mas de certo la- 
macento na epocha das chuvas. 

Aqui e alem transpúnhamos uma magra plantação, onde 
a rachitica mandioca mal nos chegava á cintura. 

Depois o rio, apertando de encontro a escarpa marginal, 
volvia ao norte, sendo a caravana obrigada a subir um Ín- 
greme cerro, e do alto doeste lhe levantámos rapidamente o 
curso. 

Ás onze horas e trinta minutos estávamos em Mafungo, 
onde se operou uma sondagem em pequena canoa, obtendo 
8 pés. 

O rio, voltando outra vez a oeste, alargava na campina, 
tendo o leito semeado de brancas ilhas de areia. 

Ainda íamos ser obrigados a guindar-nos pela encosta, mas 
não podendo, acampámos n'uma senzala denominada Lu- 
benda, reservando para o dia seguinte a ascensão. 

O calor suffocava. Cansados, mal podiamos andar sobre 
3i%5 de temperatura, sem uma aragem que nos refrigeras- 
se. A dysentria começou n^esta data com symptoma assus- 
tador, e a febre permanente opprimia-nos as entranhas. 

Realisando uma excursão á margem do rio, povoado por 
muitos hj^ppopotamos, fizemos os trabalhos necessários por 
continuar o levantamento, volvendo ao arraial. 

Esperava-nos ali uma decepção. 

Como na véspera tivéssemos adquirido bom numero de 
bagres frescos, tentámos com um pouco de vinagre de ma- 
luvo^ depois de os fritar em azeite de palma, fazer escabe- 
che para conserval-os durante dias. 



E OCaDENTAL 



129 



Qual não foi o nosso espanto, porém, quando no regres- 
so Capulca nos mostrou a panella em que o peixe estava 
litteralmente coberto de vermes ! 

Em vinte e quatro horas tudo entrara em decomposição, 
e a própria carne de búfalo, distribuida aos nossos compa- 
nheiros, exhalava cheiro nauseabundo. 

Ficámos assim privados de comer, e só a custo em Lu- 




benda os naturaes nos venderam uma pequena gallinha para 
juntar a outra que possuíamos. 

Ao cair da tarde, assistindo á dansa dos naturaes, na cla- 
reira da campina caiu um de nós com febre, sendo o outro 
d'ali a pouco também presa d'ella. 

No meio do terrível vacarme, tivemos de retirar-nos, e 
pouco depois, forçados pela necessidade, rejeitávamos a ma- 
gra gallinha que no estômago estava em via de chimiãcaçao. 



l3o AFRICA CENTRAL [CAP. 

O baile e o bambaré duraram ainda muito tempo. 

Os actores da scena tinham pela maior parte apparencia 
feroz. 

Os homens, de pennas e chifres na cabeça, em volta dos 
tornozelos uns feixes de capim, agitavam as zagaias, sob a di- 
recção de uma espécie de chefe, hércules de emmaranhada 
barba e de aspecto cannibalesco, formando semicirculo, que 
por outro lado se completava com o das mulheres. 

Estas, com as trunfas presas ao alto, retintas de verme- 
lho, e uma espécie de meio saiote de palha, batiam palmas 
compassadas, fazendo movimentos grutescos e obscenos; 
quando a da frente apparecia junto do primeiro virava-lhe 
as costas, e em requebros eróticos e repugnantes dirigia-se 
para o centro. 

Aos dois immediatos chegava o seu turno, e assim ia o 
giro perfeito. 

Bumbos atroadores acompanhavam os gritos estridentes 
e desaccordes das mulheres, intercalados por vezes de sil- 
vos medonhos, que um dos assistentes extrahia do longo 
chifre, completando assim o quadro galante, cuja descripção 
por aqui rematamos. 

A dysenteria não cessara. 

No dia seguinte encetámos o supplicio de uma marcha 
forçada, doentes, sob\im sol de chumbo. 

A nossa idéa, um pouco modificada, era prolongar o Cu- 
ango ou attingir o porto do Quianvo. 

Chegados ali, não desejando visital-o, cortaríamos para o 
oeste, pelo caminho da terra do guia. 

A este, porém, parecia não agradar o plano, e quando 
nos dirigíamos para a encosta o patife abandonou-nos, fu- 
gindo por entre denso mii-chito^ sendo necessário insólito 
trabalho para se conseguir encontral-o. 

Subindo fatigados a abrupta escarpa, sentámo-nos na 
parte superior, e uma hora se passou em promessas e in- 
stancias, para que o fugitivo voltasse. 

Emfim continuámos. 



xix] E OCCIDENTAL l3l 



Estávamos à boitt de paciência e forças, e a desesperada 
lucta dos últimos dias não podia sem perigo prolongar-se 
por muitcr tempo. 

Ao fundo, em pittoresca paizagem, rolava o nosso rio, por 
entre esguias ilhas de areia, em cima das quaes os hyppo- 
potamos se aqueciam aos benéficos raios do sol. 

Numerosos trilhos indicam por aqui a existência de gran- 
des manadas de búfalos, de que o viajante deve precaver- 
se, para não ser victima de algum encontro funesto. 

Convinha alcançar n'cssc dia o rio Macolo, único em 
cuja margem existe uma pequena senzala, que nos poderia 
fornecer algum artigo. 

Caminhámos pois calados e sequiosos ate ás quatro ho- 
ras da tarde, em que a comitiva chegou ao sobredito ponto. 

O nosso estado então era dos mais miseráveis. 

Febris, ulcerados, dysentericos, gastos, abatidos, não sa- 
biamos em que attentar. 

As cinco horas ainda a temperatura era de 3o". 

Escorrendo suor por todos os poros, ninguém pensava 
ern acampar e comer. 

A própria cadella, nossa companheira, estendida em terra, 
de lingua de fora, accusava pelo arfar o cansaço e a angus- 
tia. 

Um bando de indígenas veiu ainda complicar esta de- 
plorável situação, com exigências c pedidos, sem compre- 
henderem que atural-os era para nós grande martyrio. 

Feitas as compras precisas, com bastante custo, vista a 
pobreza da terra, juntámos farinha, raizes de mandioca, boa 
.porção de feijões, duas cabras rachiticas, algumas gallinhas, 
e a maior quantidade de peixe que encontrámos. 

Depois suscitou-se discussão. 

O guia resolvera não continuar, e instava para que passás- 
semos ali o rio, a fim de pela margem direita attingirmos 
o Quianvo. 

— Para o norte não tem gente, dizia; por aqui é o cami- 
nho. Quem for adiante só longe encontrará trilho. 



l32 AFRICA CENTRAL [CAP. 

— Pois bem, vamos a esse; não é o caminho da senzala 
grande que conduz á tua terra? 

— Sim; mas o pagamento é pouco, e só irei por mais 
uma peça; aliás volto. 

Que rufião! 

Medindo-o com terríveis olhares, procellosi oculi, d'on- 
de chispavam faiscas odientas, cerrávamos nervosos os pu- 
nhos, pensando em desaffrontar-nos da tratantada com uma 
carga de pau! 

E depois? 

Conformando-nos, accedemos, na convicção de um pro- 
veito futuro, e a 4 de junho, ao alvorecer, marchámos á 
aventura, depois de nova altercação com o guia, que decla- 
rou não partir sem lhe darmos primeiro a peça! 

Dirigindo-nos para a terra elevada, em meia hora attin- 
gimos o cume. 

Quando o viajante escarpa a encosta, que ao longo da 
margem esquerda flanqueia o Cu-ango, avista da parte su- 
perior largos horisontes, apresentando aspecto uniforme na 
extensão de muitas milhas. 

As terras ondulosas d^onde se erguem nervuras, que se 
dirigem a rumos diversos, são destituídas de arvoredo nas 
posições altas. 

Cobre o fundo dos valles frondosa vegetação. 

Estas eminências acham-se por tal forma multiplicadas, 
que dão a toda a superfície um tom de aspereza aterradora. 

O leito do rio tomava-se sobremodo tortuoso. 

A distancia observámos o lençol de agua que, espelhan- 
do o sol, desenhava na planura, em argêntea fíta, as suas 
curvas caprichosas, chegando em pontos a correr para o 
nornordeste, e virar repentinamente ao sueste. 

Adiante as margens tornam-se accidentadas ; morros e 
morros marginam o rio, apertando-o em estreito valle. 

Para lesnordeste a agulha foi-nos dando successivamente 
os pontos culminantes de azulados cerros, que viamos alon- 
gar-se na linha norte-sul. 



xik] E OCCIDENTAL l33 

As ondulações do terreno, do nosso lado perpendiculares 
á linha de marcha, tornavam esta por vezes tão penivel, 
que mal fazíamos i milha por hora. 

O sol, aquecendo a rocha, elevava por tal forma a tempe- 
ratura, que os homens não podiam, depois das onze horas, 
pôr os pés no solo. Ao longe mostrava-nos o guia a direc- 
ção da residência do Quianvo, a qual marcámos ao nordeste. 

Mais ao norte projectava-se um morro esguio e árido, que 
nos foi indicado como o ponto da affluencia do Cu-ilo com o 




Cu-ango, entre terreno invadido de penedos. 

Ao noroeste triste e sombria estendia-se a região dos ba- 
congo. 

Era mister descansar, até que o calor abrandasse., 
n No fundo de uma ravina entrámos em escuro bosque, 
para tal fim, visto termos encontrado agua n^uns lameiros. 

Ainda não tinham decorrido dez minutos após a installa- 
çSo quando enorme arruaça se levantou entre os nossos. 

Mais um desengano acabava de ter logar. 



l34 AFRICA CENTRAL [CAP. 

O guia, sem sabermos porque, pois momentos antes pa- 
recia estar de novo satisfeito, abalou de arma ao hombro, 
deixando-nos estupefactos. 

Não ousamos, leitor, contar-vos detidamente os dissabores 
supportados pela misera caravana desde os dias 4 a 1 1 de 
junho, epocha em que outra vez tocámos a margem do Cu- 
gho ao noroeste. 

E um estendal de sofFrimentos, de fomes, sedes, calores 
e luctas, no meio d'essas despidas terras, de que a carta vos 
dará idéa. 

O que ella porem nao pode reproduzir é o aspecto me- 
lancholico d\iquelle vasto tracto de terreno despovoado, 
d^onde o homem fugiu por muitas rasoes, entre as quaes 
figura, talvez como a primeira, a falta de agua. 

Que ermos que solidões sem igual. 

Que profunda tristeza parecia ligar-se a tudo! 

Um socego tumular reina por aquelles cerros e vallados, 
cujo aspecto sombrio e nú, ferido pela deslumbrante luz do 
sol equatorial, tinha um não sabiamos quê de extraordiná- 
rio, que a consciência da solidão ainda tornara mais pavo- 
roso. 

O verde da paizagem, o céu com as suas nuvens, nada 
servia de allivio no meio doeste ermo, onde o silencio cam- 
peia, a immobilidade espanta, o calor suíToca; e só os echos 
do valle respondiam aos gritos de desalento dos nossos com- 
panheiros. 

A medida que avançávamos para o norte mais se aggra- 
vava esta situação estranha, para a qual não temos termo 
comparativo. 

A solidão crescente dava ao meio em que viviamos um 
cunho solemne e terrível. Seria o dominio da morte, se ani- 
maes silvestres n^elle não existissem. 

Luctando com quanto deixamos descrípto, esgotámos em 
breve comida e forcas. 

A 9 de junho attingimos o ponto extremo, que no diário 
se acha assim: 



xix] E OCCIDENTAL l35 

EXPEDIÇÃO AFRICO-PORTUGUEZA Pag. 608 

Junho, 8 — 1879 

MiVRGEM ESQUERDA DO RIO CU-ANGO. 

Aneróide — 73o,o (não corr.) Temperatura — 3o,o 

Continua o deserto. 

Ao meio dia sobre um cabeço. 



_Q. mer. 6o». 15^29" 

— V.0 caminho de hoje absolutamente similhante ao dos últimos 
cinco dias. Despovoado. 

—^N Desde o nascer do sol divagamos á mercê da disposição do ter- 
reno. 

— >NNáo avançaremos mais. Hoje volvemos. Dez dysentericos. 
—-^Trilho do guia não apparece. Agua pouca, os mantimentos vão 
terminar. Quianvo (senzala por 179° verdadeiro.) 

-^^Vê-se o Cu-ango ao longe. Marcámos um notável morro esguio 
por 335 verdadeiro nordeste, e imaginámos ser o mesmo que se acha 
próximo do Cu-ilo. 

Grandes queimadas ao noroeste. 

Calor immenso. Febre ao cair da tarde, dysenteria permanente. 

•Malfadadas terras de lácca! 



Volvendo para o sul, parte pelo mesmo trilho, continua- 
ram os trabalhos logo que nos afastámos. 
Basta o diário para dar idéa. 

EXPEDIÇÃO AFRICO-PORTUGUEZA Pag. 609 

Junho, 10—1879 

JUNTO A LVNGA GALAMO. 

Aneróide — 715 (corr.) Temperatura — 3 1®,65 

— ".sQue dia o de hoje! Maior marcha feita em Africa por nós. 25 
milhas. 

—wv. Partidos do pé do Huamo, encontrámos ás dez horas e trinta mi- 
nutos umas lagoas, junto de morros colossaes. 

Como já hoje temos pouco que comer, decidimos continuar. 
'Infelizes, engolfámo-nos n'um deserto immenso, agreste, medo- 
nho, onde caminhámos para o oeste e sul. 



— »^A\l 



l36 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Eram seis horas da tarde quando o acaso nos deparou uma lagoa. 

Esta terra só tem lagoas. Rios nada. 

Horrorosa dysenteria. Um de nós gravemente enfermo. 

O Cu-gho não apparece ; está naturalmente muito longe. 

O que nos succederá por aqui, se se acaba o resto da farinha? 

Que Africa esta! Ultimamente nem caça se vê. 

São nove horas e trinta minutos, e ainda o calor é grande. 

Fogueiras ao longe pelo norte. 

Lá ficou o Cu-ango por terminar o resto. 

O que nos dirão depois ? 

Tão próximos a resolver o problema, e abandonal-o ! 

Paciência. Adeus ! Que venham outros. 

Assim estava a comitiva acampada á beira de uma lagoa 
quando acabámos estas linhas. Eram dez horas da noite. 
Na abobada escurecida scintillavam milhares de estrellas. 

A infallivel insomnia, companheira dos soflFrimentos, do- 
minava-nos. 

Pensamentos atrozes nos assaltavam a mente, e encos- 
tados, um dentro gemendo com febre, outro fora sentado, 
reflectíamos talvez em cousas bem diíFerentes. 

A meia noite rompeu a lua, triste, como a do minguante ; 
amarella em fiindo escuro, como a tarja oiro-falso sobre o 
negro panno do caixão mortuário. 

Um sentimento penivel, inexplicável, nos enchia a alma, 
o coração trasbordava, e sem querer rebentaram-nos as la- 
grimas! 

Momentos desconhecidos para aquelles que só viajam 
pela imaginação nos livros do seu gabinete. 

Pobre explorador! Elle, que, pelo simples interesse da 
sciencia, arrisca o socego, a familia, a saúde e a vida em 
terras longiquas, é quem pôde apreciar a estranha influencia 
exercida sobre o espirito por essa natureza tropical, bella e 
grandiosa, que para impor-se basta-lhe o silencio, e na Eu- 
ropa, ao escrever ingenuidades doestas, aterra-o o receio de 
uma gargalhada sarcástica, o medo de não ser comprehen- 
dido. 

Detenhamo-nos, porém. 



E OCCIDENTAL 



■37 



A 1 1 de junho proseguimos. 

Não marchávamos )á, e amimados aos bordões arrasta- 
vamo-nos penosamente. 

Este dia foi para nós verdadeiro século de angustias. 

Emfim serviu-se a Providencia lembrar-se d'aquelles que 
pareciam esquecidos, e momentos depois avistámos, da en- 
costa do cerro, algumas habitações junto do rio. 

Era o Gu-gho. 




CAPITULO XX 



A fome, o estômago e uma opinião dos auctorcs — Succinta idéa sobre 
o rio Cu-ango — No Cu-gho — Epocha feliz e epocha fatídica — O ar- 
raial transformado em matadouro — O maluvo e a sua colheita — O 
lago Aquilonda supprimido do mappa — A palmeira e as zonas cli- 
matológicas — Abalada das terras do norte — O Pussa e o Cauali — 
A vegetação — Catuma Cangando, o soba bordado — Consequências 
da curiosidade —Uma copla gentilica — Ceremonia notável entre os 
ma-hungo — Um enterro nos bosques — Danje, Luamba, Matamba e 
Pacaça Aquibonda — Os Caculo-Cabaça — Assassinato de um com- 
panheiro — Valor da vida entre os negros — Fimia-ia-Ebo e a ulti- 
ma sepultura — Os valles do Lu-calla e a historia de um crocodilo — 
Nova cosmogonia — A mesa, e satisfação especial que aos auctores 
inspirava — Passagem do Lu-calla — Lista dos restantes no dia do 
regresso. 



Entre os factos mais susceptíveis de originar grandes con- 
solações, n^este nosso pequeno planeta, figura de modo in- 
dubitável um que, se na ordem de importância ha quem o 
presuma secundário, deve todavia considerar-se como per- 
tencendo-lhe a primazia. 

Referimo-nos ao prazer experimentado por aquelle que, 
tendo o estômago vasio e sentindo durante horas as lentas 
agonias da fome, encontra inesperadamente meio de en- 
chel-o. 



140 AFRICA CENTRAL [CAP. 



Comquanto sejam muito suaves e poéticos os transes pelos 
quaes formos passando, por maiores que se afigurem as sen- 
sações transmittidas á alma mediante os olhos e ouvidos, 
nada nos demoverá, se não tratarmos das vias digestivas. 

A cavidade estomacal em vácuo, exigente inexorável, não 

admitte considerações. 

» 

Por isso, embora seja uma machina independente do es- 
pirito e da vontade, a inversa pôde afiançar-se que não está 
no mesmo caso. 

As grandes idéas não nascem precisamente do estômago 
cheio, mas formam-se com elle repleto. 

E quando tal circumstancia deixe de acompanhal-as, fra- 
cas e rachiticas devem ser. 

Não cortaremos com o rigor do provérbio ou phrase la- 
tina Fruges consumere nati, mas sem comer é que o ho- 
mem nada faz. 

Assim foi que, luctando por mais de um mez com a diffi- 
culdade de sustento regular e nos últimos dias com ver- 
dadeiros preâmbulos de fome, havia-se operado uma mu- 
dança profunda nos dois chefes da expedição, a qual se 
tornava mui sensivel na falta de iniciativa. 

A ambos se quebrara a vontade, extinguira a energia, des- 
norteavam as idéas n'um tumultuar confuso, d^onde surgia, 
espectral, a imagem da fome amarga e angustiosa. 

Não pensávamos, nem mesmo o podiamos fazer, e aban- 
donando as cousas ao seu curso occasional, viamos com ver- 
dadeira indifierença factos que mais tarde nos compungiram, 
pelos resultados que tiveram. 

Tudo mudava na caravana! 

Acabávamos de adquirir para a sciencia geographica mais 
um conhecimento, e provar que o Cu-ango é um rio, como 
muitos outros do grande continente, menos aproveitável do 
que se suppunha, debaixo do ponto de vista (Ja navigabili- 
dade. 

Do parallelo 1 1® 3o' approximadamente, onde estão as nas- 
centes, até ao 5® o5', na cachoeira Quicunji, tem o rio um cur- 



XX] E OCCIDENTAL I4I 

so desenvolvido de 58o milhas geographicas, sinuoso, acci- 
dentado, com um desnivelamento total entre os pontos ex- 
tremos de i:i5o metros, ou à peu prés i™,98, como média 
por milha geographica. 

Pedras, cachoeiras, rápidos e cataractas, de que tenha- 
mos conhecimento ha n'este rio doze; a saber: i.% no paral- 
lelo IO® 17', a leste de Muene Songo; 2.', em 10® 25', perto 
do riacho Camba; 3.% em 10° 08', pedras Caxita; 4.% em 
10° o5', quedas Luiza; 5.*, em lo** 08', cachoeira a montante 
de porto Muhungo; 6.*, em 9® 20', Zamba; 7.', em 9® 19', 
Tuaza; 8.*, em 9®, cataracta Cunga-ria-Cunga ; 9.*, em 7** 
42', Suco-ia-muquita ou Suco-ia-n^bundi; io.% em 7® 38', a 
jusante do Cambo; ii.% em 7° 35', no meio de numerosas 
ilhas; 12.*, em 5® o5', a cachoeira Quicunji, que só poderá 
dar passagem na força das chuvas. 

A maior extensão navegável é, pois, a que medeia entre a 
cataracta que se acha em 7® 35' e Quicunji, ou seja 190 
milhas geographicas. 

O rio então é amplo, de largura variável, nunca menor 
que 70 metros, e fundo entre 5 e 20 pés. 

A corrente perde um pouco do seu Ímpeto no curso supe- 
rior, deslisando o rio na estiagem a i,5 milha de veloci- 
dade. 

Emfim, terminaremos por dizer que sendo as nossas lon- 
gitudes rigorosas, pois o levantamento em parte chronome- 
trico foi referido á partida e chegada ao presidio portuguez 
do Duque de Bragança, e este ultimo ao terminus na cos- 
ta ; afigura-se-nos que o ponto de affluencia do Cu-ango (ou 
Ibari N^kutu), como se vê nas cartas a montante de Stanley 
Pool, está erradamente collocada a leste de mais. 

Difficilmente se concebe uma disposição de terreno em 
que dois cursos de agua, do valor do Cu-ango e Congo-Zai- 
re, correm quasi parallellos e em sentidos oppostos. 

Em breve, porém, teremos a resolução doesta duvida 
pelas longitudes que á Europa ha de trazer o intelligentè ex- 
plorador, mr. De Brazza. 



14^ AFRICA CENTRAL [CAP. 

Chegados á margem do rio que tempos antes havíamos 
transposto a jusante, começou uma nova e feliz epocha para 
nós, como fatídica fora a da partida d^elle. 

No momento de assentarmos o arraial correram indíge- 
nas de pontos diversos, que n^uma hora nos pozeram em 
circumstancias de retomar os respectivos logares. 

Era uma faina índescriptível ! Missangas e peças de fazen- 
da, permutaram-se por gallinhas, porcos, carneiros, farinha 
c um numero infinito de cabaças de inaliivo. 

Gritos, gargalhadas c discussões, confundiam-se com os 
grunhidos surdos de um porco que expirava, com os lamen- 
tos de um carpeiro em via d'isso, com o piar de gallinhas 
agonisantes. 

Um perfeito matadouro! 

No meio, de pé, com o cozinheiro ao lado, procedíamos 
a successívas arrematações, discutindo com este, argumen- 
tando com aquelle, e accedendo por fim a quanto queriam. 

E quando o sol do dia 1 1 nos fez as ultimas despedidas, 
já nos deixou satisfeitos, achando-o por isso mais bello do 
que na margem do Fortuna. 

Havíamos comido cada um por quatro, sendo necessá- 
rio reunir e guardar os mantimentos supplementares, a fim 
de que os estômagos não perdessem de todo o habito ao 
regimen da simples ração. 

Depois, como verdadeiras creanças, os nossos, esquecen- 
do as tristezas de horas antes, encetaram um famoso batu- 
que, que durou emquanto existiram as cabaças de maluvo, 
e ao som do qual os chefes roncavam, como se estivessem 
no mais profundo dos ermos. 

Era a véspera do anniversario natalício de um de nós. 

A 12 de junho completava os seus vinte e nove annos, 
ufanando-se por se julgar o mais novo dos exploradores 
entrado para o sertão. 

Decidimos pois ficar no campo esse dia, e aproveitalo 
em visita e divagação pela margem do rio, onde abundavam 
crocodilos e hyppopotamos. 



Xxl E OCCIDENTAL 143 

Servir-nos-ha também esse repouso para aqui fallar sobre 
o celebre maluvo, ou vinho de palma, a que com frequência 
temos alludido. 

O vinho de palma que se encontra n^esta região da Africa 
do parallelo 7® para o norte, e nunca ao sul, excepto perto 
da costa e em pequenas altitudes, é uma bebida agradável, 
cujo sabor dá uns longes da essência do moscatel, sendo, ao 
sair da planta, extremamente gazosa e aromática. 

No fim de vinte e quatro horas começa a fermentação 
acética, e torna-se muito acre, acrescendo a circumstancia 
de embriagar com facilidade. 

É assim que os indígenas a apreciam. 

Extrahe-se de duas plantas diversas, a Elais Gmneensis 
e Raphia, de que temos fallado, verdadeira palmeira acaule. 

No primeiro caso fazem os indígenas a ascensão da plan- 
ta, e cortando perto da base a haste que sustenta os novos 
fructos, collocam ahi uma cabaça, a fim de receber a seiva, 
a qual successi vãmente vão substituindo; no segundo, pró- 
ximo da nervura média das folhas (que constituem o apoio 
das tipóias da costa), praticam um corte, introduzindo n^elle 
cabaças próprias, terminadas em bico, onde se continua re- 
colhendo o sueco. 

O liquido extrahido doesta ultima é relativamente mais 
agradável, aromático e abundante do que da primeira. 

Nos grandes m//-c/n7o, por nós atravessados, encontrá- 
mol-a sempre profusa, constituindo verdadeiras regiões vi- 
nhateiras. 

Gentio algum ousa tocar nas alheias cabaças, c a infrac- 
ção ou quebra doeste respeito traria graves consequências. 

A exploração da apreciada bebida é feita com certa re- 
gularidade, assim como o fraccionamento das florestas .que 
a produzem. 

Seguem para recolhel-a um systema alternado de collocar 
as cabaças, isto é, ao cair da tarde e ao romper do dia. 

De manhã cedo pelos bosques observavámol-os fazendo 
a primeira recolte e perto do pôr do sol repetindo-a, a fim 



144 AFRICA CENTRAL [CAP. 

de a ter fresca ou em determinado grau de fermento, con- 
forme o gosto dos consumidores. 

Emfim, a extracção deve ser de muitos milhares de litros 
por senzala, a julgar pelas quantidades que vimos consumir 
nos si tios onde estivemos. 

O rio Cu-gho descreve, do ponto em que nos achámos, 
uma curva para leste com a configuração approximada da 
letra U. 

O seu leito é summamente tortuoso, as margens elevadas. 

Indicaram-nos grande numero de lagoas * em direcções di- 
versas, entre as quaes uma para o noroeste, nas terras de 
Macume N^jimbo, onde diziam ter o rio a sua origem. 

Como imaginássemos ainda uma vez ser o celebre Aqui- 
londa, que desde a chegada a lácca procurávamos, inquiri- 
mos da sua grandeza e posição, ficando desilludidos. 

É pois certo e terminante não existir tal lago, e nós, ao 
contrario de quasi todos os exploradores que ultimamente 
têem estado em Africa (os quaes se não descobriram em ri- 
gor lagos, pelo menos estudaram algum pouco conhecido, 
como por exemplo Stanley o Victoria, Cameron o Tanga- 
nika, Serpa o Carri-Carri), tivemos de eliminar um, que de 
resto nos ia endoidecendo emquanto por lá andámos. 

Os naturaes permaneciam boquiabertos quando lhes fal- 
távamos no grande lago Aquilonda, e ainda mais assombra- 
dos a respeito do celebre rio Barbela, que lhe indiciávamos 
como canal de esgoto do mesmo lago. 



1 Todas as lagoas por nós observadas n'estes parallelos, e mesmo 
as que indicámos por informações, não constituem, como á primeira 
vista possa imaginar-se, vastos charcos no meio de planuras extensas, 
o que levaria a suppor serem as dez referidas entre as bacias do Cu- 
ango e Cu-gho, talvez os derradeiros traços de um grande lago meio 
disseccado. 

Pelo contrario, são pequenas bacias de 2, 3 e 4 milhas de extensão, 
cercadas de morros altos, d'onde a agua, na força das chuvas, elevan- 
do-se, se escapa por pequenas ravinas, que breve seccam ao baixar 
do nível. 



E OCCIDENTAL 



■ 45 



«Nada, não e^cístci; era a resposta. 

E nós, depois de muito matutar, chegámos á conclusão 
de ser a dita bacia apenas uma chimera creada na cabeça 
de algum dos missionários (Capuchinhos?) que percorriam o 
Congo, a quem os naturacs do Zombo ou do Sosso, haven 
do discursado acerca do Cu ango e grandes nos de leste, 
mdicaram como ficando similhantes aguas para o lado da 




Lunda; tal circumstancia deu logar a que suas reveren- 
díssimas, com uma noção vaga sobre as amplas bacias, as 
inscrevessem nos apergaminhados mappas com a designa- 
ção de Aqua Lunda, latinada que de futuro deu natural- 
mente o Aquelunda e o Aquilonda. 

Dez milhas a montante do nosso campo recebe o Cu-gho 
um afluente pela margem direita, denominado Cauali, que 
nascendo no Danje tem um percurso nSo inferior a loo mi- 



146 AFRICA CENTRAL [CAP. 

lhas de extensão, dando escoante ás aguas da vertente leste 
do plateau do Finde. 

O Cu-gho, verdadeira barreira das terras desertas do 
norte, é povoado ao longo da margem direita por numero- 
sas senzalas de ma-hungo, de quem já falíamos, altamente 
supersticiosos e de todo ignorantes, que se entregam á pesca 
e ao exercício venatorio nas terras vizinhas. 

A estas tribus pertenciam alguns dos caçadores que vi- 
mos pelas florestas. 

Um facto digno de mencionar-se aqui é o da disposição es- 
pecial das zonas climatológicas relativamente á flora, onde 
a latitude e a altitude sobre esta têem a sua conhecida in- 
fluencia. 

Como o bao-bab, a palmeira conserva as suas regiões de- 
limitadas com perfeito methodo. 

Assim a Raphia, productora do maliivo, que no norte 
profusamente encontrámos, desapparece como por encanto 
ao sul de uma linha, que prolongamlo na direcção do oriente 
o curso do rio onde nos achamos, corta depois para o sul do 
parallelo 8®, pela Africa dentro. 

Ao norte por toda a parte a Raphia, ao meio dia nem 
um só pé! 

É possível que para o coração do continente isto varie, 
como por exemplo na Lunda, mas esse facto provém da 
menor altitude para esses sitios. 

Decorrido em socego o dia 12, alliviados do estado fe- 
bril que invariavelmente nos perseguia, distribuídos os me- 
dicamentos precisos, como o chlorato de potassa para dois 
escorbuticos, o nitrato de prata diluído para um ophtalmico; 
quina, camphora e adhesivo para quatorze feridos, e sul- 
phato de magnesia para vinte desejosos, encerrou-se tudo, 
proseguindo depois. 

Chegara o momento de nos despedirmos das terras do 
norte. • 

Nem as forças nem os recursos permittiam aventurar-nos 

ainda uma ve2 por ali. 



XX] E OCCIDENTAL I47 

Decidimos, pois, abandonando o projecto de cortar direi- 
tos ao Ambriz pelo Finde e Lu-oje, seguir ao susudoeste, e, 
determinado a bacia do Lu-calla, marchar depois para o Cu- 
anza, cujo curso estávamos dispostos a reconhecer. 

A i3, ao soar da alvorada no arraial, doentes e sãos, ac- 
commodando-se como podiam, ergueram as ossadas, e, re- 
tesando os músculos, avançaram com 6o libras ás costas. 

Primeiro o paiz é plano, mas adiante torna-se accidenta- 
do. Ao longe, no oesnorueste, apercebem-se estiradas maças 
de vegetação mais escura. 

Eram as margens do Cauali, que para o norte conduzia 
as suas aguas. 

Ao sueste uma densa barreira indicava também o curso 
de desenvolvido rio. ^ 

Era o Sussa que, parallelamente áquelle, leva as aguas de 
Matamba, por via do Cu-gho, até ao Cu-ango. 

Caminhávamos pois na linha divisória das aguas dos dois 
rios, apenas guiados pela bússola. 

Numerosas lagoas, com disposição em tudo similhante ás 
por nós já indicadas, ladeiam o trilho por leste e oeste, onde 
sequiosos fomos buscar a agua necessária. 
• Estávamos em plena epocha do sueste. 

Nos pontos altos, rajadas de vento impetuoso fustigavam 
a caravana com uma energia espantosa. 

Brancos cúmulos corriam velozes para o lado do oceano. 

O aspecto do céu era absolutamente o mesmo que no mar, 
na região geral. 

Dos affluentes do Sussa, no plateaii elevado, passámos 
para os do Cauali, descendo sombria encosta, e então infi- 
nidade de pequenos riachos, sulcando em todas as direcções 
o terreno, marcavam de per si um accidente, que só a custo 
se vencia. 

Pequenas aldeiolas começam a povoar o caminho, d^onde 
os fhdigenas, saindo em tropel, nos sjeguem durante horas. 

A vegetação tem aspecto característico e differente dos pon- 
tos que observámos mais a leste. 



148 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Arvores de esguios troncos lançam-se do fundo dos val- 
les em procura da luz que lhes falta, espalmando ao sol, 
como verdadeiras umbellas, os ramos superiores, onde as 
folhas lustrosas e originaes cobrem com a sua sombra o 
terreno. 

Entre ellas ergue-se uma de crescidas dimensões, elegante, 
coberta de brilhantes flores encarnadas, que por vezes con- 
stituem zonas da floresta, em tudo similhante á Spathodea 
campanulata. 

Pelo ar solto voam em todos os sentidos brancos penna- 
chos, ténues, de fios assetinados, que colossaes, Erioden- 
dron (?) despediam sob a acção do vento, formando no solo 
um verdadeiro tapete. 

Nas margens dos riachos próximos das habitações a can- 
na saccharina cresce extraordinariamente, chegando a ter 
o",o7 e o"*,o8 de diâmetro. 

O milho por estes logares produz sempre. Aqui -um pé 
já formado, ali outro em via de crescimento, de forma que 
se nos tornava fácil obtel-o fresco, para assado nos fornecer 
o pão. 

De tabaco viam-se plantações inteiras, assim como algo- 
dão em abundância nas terras menos arborisadas e que pa- 
recia ser representado por mais de uma espécie. 

Perto da aldeia Quimana encontrámos segunda vez o tri- 
lho que do Holo vae á costa, e se dirige ao grande pombo 
(encruzilhada) no sueste de Encoge (N'Hoje); ahi, subdivi- 
dindo-se, parte um directamente para o Ambriz, o outro 
para o Bembe, ao longo do M'briche (rio), até ao Ambri- 
zette, onde este ultimo vae desaguar. 

Em Songanhe (aldeia) acampámos ao cabo de quatro dias, 
a fim de adquirir mantimentos e recebermos a visita do so- 
ba Catuma Cangando, que ficara atraz, velho de grandes 
barbas e feio aspecto, envolvido n'um immenso panno de 
riscas. 

Foi dia de balbúrdia, no qual os brancos estiveram jem 
exposição mais de seis horas seguidas. 



sxl 



E OCCIDENTAL 



149 



Cousa alguma os fazia retirar do nosso acampamento, 
e as damas, por mais curiosas, postadas diante de nós, bo- 
quiabertas passavam horas, para de seguida se dirigirem ás 




cargas a observarem, e logo depois á cozinha commentando. 
Estiveram a ponto de nos obrigar a despir, por teima- 
rem que tínhamos todo o corpo coberto de longos pellosi 
como os das barbas! 



I 5o AFRICA CENTRAL [CAP. 

Breve lhes veiu porém o desengano. 

Como um de nós se retirasse para a respectiva cubata, 
já cansado da exposição, quiz aproveitar o ensejo e, acorti- 
nando o buraco que dava entrada á choça, procedia a ablu- 
ç5es, n'uma das banheiras de borracha que possuiamos. 

Não havia ainda cinco minutos que o triste (á feição de 
uma Vénus) se espadanava contente nas pequenas ondas 
do oceano improvisado, quando umas poucas de bellas se 
lembraram de levantar a cortina. 

Com tão grande infelicidade porém o fizeram que, ao pu- 
xal-a, despregou-se, e então, oh céus! appareceu de chapa 
um Neptuno, cujos gritos desordenados pozeram tudo em 
alvoroço. 

Era uma scena indescriptivel o pavor da turba á appa- 
rição inesperada do que se lhes afigura um monstro. 

Mulheres e creanças berravam, corriam, como o podiam 
fazer á vista de qualquer crocodilo ! 

O próprio soba estivera quasi para fugir. 

Cousas humanas! 

Imagine-se que lisonjeira situação. 

Após uma longa e feliz carreira pelo velho mundo, mar- 
cada talvez pelo despertar de quatro paixões e cincoenta 
sympathias, ver-se um mortal subitamente inspirando sen- 
timentos de terror, á similhança de qualquer lobo ou urso 
desembrenhado ; é triste. 

Restabelecidos doeste vexame, decidimos jantar para sa- 
tisfazer o appetite; passando o resto da tarde no convívio 
dos visitantes, a quem mostrámos armas, que descarregáva- 
mos para explicar-lhes os phenomenos; depois encerrou-se a 
sessão, a fim de coagir as senhoras a tratarem da cozinha 
dos maridos, que em derredor as exhortavam com pala- 
vras e gestos de esfaimados, indicando-lhes o ventre, onde 
uma enorme depressão, tendo o umbigo por centro, era in- 
dicio do vácuo que lhe ia no interior. 

Ao raiar de 17 suspendemos e mareámos (na phrase de 
marinheiro), soltando o rumo ao susudoeste. 



XX] E OCCIDENTAL l5l 

A pequena aldeiola abandonada retomou o seu ar melan- 
cholico, os homens retiraram-se, e as jovens, com um ul- 
timo olhar, despediam-se saudosas das riquezas que se lhes 
escapavam, e das quaes maior proveito podiam ter tirado. 

«Vamos para o caliinga^b (oceano), bradava a iroupe con- 
tente, entoando em coro a seguinte copla, que nós (com a 
devida vénia) ousadamente traduzimos : 

O Cu-ango atraz fica, 
Por traz d'estes matos; 
Os brancos não voltam, 
Vão ver os odtos! * 

Eh'Eh-é! Eh-Eh-él 

Trepando uma elevada encosta entrámos nas terras do 
importante soba Catuma Caimba. 

Breve uma infinidade de aldeiolas nos appareciam por 
todos os lados. 

Quitanguca, Cabenda-Candambo, Mucole-Maiale, Funda- 
Imbi, Petro e Quicanga foram outros tantos logares onde 
não faltaram conversas e cabaças de cerveja, com grande 
regosijo dos nossos, que pela boca de Capulca o exprimiam 
dizendo : 

«Assim é que se pôde andar com o coração contente!» 

Modo errado (a nosso ver) de apreciar os factos, pois era 
ao estômago que elles deviam referir-se. 

Um costume original entre os povoadores doesta terra, e 
que observámos em quasi todas as recepções, é o da lim- 
peza da guela do soba. 

Quando ao regulo, no meio da sua arenga, afflue a secre- 
ção da larynge em maior abundância, acena a um sujeito que 
está perto, para servir de operante. 

Este, ajoelhando respeitoso em frente do chefe, abre as 
mãos, e juntando-as como se estivesse sustendo um livro, 
espera a dadiva que lhe destinam. 



1 Odtos, barcos dos europeus. 



102 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Então s. ex.* ronca, puxa, accommoda com movimentoç 
da língua o liquido de encontro á parte interna dos incisi- 
vos, e despregando os augustos lábios projecta-o de seguida 
nas palmas do individuo fronteiro, que leva as mãos ao cor- 
po e esfrega-se com o conteúdo, concluindo por uma untu- 
ra nos sovacos dos braços ! 

* 

Como fossemos caminhando no dia seguinte perto da 
senzala do regulo N'gana N'zendo, surprehendeu-nos no 
mato uma enorme multidão de homens e mulheres, que em 
coros e palmas faziam arruaça espantosa. 

Approximando-nos, vimos a meio o cadáver de um velho, 
estendido no chão. 

Um heroe de pennas na cabeça, sentado de moxo, dirigia 
a cadencia do canto, batendo palmas a compasso. 

Ao lado, azafamados, uns poucos abriam cova, emquan- 
to outros juntos de panellinhas preparavam, segundo pare- 
cia, um remédio (a não ser alimento para o morto). 

No acto de surprehendel-os ergueram-se todos, e abando- 
nando o defunto vieram admirar-nos; porém nós, não que- 
rendo interromper a ceremonia, partimos. 

Adiante, na senzala Munda, descemos uma elevada en- 
costa, entrando na bacia do rio Cauali, cujas nascentes 
em breve transpozemos. 

Estávamos nas terras do Danje. 

A oeste ficava-nos Luamba*, a leste Matamba e Pacaça 
Aquibonda. 

Perto, ao nordeste, estavam as origens do rio Sussa, a 
que já nos referimos, ao sul as do Lu-ando, a oeste as do 
Lu-calla, nas terras do Calunffã-CsLniimho^ limite dos esta- 
dos do Mutemo Ambuilla (Dembo). 



^ As terras de Luamba constituem um districto que hoje está quasi 
independente da Jinga. São governadas por um soba importante, Vun- 
^a-ia-Vunda-N'gola (o maior dos Vundas de Ngola), geralmente co- 
nhecido por Calunga-Luamba, e que poucas relações tem com o rei 
da Jinga. 



KS] 



E OCCIDENTAL 



l53 



Esta região, interessante debaixo do ponto de vista hy- 
drographico, foi por nós explorada tanto quanto possivel, 
a fim de estabelecer definitivamente a distribuição das aguas. 

Dos pontos mais altos avistávamos os montanhosos ter- 
ritórios dos celebres Dembos, cujos povoadores de leste são 
conhecidos pelos Caculo-Cabaça. 

Foi por aqui, e justamente ao passar o riacho Camáxe, 




a£Ruente do rio Danje, que um desagradava! facto nos deixou 
consternados. 

Descendo a eminência que inclinava para o riacho em li- 
nha estendida, sentimos perto o estrondo de um tiro. 

Voltando-nos, vimos um dos homens que mais próximo 
ia, abandonando a carga, cair inopinadamente no chão. 

Espantados dírigimo-nos a elle, e uma poi;a de sangue, ao 
levantal-o, nos explicou tudo. 



l54 AFRICA CENTRAL [CAP. 

O infeliz fora varado pela bala, de que escapáramos mi- 
lagrosamente, pois íamos na vanguarda d'elle. 

O incidente era devido á imprevidência: embora constan- 
temente o recommendassemos, nunca conseguimos dos nos- 
sos rapazes que trouxessem em marcha as armas descar- 
regadas ! 

Quissongo (o velho) n'esse dia, ou por que se dispozesse a 
caçar, ou a sua natural cobardia o induzisse a ter a arma em 
segurança, carregou-a escondido, e, quando passou junto de 
umas arvores que obstruíam o trilho, virou-se para accom- 
modar a carga; ao abaixar-se, porém, esbarrou com um 
ramo, que levantando o gatilho, desfechou a arma, e, como 
estivesse voltado para a retaguarda, o projéctil partiu na 
nossa direcção. 

Uma pobre mulher, com um filhinho ás costas, achava- 
se por tal forma collocada no alinhamento, que mal pode- 
mos comprehender como escapara. 

Vadeando o riacho, corremos pressurosos para a senzala 
fronteira do F«;/rfíi-ia-Buta, a fim de começar o indispensá- 
vel tratamento. 

O projéctil entrara pela base da região abdominal, e, 
atravessando os intestinos, fora alojar-se na nádega esquer- 
da, muito próximo da superficie. 

A primeira tentativa consistiu em operar uma incisão, e, 
depois da sondagem, ver se conseguíamos extrahir a bala. 
Infelizmente escapou-se para o interior quando a procurá- 
vamos. 

Todos os esforços eram inúteis; o nosso companheiro 
estava irremediavelmente perdido. 

Emfim, pensadas as duas feridas, esperámos as conse- 
quências. 

O homem nem sequer soltava um queixume, e olhando 
para o assassino como para qualquer dos outros, perma- 
necia scismatico. 

■ 

Notável coincidência : este infeliz teve sempre o presenti- 
mento de que havia de morrer no mato! 



XX] E OCCIDENTAL l55 

No Cu-ango estivera á beira da sepultura com uma dy- 
senteria; escapara então para succumbir quasi no limite dos 
trabalhos. 

Coitado ! 

Vede agora, leitor, o que vale a vida em Africa. 

Emquanto concluíamos a operação enviámos José á al- 
deiola para comprimentar o soba, e levar-lhe um presente 
de 6 jardas de riscado, annunciando ao mesmo tempo a nos- 
sa chegada. 

Decorrida meia hora volveu com a resposta do regulo. 

É a seguinte: 

— O soba está satisfeito com o presente. 

«Tem muito gosto de ver os brancos em sua terra, e 
logo virá comprimental-os. 

a Falta, comtudo. . . 

— O que? respondemos nós, antevendo alguma exigência. 

— Falta, dizia José, meio enleado, que o soba diz terem 
os brancos commettido hoje um crime em sua terra; mata- 
ram esse homem e é preciso pagar; porque se elle fosse á 
terra dos brancos, e matasse alguém, a isso o obrigariam. 

Esta declaração, feita em alta voz diante do desgraçado, 
era por tal forma brutal, que no primeiro momento a idéa 
foi, munindo-nos de um cacete, fazer sentir ao guia a obri- 
gação de ser mais humano, e não pôr-se defronte do fe- 
rido a dizer-lhe que estava morto. 

Mas as cacetadas em José reclamariam como coroUario 
a respectiva correcção no Quissongo, que tudo occasioná- 
ra; por isso nós, attendendo á idade do ultimo, absolvemos 
ambos, e perguntámos ao interprete: 

— Quanto pretende o soba pelo crime? 

— Quer 4 jardas de algodão. 

Assombroso! 4 jardas pela vida de um homem! 

Mais caro levam por o inhumar, pois que adiante nos pe- 
diram 6 jardas por similhantc serviço! 

A 26 de junho, ao rumo do sul, passávamos nas cabe- 
ceiras do Lu-ando, que deixámos determinadas, e a 27 des- 



l56 AFRICA CENTRAL [CiU». 

cansou-se do r»;/c/a-ia-Ebo, limite das terras do Vanda-ieL- 
Cassanda, onde o nosso companheiro exhalou o ultimo 
alento, sendo ahi enterrado. 

Era o sexto individuo que nos morria, e a quinta sepul- 
tura que abríamos no mato, porquanto o primeiro perece- 
ra em Benguella. 

Emfim, graças á Providencia, o mais difficil passara e nós 
ainda viviamos. Verdade é que o clima para o litoral come- 
çava a peiorar, mas após tantas vicissitudes não havia a 
infelicidade subir a ponto que succumbissemos quando já 
próximos estávamos do termo da missão; e n^estas philo- 
sophicas considerações, ao som das enxadas que perto ca- 
vavam, decorreu a tarde de 27. 

A 28, quando ainda pelas senzalas vizinhas se resonava, 
surdiamos das exiguas cubatas para pôr em marcha a co- 
mitiva pela quinquagesima vez, partindo ao longo da bacia 
do Lu-ando, que tinhamos vadeado da primeira com agua 
pelo pescoço. 

Adiante desenrolavam-se-nos os valles, onde corre ò Lu- 
calla, verdejantes, animados com grupos de senzalas e nu- 
merosos rebanhos, pelo meio dos quaes íamos tranquillos, 
graves, reflectindo na possibilidade de os transformar em 
bifes. 

Tomando o atalho traçado pela passagem das caravanas, 
n^elle nos engolfámos, vendo em derredor somente os ma- 
cissos. 

Havia meia hora que nos envolvêramos no trilho. 

Ao lado de mestre Zé, alegre narrador, caminhávamos 
descuidosos, ouvindo a historia de um crocodilo do Cu- 
anza (que pessoalmente conhecera}, e assegurava ser tão ve- 
lho que, quando o \nra, já eile tinha comido mais de cem 
pessoas. No lombo, diaa, enraizara uma pequena jSoresta, 
e na barriga, no acto de o matarem, entre vários pequenos 
artigos, como manilhas, enxadas, bancos, etc, encontraram 
um feitiço importante, ao qual o sobredito crocodilo devera 
a indicação das \'ictimas: 



! SI^OUS 333! SSASANCA vV ""^ 

á 














^ft ^ U.- /* -s-r. 






XX] E OCCIDENTAL íbj 

Capulca, acercando-se, explicou um processo especial, ba- 
seado no emprego de certa herva, de que pequena porção, 
bem mastigada e lançada ao rio, era suíliciente para afu- 
gentar todos os crocodilos do mundo, podendo assim evi- 
tar-se tanta desgraça; e passando de um ao outro polo com 
a sua natural volubilidade, encetava a exposição de uma es- 
tranha cosmogonia dizendo : 

— O céu é de pedra, e as estrellas são ... de mica (doesta 
pedra que luz, foi a phrase), quando subitamente nos dis- 
trahiu o apparecimento, no horisonte ao sudoeste, de bom 
numero de casas alinhadas. 

Era Duque de Bragança, d^onde partiramos alguns mezes 
antes. 

Á medida que nos approximavamos, recapitulando os in- 
cidentes da nossa viagem e das luctas no norte, occorriam- 
nos elles á idéa com a mesma fidelidade como se nos tives- 
sem succedido na véspera. 

Os tórridos calores de lá, as terras desertas que percorrê- 
ramos, as pungentes angustias que as febres nos tinham feito 
experimentar, os incessantes receios de não poder proseguir, 
a resolução de voltar, a fome e sede emfim, tudo nos recor- 
dava, como se realmente ali estivéssemos ainda. 

A presença da fortaleza que nos defrontava era a causa 
originaria doestas considerações, cuja preciso estudo com- 
parativo nos levou a seguinte philosophica conclusão, que 
não temos a vaidade de apresentar como nossa: 

«O mau e o bom são questões relativas.» 

E lembrando-nos as gallinhas e presuntos do nosso velho 
Silvério (ao que muitos dirão, «só pensavam na barriga», 
juizo que nem de leve contestaremos), partimos, redobrando 
a marcha! 

Devemos notar ainda aqui, e pela ultima vez (para intel- 
ligencia dos leitores), que sendo um dos maiores incommo- 
do3 das grandes viagens em Africa comer mal, só o pôde 
exceder a falta absoluta de comida; em nossa particular opi- 
nião, necessário se tomaria grande rudeza ou uma imper- 



l58 AFRICA CENTRAL [CAP. 

turbabilldade anglosaxonia, para não experimentar verda- 
deiras comichões á idéa de nos installarmos perante uma 
bem servida mesa. E como não somos uma (modéstia á 
parte) nem outra cousa, justamente nos deixávamos pos- 
suir doesta alegria, que ás vezes quasi se traduzia na von- 
tade de, em agarotado transporte, dar dois pinotes no ca- 
minho ! 

De resto, seria esta propensão infantil talvez resultado do 
viver do mato, e consequência do contacto com o negro, 
cujo caracter tem esse fades especial. 

A verdade é que mais tarde, no Central, em Lisboa, ou 
no Grand Hotel, em Paris, prescrutando as nossas dispo- 
sições, nunca nos achámos precisamente dispostos a dar 
os taes saltos, no momento de nos sentarmos á mesa! 

Digamos aqui entre parenthesis que estabelecido simi- 
Ihante uso, que a hygiene de certa forma auctorisaria pela 
circumstancia tão attendivel de tornar mais activas as func- 
ções vitaes, nós de forma alguma o combateríamos, so- 
bretudo se ás gentis mtss elle se tomasse extensivo, obri- 
gando-as a tal pratica antes de ingerirem a sopa. 

Sigamos porém a nossa narrativa, interrompendo os de- 
vaneios facetos. 

Quanto mais se andava, menos próximo parecia o termo 
da jornada, tal era o desejo de chegar antes da tarde; e 
compellindo José e os companheiros, esbaforidos, suados, 
lenço na fronte ou no forro do capacete, suspirávamos, 
lembrando-nos o effeito que produziria por ali a voz de um 
empregado do caminho de ferro, echoando pelas quebradas : 

« Fw;/t/a-ia-Cassanda, quinze minutos para almoçar.» 

Após pequena discussão entre ambos, relativamente ao 
local para o estabelecimento da estação, n^esta parte da 
imaginaria linha (facto em que não houve accordo pleno), 
chegámos á margem do Lu-calla. 

O velho Silvério esperava-nos já ali, e em breve fizemos 
n^uma velha canoa a passagem da nossa gente, que se com- 
punha então dos seguintes indivíduos : 



Capulca, cozinheiro. . . . . 
Catraio, ajudaine observador 

Filippc, creado 

Mupei, creado 

Gapenda, creado , 

Quissongo 

Mestre Zè, guia 

Josíi (velho) , 

Filho do Quissongo . . . . . 

Lianda 

José 

Otuho , 

Quimbundo 

Quimbundo (pequeno) - . . 

Ganga 

Gando 

Somma 

Fortuna 

Muto 

N'jil3 

Jamba 

Quissongo 

Quingando 

N'gila (pequeno) 

Gutnbe 

N'jamba (grande) 

Sabi 

Bonga 

Calumbo 

Gando (velho) , 

Quièu 

Cassanda 

Domingos (N'jin(i) 

Cambuta 

Narciso (velho) 

Tamby 



Benguella. 

Bcnguella. 

Benguella. 

Mulondo. 

Peinde. 

Biè. 

Luanda. 
Biè. 

Lunda. 
Tunda e Ceili. 
Tunda e CelU; 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda c Celli, 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda c Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda c Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Ceili. 
Tunda e Celli. 
Tunda e Celli. 
Tunda 6 CelH. 

Cassanje. 

Cassanje. 

Cassanje. 

Cassanje. 

Cassanje. 

Cassanje. 



AFRICA CENTRAL E OCCIDENTAL [CAP. XX] 



»„.. 


.„„...»„„ 


Mangumbala (Chico) 


Cassanje. 
Cassanje. 
Cassanje. 
Cassanje. 
Cassanje. 
Cassanje. 
Caconda. 

Luanda. 
Biè. 

Sambo. 

Dombe. 


Joaauim 


Chico 

António (Undalla) 






Mulher de Quissongo 

Mulher de Capulca 





Operado o trabalho, cortámos radiantes para o antigo 
acampamento, emquanto Silvério ordenava os preparativos 
do jantar. 




COIHETOIIHW VEULUnlUl (QUIHBlllBl) 



CAPITULO XXI 



Duque de Bragança — Sua importância e fertilidade — Mais um jantar 
com o chefe — Coordenadas astronómicas e magnéticas respectivas 
— Um soba compadre — As creanças africanas e duas considerações 
acerca d'ellas — Os infantes e os adultos — Curiosidade bem com- 
prehendida e resposta que a deve satisfazer — Como da fortuna se 
pôde passar á miséria — O dia 24 de julho e um capitão avesso ao 
raciocínio — O acampamento em chammas — Os papeis dos expedi- 
cionários e as munições do armamento — Carregadores e ladrões 
— As cinzas brazeadas e felicidade providencial — Otubo e o ajudan« 
te observador — O bi-sonde e a ultima noite do mez de julho. 



«Um, dois, tres. . . hora», gritou um de nós, emquanto 
no vasto circulo em derredor metade da população do Du- 
que observava o notável phenomeno, commentando-o a seu 
modo. 

Era o horário para os estados, que um dos chefes da ex- 
pedição determinava pela altura do sol, tendo o abba em es- 
tação; ao mesmo tempo o outro explorador, acocorado jun- 
to da mala, ia contando no chronometro os segundos que se 
succediam. 

Depois ouviu-se com voz cadenciada o observador excla- 
mar : 

— Trinta e tres grados e quarenta e tres centésimos. 

TOL.n ii 



l62 AFRICA CENTRAL [CAP. 



Ao que lhe responderam: 

— Três horas, vinte- e sete minutos, um segundo e nada 
de terceiros. 

Este ainda teve como replica a seguinte resposta: 

— Azimuth trezentos cincoenta e nove e cinco décimos, 
norte por leste; dia 3o de junho de 1879. 

Recolhendo de seguida os instrumentos, dispersou-se a 
turba, postando-se de longe em pequenos grupos, a expli- 
car o facto conforme lhe parecia, expondo, por exemplo, as- 
serções doesta bitola: 

» 

— Estão a ver pelo canudo as terras por onde andaram! 

Após tantas vicissitudes, eis-nos n'uma terra hospitaleira 
á velocidade zero (pois que estamos parados), e tenciona- 
mos socegar algum tempo, entre os encantos do ócio e a 
mesa do amigo Silverip. 

Duque de Bragança é o presidio portuguez mais avançado 
no nordeste. 

N^uma posição geographica que as coordenadas seguin- 
tes determinam latitude sul 8° 57' 16^', longitude este de 
Greenwich iG'' 10' 00'', altitude io6o™,o, tem para cifras da 
declinação, inclinação e componente horisontal respectiva- 
mente os algarismos 18° 5o', 34° 58', 6,85. 

Assente em platcaii sem arvores, junto á margem direita 
do Lu-calla (rio), compoe-se a sede do concelho de ampla for- 
taleza feita de adobes, com setteiras, parapeitos e um fosso 
em mau estado; cercam-na duas dúzias, quando muito, de 
habitações, entre as quaes figura como mais notável a re- 
sidência do chefe, que lhe fica ao oriente. 

O seu estabelecimento data do tempo em que o governo 
enviou para ali uma expedição no intuito de reprimir os ex- 
cessos dos indigenas jingas, que nas suas incursões amea- 
çavam o districto de Ambaca. 

O movimento commercial é quasi nuUo. 

Apenas uns saccos de jinguba, algumas cabaças de azeite 
e feixes de taciila por ali se permutam; quanto a casas im- 
portantes de negocio nada observámos por aquelles sitios. 



^ 



XXI] E OCCIDENTAL l63 

Pôde, porém, avançar-se que com um pequeno esforço 
talvez se tornasse a dita terra n'um vasto di«tricto agrí- 
cola, pois por lá vimos o tabaco, o algodão, a ginguba, e 
mais ao norte, no Danje, a canna saccharina, colossal es- 
plendida, e outros artigos; deve comtudo attribuir-se o seu 
estado inculto á preponderância militar. 

O concelho do Duque, longe do centro do governo, pos- 
suindo em média destacamentos de cincoenta e sessenta 
praças, quando não tem sido sede de operações, como re- 
centemente contra os Caculo-Cabaças, era considerado me- 
diocre campo de exploração, por aquelles chefes militares, 
que cubiçosos, esquecendo-se da dignidade da sua patente, 
commettiam as mais atrevidas extorsões, já na cobrança dos 
dizimos (hoje bem abolidos), já nas exigências aos jingas vas- 
sallos. 

Ainda ha pouco tempo um, segundo nos contaram, ex- 
poliou de modo insólito o triste soba, a quem mandara por 
simples soldado (dos moveis) intimação para o pagamento 
de certa multa, mediante cabeças de gado. Como recebesse 
recusa, partiu com o destacamento sob o seu commando, 
depois de aggregar-lhe todos os voluntários dos arredores, 
e n^um touv de viain roubou cento e oitenta rezes que o 
regulo possuia. 

A consequência foi este retirar-se para a Jinga, como mui- 
tos outros anteriormente tinham feito, despovoando assim 
o concelho. 

Mas prosigamos no que importa, pois não queremos en- 
trar em similhante assumpto, o qual tem acarretado injus- 
tas e desagradáveis accusações ao governo portuguez, quan- 
do d * resto se nos afigura que não ha motivo algum para 
culpal-o. 

As terras de que tratamos são regularmente férteis, o cli- 
ma apresenta-se de certo modo salubre, e se o não é mais 
deve-o á proximidade do rio, cujas margens alagadas cons- 
tituem focos de infecção; tornando-se pouco vulgares os ca- 
sos de febres Secisivas, como no litoral se conhecem. 



164 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Na epocha que vamos atravessando sopra sob um céu 
claro, de cumulus raros e brancos, o vento fresco do sues- 
te, o qual refrigera a temperatura durante as horas em que 
é mais elevada. 

Os povoadores sao uma mistura de jingas, ambaquistas 
e alguns bondistas, que com os soldados de Luanda se têem 
entreligado, constituindo as familias existentes, as quaes se 
dedicam ao amanho de pequenos arimos, d^onde tiram o 
quotidiano sustento. 

Redigiamos apenas estas linhas n'uma pagina em bran- 
co do nosso diário (porque, graças a Deus, nunca o nosso 
papier tira à sajin), quando fomos interrompidos por um 
mensageiro do chefe, com o seguinte recado: 

«Senhor diz que o jantar está na mesa.» 

Era uma faina ininterrupta em casa do bom Silvério, a 
quem a nossa fraqueza trazia preoccupado, obrigando-nos 
a bom numero de passeios por dia, para, mediante o es- 
tômago, refazer as forças perdidas. 

Arrumando pois cautelosamente o (volumoso seria exage- 
ro) rabiscado livro no fundo da mala, aprestámo-nos com- 
pondo a toilette^ reconhecidos, como qualquer pobre diabo 
de viajante, a todos os benefícios a elle feitos pelo paiz que 
atravessa. 

A refeição passou como as demais. 

Cada um expedia os pitéus, com maior ou menor velo- 
cidade, descrevendo, contando devaneios comparativos de 
lácca com o Duque, intercortados de exclamações provoca- 
doras da hilaridade, frescas, picantes, etc. 

«Nada peior que o mato», dizia um, que inspirando-se 
na gloriosa apparição de uma gallinha recheiada e fumegan- 
te, a par da enorme travessa de pirão, soltou a seguinte pre- 
tenciosa sentença, com ares de mestre: 

« Se o inventor do paraizo conhecia as misérias de simi- 
Ihante viver, excelso mau gosto teve em collocar ali Adão.» 

Verdade em que todos concordaram, após dois minutos 
de recolhimento. 



E OCCrDENTAL 



l65 



— A fatal sede do desconhecido (e abria o ventre ao volá- 
til a fim de ver o qae tinha dentro) leva-nos a abandonar 
pátria e familia, a pôr em risco a saúde, a vida mesmo, 
por esses matos virgens, onde o menor dos soffrimentos é 
a febre. 

Estávamos approximadamcnte por estas alturas, quando 
nos appareceu, como visão estranha, milagrosa, um vulto 




escondido em amplo panno de riscado, cujas dobras lhe 
occultavam a fígura, tendo, como cúpula do grande edifício, 
uma enorme barretina de praça de prer, muito maior do 
que a por nós admirada na cabeça do augusto jagga Cam- 
bollo Cangonga. 

Ao vel-o suspendemos attonitoa, esperando se decifras- 
se o enigma, quando o nosso amphytriao veiu aclaral-o. 



l66 AFRICA CENTRAL [CAP. 

— É O meu compadre, disse, a quem o baptisado de uma 
filha enlaçou na família. 

Continuando a inspecção do sujeito, soubemos estar den- 
tro do panno nada menos que um soba, cujo nome se pro- 
nunciava assim: F;/;/<i(j-ia-T'chirimbimbe, o qual com o 
mais prasenteiro semblante, arrancando da barretina, nos 
deu um aperto de mão. 

Era um soba compadre, género para nós inteiramente 
novo ! 

Observando de perto o homem, que nos saudava com 
um copo de vinho, calculávamos mentalmente a grande dif- 
ferença entre este hoje civilisado e os hirsutos selvagens 
e malcreados régulos do sertão, exclamando para Silvério: 

«A maneira de civilisar a Africa é fazer dos sobas com- 
padres!» 

Em volta d'elle pulavam dúzia e meia de garotos, não sa- 
bemos se prole do respeitável T^chirimbimbe, que satisfei- 
tos e contentes faziam em sessão tumultuosa uma berrata 
incomparável, levando-nos n^esse dia, ao recolhermos, a es- 
crever no nosso diário pela primeira vez algumas considera- 
ções sobre os infantes africanos. 

O joven em Africa é sem comparação mais intelligente e 
agradável que o adulto. 

Creanças de cinco annos praticam actos tão ajuizados, e 
têem raciocinio tão claro, que surprehendem todos. 

A alegria é innata n^elles, e n^isto em nada ficam atraz 
dos da Europa. 

Ao contrario das creanças orientaes, taciturnas, tristes, 
com o amarellado da côr da pelle que lhes dá um aspecto 
sempre doentio, o pretinho, retinto, luzidio, de ventre de- 
senvolvido, corre, salta, grita, desde o nascer até ao pôr do 
sol. 

Não sendo educadas no espirito religioso por algum as- 
ceta brutal, do que resulta o povoar-se a imaginação da 
creança de temores estúpidos, o adolescente não conhece 
medo nem é supersticioso ; mesmo da própria feiticcria pou- 



XXI] E OCCIDENTAL 167 

CO mais sabe alem do pequenino chifre ou trapinho que a 
mãe lhe poz ao pescoço, para o livrar da morte. 

Á medida, porem, que da infância passa á adolescência 
modificam-se estas circumstancias ; perde a sinceridade, tor- 
na-se muito casmurro, desconfiado, cubiçoso, e sobretudo 
estúpido. 

Será porque n^essas epochas, pensando apenas na singela 
satisfação das necessidades materiaes, o preto não exercita 
a intelligencia, e doesse estado apathico resulte quasi atro- 
phia ou embrutecimento, como acontece um pouco na Eu- 
ropa com esses abstractos, que pelas ruas, acaso sem re- 
flectir, architectam uma constante idéa, a maior parte das 
vezes irrealisavel ? 

Não o sabemos. 

A verdade é ser o adulto relativamente mais estúpido, 
perdendo-se de todo na velhice. 

O álcool e o cânhamo devem sem duvida ter a sua acção 

» 

no derradeiro caso. 

Com os mulatos 'o facto diverge um pouco. 

Os homens não se embrutecem por igual forma, mas 
quando jovens assimilham-se aos orientaes. 

São, alem de tristes, menos perspicazes e espertos. 

Não se entregam aos jogos infantis dos pretos, e se por 
acaso n'uma multidão doestes últimos apparece um dos pri- 
meiros, anda sempre desviado e como que receioso d'aquel- 
les com quem brinca. 

QuJndo homens, se uma educação superi.or lhes não dis- 
sipa os fundos prejuízos, parecem vergar sempre ao peso de 
desgosto incurável. 

A menor phrase ambigua afigura-se-lhes uma allusão, o 
mais singelo dito um epigramma. 

Gonsideram-se, sem causa plausível, raça inferior. 

Suppoem-se desprezados, e n'este permanente despeito 
buscam os elementos do activo trabalho intellectual, que 
é talvez o motivo da conservação das suas faculdades men- 
taes. 



l68 . AFRICA CENTRAL [CAP. 

Voltando porém ao preto, podemos afiançar, resumindo, 
ser elle em pequeno feliz, folgasão e dado aos brinquedos. 

Não é no geral mau, e se ás vezes ha disposições para 
um caracter perverso ou vicioso, só as revela tarde, quan- 
do já bastante desenvolvido. 

Apresentando assim sobre o assumpto o nosso juizo, for- 
mulado durante a digestão do jantar do dia 3o, juizo tal- 
vez contestável, para muitos com mais experiência que nós, 
principiámos a dispor as cousas a fim de em breve deixar- 
mos Duque de Bragança. 

Gomtudo, como entre os nossos leitores pôde haver algum 
que, por bem comprehendida curiosidade, se lembre de ex- 
clamar : 

«Mas estes homens, que tantas vezes apresentam, como 
rasão das separações e marchas especiaes, o interesse de 
alargar a área dos seus trabalhos, por que motivo volve- 
ram ao Duque, onde já tinham estado, e não procuraram 
outro caminho, muito embora quizessem attingir o Gu-anza?» 

Nós, com o máximo respeito, passaremos a esclarecel-o, 
abrindo o seguinte paragrapho. 

Quando em marco de 1879 chegámos ao concelho do Du- 
que, achavamo-nos alijados de uma boa parte dos nossos 
haveres, visto o calculo por nós feito em Cassanje para por 
leste do Gu-ango attingir o parallelo 5®, directamente ao 
norte, não ser applicavel ao caso de agora, em que, cor- 
rendo a oeste, nos achávamos quasi á mesma distancia 5** 
parallelo. 

Goncluiu-se, pois, que urgia completar as fazendas com 
um numero talvez igual ao despendido na travessia do Gu- 
ango para o Duque. ^ 

Requisitadas á auctoridade, aguardámos a chegada ali. 

Como não apparecessem, e a estação adiantasse, decidi- 
mos avançar sem ellas, a fim de não ficarmos no Duque 
eternamente, fazendo pelo caminho a possivel economia. 

Ao chegar porém ás terras de lácca as nossas suspeitas 
começavam a confirmar-se, pois que apesar de umas dimi- 



XXI] E OCCIDENTAL l6g 

nutas peças fornecidas pelo sr. Figueiredo, de quem já fal- 
íamos, único possuidor de fazendas no concelho, vimos es- 
cassearem os recursos por forma a preparar-se-nos para a 
volta a perspectiva de pobreza aggravada com a doença, 
decidindo portanto retroceder. 

Por isso deixámos de visitar o Muene Puto Cassongo, re- 
ceiosos de nada ter que dar-lhe em proporção das suas exi- 
gências, e náo proseguimos mais ao norte, até encontrar o 
caminho do Zombo, desconfiados de que era insufl&ciente a 
fazenda. 

Inevitável se tornou volver ao Duque, onde sabiamos exis- 
tirem recursos; por consequência o nosso itinerário para o 
sul, sendo ao longo do Cauali, ficou depois subordinado ao 
ponto onde nos achámos, e que estas explicações devem ter 
definido. 

Atravessando desassombradamente o mez de julho, re- 
sarcidos de forças e de vontade, esperávamos só pelo dia 
19, para estudar um eclipse parcial do sol, observação que 
era nosso desejo trazer á Europa. 

Recebida a fazenda, pagos e despedidos, por não nos se- 
rem já precisos, os carregadores do sertão, que no capitulo 
precedente se designam sob a palavra «Gassanje», tratámos 
de enfardar parte da mesma fazenda, a fim de breve seguir- 
mos nos trabalhos. 

O leitor vae ver agora como de momento para o outro 
caem por terra os melhores planos, e n^um minuto, da gran- 
deza e da fortuna, se appella para o singelo pataco no bolso 
do collete! 

Corria formosa a tarde do dia 24 de julho, anniversario, 
na capital da nossa boa pátria, do ^advento da liberdade. 

O sol, descendo para o poente, espargia no céu, doesse 
lado, milhões de agulhas de oiro. 

Na fortaleza hasteada a bandeira nacional, na guarda os 
soldados de grajide uniforme, davam ao pequeno recinto 
um aspecto de gala, lembrando que apesar de longe da me- 
trópole, distantes d 'essa nação que cobriu com o seu glo- 



lyO AFRICA CENTRAL [CAP. 

rioso estandarte milhões de milhas quadradas do globo, nas 
colónias os filhos compartilhavam da justa alegria de seus 
irmãos na Europa. 

Dentro em pouco o crepúsculo invadiu tudo. 

Na forma do costume achavamo-nos na residência do che- 
fe, em derredor da mesa de jantar. 

Servia-se o café. 

Questionava-se calorosamente para encaixar na cabeça 
de um pseiido-ceLpitão preto (dos moveis) a definição de pa- 
rallelo, a fim do homem entender que, sem estar na embo- 
cadura do Zaire, haviamos attingido o parallelo da embo- 
cadura. 

O infeliz era d'aquelles que nem comprehendem o axio- 
mático principio: o todo é maior que qualquer das partes; 
pela simples rasão de haver raposas que têem o rabo maior 
que o corpo! 

«Não c possivel, exclamava furioso, não podiam estar em 
tal sitio do Zaire; isso é engano!» 

E concluia com o seguinte raciocinio: 

« A mim já aconteceu seguir em direcção do sul (e apon- 
tava para leste) e achar-me ao fim de contas ao norte ! Com 
os senhores passou-se naturalmente o mesmo, d^ahi provém 
o engano!» 

A isto com demasiada paciência replicávamos que natu- 
ralmente não; até era pouco provável succeder isso a qual- 
quer, quanto mais a homens do mar; e se s. s.* se fizesse 
n'essa occasião acompanhar de algum mortal que conhecesse 
os rumos da agulha, talvez conseguisse jfer como da confusa 
noção dos pontos cardeaes provinha a causa natural d 'essa 
phenomenosa viagem. 

E calculando, com toda a justiça, que s. s.* era approxi- 
madamente tolo, íamos rematar similhante capitulo com um 
ponto final, quando os gritos de soccorro e o toque de fogo 
pelas cornetas do destacamento nos fizeram erguer espan- 
tados. 
, « Fogo, fogo ! » era o que se ouvia. 



f 



XXI] E OCCIDENTAL I7I 

Massas confusas de povo corriam pela praça fronteira na 
direcção do nosso arraial, gritando como possessos. Não 
descobrindo a causa de similhante rumor olhávamos estu- 
pefactos ora para Silvério, ora para o capitão, quando al- 
guns carregadores esbaforidos chamaram por nós. 

Saindo da residência, eis o que vimos. 

O nosso acampamento ardia completamente. 

Vagas de fogo furiosas, diabólicas, partiam de todos os 
lados, açoutadas pelo sueste forte, devorando as barracas 
do capim resequido, com uma rapidez vertiginosa. 

Era um oceano de labaredas, que pelo escuro da noite 
tomava proporções phantasticas, para onde corríamos pres- 
surosos e arquejantes, vendo os nossos trabalhos perdidos. 

Cartas, mappas, diários, tudo se nos afigurava presa das 
chammas. 

E doidos, sem saber o que decidir, corríamos direitos 
ao campo, bradando para quem encontrávamos: 

— Salvem primeiro os livros. 

Gomo se poderá dizer em verdade o que n^esse momento 
experimentávamos ! Como dar idéa do assombro e da afflic- 
ção de dois pobres homens que viam n^alguns minutos des- 
feitos os sonhos e as esperanças de vinte e quatro mezes de 
esforços, e para quem a perspectiva sorridente do elogio 
dos seus trabalhos se convertia na calada desconfiança de 
sermos umas nullidades? ! 

Penetrámos porém no recinto esbrazeado, onde o calor 
suíFocante e espantosa vibração do ar impedia quasi res- 
pirar-se. 

Em dois segundos parecia também que estávamos a ar- 
der, sendo preciso sair á pressa. . 

Das duas barracas dos chefes erguiam-se apenas os es- 
queletos tisnados, onde ultimas linguas de fogo lambiam a 
casca resequida dos troncos. 

Em derredor continuava o igneo elemento a sua destrui- 
dora tarefa. 

A meia distancia do campo, malas, caixas, fardos a ar- 



n1 



172 AFRICA CENTRAL [CAP. 

der, uns já destruídos outros em via d^isso, achavam-se dis- 
persos, sendo arrastados na precipitação. 

O perigo era immenso. 

De todos os pontos armas carregadas disparavam-se ao 
contacto da chamma, balas explosivas rebentavam junto de 
nós, e caixas de munições, voando em estilhaços, punham 
em perigo a vida de quantos ali se viam. 

Na medonha faina tratávamos os dois de safar as res- 
pectivas malas, que ao principio não encontrámos, e só mais 
tarde descobrimos uma d'ellas envolvida no brazeiro com 
parte do livros em ignição. 

Foi então que nos apercebemos, decorrido o primeiro mo- 
mento de pasmo, do estado reaKdas cousas. 

Por entre as chammas agitavam-se uns vultos negros cor- 
rendo por um lado, surdindo pelo outro, que nós chamá- 
vamos debalde, porque ao approximarmo-nos desappare- 
ciam pelo escuro para o mato. 

Capulca desvendou o mysterio, e mais um desengano nos 
convenceu de que não ha fiar nos homens do sertão. 

Era o caso que emquanto nós com meia dúzia dos mais 
dedicados tratávamos de salvar os papeis e material scien- 
tifico da expedição, Otubo com uns poucos de companheiros 
ban-sumbi e alguma gente do sitio, por meio das cargas 
dispersas, que lhe cumpria guardar, arrancava peças, rou- 
bando quanto lhe vinha á mão, para de seguida esconder 
no mato, não tendo sequer vergonha de servir de exemplo 
a alheios. 

Não tentaremos descrever o desgosto que similhante in- 
fâmia em nós produziu. 

Indignando-nos tão condemnavel crime, corremos em pro- 
cura d'elle, para acto contínuo lhe applicar o merecido cas- 
tigo, quando fomos surprehendidos pelo encontro de um 
novo maraudeur^ que nos deixou estupefactos! 

Era ... o capitão dos pontos cardeaes, que surrateiramen- 
te em corridinhas (para o sul roubava uma peça, indo de 
seguida enterral-a ao norte), discutia com um soldado, o 



XXI] E OCCIDENTAL lyS 

qual preso do sitio opposto de uma peça disputava a pro- 
priedade ao sobredito senhor! 

Que fazer? Só nos occorreu chibatal-o. 

O ladino porém escapou-se ligeiro, deixando-nos cons- 
ternados. 

Dia angustioso, scena terrível! 

Volvendo ao campo, continuámos a ordenar o transporte 
do pouco que nos restava para a residência do chefe, o bom 
Silvério, que, soflFrendo rheumatismo, não poderá coadju- 
var-nos. 

Eram onze horas quando terminou o incidente. 

O escuro envolvia tudo. 

A sós, de pé no meio do quilombo, scismavamos. 

O vasto campo era um montão de ruinas esbrazeadas, 
d'onde se erguiam sinistros os vultos das carcassas de al- 
gumas barracas, formadas de paus negros, em que havia 
scintillaçoes das ultimas faiscas. 

N'um e outro ponto esvoaçavam bocados de papel á mercê 
do vento, que nós suspeitávamos ser um mappa ou uma in- 
formação preciosa. 

Só o dia nos podia desenganar; aguardavamol-o pois an- 
ciosos, e voltando á residência fomos fazer o inventario. 

Por uma felicidade providencial, nós que tínhamos por 
costume após os trabalhos do dia reunir os papeis, e collo- 
cal-os sobre as malas para á noite continuar na tarefa, ha- 
víamos n^esse dia mettido boa parte para o interior. 

Não obstante esse cuidado, ficaram de fora alguns de uso 
constante, como livro registo de observações meteorológi- 
cas, de que apresentamos o fac-simile de uma das folhas 
ao leitor, álbuns de desenho (pela maior parte bastante es- 
tragados), caderno de coordenadas, etc. 

Uma porção da fazenda que ultimamente adquiríramos 
tinha ardido nos fardos pelas extremidades, outra desap- 
parecêra. 

Missanga e contaria achava-se dispersa, armas carboni- 
sadas, roupa nossa queimada ao ponto de um ficar com as 



174 AFRICA CENTRAL [CAP. 

simples calças que trazia, e o outro com um vetusto cha- 
péu roto na copa. 

N'esta toilette, de longas barbas, rosto e mãos tisnadas, 
os cabellos saindo pelo buraco do chapéu, deviamos apre- 
sentar, ao romper da aurora, o aspecto approximado de um 
d'esses cavalheiros para quem o viajante aperra por cau- 
tela as pistolas, quando se lhe deparam n'uma estrada. 

Reentrando no arraial, foi então que apreciámos com um 
olhar de tristeza o estado das cousas, avaliando bem o ca- 
taclysmo. 

Depois de á frente de todos applicarmos exemplar casti- 
go a Otubo, e conseguir d'elle a indicação dos logares onde 
tinha os artigos sonegados, que montavam á bagatella de 
vinte e tantas peças, afora menus objectos, começámos a 
exploração pelas cinzas, recolhendo todos os bocados de 
papel que na área de i milha se achavam dispersos. 

Que destroços o fogo produzira na sua medonha passa- 
gem! 

Do montão de resíduos surdia um aneróide requeimado, 
de outro um relógio ennegrecido, entre traves o observató- 
rio meteorológico em ruinas, thermometros arrebentados, 
restos de polainas, tacões e solas de botas ardidos, cúpu- 
las de capacetes despregadas, e inclusive uma pobre águia 
que dentro de uma palhoça amarráramos, para apresentar 
na Europa, appareceu grelhada, jimto do pau que lhe ser- 
via de prisão. 

Concluídas as pesquizas regressámos, a fim de com os 
restos dos últimos diários reconstituir quanto fosse possí- 
vel, tratando de indagar a causa do fogo, que n'um mo- 
mento nos revelaram. 

Fora o maldito ajudante observador! 

Catraio, havendo collocado o observatório ao ar livre, 
pareceu-lhe, por um susurro especial que ouvira dentro de 
uma das barracas e por duas ou três ferroadas, que um 
bandão de formigas guerreiras atacara por aquelle lado o 
quilombo. 



«nl E OCCIDENTAL I^S 

Preoccupando-se com este facio, lembrou-se de ir á lan- 
terna do observatório, e saccando da vela que accendeu na 
cozinha próxima, poz-se em derredor do fundo a observar. 

EfFectivamente o bi-sonde lá estava, e os primeiros por 
elle pisados, mordendo, fizeram tombar o pateta para cima 
do fundo, de vela em punho. 

Foi o necessário para que o fogo pegasse e o vento, la- 
vrando, lizesse o desastre que acabámos de narrar. 

Durante o dia 20 estava a expedição em via de reorga- 
nisar-se. 

Se minguados eram os nossos recursos antes do fogo, 
agora achavam-se sobremodo diminuídos, tomando-se pre- 
ciso partir sem demora, e abandonando a idéa de retroceder 
pelo Calnnga-LaztrA)Z., ir ás nascentes do Bengo, nas ter- 
ras do Calandula, para então ganhar Ambaca. 

As cinco horas da tarde, reunido conselho, decidiu-se par- 
tir a 1 de agosto pelo caminho directo, levando em nossa 
companhia o velho Silvério, que havendo requerido a exo- 
neração do logar de chefe, e pela chegada do substituto, de- 
cidira desarmais estabelecer a sua residência nas pedras de 
Pungo N"dongo, onde o esperava uma commoda casinha e 
a magra reforma de talvez 45í?ooo réis, 

Promptos, pois, deixámos que pelo socego soassem as ul- 
timas badaladas das doze da noite, que terminando o mez 
de julho, foram echoar pelas encostas de envolta com o 
alerta das sentinellas da fortaleza, e após o somno ergue- 
mo-nos com a aurora. 




CAPITULO XXII 



Definitiva partida do Duque de Bragança — Mestre José, o Lu-chilo e 
as patrulhas — O Ptyelus olivaceus e o capitão Silvério — Macaco 
agonisante e gato em liberdade — Assombroso protesto — Pássaro 
original e novo tio do interprete — Samba-Cango, o Hango e o Lu- 
calla — Breve noticia sobre o rio, terrenos e vegetações — Cariom- 
bo e o Porto Real — Canoas desconhecidas e novo systema de pro- 
pulsão — Uma visita a Pamba, quatro considerações sobre ella e 
um elephante do reino vegetal — A caminho das Pedras Negras — 
Mestre Zé e os basaltos — Uma batota pregada á sciencia — A seda 
indígena — Pungo N*Dongo, seu aspecto e constituição — Notáveis 
pegadas impressas nos penedos — Factos dignos de menção— O por- 
to Hunga e um bosque de laranjeiras — Philosophicas considera- 
ções dos auctores- iVii terra dos olhos, quem tem um cego é rei! 
A cachoeira Caballo — O Cu-anza, obstáculos, peixes, cataractas. 
Breves reflexões sobre estas — Malanje Calundo, Pungo N'Dongo. 



Antes de deixarmos definitivamente o presidio, urgia pas- 
sar revista a todos esses fardos que constituem a bagagem 
do viajante em Africa, e sobretudo aos relativos a alimen- 
tos, cuja má organisação é causa, em caminho, das mais se- 
rias desordens. 

Por isso, emquanto o velho capitão com uma paciência 
de Job, e no interesse de eíFectuar a retirada, dava ordens 
e ralhava com os seus portadores, nós transpúnhamos ob- 

▼OL. n II 



1 78 AFRICA CENTRAL [CAP. 

jectos de um ponto para outro, substituindo portadores, e 
fechávamos caixas, completando por nossa parte a arruaça 
que ia pelo campo, o qual em breve abandonaríamos. 

Depois um carneiro deu ensejo a discutir-se largo tempo 
para encontrar respectivo portador; em seguida as cortinas 
da tipóia do velho Silvério foram causa de ralhos e protes- 
tos com os encarregados d^ellas; o trem de cozinha que 
nunca cabia na miihamba a elle destinado (simplesmente 
porque Capulca, querendo andar leve, para lá mettia as 
malditas botas e um attirail de bugigangas rejeitadas pelo 
carregador, o qual dizia não ter obrigação de as conduzir), 
originou insólita querela, de que proveiu o cozinheiro car- 
regar duas panellas; e emfim a divisão da pelle de um boi 
para alpercatas, concluiu com uma tourada a matinal scena ! 

Estavam as cousas n^este ponto, quando resolvemos a 
marcha, ao grito de «leva arriba». 

Tomando o nosso posto na frente da caravana, por meio 
de plantações, deixámos a encosta, ao fundo da qual ser- 
penteia o riacho Quimbaxe, para seguidamente fazermos a 
ascensão da collina que nos defrontava. 

O começo da viagem passou sem incidente digno de men- 
ção especial, a não ser o facto de meia dúzia de cacetadas 
infligidas em O tubo, que á ultima hora apparecera embria- 
gado, abandonando a carga e enfiando-se para uma cubata, 
onde duas doniellas pareciam dispostas a escondel-o. 

Bella manhã nos favorecia. 

O sol resplandecente dourava o extremo das arvores do 
bosque que íamos percorrendo, cujos ramos entrecruzados 
constituiam uma abobada de verdura natural, onde milha- 
res de aves, gorgeando, fugiam ao approximarmo-nos. 

Mestre Zé, a nosso lado, conversava alegre e risonho, 
apontando-nos na frente duas sepulturas que indicavam o 
logar de duplo assassinio, commettido por um selvagem 
chefe, o qual parece tinha por costume desfazer-se de quan- 
tos lhe não eram sympathicos,- no momento de os enviar ao 
corte da lenha, ordenando o seu fuzilamento; pelas descri- 



XXIl] E OCCIDENTAL I79 

peões suppozemos ser o mesmo que praticara o escandalo- 
so roubo do gado! 

Bellezas da administração militar subalterna! 

» 

Hora e meia de marcha levou-nos ao rio Lu-chilo, de agua 
crystallina, de que no presidio se servem, tendo na margem 
direita uma patrulha*, onde os caminhos se bifurcam. 

Tomando pelo sudoeste, podemos a proa cm Ambaca e 
assentámos o primeiro arraial n'um sitio denominado Cas- 
sanje. 

Em descanso, á sombra de um sycomoro, d^onde o Ptye- 
liis Olivaceiís gotejava incessantemente, assistiamos descui- 
dosos a uma faina do velho Silvério, que lhe absorvia to- 
dos os cuidados. 

Tratava de procurar um gato e pôr a salvo um macaco. 

Silvério era extremoso pelos animaes; perseguia-o po- 
rém infelicidade constante. E raro, dizia elle, transportava 
um bruto que lhe não succumbisse no caminho. 

Doesta vez parecia confirmar-se a sua asserção, pois que 
o macaco, victima de um coiip de soleil e tendo caído á 
agua no ultimo riacho que transpozemos, achava-se pros- 
trado e agonisante, sendo infructuosos todos os recursos 
médicos. 

Quanto ao gato, accesso em felina ira por se ver immer- 
so nas profundezas de um sacco, cautelosamente amarrado 
pela boca e que o carregador applicava de encontro a quan- 
tos troncos via pelos campos, mal se apanhou solto, fugiu 
pela floresta, ganhando a appetecida liberdade. 

O nosso bom companheiro, afflicto com a perda dos dois 
animalejos, permanecia inconsolável, e apesar das nossas 
considerações, tendentes a mitigar-lhe a profunda magua, 
elle tremulo, raivoso, erguia-se, ameaçando os portadores, 
a quem indicava como culpados, querendo attingil-os. 



1 As patrulhas são umas habitações que se acham espalhadas por 
parte da província, sob a guarda de dois ou três soldados moveis, as 
quaes servem de pousada aos viajantes em transito. 



l8o AFRICA CENTRAL [CAP. 

Rheumatico, porém, nada conseguia, porque aquelles ao 
vel-o safavam-se como gazellas. 

Sentando-se então cansado, vomitou o seguinte Juramento 
solemne, para allivio do que lhe ia na alma e exemplo dos 
vindouros com iguaes disposições. 

«Juro que nunca mais tomarei affeição a bichos. Ter ami- 
sade a animaes é completa tolice!» 

Comprehende-se de certa forma (por este vehemente pro- 
testo) que transe passava o velho capitão, e fácil será apre- 
ciar quanto é natural ao homem encanecido na vida dos 
matos, aborrecido dos pérfidos manejos dos indígenas, a 
inclinação para os irracionaes, na esperança de encontrar o 
reconhecimento e a fidelidade que entre homens baldada- 
mente procurou. 

A tarde d'este nefasto dia foi empregada n'uma tentativa 
venatoria, no intuito de conseguir o exemplar de um noi- 
tibó que ao primeiro crepúsculo apparece esvoaçando por 
toda a parte, e á qual uma longa penna na extremidade de 
cada aza dá aspecto original. 

É conhecido na sciencia pela designação de Cosmetor- 
nis vexillariuSy e dos indígenas d'ali por quimbamba. 

Alguns dizem que as pennas têem, como a cauda das 
Viduas paradiseas^ uma epocha de apparecimento, após a 
qual caem; outros negam este facto. 

A familia Caprimulgidae tem aqui mais representantes, 
como a Huicumbamba^ Caprimulgos Shelleyi e outros. 

Como anoitecesse, tornou-se impossível colhel-as, de for- 
ma que volvemos á patrulha, nada tendo conseguido, e agru- 
pando-nos em volta de uma vela, passámos duas horas a 
ouvir historias ao capitão, até nos separarmos, aguardando 
com Morpheu que a terra em sua rotação diurna se dignas- 
se trazer approximadamente ao plano do nosso horisonte 
o deslumbrante astro do dia. 

Logo que os primeiros clarões nol-o annunciaram, poze- 
mo-nos de caminho, pela fresca madrugada, consolados e 
contentes. 



E OCCIDENTAL 



José acabava de nos dizer que em AmbacQ tinha outro . . , 
tio! 

Súbita revelação que nos levou a inquirir : 

— Tens então uma familia immensa ? 

— Immensa. 

E n'uma hora completa contou-nos, sempre a caminho, 
minuciosamente a historia d^ella, que nós distrahidos (mas 




fingindo attender), não ouvimos, pelo simples e attendivel 
facto de que mediocre importância podia ter para a ethno- 
graphia africana a reconstrucção das raízes aos ramos da 
gigantesca arvore genealógica do nosso illustre guia. 

A segunda pousada foi na patrulha de Samba Cango, 
onde nos entretivemos com a leitura de um edital do com- 
mandante da divisão (assim se chamam, não sabemos a 
causa, os subalternos dos chefes}, afhxado na parede, cuja 



l82 AFRICA CENTRAL [CAP. 



orthographia e construcção era tal que em cada letra tinha 
uma asneira; exemplo: / acimjicára itendido, etc. 

Seguindo a oessudoeste pousámos no Hango, ladeando 
as serras de Papa. 

A medida que nos approximavamos de Ambaca o Lu- 
calla crescia em leito e volume de aguas. 

Já não era o riacho próximo das terras do Fwwi^-ia-Ebo, 
mas sim um curso de agua accentuado entre os terrenos 
desiguaes por onde serpenteia. 

Successão contínua de valles, uns desnudados, outros ves- 
tidos de verdura, dispostos na perpendicular á linha que se- 
guíamos, contrasta com as formações da margem opposta, 
onde se via a elevada serra Vunji. 

O curso sinuoso é semeado de pedras, pequenas ca- 
choeiras e outros embaraços que lhe tiram todo o valor. 

Parando no caminho apenas meia hora, fizemos n'este 
dia umas boas 12 milhas, indo estabelecer o bípouac em 
Bulo Jango. 

Ao noroeste uma extensa serra nos encobriu o horisonte. 

A oeste observavam-se por toda a parte morros azulados. 

A vegetação tende a desapparecer. 

O grés vermelho compõe os terrenos escabrosos dos cam- 
pos suburbanos, onde nem uma senzala se avista. 

Bondo-ia-Quilesso ficava em caminho, onde nos começa- 
ram a apparecer com profusão esses elephantes do reino 
vegetal (bao-babs), em Angola conhecidos pelo nome de 
imbundeiros, cujas formas grotescas não têem similhantes 
na flora africana. 

A marcha então tornou-se rude e incommoda. 

As collinas escarpadas, estevas e rastolhos seguiam se 
flancos abruptos, que nós subíamos e descíamos já com 
bastante difficuldade. 

Adiante transpozemos a custo o rio Gariombo, que se 
divide no ponto da passagem em três troncos distinctos, 
indo cair sobre o Lu-calla justamente onde este rio volta 
ao sul. 



XXlll E OCCIDENTAL l83 

A 8 de agosto chegávamos a Porto Real, pomposo nome 
a que não corresponde o logar assim designado, pois nem 
uma canoa encontrámos. 

Mas tivemos de admirar mais um espécimen do engenho 
indigena, nas exóticas embarcações ali em uso. 

Como não possuem madeira para a construcção de am- 
plas canoas, visto as campinas de Ambaca serem nuas 
(chegando os povos a cozinhar com capim), resolveram 
elles o problema pelo modo seguinte: 

Cortando feixes de viabu^ despojados da cabelleira su- 
perior, seccam-nos por uma exposição prolongada ao sol, 
reunindo-os depois de maneira que a pilha tem a forma de 
um triangulo isorceles, fazendo lembrar as canoas de viba- 
djiy observadas por'Schweinfurth entre os Bornus. 

Seguidamente collocadas na agua, não usam para as mo- 
ver pás nem remos, e apenas no lado opposto ao angulo 
agudo dois muleques com os ventres assentes sobre o bor- 
do, nadando com as pernas, fazem de propulsores. 

É um completo systema de hélices parallelos, que ao tra- 
balharem juntos* seguem linha recta; guinando para um ou 
outro lado, conforme o da direita ou esquerda suspende os 
movimentos. 

A longa pratica tem-lhes adquirido notável experiência, 
fazendo que não haja occasião de engano. 

Após o transporte da gente ainda nos detivemos um 
pouco, a fim de os ver sem cargas fazendo evoluções no 
meio dó rio, com presteza notável; e sendo este por aqui 
povoado de crocodilos, não tem havido exemplo de ser de- 
vorado alguns dos hélices (graças talvez aos feitiços), que 
em geral se compõem de uma semente ao pescoço, um 
chifre ou outro qualquer artigo ! 

Notando similhante processo como digno de ser aprovei- 
tado no mato., promettemo-nos empregal-o em futuras ex- 
plorações que fizéssemos no interior, e deixando o porto 
partimos para a Praça Velha, logar onde outr^ora estava 
estabelecida a residência do chefe, que por mais bem si- 



184 AFRICA CENTRAL [CAP. 

tuada que a de hoje foi justamente posta de parte para nSo 
abrir uma excepção ao velho e useiro costume portuguez 
de installar sempre nos peiores logares. 

Somos assim. 

A hesitar entre Qntra ou a Trafraria para estabelecer a 
sua residência, qualquer bom lusitano optaria pela ultima, 
allegando que . . . está mais á mão, ou é. . . menos incom- 
modo, etc. 

No dia seguinte, transpondo novamente o Lu-calla, deci- 
dimos fazer uma visita á Pamba (sede do concelho), que 
para oeste nos demorava a 5 milhas de distancia. 

A caminho muito cedo, quando a Scops leucotis e a Athe- 
ne perlãta (espécie de corujas), por aqui abundantes, pia- 
vam agoureiras^ empoleiradas em velhas arvores, fomo-nos 
mettendo ao atalho, a fim de pela fresca fazer os necessá- 
rios trabalhos sobre o rio, e dirigirmo-nos depois para o nos- 
so posto objeaivo. 

Não se imagina a decepção que experimentámos á vista 
da aldeiola, que na sua maior simplicidade se reduz a uma 
rua com três casas (se tanto se lhe pôde chamar) e dúzia e 
meia de palhoças. 

Por meio de uma campina desnudada entra-se para o re- 
cinto, tropeçando n*uns grupos de pretos que acocorados 
expõem ao sol e ás moscas dois quartos de boi, algumas 
batatas e farinhas, denominando-o pomposamente co sitio 
de mercado i. 

Rachitica e tristonha, a misera aldeia, assente no grés e 
nos gretados schistos que lhe servem de apoio, carran- 
cuda e como suspeitosa dos próprios que a povoam, é la- 
deada de uns pés de ginguba e de tabaco, os quaes dis- 
persos n^lma encosta que para o norte se inclina, vão en- 
contrar em estreito valle o riacho Pamba. 

Em derredor, como sentinellas gigantes, dezenas de mor- 
ros ergucm-se dos plainos, de escalvados granitos, produ- 
zindo febre ao comtemplal-os. 

Um sol de rachar completa a original impressão, re- 



XXÚ] E OCCIDENTAL l85 

quintada á vista de seis europeus de lenço na cabeça, per- 
nas ulcerosas e aspecto cadavérico. 

Aterra ali a lembrança da morte, que um lucto perma- 
nente ainda mais desperta, visto em Ambaca andar tudo 
vestido de preto. 

Como todos sabem, Ambaca é a pátria d'esses heroes 
que nós respeitosamente apresentámos sobre a designação 
de ambaquistas. 

Claro é que em ponto algum da província se poderia ser 
mais facilmente enganado como nVquella sania terra, com- 
quanto deixasse de nos succeder isso na occasião, pois já 
íamos precavidos, mas havendo tantas vezes sido victimas, 
ao fallar em ambaquistas acode-nos sempre á idéa prevenir 
que se abotoem. 

Dizem que Ambaca foi outr'ora muito povoada; tinha 
opulência, trabalhava, mexia-se. 

Seguidas perseguições e violências da auctoridade (opinião 
d''elles) fizeram com que os habitantes se dispersassem, in- 
vadindo as terras próximas, em procura de trabalho. 

Será isso verdade, e é incontestável que desde tempos 
remotos esse então districto se considerava como 5 mais 
rendoso para quem o administrar é um meio de conseguir 
determinador/w — locupletar-se, disputando-o por isso os 
chefes com similhante manha. 

Hoje mudaram as scenas, e a nossa opinião (que por 
muito simples antevemos já ser condemnada) resume-se no 
seguinte : 

Ambaca nada vale, porque lhe roubaram quanto tinha. 

Que importância pôde ter uma terra com falta de povoa- 
dores, e onde os poucos existentes são systematicamente ex- 
poliados ? 

Exhausta, embora o terreno tenha aptidão para certas 
producções, nada apresenta por falta de amanho. 

A ginguba e o tabaco, principaes culturas no districto, 
acham-se em plantações tão rareadas, que difficilmente se 
comprehende resulte d'ahi a riqueza, de forma que é fácil 



l86 AFRICA CENTRAL [CAP. 

prever o completo abandono d^aquellas elevadas terras, se 
alguma circumstancia imprevista nao vier modificar a situa- 
ção presente. 

Mas como não aspiramos a expor aqui um plano econo- 
mico-administrativo para reorganisar os concelhos da pro- 
víncia portugueza do oeste, continuemos na missão que nos 
é especial, deixando a quem competir tão árdua tarefa. 

Depois de divagar pelos subúrbios o tempo necessário 
para estabelecer três estações do abba, reunir os elementos 
precisos ao levantamento rápido da terra em questão, e de 
visar o terminiís d'essa linha férrea, denominada caminho 
de ferro de Ambaca (por ora existindo apenas na imagi- 
nação ardente dos agricultores e negociantes africanos, e 
em compridas folhas que os archivos especiaes escondem a 
olhos profanos), voltámos á residência do official que substi- 
tuía o chefe, a fim de ahi restabelecer as abatidas forças 
pelo conhecido processo da carne e do pão. 

Depois do almoço apartámo-nos, desejando aos habitan- 
tes de Ambaca mais saúde e menos calor, e cortando a leste 
dirigimo-nos para o acampamento. 

Antes de ali chegar encontrámos uma d'essas monstruo- 
sidades, citadas já n^este capitulo, a qual indubitavelmente 
a natureza produziu em dia de má disposição. 

Referimo-nos a um imbiindeiro, cujo tronco estupendo se 
erguia no nosso caminho, e que pachorrentos ousámos cir- 
cum-percorrer no intuito de avaliar a sua circumferencia. 

Media o Goliath i5 braças completas, e as raízes atira- 
va-as a trinta passos de distancia, sendo precisa uma via- 
gem a fim de ir ás extremidades ! 

De novo nos dirigimos para o rio, que atravessámos 
n'uma jangada, pousando na outra margem, a fim de fazer 
o croquis que apresentamos, lamentando a ausência de um 
paizagista mais hábil do que nós, para da scena tirar todo 
o partido. 

A 8 de agosto continuávamos na peregrinação, a cami- 
nho das Pedras Negras. 



XXIl] E OCCIDENTAL 187 

Subindo e descendo morros e ravinas, fomos caminhando 
entre bosques, peia fresca madrugada, guiados por mestre 
Zéy que de nariz para o chão, assim como nós, procurava 
basaltos ! 

Era agora a nossa mania, em vista de nos terem decla- 
rado que na serra Hengue havia uma rangée basáltica, 
encontrar um bocado, onde quer que fosse, a fim de á von- 
tade podermos recorrer a vulcânicas acções para a explica- 
ção dos penedos de Pungo N^Dongo, que de resto ainda á 
data não conhecíamos. 

Considerando infructuosas as pesquizas geológicas, e por- 
que já mestre Zé, pela vigésima vez, nos mostrasse pene- 
dos, exclamando «é isto», decidimos abandonal-as e admi- 
rar a natureza, a qual ali desenrolava um magestoso pano- 
rama que o dr. Livingstones havia primeiro apreciado. 

A immensa ramagem era ao mesmo tempo abobada e 
sede de uma orchestra, onde passarinhos de todo o tama- 
nho gorgeavam. 

Symphonia original echoava pelas solidões; uma emoção 
indescriptivel nos enchia o espirito, encantados por tão poé- 
tico transe. 

N'um momento veiu-nos á idéa uma incursão nos domi- 
nios da rede, e chamando sorrateiramente os carregadores, 
depois de metter para a algibeira a fatal caderneta e o lá- 
pis, enfiámos para a tipóia, recostando-nos. 

Foi uma verdadeira desgraça, porque instantes depois, 
imaginando viajar em sonho, permittimo-nos cerrar um 
pouco as pálpebras, a fim de que a illusão fosse mais com- 
pleta, resultando sem querer um somno prolongado. 

As duas horas despertámos. 

Olhos semi-abertos, a boca resequida como uma sola, 
reuníamos idéas. 

Estávamos n'uma campina desarborisada, que o sol feria 
de chapa. 

Pássaros, arvores, frescura, basaltos, tudo desapparecêra 
agora ! 



l88 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Da linda paizagem só conservávamos a memoria fugaz ; 
da topographia das terras nem uma palavra. 

— O lá, bradámos, pára, pára. 

E apeando-nos, para descargo de consciência, demos 
uma descompostura áquelles que nos carregavam! 

— Bárbaros, deixaram-nos assim dormir. 

— Vamos, quantos rios passámos, montes, etc? 

E de álbum sobre o joelho, ouvindo e escrevendo, pre- 
gámos á sciencia uma batota, inventando as curvas da ter- 
ra percorrida. 

Achavamo-nos nas margens do rio Heleji, onde se bifur- 
cam os caminhos de Pungo N'Dongo pelo Lungue, e de Ma- 
lange por Calundo. 

Tomando pelo da direita, breve encontrámos uma pa- 
trulha, onde noite de repouso nos dispoz a continuar pelo 
fresco amanhecer a nossa jornada para o sul. 

Entravamos justamente no limite interior da região mon- 
tanhosa. 

De todos os lados, em redor das nossas pessoas, viamos 
serras, picos, morros, cordilheiras, que, projectando uns so- 
bre os outros, pareciam encadear-se sem descontinuidade, 
alongando-se até onde os olhos podiam ver. 

O caminho torna-se de mais a mais solitário, sendo muito 
raro encontrar uma habitação por ali. 

A caça do ar frequentemente apparece. 

De quando em quando uma rola ou perdiz, cruzando os 
ares, atravessava rápida o nosso caminho, sem o mais leve 
íncommodo, pois a abundância agora fazia-nos esquecer que 
a caca também se come. 

Pela primeira vez vimos uns casulos notáveis, cuja forma 
se approxima da do sector tirado a um queijo, tendo dentro 
(facto curioso) mais de uma chrysalida, o que facilmente se 
percebia pelo ruido ao chocalhar. 

As paredes bem entretecidas são feitas de uma substancia 
em tudo análoga á seda, talvez muito aproveitável, e se- 
guramente não conhecida na Europa, como é a da aranha 



XHI] E OCCIDENTAL 189 

qui-vuvi, á qual já nos referimos, e que encontrámos em 
toda a parte. 

Torneando com o trilho em estreitas voltas pelos exten- 
sos bosques, entrando com elle ora n'um riacho de fundo 
arenoso, ora por uma garganta entre encostas a prumo, 
flanqueando as serras Catenda, Cachinje, Quílulo, desem^ 
bocámos para a planície longa e desembaraçada, onde um 




panorama original nos aguardava. 

O quadro que tínhamos sob os olhos abrangia a extensão 
de algumas léguas.' 

Em terreno pouco alto, coberto a espaços pelos ma- 
tutinos vapores, viam-se erguer grupados, sem ordem, enor- 
mes penedos de formas diversas, desde a columna até á 
esphera, projectando-se uns sobre outros, e alongando-se 
para leste, perder-se nos horisontes d'esse lado. 



igO AFRICA CENTRAL [CAP. 

Affectando estranhas configurações, as penedias vistas de 
longe pelo caminho que trilhávamos, afiguram-se a um cas- 
tello colossal, com suas ameias e torreões, obra que só a 
gigantes seria dado architectar. 

Eram as pedras de Pungo-N'Dongo (vulgarmente conhe- 
cidas pelas Pedras Negras), onde o governo de Portugal 
estabeleceu a sede de um concelho. 

A medida que nos approximavamos variava o aspecto 
d^esses rochedos, que a diminuição da distancia fazia mais 
grandiosos e soberbos, por os augmentar rapidamente aos 
nossos olhos. 

Altivos, no meio da planície a que alludimos, parece de- 
fenderem o vasto recinto por elles cercado, dos olhares in- 
discretos e da vegetação que por toda a parte os rodeia, 
contentando-se em levar para lá fresca agua, a qual borbu- 
Ihando-lhe nos flancos, se precipita por vários regatos para 
Qs terrenos mais baixos. 

Emfim, passado tempo avizinhámo-nos da entrada do 
nornoroeste, embrenhando-nos por um carreiro estreito, 
entre as espaldas d^esses colossos. 

Da analyse que fizemos concluímos que são as penedias 
de Pungo N'Dongo, exclusivamente constituídas por um 
conglomerado duro e resistente, em que figuram schistos 
argillosos, de envolta com o gneiss, porphyros, alguma 
mica e a alludida espécie de basalto, para o qual porém 
deve haver toda a reserva, pela duvida em que estamos. 

Dispostos justamente sobre a latitude de 9® 40', alongam- 
se ellas para leste sob o nome de Guingas na extensão de 
25 milhas até ás pedras de Quitoche, perto do ponto de 
affluencia do rio Lombe. 

A primeira idéa suscitada a quem faz a ascensão de 
qualquer dos penedos (porquanto quasi todos são accessi- 
veis), e que, reconhecendo a sua disposição, tenta explicar, 
pela existência em todo o conglomerado de calhaus perfei- 
tamente roliços, a acção indubitável da agua, é que ou- 
tr^ora o leito do rio Cu-anza deslisava pelas pedras, e 



rN 



XXII] E OCCIDENTAL I9I 

um effeito vulcânico, elevando-as, deslocou o curso do mes- 
mo rio umas poucas de milhas para o sul. 

Uma circumstancia que ainda veiu arreigar mais em nosso 
espirito esta suspeita foi a existência, na rocha próxima da 
encosta de um dos penedos, de pegadas humanas á mistura 
com as de quadrúpede, certamente cão, que nós vimos e 
desenhámos por serem authènticas. 

N'uma d^ellas, bastante longa, reconhece-se perfeitamente, 
pela melhor accentuação dos dedos, que o auctor, trans- 
portando-se por terreno húmido e pastoso, escorregara 
ao assentar o pé em terra, resultando doesse facto o com- 
primento excessivo. 

Outras mais pequenas e próximas pareciam ser de mu- 
lher ou de adolescente, todas bem distinctas e sobre que 
nenhuma duvida pôde subsistir. 

— Que pena, dizíamos, não podermos carregar com este 
penedo para a Europa ! 

— Que mina! 

E como por muita parte se encontram em cerros e pe- 
nedos pegadas de felizes, que abalando para o céu (facto de 
resto supinamente material, e se nos afigura uma verdadeira 
profanação «atirar para o céu o que pertence á terra»), 
nol-as deixaram cá como memoria; a exemplo de Bhrama 
em Ceilão, de Mahomet no Sinai (que d'isso encarregou o 
camello), lamentámos o acaso não ter proporcionado a uti- 
lidade de similhantes marcas, no interesse de qualquer cren- 
ça, que tanto aproveitaria da sua exposição methodica e 
bem remunerada. 

No interior, pelos espaços livres entre os enormes roche- 
dos, acha-se construída a villa em ruas tortuosas ao capri- 
cho da disposição das terras, tendo pelos sulcos, onde se 
deposita o húmus, laranjeiras e outras arvores de fructo, 
possuindo entre varias originalidades a de ter um dia me- 
nor que nas terras fora das pedras, pois para ella raia a au- 
rora mais tarde e anoitece mais cedo, em vista da altura 
desmesurada dos penedos. 



192 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Regatos deslísam pelo interior agua fria e limpida, natu- 
ralmente accumulada durante as chuvas em cavidades da 
rocha, e que ouvimos accusar de provocadora do escorbu- 
to, asserção que não garantimos, nem nos merece credito. 

N^uma das viellas encontrámos perto de um cercado enor- 
me bao-bab, ao qual se ligam numerosas tradições, visto 
sobre elle se reunirem em outro tempo os conselhos da cor- 
te da Jinga, na epocha em que a celebrada rainha ali habi- 
tava. 

Para o lado do oeste indicaram-nos umas ruinas, como sen- 
do a antiga residência do ministro portuguez José de Sea- 
bra da Silva, a quem os azares da politica atiraram, no 
tempo de Sebastião José de Carvalho e Mello, da amarro- 
quinada poltrona de direita espalda para as esteiras e ma- 
bellas de uma cama de mato ! 

Emfim, feita a ascensão de um dos rochedos, divagámos 
pela villa, depois de jantar com algum dos amigos, rece- 
bendo pela primeira vez a noticia do que o nosso compa- 
nheiro Serpa Pinto chegara no principio do anno são e 
salvo a Durban, e decidindo, em nosso alto saber, dissipar 
na pátria os exagerados prejuízos que sobre as Pedras Ne- 
gras têem os nossos compatriotas (a quem recommendámos 
Pungo N^Dongo como um dos pontos mais salubres da 
provincia) dispozemo-nos, sem perda de tempo, a proseguir 
nos trabalhos, fazendo o reconhecimento ao Cu-anza. 

A 27 de agosto, deixando com as pedras os ócios de dias, 
dêmos as costas ao arraial e cortámos ao rumo de S. 4 SE., 
a caminho de porto Hunga. 

Já não eram, porém, as marchas certeiras de outr'ora 
que se operavam. 

A alimentação, as aguardentes, e as numerosas comiti- 
vas transitando para a costa, distrahiam todos em conver- 
sas e novidades, tornando-os avessos ao trabalho. 

O calunga, o calunga, eis em que todos pensavam, e vo- 
tando o Cu-anza ao desprezo, chegaram a achal-o o mais 
mesquinho dos rios. 



XXII] E OCCIDENTAL igS 

Mestre Zé, receioso da nossa insaciável e exigente curiosi- 
dade, taxava tudo de pouco importante, convicto de que se 
nos mostrasse uma cataracta nós desejaríamos logo ver duas, 
e bamboleando-se com donaire, parava cincoenta vezes para 
conversar pelo caminho. 

Pelas quatro horas da tarde surgiamos no porto Hunga, 
aonde nos esperava uma elegante casa de campo, circum- 
dada de aprasivel laranjal, coberto de dourados fructos. 

Recebida a visita do velho soba, a quem um monstruoso 
feitiço que lhe haviam feito (na sua própria opinião) o tinha 
cegado de repente, descansámos o dia seguinte no centro do 
expesso bosquesinho, pensando em muitas cousas. 

Breve estaria terminada a nossa tarefa. 

lamo-nos approximando do mundo civilisado, e essa cir- 
cumstancia, embora agradável, tinha um quer que fosse de 
amarga. 

Tristeza inexplicável se apoderava de nós ao reflectir no 
antigo modo de vida. 

Não obstante cheio de perigos e soffrimentos, tinhamo- 

nos affeicoado. 

» 

O seu cunho primitivo e singelo captivára-nos. 

A barraca do dia, os murmúrios do mato, as vozes dos 
nossos, a independência completa, tudo nos perpassava pela 
mente, impressionando-nos. 

Sentíamos saudades, e olhando para os companheiros de 
annos exclamávamos in mente: 

— « Breve desapparecerão para sempre ! » 

Não se vive impunemente, durante mezes, de forma qual- 
quer, sem nos habituarmos, e ha immensa verdade n'esse 
velho provérbio «o habito é uma segunda natureza». 

Custa o que se soffre no meio dos matos adustos de Afri- 
ca, mas no regresso poucos haverá que não tenham experi- 
mentado um sentimento doloroso, ao dar esse golpe que, 
separando-nos de uma vida repleta de movimento e novi- 
dades, atira de novo comnosco para a rotineira existência 
dos mac-adams da Europa. 

voL. n i3 



194 AFRICA CENTRAL . [CAP. 

Que fazer em similhante conjunctura ? 

Erguendo a mão para a laranjeira próxima, esgalhando 
um ramo (com grande desagrado do hortelão), afogámos os 
poéticos sentimentos, que nos iam n^^alma, no sumo de duas 
enormes laranjas. Depois, propondo ao velho Silvério, que 
de barrete na cabeça e de ventre para o ar parecia abysma- 
do nas profundas considerações que sempre suggere a idéa 
doesse circulo (que tem o centro em toda a parte e a circum- 
ferericia em parte nenhuma) a que nós chamamos infinito; 
fizemos a ingestão de terceira, distrahindo-nos com uma par- 
tida á chineza, isto é, apontando a posse de cada laranja 
para quem adivinhasse o numero de gomos, algarismo par 
ou impar. 

Silvério, infeliz em todos os jogos, não atinou uma única 
vez! 

A 29, pelas onze horas, achava-se a expedição a jusante 
dos grandes rápidos de Mutula, perto da residência do soba 
N^gola Quituche, seguindo sempre a margem do Cu-anza, 
onde encontrámos outro regulo sem vista, que apresentou, 
quando inquirido do modo como a perdera, uma rasão em 
tudo idêntica á primeira; a saber: 

Feitiço que lhe pregaram tinha-o cegado de um olho; dias 
depois, outro originou igual desgraça! 

E como só os sobas fossem cegos por esta região, afi- 
gurou-se-nos que por aqui se podia paraphrasear a antiga 
sentença nossa conhecida; assim: 

Na terra dos olhos, quem tem um cego é reil 

Volvendo na perpendicular ao caminho, pois que o rio, 
obrigado pelas penedias, corta directamente ao sul, espada- 
nando por entre os penedos, sentámo-nos á beira dos rá- 
pidos, considerando 

N'aquelle engano d*alma ledo e cego, 

Que as. . . moscas não deixaram durar muito I 

Eflfectivamente assim foi. Este logar estava infestado de 
ninhos das pequenas moscas que, como já dissemos, fazem 



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XXII] E OCCIDENTAL IqS 

mel como a abelha, as quacs, ao presentirem-nos, saíram 
cm turbilhão, dirigindo o ataque. 

Parece que em especial lhes agradava o suor dos bran- 
cos (talvez por menos odorífero e mais salgadiço), e avan- 
çando sobre nós e Silvério, enraivecidas, cobriram-nos com- 
pletamente. 

De cada palmada esborrachávamos dezenas; uma cen- 
tena, porém, logo apparecia para as substituir, sendo inef- 
ficaz o trabalho de as arredar. 

Partindo a fugir, ao longo do rio, caminhámos pelo es- 
paço de uma hora em desordem, entestando seguidamente 
com a senzala Candumbo, onde se encontra o trilho dire- 
cto de Pungo N'dongo para Malanje. 

A leste, n'uma curva desenvolvida e atormentada, alarga- 
va-se o rio, na mais galante das cachoeiras que víramos em 
toda a exploração. 

Denomina-se Caballo. 

O seu aspecto é formidável. 

Linhas parallelas de rochedos espaçados igualmente entre 
si, e n'um desnivelamento gradual, constituem uma extensa 
escada a toda a largura do leito, determinando tantas pe- 
quenas cascatas quantos saltos successivos, que observando- 
se a distancia formam enorme lençol de redemoinhos espu- 
mantes. 

A montante tem elle duas ilhas cobertas de arvoredos, a 
que os indígenas chamam qm-colo (Quiangolo) e qui-colo (Ca- 
quilla). 

Defrojite d^ellas acampámos, desbastando as vastíssimas 
gramineas, em partes trilhadas pelos hyppòpotamos que de 
noite invadem as margens baixas; c, depois de completar o 
croquis da cachoeira, passámos a escrever no diário o que 
v'amos referindo. 

O rio Cu-anza, por todo o trajecto feito, não passa de 
curso de agua sem valor, cheio de obstáculos, onde mesmo 
a transposição de uma margem para a outra é difficíl. Do 
porto Hunga ate onde nos achamos tem seis cachoeiras e 



196 AFRICA CENTRAL [CAP. 

rápidos, d'aqui a montante muitas mais e de maior impor- 
tancia. 

De 40 metros como média de largo, desenvolve-se na di- 




recção de oeste ao longo de uma alta serra, denominada 
Quiambella, que o mai^ina pelo sul. 




Ao safr das planícies do Songo, monótonas, immensas, o 
rio volta quasi perpendicularmente para as terras accidenta- 
das, onde de salto em salto opera a descida até ao mar. 



E OCCIDENTAL 



O morro Catenha e ao nornoroeste os Quitoeto são as duas 
grandes balizas que as aguas do plateau torneiam pelo Lu- 




cuila e Cu-anza para ganhar o leito médio de esgoto, mar- 
cado pelo curso do ultimo. 




Extremamente fértil em peixe, crustáceos e reptis, d'elles 
apresentámos alguns exemplares colhidos mais a montante, 



198 AFRICA CENTRAL [CAP. 

entre os quaeS figura o mimtalandonga, Euprepes Ivensi 
(espécie nova), que, encontrando-sc no rio Lu -ando, habita 
também o Cu-anza. 

Um exemplar de rã, alguns de caranguejos por ali fre- 
quentes, e de reptis, não menos encontrados; peixes vá- 
rios, etc, nadam pelo rio satisfeitos, fazendo nós a apanha 
que apresentámos n^este capitulo, reproducção photogra- 
phica feita na Europa dos espécimens trazidos e conserva- 
dos em álcool. 

Bagres enormes são colhidos no Cu-anza e lagos margi- 
naes, onde depois de seccos ou expostos ao fumo se en- 
viam para o Songo e outros districtos, constituindo um ne- 
gocio indígena de alguma monta. 

Fallaram-nos por lá no celebre peixe-miilher (Manatiis 
senegalensis) , como sendo visto a miude para alem dos rá- 
pidos. 

Nós porém nunca tivemos ensejo, em ponto algum, de 
observar senão a pclle de similhantes animaes, sobre cujos 
hábitos os indigenas contam historias pouco dignas de cre- 
dito. 

Vèem-se por toda a beira do rio hyppopôtamos, bufan- 
do contentes, de envolta com crocodilos, que pelas ilhas 
de areia aquecem ao sol os couraçados dorsos, fugindo ao 
menor rumor. 

As faunas ornithologica e entomologica dão margem para 
largo estudo, o qual um naturalista chegado ali recentemen- 
te aproveitaria com vantagem, mas que nós, cansados, tive- 
mos de pôr de parte, por impossibilidade de nos dedicarmos 
então a taes trabalhos. 

Assim acabam sempre estas viagens. 

O explorador, no principio febril, impaciente, tudo quer 
ver e registar, e da geographia para a meteorologia, doesta 
para as sciencias naturaes, anda em constantes divagações, 
extenuado, esbaforido, entre o theodolito, o escalpello, as 
prensas para plantas e o papel para cartas. 

Mais tarde começa a reduccão. 



T — .^- 



XXII] E OCCIDENTAL IQ(> 

Primeiro sao os insectos, depois as aves, seguidamente 
as plantas, de forma que, quando perto da costa, quasi se 
limita a gcograpliar. 

Durante dois dias continuámos ainda a nossa peregrina- 
ção ao longo do rio, assentando a 3i de agosto, pelas onze 
horas e trinta minutos, o arraial em Quibinda, a fim de ahi 
proceder aos trabalhos necessários. 

D'*esse ponto, a montante obra de 7 milhas, tem o rio uma 
cachoeira denominada Quitaxe, e 8 milhas mais acima des- 
penha-se no Condo, cataracta importante, assas conhecida 
dos nossos negociantes, que de Malanje ali vão como re- 
creio. 

Aqui julgamos a propósito um parenthesis para a seguinte 
e singela consideração : o facto de citarmos as diversões dos 
nossos compatriotas residentes em Malanje, prop5e-se a ad- 
vertir quem ignorar o caso, que as cataractas do rio Cu-anza 
tèem por sina ser descobertas por quantos exploradores es- 
trangeiros se approximam dY*lIas. 

Foi assim que o dr. Livingstone, na sua curiosa traves- 
sia, achou por melhor, abalando do Cabo da Boa Esperan- 
ça, pelo Alto Zambeze ate ao Dondo, descobrir ahi, como 
por encanto, a cataracta Cabullo, que estava a dois passos 
de Cambambe, a qual nós conhecíamos de tempos imme- 
moriaes; e ainda ha poucos dias um outro viajante chega- 
do ao Condo (mupa do) inesperadamente annunciou á Eu- 
ropa que a presenteava com uma novidade hasta entonccs 
desconocidal 

Ora, a simples inspecção do mappa de Angola, denomi- 
nado do marquez de Sá da Bandeira, bastará para mostrar 
quanto essas allcgações desauctorisam os alludidos geogra- 
phos, provando o seu desconhecimento das cartas geogra- 
phicas existentes; e sobretudo o ultimo caso é facto de tal 
ordem, que não admitte commentarios. 

Nós, elucidando o leitor, abandonaremos as cataractas 
do Cu-anza (que não descobrimos) para proseguir em nossa 
viagem. 



AFRICA CENTRAL 



[CAP. 



Saudada a aurora do dia i de setembro com os primeiros 
gorgeios das aves, deslisámos por uma fresca manhã, ao 
rumo de nornordeste, pelo trilho que se dirige a Malanje, 




a fim de ligar os nossos trabalhos com os operados junto 
d*aquelle sitio antes de partínnos para as terras do norte. 




Comprehender-se-ha que tal ligação tinha toda a impor- 
tância, porquanto agora, após mezes, íamos volver a um 



ponto onde o chronometro determinara uma longitude, e 
portanto fazendo segunda observação obteríamos a média 
das marchas com extremo rigor, e o absoluto local de toda 



XXU) E OCCIDENTAL 20I 

a região levantada relativamente a Malanje, a qual por sua 
vez seria corrigida quando estivéssemos na costa. 

Cumpre-nos dizer, para honra do seu constnictor, o sr. 
Dent (de Londres), que o chronometro (dos melhores en- 
contrados por nós), chegou ahi com uma variante de 2,5 
milhas. 

Uma circumstancia de toda a vantagem, é que no traje- 
cto estudávamos constantemente as marchas, pois de tem- 
pos em tempos, parando durante dois, três ou quatro dias, 




com alturas no primeiro e ultimo, obtinhamos aquellas em 
todo o rigor. 

Nunca achámos differenças, diga-se a verdade, e o chro- 
nometro, entrando em Benguelía com 4' . 3o' depois de uma 
verdadeira accUmação, assentou em 7*. 3o', e assim mar- 
chava ao attingirmos a costa. 

Facilmente se deve avaliar quanto um instrumento d'esta 
ordem no mato é auxilio precioso, sobretudo se notarmos 
que o maior curso de agua por nós determinado (o Cu- 
ango) corria na Unha norte sul, e que uma grande parte da 



202 AFRICA CENTRAL [CAP. 

sua projecção foi feito a chronometro, pois que á piancheta 
ou theodolito se tornava impossivel levantar setecentas mi- 
lhas seguidas por entre bosques, morros, regos e campinas. 

O processo geral por nós desenvolvido para o traçado das 
cartas teve sempre por base a determinação constante das 
coordenadas geographicas, para o maior numero de esta- 
ções possiveis, d'onde então, por successivos tours dliori- 
:{Ofi, conseguíamos por cruzamentos abranger uma zona de 
caminho de 20, 3o e mais milhas. 

Aproveitando os três grandes recursos da navegação, la- 
titude, longitude e azimuth, empregámol-os sempre como 
primeiro elemento de todos os trabalhos, e assim os com- 
pletámos depois, quer por theodolito, quer por piancheta, 
nas regiões restrictas e de mór importância. 

O chronometro, portáftto, era um dos mais valiosos ins- 
trumentos, porque tínhamos todas as cautelas, o que se nos 
afigura absolutamente necessário no mato, quando possa 
ser combinado com os satellites de Júpiter para grandes ar- 
cos de longitude. 

Ai porém do explorador que determinar estados seguida- 
mente por sateUites d^aquelle astro! 

Em pouco os erros para um e outro lado suscitar-lhc-hão 
confusões, de que diflicil será livrar-se, podendo só evital- 
as pondo o relógio de parte. 

Um chronometro pelo menos torna-se indispensável, e 
quem á Africa for sem elle, ver-se-ha na impossibilidade de 
trabalhar, ou restringir-se a pequenas porções de terreno, 
de que poderá trazer cartas precisas, com perfis correctos, 
curvas de nivel, mas das quaes a geographia africana de 
hoje pouco aproveitará. 

Passado o resto do dia no Lombe em Caballa, receben- 
do visitas, dando presentes, ouvindo historias, fechámos o 
diário sem noticia de vulto, e dormimos de um somno as 
nove horas que se succederam. 

A 2 de setembro estávamos perto de Malanje, no Lombe 
do Motta, no intuito de ir a Cacol-Calombo visitar umas 



XKll] E OCCIDENTAL 2o3 

grutas, mas que a febre nos impediu, e no dia seguinte 
íamos a caminho de Pungo N'Dongo pelo trilho de Calun- 
do, anciosos de concluir a viagem, visto a gente estar cx- 
hausta de forças e com pouca disposição para obedecer ás 
nossas ordens. 

Muitas comitivas se cruzavam, que nós constantemente 
tinhamos de attender. 

A 8 de setembro chegámos ao campo, terminando a via- 
gem sem incidente importante. 




1 



CAPITULO XXIII 



Novamente acampados — O pulex peneirans e um enio^oario notável — 
Variabilidade dos ventos em Pungo-N*Dongo — O bordão do expe- 
dicionário e a penna do escriptor — Ultimo adeus a Silvério — Cabeto 
e as moscas do Cu-anza — O pára-raios do mato — Capanda e a ve- 
getação para oeste. Noticia sobre a sua omithologia — O sangue e 
o Nhangue-ia-Pêpe— Cataracta no Cu-anza — O sobaDumba— Cas- 
soque — Von Mechow e o seu mau portuguez — O Bango e as va- 
riantes climatológicas — O Cu-anza e a cataracta CabuUo — Ullímo 
olhar para as terras do interior — O Dondo. Recepção e obséquios 
feitos aos auctores n'aquelle ponto — Viagem pelo rio — Luanda. Dis- 
tincçóes, amigos ali residentes — Mossamedes — A caminho da pá- 
tria. 



De volta a Pungo N^Dongo tornámos a installar-nos no 
antigo arraial, a fim de durante alguns dias conceder á ca- 
ravana o repouso necessário para proseguir no trabalho do 
rio e depois caminhar em direcção á costa. 

Dos concelhos mais importantes do interior haviamos já 
visitado Malange, Duque de Bragança, Ambaca, Pungo 
N'Dongo; faltava-nos, pois, Cazengo, Golungo, Icollo ou 
Zenza, e Dondo. 

Como, porém, este ultimo nos ficasse sobre a margem 
do rio, decidimos seguii-o directamente, marginando o Cu- 



206 AFRICA CENTRAL [CAP. 



anza, e então observar os outros, se as forças nol-o permit- 
tissem. 

Passámos, pois, os últimos dias em pleno socego, comen- 
do, conversando, uns em passeios, outros em visitas, alguns 
fugindo ás garras de Satanaz, e pondo-se, por meio do ba- 
ptismo, sob a salvaguarda do Omnipotente, sobretudo ra- 
parigas 'ao que nós de prompto accedemos), e emfim, muitos 
a tratar as doenças que ainda os minavam e outras recen- 
temente apparccidas. 

Desde a partida do Duque de Bragança nos atacara um 
novo flagello, pertinaz, insistente, desconhecido no sertão, 
para concluir de certo modo a historia das misérias que o 
clima, as formigas e os mosquitos tão brilhantemente co- 
meçaram. 

Era a infernal pulga do Brazil (Piilex penetrans)^ que em 
abundância povoa toda esta terra, e introduzindo-se nas 
feridas, nos dedos dos pés c das mãos, ahi provoca ver- 
dadeiras inflammaçõcs, ás quaes se precisa acudir de prom- 
pto, para muito especialmente algum descuidoso negro evi- 
tar o perigo de perder qualquer membro. 

São vulgares os casos de pernas amputadas a pretos que 
se deixam invadir pelo vil insecto, não se lembrando de 
extrahil-o*, e em quem mais tarde, por litteralmente cheios, 
o tratamento se torna impossivel. 

Atacados sobretudo nos pés, andavam elles pelo quilom- 
bo meios coxos, cambaleantes, sendo urgente soccorrel-os, 
a fim de que podessem breve, em retir?.da, carregar os res- 
pectivos fardos. 

Um outro immundo animalejo (espécie de entoioario) 
appareceu também por este tempo, não menos pernicioso 
que o primeiro, comquanto mais raro. 

Introduzindo-se nos músculos das pernas (como no caso 
visto por nós) poe no interior ovos, d^onde sae um verme 
curto e roliço, absolutamente á feição d'aquelles que se en- 
contram na fructa, o qual, abandonado á sua tarefa, opera 
ravages espantosas. 



XXIII] E OCCIDENTAL 207 

Multiplicando-se com grande facilidade, como succede em 
todas as degradadas espécies do reino animal, é bem de 
suppor que no fim de um praso mais ou menos longo a 
victima tenha o orgáo ferido em grave risco. 

Nos quadrúpedes não ouvimos que o encontrassem ; a pul- 
ga ataca os porcos e os cães, sendo um dos acommettidos 
a nossa cadella, á qual era preciso dispensar assiduo des- 
velo, cm vista do deplorável estado em que tinha as patas. 

Parece que as cabras são dos pequenos quadrúpedes os 
únicos livres doestes incommodos visitantes, pois todos nos 
afiançavam não haver exemplo de se encontrar uma inva- 
dida. 

A temperatura nos últimos dias elevára-se bastante, com 
especialidade nos frequentes intervallos de calma que ha em 
Pungo N^Dongo. 

As pedras estão collocadas n^uma zona em que os ven- 
tos têem variações multíplices. 

A regularidade do sueste e noroeste do interior, conforme 
as epochas, não se nota aqui, assim como as certeiras vira- 
ções da costa. 

O vento, rondando constantemente do sueste ao sudoes- 
te, por vezes ao noroeste, produz nos embates, alem da cal- 
ma, um calor insupportavel, que prostra quem está sob a 
sua acção. 

N^estas circumstancias veiu encontrar-nos a tarde de i3 
de setembro, sentados á porta do nosso pequeno tembé, mes- 
tre Zé á direita cosendo um fardo, em frente os rapazes en- 
tregues â faina de organisar as cargas respectivas, e á es- 
querda Capulca dando os últimos retoques culinários n^uma 
perna de carneiro assada, para cuja ingestão nos prepará- 
vamos. 

Restava um ultimio passo, e estaríamos com o oceano, 
nosso elemento, onde desde jovens passámos as melhores 
horas da existência. 

Mais umas poucas de milhas, e capacete e polainas não 
teriam rasâo de ser. 



208 AFRICA CENTRAL [CAP. 



O comprido cajado a que habitualmente nos arrimáva- 
mos, seria substituido pela férrea penna; ás conversas de 
mestre Zéy pôr-se-ía termo com as rabiscas, que, transmit- 
tidas ao publico, lhe traduziriam as nossas impressões de 
viagem. 

Ponderando este ultimo trabalho, estremeciamos. 

Nós, que jamais cuidáramos em soltar pelo mundo o nos- 
so pensamento typographado n'uma folha ou folhas de pa- 
pel, julgávamos ser trabalho superior ás próprias forças re- 
digir de novo as observações e pol-as ao corrente da scien- 
cia sob uma formula acceitavel, e que fatalmente iríamos 
échouerl 

Hoje apenas somos d 'essa opinião quanto k formula ac- 
ceitavel, a qual o leitor resolverá, consentindo que prosiga- 
mos. 

A azáfama da tarde seguiu-se o socego da noite e a elle 
os bulícios da aurora. 

Ao oeste das Pedras Negras o trilho corta directamente 
para o mar por Capanda. 

Como, porém, urgisse ligar os nossos trabalhos de agora 
com os já feitos no Cu-anza, decidimos partir de novo ao 
sul, a fim de encontrar o rio. 

A 14 de setembro, pois, ao nascer do dia aprestava-se 
tudo. 

Dentro da residência de Silvério davamos-lhe o ultimo 
abraço, tristes e saudosos, porquanto a convivência de me- 
zes estreitara entre nós e o bom velho laços de verdadeira 
amizade. 

«Vão, vão! exclamava; a Europa os espera para graíifi- 
cal-os de tanto soífrimento e apreciar os seus serviços. 

«Chega agora a occasião do descanso, é aproveitar. 

«Quanto a mim, estou velho, nunca mais voltarei a vel-os^ 
o sepulchro breve me recolherá os ossos.» 

Bom amigo, recebe d'aqui uma saudade. Praza a Deus 
que taes presentimentos fossem errados e que na tua es- 
treita vivenda, junto da esposa e da innocente filhinha, en- 



XXIH] E OCCIDENTAL 209 

contres agora o descanso necessário, depois de tão laborio- 
sa vida. 

Segundo dizia mestre Zéy as nossas divagações em nada 
seriam perturbadas. 

Poderíamos fazer em socego o reconhecimento do rio, 
contando estar a 23 ou 24 de setembro no Dondo, guiados 
por elle, muito conhecedor de quantos trilhos havia. 

Em linha, pois, desfilámos, pela esquerda das pedras, 
passando uma hora em Caughi, espécie de villa fortificada, 
propriedade de um antigo senhor, que por aqui tem notá- 
vel influencia. 

Hoje em abandono, por causa das dissensões entre filhos, 
está approximadamente reduzida a um montão de ruinas. 

Percorrendo o atalho que continua serpeando por meio 
de tristonhas florestas, acampámos ás doze horas na mar- 
gem do Cu-anza, em frente do sitio denominado Cabeto, 
junto a uma pequena cachoeira. 

Apenas ahi, fomos combatidos em forma. 

Nunca tão pertinaz assalto nos fora dirigido pelas cele- 
bres moscas, de que falíamos, como n'este dia fatal. 

Era impossível socegar, escrever ou propor-se a qual- 
quer trabalho! 

A correr de um lado para o outro, a cabeça envolvida 
n'um lenço, longo panno na mão, pretendíamos enxotar os 
teimosos insectos, que provocados redobravam de furor. 

Era uma balbúrdia extraordinária, de que nem barracas 
nem fumo tiravam partido, e só o declinar do sol e a noite 
poderam desembaraçar-nos, proporcionando algumas horas 
de descanso. 

No dia seguinte partimos com as ultimas sombras. As 
montanhas afastam-se do rio; o solo e o valle, alargando 
n'este ponto, deixam ver parte do curso, que espraia para 
de novo se embrenhar entre os accidentes de um terreno 
convulsionado. 

Sanza Manda ficava-nos adiante, onde enormes barcões 
derrocados indicam o logar em que outr'ora as levas de es- 



210 AFRICA CENTRAL [CAP. 

cravos vindos de alem rio eram recebidas, para seguidamen- 
te as enviarem onde convinha. 

Por aqui notámos pela primeira vez no tecto das casas 
os ramos da n'dui, conhecida na sciencia por Decamej^a-to- 
nantis, e que os indigcnas lá collocam no intuito de pre- 
servar as habitações das faiscas eléctricas. 

Afigurou-se-nos nada aproveitável o pau para similhante 
destino, porque embora muito resistente e talvez bom con- 
ductor, não terminava em ponta; pelo contrario, bifurcava- 
se quasi sempre, não estando alem d^isso regularmente liga- 
do á cúpula do edifício. 

Parece, pois, servir antes de feitiço do que de preserva- 
tivo, assim como as garrafas que adiante encontrámos im- 
plantadas em todos os tectos. 

Volvendo por Gapanda, visto junto á margem do rio tor- 
nar-se a passagem quasi impraticável, seguimos através d''es- 
sas esplendidas cordilheiras de granito, entre as quaes se 
falia da existência de trachytes ou rochas vulcânicas, que 
evidenciadas seriam do maior interesse para a sciencia. 

O terreno vae baixando gradualmente, a vegetação é me- 
nos basta, o capim abundante, do meio do qual emergem 
exemplares de imbundeiros, fazendo lembrar gigantes gar- 
rafas de Ghampagne, palmeiras exóticas e colossaes Erio- 
dendron, de tronco rectilineo, em parte coberto pelos ramos 
da nburututo (Cochlospermum angolensis) de flores amarel- 
las, Erithrinas de cachos encarnados, e outras plantas; onde 
saltam numerosas aves, que cobrem algumas arvores com 
os seus ninhos suspensos, chegando n'uma d^ellas a contar- 
mos quarenta e sete. 

D^entre as mais dignas de menção figura o n giinguachi- 
to, espécie de tucano, conhecido por Biicorax caffer (Boc), 
denominado o peru do mato, mais corpulento do que os vis- 
tos na Europa, longo bico, pescoço pela parte anterior 
vermelho, cauda extensa, o qual em bandos, pousando nas 
arvores elevadas, povoam estes bosques, cada um com a res- 
pectiva fêmea, justamente como os pombos. 



f 



XXIII] E OCCIDENTAL 2 1 1 

A sua caça torna-se difficil pela altura a que sempre se 
acham pousados e porque, postado um de sentinella, ao 
mais leve rumor nas proximidades solta o grito de alarme, 
cô-cô, partindo todos a voar. 

Outro é o Scopus umbretta (Gmelin), a que chamam a furta 
ninhos», á feição do cuco. 

Interessante pássaro, tem por costume, segundo nos con- 
taram, nunca fazer o próprio ninho," e passa o tempo a es- 
preitar a construcção de qualquer, que depois de completo 
furta, introduzindo-se n^elle. 

Emfim, encontra-se também a conhecida Biiphaga ery- 
throrrhyncha (Stanley) ou Tanagra erythrorrhyncha, no- 
tável animal, que se alimenta das carraças, percorrendo o 
corpo dos bois em procura d'ellas e formando os ninhos 
com os pellos arrancados ao gado. 

Bigodes, freiras, viuvas, maracachoes, esvoaçam conten- 
tes por toda a parte, sendo um negocio importante apa- 
nhal-as, para as vendas na costa. 

É extraordinário o movimento ininterrupto de comitivas 
subindo e descendo pelo trilho que seguiamos. 

Raro decorria uma hora que dezenas de negros, com 
cargas ás costas, não cruzassem comnosco, prolongando 
pela mesma forma o caminho. 

O azeite era o artigo que com mais frequência transpor- 
tavam; sem embargo via-se a borracha, algum marfim, gin- 
guba em saccaria, etc. 

São em verdade notáveis as longas marchas dos pretos 
no interior, sobretudo em serviço de correio. 

Espingarda ás costas e mucanda n^um pau, avançam em 
passo largo, chegando a fazer 40 milhas por dia. 

Um portador (espécie de empacaceiro) nos afiançaram 
haver feito viagem, em caso especial, do Pungo N'Dongo a 
Luanda, na bagatella de três dias, volvendo ao ponto de 
partida justamente no mesmo tempo. 

E já que se falia em empacaceiro, apresentando ao leitor 
o retrato de um da Quissama', digamos, para dissipar a idéa 



AFRICA CENTRAL 



[CAP. 



original que doestes homens se tem feito na Europa, duas 
palavras apenas. 

Chegou-se a suppor e a escrever algures que os empaca- 
cetros constituíam outr'ora uma espécie de associação secre- 
ta, organisada contra o cannibalísmo. 

Nunca, propondo similhante questão, ouvimos na pro- 




vinda de Angola quem a corroborasse. EUes próprios não 
têem d^isso a menor idéa. Desde o seu principio parece ha- 
verem sido caçadores de mpacaça (búfalo), e por este gé- 
nero de vida mais atrevido tornaram-se auxílio poderoso 
nas viagens para o interior. Por isso eram empregados no 
serviço de correios, em acompanhar comitivas, etc, do que 



xxill] E OCCIDENTAL 2l3 

resultou o governo portuguez agremiar grande numero d'el- 
les n'uma espécie de corpo, destinado em parte aos misteres 
já alludidos. 

Ultimamente dispersaram-se, e é por exemplo na Quissa- 
ma, onde em muitos casos o cannibalismo se exerce ainda, 
que existem empacaceiros. 

Na longa arma lazzarina vêem-se os anneis feitos de pelles 
dos animaes mortos por elles. 

Envolvidos n^um sórdido panno, trazem comsigo todos os 
artigos necessários para o mato, terminando em geral por 
enfeites de pennas ou chifres na cabeça, para lhes dar um 
tom mais arrogante. 

Assim marchavam estes sujeitos a sós por entre florestas 
e campinas, com uma singela zagaia ás vezes na mão, ali- 
mentando-se de raizes, dormindo nas arvores, combatendo 
as bestas de presa, que frequentemente de sentinella os 
obrigavam a passar, durante dias, empoleirados em cima de 
qualquer bao-bab. 

Entre as comitivas a que alludimos, figurava uma de ban- 
gala, d^aquelles cujos parentes nós haviamos recebido a dis- 
tincta hospitalidade a que dedicámos algumas paginas do 
volume primeiro, e de quem conservamos a mais grata re- 
cordação. 
> 

Acampados. junto de nós, entabolámos sem demora re- 
lações. 

Agora, mansos como cordeiros, fingiam elles não ter o 
menor conhecimento de quanto ali se passara. 

Chegavam, segundo diziam, do sertão de Lubuco (Luba), 
d'onde lhe pedimos esclarecimentos. 

Bem podiamos, porém, interrogal-os, que nada se conse- 
guiria. 

Sempre o mutismo ou o systema da aflfirmativa. 

O que de preferencia nos interessava saber era se exis- 
tia na realidade o grande lago Quifanjimbo, se tinham ali 
canoas e em redor os povoadores pertenciam á raça de 
anões. 



214 AFRICA CENTRAL [CAP. 

A tudo nos respondiam que sim, emquanto desenháva- 
mos o retrato de um, a fim de pelo menos aproveitar d'el- 
les o elemento para os darmos á estampa. 

Convencidos ficámos mais uma vez de não comprehen- 
derem os negros que cousa seja o desenho, e a perspectiva 
então desconhecerem-a em absoluto! 

Parece ignorarem por onde devem começar, não fixam, 
nem se orientam, e por mais que se lhes queira pôr o de- 
senho na devida posição, elles ou o inclinam ou curvam a 
cabeça, sendo-lhe impossivel aperceber as imagens. 

N^este caso, por exemplo, que era um busto, o observa- 
dor deitou-o, não distinguindo sequer ser retrato de homem 
o que tinha na mão. 

Talvez chegasse a convencer-se d^isto se o desenhásse- 
mos de tamanho natural! 

De resto é fácil prever-se quanta difficuldade ha de expe- 
rimentar o homem em conceber uma idéa para que o seu 
espirito está pouco desenvolvido. 

O notável porém é elles executarem algumas obras de 
arte, nas quaes se reyela certo estudo e reflexão. 

Gravam nas armas e em muitos instrumentos figuras de 
animaes e de homens, chegando até n'estes últimos a dis- 
tinguir-se com precisão os caracteriscos da raça preta; con- 
seguintemente, em vários casos, o observador fica sem per- 
ceber por que rasão elle, que confeccionou um boneco para 
lhe servir de feitiço, não comprehende depois o mesmo bo- 
neco feito por mãos mais hábeis e próximo da verdade. 

No meio das comitivas, em marcha no mato, ha sempre 
uma infinidade de objectos curiosos, dignos de exame, so- 
bretudo aquelles que se referem á ornamentação. 

Todos os negros desejam ornar-se desde a cabeça, e os 
ban-gala são loucos. 

Tranças, rabichos, entrelaçavam-se com búzios, contaria, 
chapas de metal, etc, a fim' de architectar os exquisitos pen- 
teados que, em tiras raspadas nos intervallos, levam ás ve- 
zes semanas a fazer. 



XXii;] E OCCIDENTAL 2l5 

Verdade é que depois resistem mezes, sob o inducto re- 
petido de azeite de palma. 

As pennas e pelles sao artigos indispensáveis com que 
elles se enfeitam, conseguindo sempre um aspecto ainda 
mais selvagem. 

A matéria para esses adornos pouco lhes importa. 

Pedras, conchas, cobre e ferro empregam-se indistincta- 
mente. 

Apreciam muitas vezes tanto o fio de cobre como o den- 
te humano. 

O corpo soffre também. 

N'um a orelha furada, nbutro a membrana do nariz, fo- 
ram victimas da ponta do ferro, para ahi introduzir um toro 
de madeira, que os impede no ultimo caso de proceder á 
limpeza necessária, e mesmo a respirar bem. 

Agora a gravura á faca no corpo vae-se vulgarisando, 
devido sem duvida ás viagens para o Luba, e mais ao nor- 
deste, onde similhante gosto é commum. 

Imaginem-se os sofFrimentos doestes selvagens, para con- 
seguir a formosura a seu modo! 

É um permanente cortar em toda a musculatura! 

Se começarmos pela circumcisão, usual entre ban-gala e 
praticada muitas vezes quando adultos^ vemol-os mais tarde 
limar os incisivos superiores, que partem; fazer furos nas 
orelhas, rasgar o nariz, golpeiando por meio do ferro o qua- 
dril, enfeitar o peito, etc, não incluindo as brutaes ope- 
rações dos bin-banda (curandeiros), cujo systema de ventosas 
(a cutello c a chifre de boi) basta para incutir medo. 

Breve, terminadas estas considerações, retiraram-se os 
indigenas pelo bosque fronteiro, onde estava construído o 
respectivo quilombo^ passando o resto da tarde e a noite, 
de cachimbo na boca, em volta das fogueiras. 

Comer não vimos nem um. 

E notável como estes homens, em viagens de longa du- 
ração, supportam as fadigas de extensas marchas, sob pesa- 
dos fardos, sem se alimentarem! 



I 



2l6 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Com descuido sem igual, andam dezenas de léguas, com 
uma raiz de mandioca á cinta, outras vezes sem cousa algu- 
ma, bebendo agua aqui, fumando acolá, e á espreita, resi- 
gnados, de um punhado de farinha. 

Que misera existência arrasta o indigena n^estas viagens 
perigosas, onde muitas vezes o abandonam sem a minima 
caridade ! 

Na comitiva de que falíamos, por exemplo, dera^se um 
frisante facto. 

Dois irmãos haviam partido em companhia para o Luba; 
um d^elles porém, ulceroso e dysenterico, vira-se forçado no 
caminho a largar a carga que o outro tomara e dividira 
pelos amigos, desamparando o infeliz, que preso pelos po- 
voadores foi sem duvida feito escravo. 

A i5 pousávamos no Sengue, onde o Cu-anza tem duas 
cachoeiras, Quissaquina Gaboco e mupa Palanca, no meio 
de terrenos escalvados, cujo aspecto fazia calor; a 16 em 
Mu ta, chegando a 17 por meio de cabeços e cerros ao 
Nhangue-ia-Pcpe, no qual acampámos, perto de uma sen- 
zala cercada de macisso de euphorbias, a fim de no dia 1 8 
visitar a cataracta próxima, o que se effectuou. 

Immensos cajueiros cobriam o terreno em que nos achá- 
vamos. 

Os desfiladeiros, através dos quaes se precipita o Cu- 
anza, apertam-se por maneira que o rio terá ahi, quando 
muito, 3o metros de largo. 

Saltando n'uma catadupa de 8 a 10 metros, continua 
entre pedras o seu sulco sinuoso para o oeste, desviando-se 
aqui de um cerro, introduzindo-se mais alem por uma gar- 
ganta, de que a serra Cassasio, no districto dos Nliongos, 
constítue grande obstáculo. 

Junto da cataracta observámol-o da elevada escarpa da 
margem direita, cuja altura era tal, que difficil nos foi dis- 
tinguir um pescador que em baixo divagava pela margem. 

Escusado será dizer-se que em similhantes circumstan- 
cias náo é navegável, e d^ahi até ao Dondo não o pôde 



XZm] E OCaOENTAL 2 1 7 

também ser por forma alguma, attento o seu leito peri- 
gosíssimo. 

Feito o levantamento e mais trabalhos consequentes, vol- 
támos ao campo minados pela febre. 

O nosso estado de fraqueza approximava-se do limite. 

Nos últimos dias pouco comiamos, e como geralmente 
após a refeição das três horas sobrevinha a febre, os pou- 
cos alimentos eram rejeitados, de modo que passando dias 
inteiros sem refazer-nos, enfraquecidos sob a doença, tudo 
nos obrigava a concluir uma empreza com que as nossas 
forças já não podiam. 

A caminho, em ig, dirígimo-nos para as terras do soba 
Dumba, potentado importante de outr^ora, com quem o 
governo teve estreitas relações, e que hoje parece decaído 
de importância, pois nem sequer pensámos em visital-o. 

Aqui apresentou-se-nos o mais serio embaraço que em 
todo o trajecto entre Pungo N*Dongo e o Dondo se encon- 
tra, o qual de futuro, na construcção de uma estrada, deve 
dar aos engenheiros immenso trabalho. 

São umas elevadas serras que na perpendicular ao ca- 
minho o barram completamente de norte ao sul. 

O próprio engefiheiro preto, que tão bem traça os seus 
atalhos, pois jamais se atira a rampas forçadas, foi aqui 
impellido a cruzar os montes em sentido directo para ga- 
nhar a vertente oeste. 

Chegados a Danje-ia-Menha, acampámos. 

A febre recrudescera, impedindo-nos todo o labor. 

As feridas escorbuticas tinham-se aggravado tanto, que 
na marcha nos impunham dolorosos soSnmentos. 

As gengivas, inflammadas, sangravam a intermittencias; 
um sentimento penivel de cansaço apoderára-se de nós, e 
quasi não podiamos com o magro corpo, agora isento de 
muitos pares de libras de peso., 

Tomava-se também manifesto um enfraquecimento men- 
tal, por isso o calculo da mais singela latitude bastava para 
nos preparar horas de enxaqueca. 



2l8 AFRICA CENTRAL [CAP. 

Emfim era a anemia, com essa infinidade de symptomas 
hoje mais ou menos conhecidos e que bem pouco agradá- 
veis são de experimentar. 

Consagrado o resto do dia a tratamentos, repousámos; 
erguendo-nos com o louro Phebo a 20 de setembro, e arri- 
mados ao bordão, proseguimos. 

Como acabássemos de transpor pequenos riachos e uns 
estabelecimentos que se denominam Cassoqui, saíu-nos á 
frente numerosa comitiva, a qual pelas cargas especiaes, 
onde se viam caixas selladas, malas novas, etc, nos fez 
antever a presença de algum europeu. 

Inquiridos os portadores, confirmaram-nos a suspeita, e 
em poucos instantes vimos surdir n'uma curva do caminho 
dois brancos, adiantando-se para nós o da frente, que pelo 
porte parecia o chefe. 

Era homem de estatura regular, vigorosa, tez rosada, 
barba loura, envergando casaco de cotim e cobrindo-lhe a 
cabeça um amplo chapéu. 

Inspirando-nos confiança o seu modo prasenteiro, decidi- 
mo-nos quebrar o silencio que guardávamos (suspeitando al- 
gum pouco expansivo filho da Gran-Bretanha), e dirigir-lhe 
o comprimento de estylo entre nós: 

«Bons dias, cavalheiro.» 

A sua resposta logo percebemos que a nossa lingua lhe 
era pouco familiar; entretanto devagar e com pausa conse- 
guimos fazer-nos comprehender. 

Após dez minutos de conversação, tinhamo-nos apresen- 
tado mutuamente. 

Von Mechow, pois era elle, explorador allemão, vinha de 
Luanda e dirigia-se para Malanje, onde tencionava organi- 
sar comitiva, para com um bote próprio que possuia fazer 
por agua a descida e reconhecimento completo do Cu-ango 
até ao Zaire. • 

O transporte de cargas e embarcação haviam dado ao 
illustre viajante bastante trabalho, pela falta de portadores 
aptos e de homens que o ajudassem. 



XXUl] E OCCIDENTAL 219 

A sua boa vontade, porém, a tudo fazia face, e contente 
dispunha-se a tentar fortuna. 

Expostas algumas das dificuldades por ali encontradas, 
as quaes Von Mechow parecia pouco perceber, e que ver- 
savam principalmente sobre a Jinga, seus habitadores, e 
emfim sobre a febre e sofFrimentos do sertão, íamos se- 
parar-nos, quando elle, cortando o fio do extenso discur- 
so, nos interrompeu: 

fiSignhory disse em mau portuguez que nos fez sorrir, 
estar muito coitada h 

Presumindo ser uma apreciação relativa ao nosso lasti- 
moso physico, apropriávamos um ar compungido, quando 
elle erguendo a zagaia que trazia enfeitada com o pennacho 
da cauda de um boi, tendo na ponta uma raiz de mandioca, 
exclamou para a arma: 

€ Estar muito coitada também h 

Desconcertados e meios confusos, conhecendo que a ex- 
clamação não mirava o intuito que suppunhamos, mas sim 
ir tudo conforme (por não vermos a zagaia precisamente 
anemica como nós), demos remate á entrevista, dizendo: 

€ Estar tudo coitada i> (tudo vae bem). 

Com um aperto de mão apartámo-nos, reflexionando en- 
tre ambos: 

«Elle entra, nós saímos. Deus o fade bemi» 

De Cassoque acampámos no Bungo, passando ainda esta 
noite com febre. 

Achavamos-nos então a 279 metros; breve estaríamos 
ao nivel do mar. 

Que differença na temperatura, na pressão e no meio 
em que viviamos agora! 

O fresco sueste das altas planuras fôra-se. 

A atmosphera, pesada e sombria, annunciava-nos a pro- 
ximidade do oceano, pela accumulação de vapores que a vi- 
ração reunia sobre as extensas terras litoraes. 

» 

Entretanto sobre veiu a noite; os montes que nos cer- 
cavam, variando de tinta, passaram successivamente do azul 



220 AFRICA CENTRAL [CAP. 

ao branco brilhante, iliuminados pela lua quasí em quarto 
crescente. 

Desde a véspera que por assim dizer não comiamos. 

O estado do estômago e da boca, de envolta com as fe- 
bres, nao o permittia 

Era esta a ultima vez que envolvidos nas pelles dormi- 
ríamos nos fundos a moda do mato para depois transpor 




os limites da civilisação, onde os nossos trabalhos pouco ti- 
nham a analysar. 

Dissipadas as trevas da noite pozémo-nos a caminho, ne- 
cessitando então recorrer á tipóia. 

O atalho flanqueava a vertente sul da serra Luena, por 
cima de terrenos accidentados, interrompidos pelas ravinas; 
ahi pequenos cursos de agua murmurando fam encontrar 
não longe o curso do Cu-anza, o qual entre serras se despe- 



XXIll] E OCCIDENTAL 221 

nha em Cambambe na cataracta Caballo, ultimo obstáculo 
que no seu longo percurso encontra para alcançar o oceano. 

Repousando alguns minutos sob um dos bao-babs, lançá- 
mos o derradeiro olhar para as terras que ao oriente nos 
ficavam, e despedindo-nos partimos. 

Eram dez horas e trinta minutos. 

Ao sair do bosque divisámos um, adiante dois, seguida- 
mente muitos postes telegraphicos, symbolos do progresso, 
que nos trouxeram á realidade. 

Eis a obra dos brancos ! 

Passando os Pambos, encruzilhada onde numeroso gen- 
tio reunido estava em quitanda (feira) permanente, avistá- 
mos ás onze horas e trinta minutos a argêntea fita que nas 
extensas planicies marcava, dardejada pelo sol, a agua do 
Cu-anza. 

Era o mesmo rio que nós conhecêramos tão perto da nas- 
cente, estreito, socegado, de margens areosas, e que engros- 
sando pouco a pouco se nos apresentava agora magestoso 
e amplo. 

Por meio das quebradas observámos a tristonha villa do 
Dondo, no centro de bouquets de palmeiras e coqueiros 
esguios. 

Findara a nossa missão. 

Os atavios do mato e artigos de uso para transportar 
cargas ali, requeriam ser uns substituídos, outros abando- 
nados. 

Emfim ao meio dia, na encosta de um cerro, fizemos alto 
para abraçar e receber o europeu que nos surprehendêra. 

Duarte Silva, official do exercito de Portugal, um dos dis- 
tinctos e infatigáveis trabalhadores da grande commissão 
que o governo portuguez mandara á Africa para especiaes 
trabalhos de obras publicas, apercebendo-nos do seu cam- 
po, abalara pela encosta, a fim de felicitar-nos. 

Labor omnia vincit. 

Breve a noticia da nossa chegada correu entre os acam- 
pamentos limitrophes da expedição, d^onde outros amigos e 



222 AFRICA CENTRAL [CAP. 

companheiros nos enviaram felicitações e convites, com os 
quaes passámos horas agradáveis. 

Em seguida foi-nos offerecido pela bizarra corporação 
commercial do Dondo um banquete, onde tivemos o prazer 
de ser pessoalmente apresentados aos cavalheiros que a 
compõem, os quaes com inimitável delicadeza nos dispensa- 
ram os maiores favores e elogios. 

Aprestando a partida pensávamos ainda, abandonando o 
curso do Cu-anza, seguir para o norte pelo valle do Bengo 
e alcançar assim por terra a capital da provincia. 

Os conselhos de alguns dissuadiram-nos doesse propósito, 
dizendo que as nossas exhaustas forças estavam pouco para 
eommettimentos. Preferimos a vinda pelo mar*. 



1 Durante a viagem observámos o que podemos sobre o rio. 

A bacia do Cu-anza é uma immensa planície de solo balofo, lama- 
cento, formado pela acção das aguas, extremamente fértil, que apenas 
teria limite no amplo producto da canna, na mão de obra disponí- 
vel, mas cujo cultivo um clima pestilencial impede. 

Toda esta região é cortada por sulcos de agua, e cheia de lagoas, 
que por pouco inclinadas inhibem o esgoto necessário, formando per- 
manentes pântanos. 

Assim, percorrendo as margens, vc o viajante, após esforços de an- 
nos, uma única plantação no sitio do Bom Jesus, c duas dúzias de 
mesquinhas senzalas, onde os indigenas mal resistem á influencia do 
clima. 

Estrada importante do interior, o Cu-anza não deve por forma al- 
guma ser abandonado, pois se nos afigurou que com exíguos recur- 
sos e um attento estudo do regimen das aguas, poderia ser em todas 
as epochas perfeitamente navegável por vapores do porte de Silva 
Americano, 

Em quatro ou cinco pontos acha-se elle hoje mais ou menos em- 
baraçado, mas se dissermos que n'esses logares.os indigenas, saltando 
á agua com ella pelas curvas, desencalham os barcos, bem se com- 
prebende que o trabalho de dragagem é dos mais simples, porque de 
per si só o braço do homem e a pá removem em grande parte similhan- 
tes diíRculdades. 

Emfim, a barra carece de estudos especiaes, que seria vantajoso 
attender já, a fim de que, por causa do esquecimento prolongado, não 
venha no futuro a obstruir-se de todo. 



xxili] E OCCIDENTAL 22*3 

A 11 de outubro embarcámos no vapor Silva Americano, 
para nos conduzir até ao Cunga, e a cujo commandante, o 
sr. António de Sousa, agradecidos aqui deixámos um teste- 
munho da nossa recordação. 

Do Cunga, um outro de maior porte nos levou a Luanda*, 
onde demos entrada a i3 de outubro do anno de 1879, en- 
contrando em s. ex.* o conselheiro Vasco Guedes de Car- 
valho e Menezes, então governador geral, o mais dedicado 
auxilio e a mais aflectuosa recepção. 

Havia setecentos e vinte e nove dias que largáramos da 
capital em viagem para o sul. 

Ahi fomos recebidos com toda a comitiva em casa do sr. 
Manuel Raphael Gorjão, intendente geral das obras publi- 
cas de Angola, para quem os maiores elogios são poucos; 
cavalheiro a cujo esforço e intelligente actividade se devem 
todos esses melhoramentos de que hoje gosa a provincia, 
os quaes bem revelam a alta maneira de ver doesse ho- 
mem superior, que avaliando com justo senso as necessi- 
dades d'ali, trabalhou por forma a dotar a citada provincia, 
no curto espaço de três annos, com uma extensa linha te- 
legraphica, ampla officina perfeitamente montada, hospital, 
postos meteorológicos, escola profissional, o estudo defini- 
tivo de uma linha férrea na extensão de 25o kilometros, 



1 A cidade de S. Paulo da Assumpção de Loanda, disposta na ver^ 
tente norte das terras alterosas que terminam no mar pelo morro de 
S. Miguel, còmpóe-se de uma parte elevada e outra rasa, respectiva- 
mente denominadas cidade alta c baixa. 

Em derredor tem os bairros indígenas, como o de Sanga-n'dombe 
e N'gombota, e numerosas casas de campo, que se designam musseques. 

A ^^"3 da população interior não excederá a 9:000 habitantes, sendo 
homens 3:5oo, mulheres 3:ooo, creanças do sexo masculino 1:200 e do 
feminino i:3oo. 

Os povoadores europeus sobem quando muito a 1:100, de que duas 
terças partes são degredados. 

Os musseques contam 2:000 habitantes, e os subúrbios e ilha 2:35o, 
de forma que a população englobulada representa o algarismo 1 3:35o, 
approximadamente. 



224 AFRICA CENTRAL [CAP. 



rasgando para o interior um sem numero de estradas, como 
a do Cacuaco, a do Dondo para Caculo, obra de arte sur- 
prehendente, a do Biballa, etc, etc. 

Ahi passámos agradáveis dias no mais intimo e alegre 
convivio. 

A associação commerdal de Luanda distinguiu-nos poucos 
dias depois n'um banquete, a que assistiu s. ex.* o gover- 
nador e todo o corpo commercial, e onde nós ainda recebe- 
mos outra recompensa dos nossos trabalhos e fadigas. 

Emâm veiu o tour dos bons amigos que para ali tínha- 
mos: José Bernardino, então secretario geral, Joaquim Sal- 
les Ferreira, Francisco Salles Ferreira, Guilherme Gomes 
Coelho, Miguel Tobin, delicado representante do banco Ul- 
tramarino, José Maria do Prado, I. Newton, dr. Oliveira, 
dr. Lopes, Miranda Henriques, Urbano de Castro, e tantos 
outros, são pessoas que jamais esqueceremos. 

Decidida a nossa viagem para Mossamedes, onde um 
clima mais benigno nos facilitaria o trabalho de recapitular 
todas as notas e reconstituir o enfraquecido corpo, partimos 
sem demora a bordo do vapor Zaire, do commando de Pedro 
de Almeida Tito, que ainda doesta vez nos recebeu com a 
maior affabilidade. 

Justamente na noite da partida appareceu-nos, como por 
encanto, Avelino Fernandes, um antigo amigo, com quem 
Stanley, Serpa Pinto e nós convivêramos antes de encetar a 
nossa viagem, activo, intelligentç e alegre moço, muito in- 
clinado aos trabalhos de exploração, e que jamais nos olvi- 
dara durante os nossos labores. 

Pesquizando, informando-se aqui e acolá, Avelino Fer- 
nandes espreitava o momento de nos poder salvar de em- 
baraços, e na costa, ao ouvir que no interior nos achávamos 
em dificuldades e com exiguos recursos, o audaz mancebo 
havia decidido ir em nosso auxilio, quando melhores noti- 
cias o dissuadiram. 

Acabava n^esse momento de chegar de Vivi, onde esti- 
vera com Stanley, admirando a hercúlea obra a que esse 



XXIII] E OCaOENTAL 22$ 

homem de rija tempera mette hoje hombros, e ao presentir- 
nos correu a abraçar-nos. 

Em Mossamedes passámos dois mezes com esses intelli- 
genies mancebos que então occupavam os logares impor- 
tantes das obras publicas, e de quem recebemos tantas pro- 
vas de affeição, que impossivel seria agradecel-as. 

Começávamos a respirar mais livremente. 

O esplendido clima de Mossamedes, a alimentação suc- 
culenta e á moda europêa, breve nos reconstituiram as for- 
ças, que um trabalho moderado ajudava. 

Pensámos, pois, que era tempo de volver á pátria, e pe- 
los fins de janeiro, com os uhimos adeuses, apartámo-nos 
a bordo do vapor Bengvella, do commando do capitão José 
Roberto Franco, nosso estimável amigo. 

Aqui tendes, leitor, como se passaram em Africa todos 
os factos durante essa campanha de dois annos, que nós 
tivemos a honra de dirigir e a ousadia de vos apresentar 
sob a exagerada forma de dois volumes em oitavo. 

Esperando agora da vossa benevolência a desculpa de 
mais um abuso, pedir-vos-hemos o favor de ouvirdes ainda 
duas palavras em conclusão. 




i ■ 



CONCLUSÃO 



Chegando ao termo doeste trabalho, entendemos conve- 
niente apresentar em verdadeira synthese as soluções mais 
importantes do nosso estudo, a fim de que, engloboladas, 
possam avalial-as mais completamente aquelles a quem in- 
teressarem. 

Os limites impostos a esta obra, e um justo receio de 
nos tornarmos enfadonhos, não permittem prolixidades. 

Tocaremos pois ao de leve os tópicos principaes, expon- 
do os factos que lhes são relativos; n''uma palavra, enca- 
deando a substancia dos dois livros, pela formula mais sin- 
gela que podermos. 

Começaremos por um aperçu geológico. 

A disposição da terra no continente africano, e com es- 
pecialidade ao sul do equador, já todos hoje conhecem. 

Uma bacia central deprimida, cercada por um vasto cir- 
culo de terras altas, que gradualmente descem para o mar, 
e por onde em profundas ravinas saltam espumantes os 
grandes cursos de agua, de origem interior, até se espraia- 
rem na região baixa e alagadiça que defronta com o oceano, 
é tudo quanto se pôde dizer. 



228 CONCLUSÃO 



Sob um ponto de vista geológico muito genérico, podem 
definir-se essas regiões distinctas do litoral para o interior 
pela seguinte forma: a do calcário, a do grés e a do granito. 

Se pqrém quizermos entrar mais detidamente no assum- 
pto, veremos não serem rigorosas estas distincçoes, que as 
terras em parte se confundem ou alternam, e faltam emfim 
as precisas linhas de demarcação. 

A natureza geológica da costa de oeste, nos pontos por 
nós observados de Luanda a Mossamedes, e mesmo mais 
para o norte, mostra em geral perto do mar uma zona de 
depósitos terciários, farta em massas de sulphato de cal e 
siandstones, de que as separam por camadas de cré bran- 
co, alternando com as rochas primarias pela maior parte 
gneiss, abundante em quartzo; pela mica o honiblende, o 
granito e o porphyro granulado. 

Para o sul apparecem grandes tractos feldspathicos. 

Em Mossamedes o sulphato de cal compõe montes intei- 
ros, e o carbonato de cal accumulado em conchas é muito 
frequente. 

Entre as camadas em stratificação encontra-se o sal gem- 
ma, assim como o nitrato de potassa, que avulta. 

Ao longo da serra de Mocambe, parece, conforme nos 
informaram, existir uma linha basáltica de grande compri- 
mento. 

D'ahi começam os terrenos movediços, extremamente fer- 
teis em areia, constituindo verdadeiros saharas, como no 
parallelo da bahia dos Tigres. 

Na transição da zona baixa para o interior, por exemplo 
no Dondo, vastos tractos de rochas schistosas, em perfeita 
folha, compõem o solo; o grés e o standstone, avermelhados 
pelo oxydo de ferro, vêem-se por toda a parte. 

Mais para o interior, em plena região montanhosa, o ter- 
reno é constituído por uma rocha granito-quartzosa, muito 
dura e compacta, por toda a zona atravessada até Pungo 
N^Dongo, tendo para a encobrir terras provenientes da des- 
aggregação do mesmo granito. 



CONCLUSÃO 229 



Estes caracteres geológicos devem naturalmente succe- 
der-se ao sul e ao norte por idênticas regiões parallelas, 
com variantes para o plan^alto, onde se viam ás vezes o 
grés vermelho duro e resistente, e as rochas feldspathicas, 
como na bacia do Lu-calla, etc. 

As indicações sobre minas variam. 

Na primeira parte do nosso trabalho falíamos d''ellas, 
quando no Dombe. 

Para o sul, em Mossamedes, nota-se o carbonato e sul- 
phato de cobre em pequena quantidade, nas camadas de 
gesso que elle cora de verde. 

Existe também ahi o asphalto, segundo suppomos, e no 
Dondo e em Oeiras, ao norte, o carvão mineral. 

Doeste porém não garantimos o indicio, por ser fácil con- 
fundir-se com qualquer betume. 

De metaes preciosos pouco se pôde dizer. 

A mica tem no interior illudido muitos que julgavam 
possuir o segredo de uma mina de prata. 

Ainda assim fallaram-nos da existente na margem esquer- 
da do Lu-calla, perto do Banza Dalango, cuja visita já tem 
sido tentada de Malanje. 

A jinga parece abundar. 

Para Cambambe dizem também existir signaes d'ella; 
nunca, porém, tivemos ensejo de obter a necessária com- 
provação. 

A verdade é que ha ferro e cobre por todo o continente, 
o primeiro de boa qualidade e o segundo não inferior ao 
americano, que os indígenas aproveitam, e do qual apontam 
como os maiores jazigos a Gatanga e Garanganja. 

Desarborisadas de modo desigual, as três zonas de que 
vamos fallando podem classificar-se relativamente á flora 
pela seguinte designação : do mangue, do bao-bab e da acá- 
cia, sendo esta a interior, em geral considerada mais salu- 
bre, onde a influencia paludosa menos se sente e o europeu 
emfim pôde com facilidade resistir. 

Quasi todos os viajantes apresentam a este respeito uma 



23o CONCLUSÃO 



notícia favorável, sobretudo na transição para a zona monta- 
nhosa. 

Os grandes cursos de agua que a sulcam, destacando-se 
rápidos das nascentes, a fim de se precipitarem para as 
regiões baixas, não alagam ou se espraiam pelas terras 
próximas, fazendo que em muitas partes sejam então raros 
os pântanos. 

A meio doeste vasto tracto de terreno acha-se o solo 
elevado sob o parallelo 1 1% baixando gradualmente para o 
norte ou sul. 

Verdadeira nervura que o continente atravessa de leste 
a oeste e constitue a linha divisória das aguas dois grandes 
rios Zambeze e Congo-Zaire, é quanto a nós a mais apro- 
priada para residir ao sul do equador, entre o trópico e elle, 
parecendo estar subordinada não só á distribuição das plan- 
tas, mas de certa forma influir sobre os povoadores cen- 
traes. 

Um facto digno de especialisar-se, é que debaixo do ponto 
de vista, quer physico, quer intellectual, as tribus acham-se 
dispostas a partir d^essa região elevada, em escalas descen- 
dentes para o norte, sul e oeste, descendo á costa. 

Se tomarmos os ganguelles e ma-quioco para termo doeste 
simile, veremos nos povos que se approximam do mar, como 
ba-cuisso, ba-cuando, typos relativamente inferiores aos da 
região elevada. 

Se ao contrario caminharmos em direcção do norte, obser- 
varemos no jinga, ma-hungo e ma-iácca a mesma sensivel 
differenca. 

Para o sul dá-se a mesma circumstancia, se attendermos 
a que os povos hottentote e betjuana são considerados os 
typos mais envilecidos da raça negra. 

A explicação de similhante phenomeno não se nos afi- 
gura fácil. É natural que a altitude e a natureza do solo 
concorram para isso, mas sem duvida a especial influencia 
consiste em acharem-se elles distantes dos centros commer- 
ciaes, sendo portanto obrigados a viagens. 
m 



CONCLUSÃO 23 1 



As tribus que hoje habitam as terras percorridas por nós 
no grande continente, parece terem tido pela maior parte 
origem em pontos remotos e proveniências diversas, accen- 
tuando-se mais tarde os typos por acções perfeitamente 
locaes. 

Sc pozermos por agora de banda os povos do litoral, po- 
deremos ver no homem do interior, bièno, ganguella, quioco, 
etc, uns traços geraes que pouco se afastam dos que va- 
mos expor. 

Esqueleto desenvolvido, ossos proeminentes, músculos 
fortes, sobretudo da parte superior do tronco, curvatura 
pronunciada da columna vertebral, logo acima da bacia, 
craneo dolichocéphalo, chato dos lados, arqueando-se no 
frontal, dentes obliquos, excedendo os superiores, a cor da 
pellc variando do preto ao bronzeado escuro. 

Para o norte o typo pareceu-nos diíferir muito do que fi- 
ca exposto. 

Pelo maior numero de cor retinta, o indígena d^ali, e o 
jinga em especial, não tem o desenvolvimento physico das 
tribus de leste, é mais franzino, e exceptua-se apenas pelo 
prognathismo subnasal, talvez menos pronunciado ou um 
angulo facial mais próximo 70®. 

Pouco activos e investigadores, os jingas, por haverem 
habitado perto do mar, que sem trabalho lhes satisfazia 
grande parte das necessidades, parece resentirem-se d^isso, 
nao tendo disposição para as largas viagens e grandes ne- 
gócios. 

Attentas as circumstancias exaradas, e o facto dos de 
sueste principalmente se referirem em suas lendas a uma 
vinda do norte, forçoso se torna admittir que em epochas 
remotas o sertão africano foi theatro de uma grande evolu- 
ção, resultando serem invadidas as terras de que estamos 
a tratar. 

Gomo porém (e já o citámos) á chegada dos povos de 
Cassanje os jingas estivessem estabelecidos no litoral, in- 
fere-se logo que estes (Muco-N^gola ou Mona-N'gola) inva- 



232 CONCLUSÃO 



diram Angola, fixando a sede do respectivo governo em 
Luanda* muito antes dos Tembos pensarem em se dirigi- 
rem para ali. 

A este facto porém acresse um outro notável. 

Os jingas afiançam ter avassallado o Congo quando se es- 
tabeleceram. 

Existia pois já o reino do Congo organisado^. 



1 Lu-anda significa sem duvida parte baixa, adoptando-se esta de- 
signação por estar ao principio a corte de Angola (N^gola) em Quias- 
samba, na ilha arenosa que defronta a terra alta onde hoje existe 
a cidade de S. Paulo. 

A sua longa configuração poderia talvez ter dado origem ao nome 
Dongo (embarcação gentílica), o que depois os monarchas de N'gola 
conservaram para o districto em que quasi sempre residem. 

Por isso se encontra nas Pedras Negras esse termo designativo dos 
régios domicílios, e hoje na Jinga o sitio occupado pelo rei é ainda o 
districto do Dongo. 

* Bastian diz-nos que «antes da formação do reino do Congo po- 
voavam as margens do Zaire tribus independentes dos ba-Vcheno (?) 
ou ma-fcheno (?) conquistadas e reunidas por um chefe denominado 
Nimia Luco-em (?) primeiro rei d^aquella terra, que elevou a Ban^a- 
ia-Congo» (Ambassi), errada designação, como muito bem diz o esti- 
mável secretario da sociedade de geographia e distincto publicista, o 
sr. Luciano Cordeiro, na sua Hydrographia de Africa, e que vem de 
m*baje-ia-mucanu. 

Seriam pois os ma-4'cheno os authoctonas d'ali? 

Eis o que se não sabe. 

A palavra Luco-em é também original, e decomposta a primeira 
parte parece caber sempre a creaturas especíaes; assim temos na Lun- 
da a celebre mulher de quem falíamos, conhecida por Luco-quessa, os 
mascaras do mato, Luco-iche, que escrevemos Luquiche, e outros. 

São de toda a conveniência as constantes comparações doestes ter- 
mos peculiares, a fim de ver se se consegue o fio que nos guiará em tal 
labyrintho. 

N'esse caso seria Luco-em o primeiro que se intitulou Muene Congo, 
que por corrupção deu Mani-Congo mais tarde. 

E se Congo na lingua de Angola significa devedor ou tributário, e 
iche ou xi exprime propriedade, poderá ver- se n'isso a confirmação de 
que os congos eram tributários de Angola, porquanto ainda hoje o mo- 
narcha doesta ultima terra se designa muen'iche (dono da terra). 



CONCLUSÃO 233 



Doesta fórma assentaríamos em três invasões distinctas, 
podendo denominar-se a dos Gongos, a dos Bondos (os que 
faliam a língua blinda)^ vindos talvez de lácca ou mais de 
leste, e a dos Tembos, que comprehendcria ban-gala, ma- 
quioco, ma-songo, talvez bin-bundo, oriundos da região dos 
lagos, os quaes no litoral se designam por Nano; e assignan- 
do a esta ultima o século xvi, as outras seriam anteriores. 

Estabelecidos os bondos como deixámos dito, é natural 
que perto do oceano, dedicando-se á pesca, se estenderam 
pelo litoral, ao longo de Benguella e de Mossamedes, a fim 
de alargar a área das suas excursões piscatórias. 

Mas então, nas tribus hoje por ahi reunidas, novas va- 
riantes apparecem, que lançam o observador em sérias dif- 
ficuldades. 

Os ba-cuisso, os ba-cuando, os ba-ximba, têem um aspe- 
cto diíFerente, que os approxima do typo hottentote. 

A conformação trapezoidal do rosto, a proeminência das 
arcadas zygomaticas, as formas angulosas, etc, tudo mos- 
tra a influencia d^esses povos do sul nos habitadores d^aqui, 
levando a crer que elles são mixto de bondos e gente do sul. 

Teríamos assim em resumo, para as numerosos tribus 
hoje comprehendidas sob a designação (pouco própria) de 
Negricias, do Senegal para o sul, as seguintes divisões: 

Para o norte as gentes da bacia do Ogowai, os ba-congo, 
de cujo estabelecimento pouco podemos dizer e que talvez 
tenham relações com os povos da bacia do Niger. 

Depois os ban-bondo, que occuparam o reino de Angola, 
vindos do nornordeste, provavelmente do alto Zaire, onde 
hoje se encontram ma-iácca, ma-cundi *, etc. 



1 Não nos parece que os ma-iácca fossem de todo desconhecidos 
na Europa. 

Na Relação annual dos jesuítas (Guiné) de i6o2-i6o5, diz-se: «os 
invasores que na primeira metade do século xvi infestaram as terras 
do oeste denominavam-se no Congo láccas, em Angola Jingas, na 
Ethiopia Gallas, na Guiné Sumbas», 



234 CONCLUSÃO 



Seguidamente as tribus do ma-quioco, ban-gala, ma-son- 
go, ganguella talvez, que comprehenderemos sob o nome de 
ba-lunda, visto dizerem-se d'ali oriundas (conhecidas como 
dissemos por ba-nano), e residindo nas terras já por nós 
indicadas. 

Emfim para o sul, sudoeste e parte do litoral, todas essas 
tribus que incluimos sob a designação de nhembas, ban- 
cumbi, ban-ximba, ba-cuisso, ba-cuando *, etc. 

Eis o nosso parecer sobre o assumpto, que não tem a 
menor pretensão a base de relações ethnologicas das tribus 
da Africa central e do oeste; e registado sem a minima vai- 
dade ahi fica para quem quizer modifical-o com fundamen- 
tos mais seguros do que os expostos. 

Encaradas assim as tribus d''esta parte da Africa, entre- 
mos agora n^um pequeno devaneio em trato mais intimo 
com elles, a fim de nos approximarmos do seu exacto modo 
de ser. 

A vida do africano c singela e primitiva, a sua condição 
social grosseira. 



D'aqm logo se infere que dos habitantes de lacca já havia uma no- 
ção, e por consequência a nossa idéa de os suppor antecessores dos 
Bondos ou Bundas, isto é, que empregavam a lingua blinda, qui-n bunda 
ou lu-'n'bunda, designação pela qual se deve a final abranger todos os 
dialectos das terras de Angola e de certa forma ligal-os com os Accas, 
tem os seus visos de rasoavel. Seguindo attentos o estudo de Schwein- 
furi (verdadeiro mestre em similhante matéria) temos sido fatalmente 
levados a assimilhar os ban-bondo aos Niam-Niam, na conformação c 
disposição physica, c6r, etc, chegando quasi a convenccr-nos das rela- 
ções de parentesco doestes povos tão distinctos. 

1 Os ba-nhaneca e os ban-cumbi occupam approximadamente a 
região comprehendida entre o rio Cu-nene e as vertentes do plateau 
ao oeste. 

Pelo sul limita os ban-ximba, a léstc os ban-cutuba (povos n'hcm- 
bas), ao oeste ba-cuisso (errantes) c ba-cubale, ao norte tudo quanto 
indicamos por ba-nano. 

Cutuba parece refcrir-se á especial disposição do pahno que lhes 
pende da cinta. 



■IH 



CONCLUSÃO 233 



N^um milhar de senzalas por nós visitadas, encontrámos 
sempre com poucas variantes idêntica disposição nas ha- 
bitações, a mesma maneira de estabelecel-as, cobril-as e gru- 
pal-as. 

Estacas ao alto, ou cannas firmes no solo, entretecidas 
de capim ou cobertas de argilla, sobrepujadas de um tecido 
de colmo, com duas ou três divisões internas, figurando 
umas a forma cónica, outras a pyramide de quadrado re- 
gular, algumas o ellipsoide longo, eis tudo quanto obser- 
vámos. 

A casa em geral é propriedade de um só. 

Quasi sempre o chefe reúne em derredor do próprio do- 
micilio as palhoças de todos os habitantes, que fecha com 
uma palissada, deixando-as outras vezes completamente 
abertas. 

Não longe estabelecem as suas lavras ou plantações, 
d'onde tiram o sustento quotidiano, encontrando-se certas 
espécies de vegetaes em roda da dita palissada, como ba- 
naneiras, o stramonium, etc. 

As suas leis e a organisação dos seus estados constituem 
sempre um problema difficil de estudar, que nós tocaremos 
de leve. 

Sendo constante a emigração, as luctas e a instabilidade 
no viver, a ordem social varia conforme as circumstancias; . 
relações de um dia modificam-se no seguinte, o chefe de 
hontem c substituido pelo conquistador de hoje, de forma 
que muitas vezes se nos afigurou para um mesmo povo 
haver principios orgânicos diversos. 

De resto, os elementos da sua legislação (se assim deve- 
mos denominal-a) parece não terem sido baseados no prin- 
cipio orgânico da familia, ou por outra, cremos não se ada- 
ptarem propriamenjte a esta isolada, mas sim ao agrupamento 
de muitas. 

Não foi o patriarcha que, prescrevendo regras aos filhos, 
creou o primeiro elemento de lei, mas o chefe, que dispon- 
do para a defeza ou conquistando, estabeleceu as primei- 



236 CONCLUSÃO 



ras praxes, as quaes impoz a quem considerava seus vas- 
sallos. 

Por isso nos estados do oeste de Africa impera como su- 
premo principio creador da lei a vontade do chefe, sendo 
portanto a lei tão variável como ella. 

Infere-se d^aqui ser a liberdade pessoal verdadeiramente 
problemática por ali; ninguém ha menos livre que o selva- 
gem, cujo viver quotidiano se pauta por exóticas disposi- 
ções e privilégios que o chefe dieta, impõe e não discute. 

No regulo ou no chefe da aldeia reside a lei absoluta e 
suprema. 

Assim, o poder judicial e administrativo, que elle modi- 
fica a bel-prazer, ouvindo quando muito a opinião de alguns 
vassallos (macotas) mais considerados, que geralmente tra- 
tam de conhecer as disposições do monarcha para as apoiar. 

Assim ainda, as querelas ou divisões de terras (origem da 
primitiva legislação entre nós para a garantia da proprieda- 
de), são tudo attribuições d^elle, de forma que a jurisprudên- 
cia se reduz a isto : palavra do chefe e obediência passiva. 

A ordem social e a observância dos determinados precei- 
tos dependem tanto da vontade do chefe, que a desorgani- 
ção é quasi sempre inevitável á morte doeste. 

Desde que um districto perde a auctoridade, os povoado- 
res, á solta, infringem as velhas disposições. 

Controvérsias, tumulto insólito, eis o resultado de simi- 
Ihante situação, que a consciência de uma liberdade ines- 
perada ainda mais augmenta. 

Os fortes opprimem os fracos, commettem extorsões, ata- 
cam a propriedade, roubam; é anarchia completa, a qual 
elles se esforçam por prolongar, e a que só a imposição de 
um muito atrevido e ambicioso dá remate, obrigando-os 
sob a sua vontade a entrar na antiga ordem de cousas. 

Nunca encontrámos a mais singela lei concernente ás pre- 
rogativas politicas, a mais elementar noção de assembléa; 
o próprio direito electivo (mesmo quando o regulo morto) 
não é perfeitamente regulado e está sujeito a factos como 



CONCLUSÃO 237 



aquelle que dissemos haver succedido entre os ban-gala, 
onde hoje não podem eleger o jagga, porquanto um dos 
pretendentes subtrahiu a caixa das insígnias do mando. 

Certo numero de regras e praxes observam-se, é verdade, 
mas facto notável, em logar de respeitarem ao interesse 
particular de cada individuo, ou ao bem commum, tendem 
pela maior parte a praticas de ceremonial, estulticia in- 
qualificável, a que elles se entregam com uma completa 
seriedade. 

As saudações, as ceremonias de recepção, as visitas ao 
chefe, parece exclusivamente occupal-os, e para ellas têem 
normas especiaes. 

Pelo contrario, a herança do filho, o direito de legar o 
que lhe pertence, a posse da esposa, são assumptos que se 
regem por si, estando á mercê da primeira vicissitude. 

As próprias relações com estranhos dictam-se conforme 
as circumstancias, e só em casos extraordinários se pôde 
suspeitar a lei (mas que Icil), como por exemplo: um branco 
entra n^uma terra, comeu e não pagou ou retribuiu pouco; 
o primeiro que passar, embora innocente, pagará por elle ! 

Regulando-se os costumes pelo consuetudinarismo (ao qual 
o tempo dá toda a força) entre africanos *, alguns rudimen- 
tos de lei se haverão engendrado, mas é indubitavelmente 
um facto que o seu progresso tem sido nullo, e n''isto sem 
duvida influe a imperfeita ou desconhecida organisação da 
familia. 

Em matéria religiosa, já no quarto capitulo d''esta obra 
dissemos à peu prés o que entendíamos sobre o modo de 
ver dos selvagens do grande continente, acerca dos feiti- 
ços envolvendo terrores, das falsas noções sobre a divin- 
dade, etc. 

Resumir-nos-hemos ao seguinte: 

Não considerando o fetichismo como uma forma de reli- 
gião, a que nem mesmo cabe o nome de culto de sub- 



ReferimoHios sempre áquelles com quem tratámos. 



238 CONCLUSÃO 



stancias materiaes, persistimos em sustentar que o negro 
nenhuma possue. 

Não se julgue comtudo que contestamos a existência de 
uma religião entre os indígenas africanos, só pelo simples 
facto de se não assimilhar quanto ali vimos ao por nós sa- 
bido a tal respeito; mas porque nem uma só manifestação 
ou modo de proceder nos mostrou em ponto algum pro- 
pender-se para tal fim. 

Se, entretanto, para constituir uma theogonia basta o mais 
singelo sentimento de temor (implicando de certa maneira a 
consciência que o homem nutre de cousas superiores a elle), 
n'esse caso parecc-nos ter religião toda a humanidade. 

Não é porem isto verdadeiro, como diz sir John Lub- 
bock: «pois não pôde olhar-se como a prova da existência 
de uma religião, o receio da creança pelas trevas», ao que 
nós acrescentaremos, o terror do homem quando se appro- 
xima, pelo escuro da noite, dos sepulchros dos seus simi- 
Ihantes. 

Adquirindo um feitiço, o negro suppoe representar elle 
um recurso, mas a que não liga conceito preciso e ao qual, 
quando muito, consagra a satisfação da posse de um obje- 
cto com influencia preservativa contra os malefícios a advir. 

D'esta forma o sobredito objecto não implica a idca de 
relacionação com um principio superior, para quem o feitiço 
tivesse o poder de attrahir as boas graças, mas simplesmente 
meio material, revestido por formulas mais ou menos ma- 
gicas, de contrabalançar acções, na lucta com as quaes elle 
por si só se acha impotente. 

É a magia requintada, completa negativ^a da religião. 

E não existindo esta, chegámos a convencer-nos de se- 
rem raros os sentimentos que a sua influencia desperta e 
fortifica. 

Não é ella (á parte o facto de pôr o homem em relação 
com a divindade), a verdadeira lei da moral que a creou 
e fortaleceu no espirito, o ponto cardeal por onde começa a 
reger-se a consciência através os trilhos do bem e do mal, 



CONCLUSÃO 239 



perfeita escala em que se foram affirmando os sentimentos 
crescentes, na justa medida do próprio progresso d^ella? 

Indubitavelmente. 

Não cabem pois esses devaneios originaes de muitos via- 
jantes que, como Livingstone, imaginaram sentimentos en- 
tre indigenas, encontrando uma inu-roi^c (rapariga) recu- 
sando em casamento o homem que não amava? 

Acaso a preta ama ou pôde amar no sentido elevado 
d'esta palavra? 

Se ella amasse, se tivesse a consciência doesse sublime 
sentimento, que nos abre na terra as portas do céu, mani- 
festava-o em seus transportes, chegando mesmo a possuir 
uma crença, uma religião, pois ao descortinar a felicidade 
comprehenderia que alguma cousa de mais puro pôde haver 
acima da material vida terrena. 

Mas quem conseguirá inspirar-lhe similhante sentimento 
no estado embrutecedor de escravidão em que se acha? 

O esposo? De nenhuma forma. Esse cerca-a de um fér- 
reo cinto de obrigações e trabalhos despreziveis, obriga-a a 
viver entre as urduras, trabalhando em seu proveito; e esta 
não pensa sequer em tocar-lhe, ou mesmo olhal-o, não po- 
dendo comer na mesma mesa e muito menos no mesmo 
prato, nem emfim acceitar da mão d'elle bebidas. N'uma 
palavra, a misera esposa afastar-se-ha do domicilio conju- 
gal em cpochas determinadas de cada mez; e nos momen- 
tos mais sublimes da sua existência, isto é, quando vae jus- 
tamente tornar-se mãe, precisa fugir, indo ter o fructo das 
suas entranhas longe doesse, em quem os peripateticos que- 
rem achar um" marido sentimentalista como os da Europa. 

Presa por esse cordão umbilical que a liga á matéria, co- 
mo guindar-se ás transcendentes regiões do idealismo? 

De maneira alguma. 

A final, em boa verdade, o selvagem não fa:^ precisa- 
mente idyllioy mas fazem-no por elle muitos dos que o 
observam. 

Postas estas considerações, continuaremos convictos pela 



240 CONCLUSÃO 



mesma fórma, que toda a idéa de lhe attribuir uma noção 
sobre o Creador, ^f o«;/é um pouco á maneira da nossa, é 
illusoria. 

O negro não tem similhante noção. 

Esses mesmos monos por elles feitos, em que muita gen- 
te quer ver um idolo, que modificado e desenvolvido signi- 
ficaria a idéa do Supremo, não passam de feitiços, os quaes 
não convém confundir, porquanto o idolo adora-se, perso- 
nifica, por assim dizer, um principio, e tem (se se pôde 
avançar) acção directa que se implora, quando aliás o feitiço 
não a possue ou pelo menos deve esta considerar-se pas- 
siva. 

Muitos auctores porém o sustentam, e entre elles o nosso 
illustre compatriota o sr. A. F. Nogueira (na sua bella obra 
intitulada A raça negra), diz que os ba-nhaneca e os ban- 
cumbi designam com o nome de Huco ou Suco, conforme 
os dialectos, um Deus invisível, que vê, ouve e sabe quanto 
pensámos e dizemos. 

Respeitando a auctorisada opinião de s. ex.*, seja-nos li- 
cito obtemperar que ainda continuamos a suppor ser devida 
ao contacto civilisador tal idéa, de certa forma demonstra- 
da no seguinte período : 

«Não lhe prestam culto ou adoração alguma, mas ...» 

Se admittirmos, como muito bem diz sir John Lubbock, 
que o fetichismo não comporta templos, Ídolos, etc, nem 
cultos, segundo nosso humilde parecer, examine-se o pri- 
meiro passo dado no caminho da religiosidade e veremos 
no totémismo o começo de adoração, que o shamanismo 
desenvolve por êxtases e a idolatria completa por um culto. 

D^aqui por diante todos os progressos religiosos até ás 
formulas superiores têem inherentes essas manifestações. 

Como. pois podem os ban-cumbi (tendo da divindade uma 
tão transcendente idéa, de resto, ao que parece, absoluta- 
mente formulada como a nossa, caso extraordinário que 
só os ban-cumbi conseguiram no meio da humanidade exi- 
mir-se d trabalhadora tarefa de elaboração e successivo aper- 



CONCLUSÃO 241 



feicoamento das concepções religiosas), deixar de prestar- 
Ihe culto, quando attingiram táo alto grau de perfectibili- 
dade sobre a idéa do sobrenatural? 

Por um simples motivo: porque similhante idéa lhes não 
pertence, porque essa noção foi plagiada e trazida para um 
meio pouco preparado, tendo pois valor de todo nullo. 

Ouviram fallar de uma cousa que lhes custava a compre- 
hender e deram-lhe um nome, perfeitamente como ao mar 
— calunga ou lunga, cuja latitude não percebem, assim como 
os ma-quioco possuíam lá o seu N*gana N\ambi^, de que 
nada sabiam também. 

O preto conserva-sè muito distante doesse estado supe- 
rior, e difficil será desligar-se das brutaes superstições que 
em geral o atormentam e uma circumstancia qualquer ag- 
grava, por exemplo a noite, quando a imaginação, mais ac- 
cessivel a terrores, lhe amplia as idcas do dia. 

Sobre a Greação e preces é inteiramente alheio; o próprio 
principio do bem e do mal ainda exige entre muitas tribus 
um attento estudo, para conseguirmos definitivamente esta- 
belecel-o. 

E pouco admire a asserção, porque o seu conhecimento 
envolve as noções do justo e do injusto, e portanto da con- 
sciência. 

E a respeito doesta ultima, nós estamos (não inteira, mas 
proximamente) com Burton, que, fallando da Africa orien- 
tal, diz: 

«A consciência não existe, e o único arrependimento que 
o indígena pôde sentir é a pena de lhe haver fugido o en- 
sejo de perpetrar um crime. O roubo distingue um homem; 
o assassínio sobretudo, se for acompanhado de incidentes 
atrozes, faz d^elle um heroe.» 



1 Deve notar-se sempre que N^i^ambi ou N*:çamha em lun-bundo 
significa elephante, e portanto essa designação tem por fim traduzir 
uma idéa de grandeza, de que lhes Tallaram e elles exprimem pelo 
termo apropriado áquelle animal, o maior conhecido. 

i6 



▼oL. n 



242 CONCLUSÃO 



Este facto está longe de considerar-se na costa de oeste 
rigorosamente verdadeiro, nem mesmo queremos avançar 
que o africano tenha decidida propensão para o crime, como 
notámos na pagina 25 doeste volume; mas commettendo-o 
não experimenta o que nós chamamos arrependimento, por- 
que ignora, segundo parece, ser iniquo o que fez.- 

O sentimento moral acha-se embrvonario entre os indi- 
genas. 

O exemplo vê-se na facilidade com que tratam por paga- 
mento de remir um crime. 

Entre quasi todas, as tribus que conhecemos, o assassino, 
possuindo bens, pôde livrar-se indemhisando a familia da vi- 
ctima com uma determinada quantia; depois fica livre para 
proseguir na mesma senda criminosa. 

Ainda uma circumstancia comprovativa da inconsciência 
do mal feito, é o desembaraço com que elles, mandados, 
se prestam a delinquir. 

Assim vemos qualquer preto, induzido por um chefe, 
praticar um, dois ou três assassinios, por exemplo o muene 
cutapa na Lunda, com a maior naturalidade, sem indícios 
de remorso. 

Affaire de educação. 

Presumimos do nosso gabinete que estas linhas irão cair 
como uma bomba sobre as convicções de muitos notáveis 
pensadores na matéria sujeita. 

É triste. 

Lamentamos que similhante facto se dê, e respeitando 
opiniões alheias, entendemos cumprir um dever, expondo 
aqui o resultado da nossa própria observação, o qual de 
resto podem muitos reputar falso. 

Cumpre advertir sempre por conveniente que as nossag. 
considerações versam sobre os povos do interior, longe do 
contacto europeu, ou não o conhecendo, como ma-coco, ma- 
iácca, ma-hungo, e nunca das tribus litoraes, d'onde se nos 
afigura terem os viajantes trazido á Europa algumas noticias 
inexactas. 



CONCLUSÃO 243 



A questão da linguistica aprescnta-se agora vaga, escura, 
nem sabemos por que maneira penetrar n^ella. 

A ethnologia como a linguistica de Africa constituem es- 
tudos, por assim dizer, desconhecidos, e emittir sobre elles 
qualquer opinião terá o perigo de começar por um erro. 

N'um esboceto, sem o intuito de aterrorisarmos os lei- 
tores, mas para lhes ofFerecer a justa medida do receio que 
inspira uma incursão em taes dominios, enumeraremos de 
relance (obtida a devida licença), algumas das linguas falla- 
das no grande continente ao sul do equador. 

Principiemos pelo norte do Zaire. 

Existem o aschanti, o dahomé, o ioruba, o benga, o ueta, 
o onfué, o onglo, o fanti, o insubu, o dualla, o diquelé, o 
nupé, o ibo, o efique, o maxi, o evé, o otji, o acra, o baza, 
o cru, o crebo, o vei, susu e o mande dos ma-nMinga, o 
timné, ctc, etc. 

No território do Gabão ha o m^ponguè e o ocandé, bem 
como ofiote ao sul, no Luango e Cacongo. 

Nas margens do Zaire o lu-congo. 

Para o sul o lu-n^bundo ou qui-n'bundo, o lu-herero, o 
qui-cobale, o lu-camba, o lun-cumbi, o lu-nhaneca, o lun- 
gambué, fallados na margem do Cu-nene, Ovampo, etc; de- 
pois, costa de oeste abaixo, o nama e o cora (dialectos hot- 
tentotes), a lingua dos bosjeman, que por leste se trans- 
forma no osu, no tonga, no zulu, no tebele, no batsoleta, 
no sechuana, com os seus dialectos serolong, sesuto e sech- 
lapi, os quaes seguidamente cedem o logar ao tequeza e ao 
cafre entre a Zululandia e o Zambeze, e emfim ao ma-cua, 
e línguas de Tete e Senna. 

Ao norte do Nyassa vem o conhecido qui-suahéli, qui- 
jâamézi, qui-nica, e os qui-camba, qui-iáo, qui-cuio, e mui- 
tas outras. 

Por esta assombrosa enumeração, claro está quanto o pro- 
blema é grave, e não podemos nós, com um liniitado conhe- 
cimento, lançar sobre elle a precisa luz. 

Sem embargo, permittam-se-nos duas considerações. 



244 CONCLUSÃO 



A circumstancia que mais deve facilitar a variabilidade de 
uma lingua consiste sem duvida em não ser escripta. 

A minima modulagem ou variante no entoado pôde operar 
profundas modificações na palavra e favorecer a sua conse- 
quente corrupção. 

A mudança de hábitos n'uma tribu basta, segundo pen- 
samos, para introduzil-as. 

O transporte de um paiz plano para a montanha, por 
exemplo, incitará os indivíduos que até ali no valle nada 
observavam a distancia, e não tinham portanto de gritar, 
a prolongarem com o decurso do tempo o som de deter- 
minadas syllabas, cantando por assim dizer a phrase, a 
fim de se ouvirem de uma a outra serra, sem o trabalho 
de a descerem. 

A permanência junto de grandes cursos de agua, cata- 
ractas, etc, produz resultados idênticos, de forma que uma 
lingua abundante em certa região nas terminações esdrú- 
xulas, poderá passar n'*outra a tel-as carregadas no final. 

N'esse caso estão as linguas da Africa equatorial, e ahi 
nos parece se encontra a origem d^essa infinidade de dia- 
lectos que as tribus do sul faliam. 

Na abalisada opinião de R. Hartmann afigura-se incontes- 
tável a existência de um laço intimo entre todas as linguas 
africanas. 

A coberto do parecer do illustre philologo, ousámos tam- 
bém declarar fora de duvida (quanto ás que conhecemos), si- 
milhante relação, e que o lu-lundo, lun-n^bundo, lun-cumbi, 
lu-nhaneca, tebele e cafre, representam dialectos de uma 
mesma lingua mãe, cuja prova breve se mostrará pelo estu- 
do dos vocabulários. 

Basta o simples exame da numeração, entre os diversos 
povos de Africa do sul, para que este rapprochement nos 
salteie a mente. 

O leitor pôde certificar-se, observando os vocabulários 
que adiante lhe apresentamos, se os comparar com os de 
Serpa Pinto, Cameron, etc. 



CONCLUSÃO 245 



N'este ultimo, por exemplo, verá que o dialecto de Rua*, 
embora á primeira vista muito diíferente, tem o algarismo 4 
expresso pelo termo tuâna, que os ban-cumbi dizem cnána, 
os bin-bundo tiána, os ban-bondo biciidna; que o 5 é ali 
tutano, os segundos dizem tdno, os terceiros exprimem da 
mesma forma, e os quartos traduzem bitdno. 

O algarismo 10 possue em todos uma similhança extra- 
ordinária; assim, em qui-rua é di'Cumi\ em lun-cumbi ectimi\ 
em quin-bundo li-cumi^ em lun-bondo cumi^ etc. 

Por esta rápida analyse pôde apreciar-se a verdade da 
nossa affirmativa, que a comparação dos termos mais evi- 
dente tornará. 

As línguas africanas são em geral pobres, imperfeitas, 
complicadas de variadissimos signaes, que por si comple- 
tam phrases, pelo simples motivo de não existirem idcas 
correlativas. 

Por isso faltam áquelles que as faliam muitos termos ge- 
néricos, como para arvores (que clles dizem paus); alem d'is- 
so não conhecem o modo de exprimir algumas qualidades. 

Um exemplo demos n^este volume, cm que o interprete 
não sabendo dizer leaes, traduziu por gordos! 

As dicções como as idéas abstractas, braço, animaes, se- 
xo, cor, são raras, e generalisam-nas por meio dos infinitos:, 
ter, ver, correr, etc. 

Sobretudo para os sexos acrescentam ao qualitativo o vo- 
cábulo homem ou mulher; assim, gallo e gallinha em quin- 
bundo exprimem-se respectivamente por ossanja-olumc e 
ossanja-occai^ gallinha homem, gallinha mulher. 

D^aqui nasciam as extensas orações que tanto nos incom- 
modavam, e a complicada demora em satisfazerem á mais 
simples pergunta. 

Um facto notável é terem os selvagens pouca ou nenhu- 
ma tendência para contradictar. 



1 Qwi-Rua denominado, sendo qui o prefixo, que, anteposto ao nome 
da terra, se refere á língua fallada ali. 



246 CONCLUSÃO 

Talvez que entre elles, nos seus ftmdameJtíoSy se contra- 
digam, mas comnosco succedia o contrario. 

Invariavelmente tinham o swi para tudo, c este defeito 
aggravava-se á medida que os apoquentávamos em nossas 
investigações. 

Era assim que, após uma hora de inquirição, elles, como 
aborrecidos, chegavam a desmoronar todo o edifício por nós 
architectado, respondendo sim a perguntas oppostas ás pri- 
meiras. 

Como os interrogatórios nada os interessassem, cansa- 
vam-sc, conforme se nos afigurava, se não era o próprio 
espirito que lhes repellia um trabalho exagerado. 

As idéas de tempo, de distancia, de numero e de quanti- 
dade são entre elles confusas, e ás vezes avaliadas por uma 
forma que deixa o europeu perplexo. 

Exemplo : 

— Quanto tempo levaríamos d\iqui ao ponto onde o 
Cu-ango entra no Zaire ? 

Depois de extenso preambulo, eis a resposta : 

— Precisa gastar dois pares de alpercatas ! 

Nos negócios era absolutamente a mesma confusão. As- 
sim, ao comprar certa vez uma cabeça de gado por Õ4 jar- 
das de fazenda, realisavamos o pagamento com peças doesta 
maneira. 

I completa de 18 

I encetada de 1 5 

I encetada de 16 

Mais 5 jardas 5 

Somma 54 

Elles, porém, não entendendo, exigiam que se rasgasse 
tudo em lotes de 9 jardas (meias peças), pela forma se- 
guinte : 

Completa. ... 9 + 9 
Encetada .... 9 + 6 + 3 
Encetada .... 9 -(- 7 + 2 

27 + 22 + 5 = 54 



CONCLUSÃO 247 



Como já apontámos nos dialectos por nós conhecidos, 
formam-se os singulares e pluraes com prefixos próprios, 
que para a raça humana são antepostos ao nome da terra, 
mu ou ;;///;/ no singular, ba, bin ou ban, sendo substituido 
por qui ou fchi no singular, ma ou man quando se refiram 
a qualificativos. 

O prefixo fchi pôde empregar-se fazendo o plural em bi, 
se se trata de appellativos; assim, vemos dizer: 

folha, fchi-sapa — folhas, bi-sapa 
branco, íchin-delle — brancos, bin-delle 

Na lingua da Lunda formam muitos appellativos, o sin- 
gular com mu e o plural com a; exemplo: 

mulher, mu-caje — mulheres, a-caje 

e ainda no lu-lunda se encontram as respectivas formações 
com e e ma; a saber : 

amigo, e-camba — amigos, ma-camba 

Entre muitos substantivos têem ainda os dialectos lu- 
nano outro modo de formar pluraes, como os que seguem : 

lobo, libuiigo — lobos, djin-buugo 

crocodilo, ligando — crocodilos, djin-gando 

porco, ugulo — porcos, djin-gido 

abelha, nhique — abelhas, dji-nhique 

Emfim, 110 é radical de gente, ba o seu designativo; /// 
exprime lingua, /// carne. 

O prefixo cj, muitas vezes encontrado, parece usar-sc 
no sentido de deprimir ou tornar inferior; é por isso que oi 
ban-gala, querendo aviltar-nos, dizem em logar de mucuc 
puto, ca-puto; e o Muata-Ianvo, fallando de qualquer tribi 
lunda sua avassallada, dirá ca-lunda. 



248 CONCLUSÃO 



É isto o que approximadamente podemos adiantar nos 
limites d'esta obra sobre linguas, cujo estado ainda em 
atrazo carece de persistente trabalho, o qual servirá de 
guia ao leitor attento para ter ingresso n'esse difficil laby- 
rintho. 

Eis, n'um rápido aperçu sobre as tribus africanas, a re- 
senha da sua distribuição nas terras por nós percorridas, 
do modo como se estabeleceram, das suas leis, maneira de 
ser em matéria religiosa, e emfim da sua linguagem, a que 
juntaremos duas palavras acerca de alimentação. 
\ T^óde em absoluto affirmar-se que o principal alimento 
ou a base d''elle nas ditas terras constitue-se pelos quatro 
artigos seguintes, os quaes variam conforme as regiões: a 
mandioca (Manihot aipi), mais conhecida por Jatropha ma- 
nihot; a massambala, variedades do Sorghiim; o massango, 
scientificamente chamado Penisctum typhoidenm (hoje per- 
tencente ao género Penicillar^ia), de que existem duas varie- 
dades, o liso e o barbado (sem duvida devidos á cultura); e 
o milho (Zea mais), que também ali se ve com profusão. 

Todos estes artigos formam o pão, depois de reduzidos 
a farinha. 

Infelizmente ao indígena falta o moinho, de forma que 
precisa valer-se do singelo processo do pilão, único d'elle 
sabido para obter aquelle resultado. 

Este meio tem quasi sempre por base a infusão mais ou 
menos prolongada da raiz ou do tubérculo a pulverisar, 
com exposições ao sol. 

Claro está, pois, que sobrevindo fermento e com elle as 
necessárias variantes, todas as farinhas africanas são pesa- 
das, indigestas, desagradáveis no primeiro tempo ao paladar 
europeu, e incapazes de levedo para com ellas se obter pão 
soffrivcl. 

A isto junta o indígena, como conducto, tudo quanto 
lhe apparece, carne, peixe, vegetaes, e doestes últimos basta 
pequeníssima quantidade para provocar a ingestão de umas 
poucas de libras de pão. 



CONCLUSÃO 249 



A ginguba é também para elles de grande valor e de 
que tribus inteiras se alimentam. 

Os jinga, os ma-hungo e os ma-iácca comem porções 
phenomenaes, sem mesmo a levarem ao fogo, e conforme 
a tiram da terra. 

Depois seguem-se fructas indígenas e exóticas, que seria 
longo enumerar, desde a Vitis heraclifolia até á bananeira, 
bem como as variedades de inhames, de tubérculos da hei- 
mia, de batatas, de raizes pouco vulgares, que elles devo- 
ram sôfregos. 

Emfim, um toro de canna saccharina, uma cabaça de 
leite azedo ou de hydromel, completam a serie dos géneros 
consumidos, --V 

A alimentação vegetal está quasi exclusivamente espalha- 
da por todo o continente. 

Só em casos extraordinários se abate uma rez para con- 
sumir, e então ao derredor da victima o indígena, em geral 
pueril, entrega-se aos mais estupendos transportes de ale- 
gria. 

Quantas vezes os observámos em nosso campo, após a 
morte de um boi, lançarem-se sobre elle e espatifal-o, no 
meio de saltos e gritos, não abandonando sequer o conteú- 
do dos intestinos ! 

Então seguiam-se cousas singulares em volta das panellas 
fumegantes, a que geralmente dava remate um batuque des- 
ordenado, cheio de scenas divertidas e patheticas. 

Supportando longo tempo a fome, o indígena contenta-se 
com quatro grãos de Arachis; mas, ao chegar o momento 
de satisfazer-se-lhe o appetite, nada o sacia. 

Ingere libras successivas de farinha, de maneira que se 
lhe desenvolve o abdómen a ponto de, luzidio, parecer pres- 
tes a estalar. 

Nos velhos sobretudo é este facto mais saliente. 

A medida que se lhes forma o vasio no ventre, enruga-se- 
Ihes a pelle abdominal, falta de elasticidade, dando-lhes um 
aspecto repellente e desagradável. 



25o CONCLUSÃO 



- O africano em geral (cumpre dizel-o) tem propensão deci- 
dida para ébrio. 

Seja que na escassez de líquidos fortes resida a causa de 
similhante exagero quando se alcançam, ou no abuso d'ellas 
encontre o preto distracção para a sua monótona e mísera^ 
vel vida, não pôde contcstar-se que raro vimos quem, se 
lh'a cedessem, não bebesse até cair. 

Comquanto as poções que fabricam possam embriagal- 
os (claro é precisarem de grandes quantidades), preferem a 
aguardente da Europa para tal fim, achando nos eífcitos 
uma differença que vamos explicar. 

A primeira vista parecerá natural a preferencia do álcool 
por mais enérgico e produzir efTeito com menos trabalho; 
não o entendem porém assim, e dizem ser alegre a bebe- 
deira da aguardente, emquanto que a do hydromel é triste. 

Ora, eftcctivamente, em Quioco, tivemos a própria ex- 
periência n'uma senzala, não por uma bebedeira redonda, 
mas porque indo visitar um soba pela manhã, ainda em 
jejum, e sendo obrigados a beber em demasia, na volta 
para o quilombo fomos presa dos primeiros fumos da em- 
briaguez, um pouco differente da forma como na Europa 
se manifestam as primeiras acções do álcool. 

Sentiamo-nos mais leves, procurando com confusão as 
posições de equilibrio; todavia, no meio de tudo isto so- 
brevinha uma angustia, um constante bater nos parietaes, 
dores de cabeça, necessidade de vomitar, assimilhando-se 
tal estado antes ao envenenamento pelo tabaco do que á 
perturbação cerebral produzida pelo álcool. 

Doeste modo nada tem de estranha a especial distincção 
assente entre elles para as bebidas europêas, as quaes se- 
gundo parece lhes facultam sensações diversas das que pro- 
porciona o hydromel e outras.* 

Emfim, os homens da Africa não comem precisamente 
por deleite, mas para viver. Todos os seus alimentos são 
semsabores, próprios de um paladar não habituado, e lon- 
ge de comparar-se ao que nós sabemos a esse respeito. 



CONCLUSÃO 231 



Não OS espanta a putrefacção. 

Os nossos aromas principalmente affectam-lhes o syste- 
ma nervoso com sensações desagradáveis, a julgar pelas ca- 
retas que acompanham as experiências. 

Um fructo qualquer muito doce, em tendo sabor terebin- 
thinoso, será d^elles recebido com preferencia ao de um aro- 
ma particular e que nos agrade. 

Alguns ali muito apreciados chegam a tornar-se repugnan- 
tes, como por exemplo uma variedade de Carica papaya, 
cujo cheiro lembra o exhalado pelos residuos fecaes da raça 
canina ! 

Outros são insípidos e inodoros; sem embargo chupam- 
os gostosamente, com idêntica satisfação áquella que mani- 
festaria qualquer de nós perante uma charlotte russe. 

Apresentado o indígena africano sob estes pontos de vis- 
ta, miremol-o agora por outro mais geral e philosophico. 

O preto: que tem clle feito, para que ha de servir? 

A historia d'elle é tão antiga como a do branco. 

Por toda a parte onde este precisa luctar com os rigores 
de uma temperatura elevada e de um sol dardejante, aqucl- 
le lá se encontra ao seu lado, entregue aos mais árduos tra- 
balhos, vivendo no meio de misérias e constituindo uma 
individualidade que, sendo justamente o producto de cir- 
cumstancias muito diversas, se apresenta tão variável como 
ellas e de accentuacão difficil. 

O seu valor physico e moral depende da direcção im- 
primida pelos que o dominam. Formal-o n'uma escala re- 
lativa de vicio ou de virtude, modificar as propensões inhe- 
rentes á sua natureza pertence aos indivíduos com quem 
vive. 

Como todavia o intuito foi sempre exploral-o, o negro, á 
mercê da vontade do possuinte, só movido por similhante 
èm, sem opinião, sem critério, sem família, sem lar, sem 
interesses, havia de tornar-se infallivelmente presa de todas 
as ignóbeis paixões, de que uma natureza baixa e não coa- 
djuvada pôde ser susceptível. 



252 CONCLUSÃO 



Desde os mais tenros annos comccou-lhc a nascer o ódio 
pelos que o escravisavam, a inveja das felicidades alheias, a 
fatal e consequente sede de vingança; n^estas circumstancias, 
pois^ converteu-se n''uma creatura anómala, sem sentimen- 
tos nem qualidades definidas, muito menos coordenadas, 
cujo estudo aterra. 

Nao é certamente elle o culpado, mas sim quem o do- 
mina. 

Negociantes, mercadores, quaesquer que fossem, explo- 
rando o pobre sem nunca lhes vir á mente rccompensal-o, 
desde o primeiro dia que encontraram o negro incapaz de 
luctar com elles intellectualmente, votaram-o ao ostracismo, 
eximindo-se a consideral-o seu irmão. 

Nem duvidamos afiançar perante o mundo, e baseados 
nos conhecimentos acerca do modo de ser do negro, que 
ao esdavismo, mas sobretudo ao desprezo nutrido pelo ho- 
mem civilisado de raça branca, deve o infeliz a sua precária 
situação moral. 

Campeando sempre entre os dois o fatal ódio de raça, 
somos nós os primeiros a deprimil-os e desprezal-os. 

Esses mesmos negrophilos que pullulam pela Europa, 
se comnosco entrassem no antro descortinariam os dentes 
á fera, vendo que portuguezes, inglezes, francezes, hollan- 
dezes e individuos de outras nacionalidades, ali, ao contacto 
do desgraçado, modificam inteiramente esses preconisados 
sentimentos de piedade, dedicação c amor; e que quanto 
mais do norte são as raças, tanto mais ferozes se manifes- 
tam os seus ódios. 

Speke, no seu livro Sources ofthe Nile, diz: aNão julgo o 
preto em Africa capaz de se tirar da inferioridade em que 
vive.» 

Que rasões se podem pois adduzir em favor de tal as- 
serção ? 

O facto d'essa relativa inferioridade social? 

Mas como conseguiria o indígena sair d^ella, perseguido 
por toda a parte pelo branco ? 



CONCLUSÃO 2 53 



Desde tempos immemoriaes o Egypto tem sido o ponto 
por onde todas as misérias entram no sertão. O preto, fu- 
gindo temorento, foi pouco a pouco cercado, restando-lhe 
apenas um recurso: evitar o mundo em via de civilisar-se. 
Quem nos diz se as grandes invasões mui falladas no in- 
terior, todas procedentes do norte, Djaggas, Bondos, Tem- 
bos, seriam a justa consequência d'essa perseguição, e que 
immensas tribus, vendo-se batidas por aquelle lado, não 
abalaram para o sul ? 

Assim escorraçado, deprimido, o negro internou-se em 
terras bravias, não lhe sobrando tempo para luctar com a 
barbara e hirsuta natureza, em prejuizo de uma organisa- 
ção mais completa da sua sociedade. 
Assim, o que ha feito elle? 

Fugir ao constante acossamento, e trabalhando para isso 
já não conseguiu pouco. 

Que piedade inspira a miserável situação do preto escra- 
visado! 

Basta pensar nas devastações, assassínios e scenas de 
requintada crueldade a que o trafico dá logar, para facil- 
mente nos convencermos ser tal conjunctura sufficiente a 
cohibir qualquer tendência de um povo para a vereda do 
progresso. 

Hoje as cousas vão mudando de forma sensível. 
Depois de proscripto officialmente o trafico por todas as 
nações civilisadas, o africano acha-se a caminho de uma pro- 
funda modificação. 

Verdade é que para o centro e no nordeste a escravatu- 
ra existe ainda, apontando os viajantes as victimas por mi- 
lhares, n''essas malfadadas terras; a origem está porém na 
nefasta influencia da raça árabe, verdadeira peste de Africa, 
contra a qual nos devíamos na Europa colligar em perma- 
nente cruzada. 

O estado do negro nas colónias portuguezas (as que me- 
lhor conhecemos em Africa, após o grande e generoso acto 
da emancipação dos escravos, que alterou muito o modo de 



2^4 CONCLUSÃO 



ser da vida social), e as condições do traballio, apresentam- 
se com certeza outros. 

A moral ganhou immenso; a equidade e a justiça, poden- 
do actuar desassombradamente, os maus instinctos de per- 
versas naturezas são constrangidos, perante o protesto do 
affranchi, a reprimir-se pelo receio do castigo. 

Ali, onde existia o negro rude, preso ás cadeias da von- 
tade do colono ignaro, encontra-se já um homem, em quem 
a primeira noção do trabalho livre e o consequente lucro foi 
o gérmen das idéas honestas, fazendo antever futuro mais 
feliz. 

Elle, outr'*ora oscillantc entre o azorrague e a forquilha, 
desamparado, vendo nos chefes ou senhores só creaturas 
odientas, que o esmagavam e nutriam a infernal sede de 
vingança, acha-se hoje liberto pelo menos da acção d'este 
baixo sentimento, constituindo assim já um grande passo 
na senda da moralidade e do bem. 

Não comprehende por emquanto o africanç a fatal e in- 
fallivel transformação que n^elle se está passando, nem mes- 
mo a comprehendemos nós, pois que de tempos immemo- 
riaes subsiste o preto escravisado, sem ensejo de provar 
que é susceptível de tornar-se homem livre, chefe de fa- 
mília e trabalhador honesto, mas brevemente ver-se-ha sob 
um justo e meditado impulso caminhar (mais depressa tal- 
vez do que se presume) pelo trilho conducente á perfecti- 
bilidade. 

Convém entretanto, como diz Cameron, não esquecer que 
o nosso estado de adiantamento é o fructo de séculos de tra- 
balho, e querer que o africano ahi chegue em duas décadas 
importa um absurdo. 

A educação do indígena deve operar-se por graduações 
successivas; seria grave erro impor-lhes os nossos costumes 
de hoje, sem para isso os preparar. 

Suppor um preto igual ao branco, ou insinuar-lh'o, é um 
crime, como judiciosamente diz Serpa Pinto a pag. 265 do 
vol. II da sua obra, nos paragraphos que transcrevemos: 



CONCLUSÃO 255 



a Os missionários que têem pouco saber e intelligencia co- 
meçam por gritar-lhe a cada hora, a cada momento, no púl- 
pito sagrado (que só deve ouvir a linguagem da verdade), 
que elles são iguaes ao branco, são iguaes ao homem civi- 
lisado; quando lhes deveriam dizer o contrario, quando só 
lhes deveriam dizer: 

«Entre ti e o europeu ha uma differença enorme, e eu 
venho ensinar-te a vencel-a.» 

«Regenera-te, deixa os hábitos indolentes e trabalha; dei- 
xa o crime e pratica a virtude; aprende e deixa a ignorân- 
cia, e só então poderás alcançar um logar junto do branco, 

poderás ser seu igual. 
• •■•■•••••••■•••••••••■••••••••• 

«Dizer ao selvagem ignaro, que elle é igual ao homem 
civilisado, é mentir, é commetter um crime, é faltar a todos, 
etc.» 

Obrigar na verdade o preto a conformar-se com os há- 
bitos e modo de viver do europeu, forçando-o n'um dia a 
similhante conversão, afigura-se-nos seguramente erro. 

É porém lamentável que a crescente industria de muitas 
nações não permitta a subordinação a este plano, e que tra- 
tando de introduzir-se em Africa sob o pretexto de praticar 
o bem em favor do indígena, apenas levem em mira o lucro 
do individuo e a procura de mercados onde possam diífun- 
dir quanto produzem, coagindo o preto, que hontem andava 
de pannos e pennas na cabeça, a trazer um chapéu alto e 
envergar uma ridicula casaca. 

Em matéria de religião todo o cuidado é pouco; interes- 
ses especiaes já hoje começam a manifestar-se no religioso 
fervor com que as missões invadem a Africa. 

Do nosso gabinete antevemos, e ousamos apontar aos 
governos, que uma situação embaraçosa para o civilisador 
progresso do indígena principia a crear-se no grande conti- 
nente. 

De toda a parte as nacionalidades da Europa despejam 
missões que no interior ensaiam a catechese. Por seu lado 



256 CONCLUSÃO 



os árabes de Koran em punho intentam a conversão, com 
apreciáveis resultados já. 

Cada seita, cada culto, apresentando-se como os verda- 
deiros, á exclusão dos outros, o pobre preto, oppresso pelos 
chefes, impressionado pelas derradeiras recordações do 
fetichismo dos pães, convertido pelos missionários, que o 
carregam de Bíblias e de Korans, sentindo-se giiiudado de 
teque eurabichado ao anderbello (na phrase marítima), não 
saberá breve onde o querem conduzir. 

Se da livre America os Mormons se lembrarem um dia 
de ir a Africa, o cahos eíitão será tal, que teremos um es- 
pectáculo similhante ao dado junto aos muros de Babel, se- 
gundo a historia diz. 

Assim pois afigura-se-nos, para remediar tamanho in- 
conveniente, que é necessário o estabelecimento de uma as- 
sociação catholica internacional, a fim de, em plano geral 
com bases idênticas, administrar pela terra negra o pão es- 
piritual ao indígena. 

Sabemos que a todos salteará a idéa dos obstáculos a 
sobrevir na unidade religiosa, entre nações onde as formu- 
las variam. 

Esse assumpto, que nem pensamos resolver, será o pri- 
meiro cuidado da associação a formar-se. 

Um facto de tal ordem, reconhecido por todas as nações 
que na Africa se encarregam de tão nobilíssimo fim, teria 
d'elles toda a assistência e decidido apoio, contra qualquer 
seita em via de tentativa, e principalmente contra os sectá- 
rios do propheta de Yatrib. 

O primeiro encargo que lhe constituiriam devera ser o 
estudo dos dialectos, e a traducção de Biblias e livros de 

orações n'esses mesmos dialectos. 

» 

Começar as conversões por ensinar hoUandez ou allemão 
a um indígena, é tão extraordinário, que suppomos esforço 
perdido. 

Nada contrista tanto um povo como abandonar a lingua 
dos avós, e hoje que o árabe tende a generalisar-se, simi- 



CONCLUSÃO 257 



Ihante meio daria em consequência o surprehender-lhe os 
progressos ali. 

Depois seguir-se-ía o esboço de um plano genérico de 
organisação social, tendo por base a família, o mutuo auxi- 
lio, o trabalho remunerado. 

Ensinar de seguida o indigena a fazer a charrua, a ex- 
trahir o ferro pelo modo mais aproveitável, a combinal-o 
com o carbone para produzir o aço, levar-lhe a primeira no- 
ção do moinho, revelando-lhe o modo de aproveitar a força 
das aguas e as vantagens do amanho da terra, etc, é em 
duas palavras o debute serio das missões n^aquellas para- 
gens. 

O negro, desde o primeiro dia que avistar o missionário 
deve ver n''elle, não o ii ganga (feiticeiro) revestido da preta 
sotaina (absolutamente dispensável), e de formulas mais ou 
menos mysteriosas, mas um guia superior, carinhoso, juiz 
recto, de cuja acção só resulte para elle o bem e a felici- 
dade. 

N'esse dia ha de infallivelmente encontrar um mestre (não 
disposto a indicar-lhe com alambicado mysticismo o cami- 
nho do céu), mas a pôl-o á altura de satisfazer os manejos 
de uma primeira industria. 

Educar pois missionários, nos meios práticos e utilistas 
das artes applicadas, reduzindo, por uma devida propor- 
ção, os apocalyticos e enfadonhos estudos theologicos, é o 
immediato. 

O commercio então desenvolvcr-se-ha gradualmente, na 
medida das necessidades; o trabalho, tornado cm habito, 
terá a sua influencia moralisadora; dos sacrifícios n^elle fei- 
tos virá o conhecimento do valor e da economia, assim 
como a convicção de que com elle se adquire o bem estar, 
que breve deseja augmentar-sc. 

Depois surgirão esses resultados bem visiveis, com o in- 
tuito de possuir, de enriquecer, de deixar aos seus aquillo 
que reuniu, de preparar-lhes uma felicidade, cujo preço se 
avalia. 

VOL. II 17 



258 CONCLUSÃO 



N'estas circumstancias que pôde um negro vir a ser? 

Um homem como qualquer de nós. 

Volvamos de novo á Africa, para rematar pelo estabele- 
cimento do europeu ali. 

O futuro do grande continente, dependendo de muitos gé- 
neros de explorações, em que de certo haverá mais retentis- 
sement nas mineiras (sirva de exemplo a America, a qual 
como nenhuma rapidamente chamou a colonisaçao), ha de 
ter sem duvida como objectivo constante a agricultura. 

As ricas e variadas producções indigenas do reino vegetal, 
a facilidade em aclimar as exóticas, convidarão com certe- 
za o colonisador a apropriar-se d^ellas, e ligando-se á terra 
exigir doesta os inextinguíveis thesouros. 

É com effeito para maravilhar a accumulação e variedade 
de artigos, principalmente vegetaes, d'aquelles férteis ter- 
renos. 

Cansa-se a imaginação de admirar os bosques de arvores 
gigantes, e os múltiplos arbustos e plantas desconhecidas. 

Enumerar detidamente as riquezas de tão espantoso solo 
occuparia muitas folhas. 

Se deixarmos por agora o negocio do marfim, que de cer- 
ta forma tende a decair, comquanto seja dos mais ricos, e 
que para a colónia portugueza é em especial explorado pe- 
los caminhos sobre que fica Cassanje para a Lunda, o Bié 
para a Catanga e Lua, e ao longo do Cu-bango para o Bu- 
cusso, veremos na nossa ligeira narrativa quanto interesse 
deve merecer a exploração methodica dos largos sertões do 
negro continente. 

A partir do litoral, no reino vegetal, temos a canna sac- 
charina^ que nasce nos valles dos grandes rios, como Cu- 
anza, Cu-vo, Lu-oje, etc, e ainda em pontos mais elevados, 
onde a agua seja abundante, por exemplo Dombe, etc. 

Produz já hoje a aguardente em quantidade para supprir 
parte das necessidades do preto, e poderia, com largo des- 
envolvimento, dar o assucar para os mercados da Europa. 

A broca, e ultimamente um outro verme não menos peri- 



CONCLUSÃO 259 



goso, têem atacado as plantações, destruindo grande parte 
da canna. 

Um estudo attento, porém, traria como consequência a 
descoberta de qualquer processo, tendente a impedir a ac- 
ção destruidora de taes animalculos. 

Ao lado temos as palmeiras notáveis como a Elaís gui^ 
neftsis, cuja polpa do fructo dá, em prolongada lexivia, um 
azeite espesso e vermelho, de gosto supportavel antes de 
rançar, denominado de palma, e cujo caroço submettido á 
acção do fogo produz o óleo empyreumatico, de coconote, 
já hoje recebido em toda a Europa. 

E vemos mais: 

As hfphcjene e os borassus, com folhas que se empregam 
no fabrico de chapéus e outros artigos. 
. As adansonias, cujas fibras do entrecasco constituem o 
licomte, hoje explorado em grande escala para a confecção 
de fazendas e papeis. 

O palma christi, aproveitável para fins medicinaes. 

O aloés, espargido com profusão. 

O tabaco, crescendo em toda a parte, e sendo de notá- 
vel aroma o de Ambaca. 

O cânhamo, não menos frequente. 

O algodão, abundante e de qualidades diversas pela com- 
pleta extensão da província. 

O café, já hoje apreciado nos nossos mercados, vingando 
em toda a região montanhosa, sendo o de Cazengo o me- 
lhor exemplar. 

A ginguba, produzindo muito azeite, parece inexgotavel 
no plan'alto de Ambaca e terras de leste. 

As pimentas, encontrados em toda a parte. 

O arroi, que no Bié observámos, e para que deverão 
destinar-se grandes tractos das terras altas. 

O milho, muito fértil, quer em Quillengues, Caconda 014 
Duque de Bragança. 

O sorgho, espalhado no interior, constituindo no geral a 
alimentação do indígena. 



--- ■■ : . ^^HlH^ii^iHHg 



260 CONCLUSÃO 



O massango, de que os ganguellas e ma-quioco se nu- 
trem invariavelmente. 

O bálsamo elemi, n'uma quantidade assombrosa. 

A gomtna copal, cujas arvores se acham na costa e no 
interior e de que existem jazigos notáveis. 

A borracha, que umas colossaes trepadeiras produzem 
e o indígena derriba para extrahir-lhe a seiva. 

O sangue de drago, cuja exploração já se tentou. 

A tacula, em permanente apanha na Jinga, e muitas ou- 
tras que seria extenso enumerar. 

Do reino animal nota-se: 

O marjim, a que n'outro logar alludimos, representado 
pelo dente do elephante ou cavallo-marinho, e em constante 
busca em todo o continente. 

O unicórnio, de que o rhinoceronte é o productor. 

A cera, da qual os ganguellas são os maiores possuidores. 

A seda, tanto da aranha como dos casulos n'esta obra des- 
criptos. 

As pennas de marabu e abestruz, que em muitos merca- 
dos apparecem. 

As pelles de boi, ou de animaes silvestres, como leopar- 
do, panthera, leão, etc, e um numero de outros ainda de 
pouca procura. 

Emfim, os minérios (que os leitores já conhecem), entre os 
quaes figura o ferro sob a forma especular ou na de hematite. 

O enxofre, nos gessos. 

O cobre, em toda as terras das montanhas e no interior, 
apparecendo fundido com o feitio de uma cruz. 

O carvão^ de que existem indicações. 

O (Turo, no Lombije e outros pontos. 

A pratay na Jinga (Dallango), Cambambe, etc. 

O sal gemma, em extracção em muitas terras. 

Esta simples resenha basta para dar a idéa da riqueza 
de vasto continente de que temos tratado, o qual deve es- 
perar dos nossos esforços um futuro de prosperidade, em 
nada cedendo á fértil America. 



CONCLUSÃO 26 1 



A colonisação, porém, é o problema mais grave e de sé- 
rio estudo. 

A vida do europeu na Africa tropical, se não impossível 
por agora, é pelo menos cheia de perigos e difficuldades ; 
portanto modificar as circumstancias em que ella ahi se acha, 
dispor centros populosos, constituir os meios necessários 
para a existência, sanear n'uma palavra o sertão africano, 
eis o que primeiro deve ter-se em vista. 

Os meios immediatos que se apresentam são dois: ligar 
por estradas, convenientemente dispostas, os pontos inte- 
riores com o litoral, por ser aquelle o mais salubre; e diri- 
gir as aguas dos grandes rios, por forma que seccando o 
pântano e subtrahindo a agua ás terras baixas, se modifi- 
que com essa falta a força vegetativa, origem de toda a in- 
salubridade, em proveito das regiões elevadas, cuja vegeta- 
ção n'esse caso se desenvolverá. 

As numerosas cataractas dos rios de Africa, se por um 
lado constituem obstáculo á navegação em muitas partes, 
por outro facilitam a distribuição das aguas. 

Conduzir estas das nascentes dos rios, por systema com- 
binado de irrigações aos sitios eminentes e salubres, apro- 
veitando-as como elemento de vida para o reino vegetal e 
como poderosa força motora em milhares de industrias; es- 
gotal-as sem custo, não consentindo estagnações; em sum- 
ma, dominar e dirigir as aguas do continente, é o que pri- 
meiro convém fazer, para o aproveitamento d'aquellas fe- 
racissimas terras nos locaes mais elevados. 

Dir-nos-hão que esse vasto problema só pôde resolver- 
se no decurso de milhares de annos, e que o melhor é con- 
tentarmo-nos com o que está. 

As nossas singelas considerações não miram a resolução 
immediata. 

Representam comtudo indicações proveitosas desde já, 
não só no facto da direcção a dar os trabalhos, como tam- 
bém na disposição das estradas e linha de conducta para 
estabelecimento successivo de colónias. 



^«^ 



262 CONCLUSÃO 



Nas eminências é que se vive melhor em Africa. 

Aonde o europeu poder estar collocado a 1:000 metros 
não deve restringir-se a 100. 

Tem-se por incontestável serem as altas regiões relativa- 
mente desnudadas; mas havendo lá os grandes rios como 
acabámos de citar, para beneficial-as, todo o receio de es- 
forços e capital arriscado sem proveito desapparecerá. 

A Africa, pela sua estructura orographica especial, pelas 
suas circumstancias climatéricas, etc, tem que proceder 
muito ao inverso dos grandes continentes do hemispherio 
norte. 

As suas grandes cidades, os seus vastos mercados, os 
seus empórios commerciaes, hão de infallivelmente estabe- 
lecei*-se no interior, e tanto mais quanto mais próximos da 
região equatorial. 

Nas planuras do Quioco, nas montanhas de Quillengues, 
no plateau da Huilla, notável pela sua salubridade, é que 
veremos estabelecer-se successivamente as colónias recem- 
chegadas, se quizerem viver e progredir sob a influencia do 
clima do grande continente. 

Na costa existirá sempre o Comptoir triste, isolado no 
meio das terras áridas, sob a direcção de qualquer natural, 
ou de um europeu adoentado, simples Ipgar de permuta- 
ção e de deposito de géneros para embarque. 

Das escalvadas barreiras pouco poderá o activo traba- 
lhador colher, embora atrevido e tenaz. 

Residindo ahi, preso das febres, abatido e fraco, dará á 
terra os magros despojos, antes que possa conseguir resul- 
tados. 

Para o plan'alto é pois o caminho. 

Ahi sopram os ventos frescos, respira-se desasombrada- 
mente, vive-se n'um meio em que a estabilidade das tem- 
peraturas médias espanta. 

As tabeliãs que seguem, resultado de uma serie de ob- 
servações feitas com o thermometro á profui:ididade de o, 5 
durante alguns mezes, corroborarão a nossa affírmativa. 



CONXLUSAO 



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18.52 


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10.46 


19.08 


1226 


21,8 


24 

(U) 
25 


II. IO 

it.o5 


18.54 
18.59 


1340 
1340 


20,0 


10.46 
(1) 
10.46 


19.08 
19.08 


1226 
1226 


22,0 
22,0 


26 


II. o5 


18.59 


1340 


20,5 


10.40 

(5) 

10.36 


19.07 


1199 


22,2 


27 


II. o5 


18.59 


1340 


20,5 


19.06 


ii58 


22,5 


28 


II. o5 


18.59 


i3.p 


20,5 


10.34 


19.06 


1180 


22,5 


29 


11. o5 


18.59 


1340 


20,5 


10.34 


19.06 


1180 


- 


3o 


11. o5 


18.59 


1340 


21,0 


10.34 


19.06 


1180 


22,0 


3i 


11. o5 


1S.59 


1340 


21,0 


10.34 


19.06 


1180 


" 


(0 1 


i^m viagem 


. (2) N'Du 


mba Tcmb 


0. (3) Mughande. (4} Catuchi. (5) Muenc T 


chiquilla. 



CONCLUSÃO 267 



Os grandes e rápidos meios de communicação tornam-se 
portanto inevitáveis. 

Ninguém precisará mais da linha férrea do que o colono 
africano, porque ninguém como elle terá mais horror á 
passagem marítima. 

Da região litoral, repetimos, ha de fugir, e, se ahi tentar 
viver, succumbirá fatalmente, condcmnando por esse facto 
o grande continente á immobilidade em que hoje o vemos. 

A emigração, pois, das nações civilisadas da Europa só 
pôde ser chamada a colonisar a Africa quando esta lhe of- 
ferecer a principal das garantias : o meio de transporte para 
os logares salubres. 

Toda a tentativa n'*este sentido acreditará a sobredita 
colonisacão. 

Conduzir o colono para a terra baixa, obrigal-o a viver 
trabalhando nos valles, aonde enormes rios serpenteiam e 
vastos pântanos são permanentes, comporta seguramente 
matal-o. 

Ganhar pois o interior o mais rapidamente possível ; esta- 
belecer o europeu com a maior somma de commodidades; 
destruir, por uma administração bem dirigida, a relativa re- 
pugnância do preto ao trabalho, fazendo este obrigatório, c 
remunerando-o; crear vastos centros de população, entre- 
ligados pelas navegações regulares dos extensos cursos de 
agua do interior, ou por estradas bem dispostas; evitar a 
influencia fatal do pântano afogando-o, isto é, dirigindo sobre 
este os cursos de agua próximos: eis o modo de resolver o 
grande problema, que hoje tanto interessa a Europa. 

Aproveitemos os rios viáveis para o interior; e dos pon- 
tos extremos da navegação, por linhas férreas, liguemos o 
sertão com a costa debaixo do duplo ponto de vista de eco- 
nomia e de rapidez. 

A linha férrea, esse preciosíssimo recurso da civilisação 
moderna, poderoso instrumento de todo o progresso, rija 
alavanca movida pelo braço potente do vapor, compete 
a maior parte na gigantesca obra. 



268 CONCLUSÃO 



A locomotiva, sibilando atravez das vastas florestas afri- 
canas, operará sem duvida os seus mágicos prodígios. 

Transpondo distancias com a velocidade que lhe é conhe- 
cida, levará incessantemente os recursos, a vida, o trabalho, 
ahi onde existe apenas a natureza brava ; transformando os 
sertões adustos em sitios habitáveis, os pântanos em par- 
ques e jardins, n'uma palavra, coUocará a Africa á altura 
do resto dos continentes, remindo a humanidade de uma 
das maiores vergonhas, qual é a de ter parte dos seus mem- 
bros ainda em perfeito estado de selvageria. 

Ficarfi expostos os factos, depois d^isto resta-nos apenas 
dizer com o fabulista: 



Nisi utile est quod facimus, stulta est gloria. 



TABELLA 



DAS 



DETERMINAÇÕES GEOGRAPHICAS 



FEITAS DURjVNTE A 



EXPEDIÇÃO DE 1877-1880 



ALTITUDES ACIMA DO NÍVEL DO MAR 



DAS POSIÇÕES MAIS IMPORTANTES 

CALCULADAS NO OBSERVATÓRIO DO INFANTE D. LUIZ 



As medidas sáo indicadas em metros. O ponto de ebullição 
e a temperatura sâo expressos em graus do thermometro centígrado. 



Localidades 



Quillengues 

Caconda 

T'chimbuioca 

Biè 

Mongôa 

Cha-N'ganji 

N'Dumba Mughandc. . . . 

Catuchi 

T'chíquilla 

Cassanje 

Quesso 

Duque de Bragança . . . . 

N'gunaVunda 

Rio Cugho 

Pungo N'Dongo 

Nhangue 

Dondo 

Mossamedes 



Pontos de cbul lição 




Hypsomelros de Baudin 


Media 


N.»io8 


N.«i09 


N.^iio 


N.»II2 




97,12 


97, »4 


97,»3 


97,17 


97,140 


94,73 


94,75 


94,73 


94,77 


94,745 


94,83 


94,86 


94,83 


94,88 


94,85o 


94,70 


94,78 


94,75 


94,83 


^,729 


94,68 


94,70 


94,65 


94,73 


94,690 


94.85 


94,88 


94,86 


94,93 


94,880 


94,79 


94,84 


94,81 


94,88 


94,83o 


^,94 


94,97 


94,<H 


95,01 


94,965 


96,50 


96,54 


96,51 


96.55 


96,525 


96,27 


96,30 


96,28 


96,35 


96,300 


93,81 


95,86 


95,82 


95,88 


95,842 


96,17 


96,23 


96,20 


96,26 


96,215 


96,25 


96,31 


96,28 


96,35 


96,297 


96,89 


96,9» 


96,89 


— 


96,896 


96,90 


96,95 


96,92 


96,97 


96,935 


97,00 


97,o3 


97,00 


97,07 


97,100 


96,57 


— 


96,55 


96,64 


96,586 


96,55 


96,60 


96,54 


96,65 


96,585 


96,55 


96,60 


96,55 


96,62 


96,580 


98,31 


98,35 


98,12 


98,65 


98,375 


98,39 


98,53 


98,39 


98,42 


98,430 


96,70 


96,71 


96,74 


96,80 


96,74 


97,75 


97,77 


97,80 


97,85 


97,79 


99,69 


99,70 


99,72 


99,72 


99,707 


99.95 


99,97 


99,97 


99,97 


99,965 



2 

2 

u 

V 

O. 

B 

H 



25,0 
25,0 

24,5 
24,0 
18,0 

20,5 

24,0 

16,0 
26,0 

27,5 
27,2 
29,0 
29,0 

26,0 

24,0 

23,0 
25,0 
25,0 

23,0 
28,0 
3i,o 
26,0 

22,0 

24,5 
27,0 



•o 



869,1 

1642,5 

1697,3 
1572,7 

1112,3 

1188,7 

1340,1 
1226,2 

1180,3 
945,3 

1040,6 
1060,1 

499,0 

497,5 

1020,5 

691,1 

93,7 

gm 



CORRECÇÕES NO OBSERVATÓRIO DO INFANTE D. LUIZ 



Antes da partida. . 
Depois da chegada. 



N.» 108 



4-0,34 
+ 0,35 



Hypsoraetros 

N.® 109 



4-0,34 
4-0,31 



N.«iio 



4-o,3i 
4-0,27 



N.»112 

4-0,34 
4-0,32 



NOTA EXPLICATIVA 



DOS 



METHODOS EMPREGADOS NAS OBSERVAÇÕES METEOROLÓGICAS 

E MAGNÉTICAS 

O instrumento padrão para as observações barometricas foi sempre 
o hypsometro (pela média de 5). 

Compararam-se estes no observatório do Infante D. Luiz, antes da 
partida e depois da chegada ; attendeu-se ás differenças de gravidade, 
devidas á latitude e altitude do observatório. 

Durante a exploração fizeram-se muitas observações hypsometricas, 
e, depois de corrigir as pressões absolutas das alludidas differenças, 
os estudos comparativos com as dadas pelos aneróides, a fim de as re- 
ctificar diariamente. Por consequência, a pressão pelo aneróide deve 
considerar-se como se fosse por barómetros de mercúrio e reduzida a 
zero de temperatura. 

Observou-se também com o barómetro Mackneill até ao fim do 
mez de março de 1878, epocha em que se inutilisou. 

Os trabalhos de meteorologia eífectuaram-se até março de 1878, so- 
mente ás 7''.35' do meridiano de Washington, seguindo o plano do ge- 
neral Albert Myer, observações simultâneas que correspondiam á i** 
para as 2^ (p. m.) conforme a longitude. Desde abril do mesmo anno, 
aquelles eram feitos três vezes por dia — 6** da manhã, á i^ para as 2^ 
e 8** (p. m.), obtendo-se durante a exploração o seguinte : 

Hypsometros (média de 4 a 6 instrumentos) * ... 32 

Barómetro Mackneill loi 

Aneróide 1485 

Temperatura do ar 1487 

Psychrometro G56 

Thermometro de máxima 482 

Thermometro de minima 483 

Thermometro de profijndidade 210 

. Direcção e força do vento (0-5) 1487 

Estado do céu e nuvens 1487 

Desde maio até setembro o vento sopra geralmente dos rumos de 
sueste e sul, com o céu sereno e bom tempo: chama-se então o de 
cacimbo. Na outra parte do anno, de setembro a março ou abril, o 
vento é do quadrante norueste, com fortes trovoadas e aguaceiros : de- 
nomina-se epocha das chuvas. 



Perderam-se algumas observações no fogo do acampamento no Duque de Bragança. 



284 NOTA EXPLICATIVA 



Na quadra do bom tempo, pela noite e manhã, ha quasi sempre ne- 
voeiros intensos. Os ventos de rumos oppostos, n'estas duas epochas, 
combinam com a situação das regiões aquecidas pelo sol. Quando este 
declina norte, a corrente do ar deve vir do sueste e sul para a região 
quente ao norte do equador. A outra, procedendo do sul e sueste, é o 
alisado do oceano Indico, que, depois de atravessar a Africa meridio- 
nal, se torna secco. Se o sol tem a declinação sul, o fluxo do ar do mar 
a oeste para as regiões de sueste produz uma monção norueste de vento 
húmido, que, passando pelas montanhas e o plateau elevado de i :00o a 
2:000 metros, dá aguas abundantes e trovoadas. As temperaturas má- 
ximas são maiores durante o tempo do cacimbo que no das chuvas; as 
minimas, pelo contrario, muito mais fracas. 

Ha pois grandes variações diurnas e muitas vezes enormes na esta- 
ção do bom tempo, em consequência da serenidade do céu no plateau 
de Africa. 

As temperaturas máximas não excederam em geral a 3i«, sendo a 
superior de 33%5. Das minimas a mais fraca foi de i® e i centígrado 
nos dias 7 e 8 de julho de 1878. Todavia, com uma tão baixa tempe- 
ratura não houve geada (gélée blanche). A humidade observou-se so- 
mente durante as horas de calma (i*» para as 2** p. m.). 

É precisamente na estação do bom tempo (cacimbo) que as difíeren- 
ças dos thermometros secco e molhado se apresentam maiores; nas 
horas mais quentes do dia o grau de humidade é pequeno, podendo 
mesmo dizer-se que ha grande secca, porém baixando muito a tempe- 
ratura de noite, o ar vem muitas vezes á saturação, apesar da pouca 
quantidade de vapor. 

Os nevoeiros são a consequência de taes resfriamentos nocturnos. 
Assim, de manhã o tempo é frio e muito húmido, depois do meio dia 
a temperatura torna-se bastante elevada e o ar sequíssimo. As alter- 
nativas de humidade e secca e as grandes variações diurnas do calor en- 
volvem perigo para a saúde dos europeus. As chuvas, que de ordiná- 
rio se limitam a fortes aguaceiros durante as trovoadas e acompanham 
estas com regularidade (vide a planche), não foram por nós registadas, 
á falta de udometro, marcando apenas a sua duração. De abril a* julho 
de 1878 não se notou uma só hora de chuva, nem trovoadas ou relâm- 
pagos. 

Quanto ao céu, na estação do bom tempo, é em geral límpido, e 
no decurso do mez de junho nunca se observou uma nuvem entre a 
i^ e 2^ (p. m.). 

Com relação ás observações magnéticas, determinadas em trinta 
e quatro estações, acrescentaremos duas palavras. 

A componente horisontal obteve-se pelo conhecido methodo das os- 
cillações. 



NOTA EXPLICATIVA 2 85 



O apparelho constava de uma caixa cylindrica de madeira de buxo, 
tendo na base interior circulo de marfim graduado e thermometro cur- 
vo em forma circular. Eleva-se do centro d'esta um tubo de vidro, 
montada na parte superior por uma roldana aonde se enrola fio de seda, 
para a suspensão da barra magnética. A barra é cylindrica, de o^jOjS 
de comprimento e o",oo4 de diâmetro, terminando por dois cones. Um 
estribo de latão, com pequeno gancho, serve para a suspender no fio. 
O coefíiciente de temperatura d*aquella determinou-se no observa- 
tório do Infante D. Luiz, em junho de 1877, achando-se q = — 0,001 
entre as temperaturas de 10» a 3o^ centígrados. 

Obteve-se também, por grande numero de series de ^o = 3",833; 
isto é, a duração média de uma oscillaçâo á temperatura de iS*», e em 
Luba foi de 3',833 sendo 4,93o (unidade ingleza) o valor da compo- 
nente horisontal. As formulas empregadas foram 

í:=Y ['-q (t->5»)] 

X=4,93 ^ 

Em março de 1880, regresso a Lisboa, de novo se determinou o 
tempo de uma oscillaçâo, e achou-se ^o = 3",9i3, sendo 4,965 o valor 
da componente horisontal. 

A perda, pois, do magnetismo da barra, durante dois annos e nove 
mezes, á mesma temperatura de 25", foi de o", 0447, o que corresponde 
a 0,001 35 por mez, suppondo-a proporcional ao tempo decorrido. 

Esta correcção da perda de magnetismo fez-se a cada dado de per si. 

A amplitude das oscillaçóes no principio manteve-se entre 25' a 
3o», e para a medida do tempo empregou-se um bom chronometro, 
cuja marcha foi sempre inferior a 7*. 

Os resultados da componente horisontal obtiveram-se segundo os 
methodos dos menores quadrados, e são os seguintes : 

As linhas de igual componente seguem proximamente os parallelos 
de latitude; o angulo formado com os meridianos é de 89», 7' noroeste. 

O valor de 5,9 (unidade ingleza) está por 6", 4' sul, e o de 5,o por 
140 20' sul, correspondendo assim uma diminuição de 0,1 por 49^,5 em 
latitude. 

Para inclinação usou-se o inclinometro construído por John Do- 
ver. O apparelho é de madeira de buxo, o circulo vertical de marfim 
e os pés e os parafusos de ebonite, O circulo azimuthal tem o",o85 de 
diâmetro e é quadrado em graus; o vertical acha-se graduado em 
meios graus e possue o diâmetro de o"',o65. A agulha mede de com- 
primento o",o64, sendo o seu eixo assente em duas falcas de agatha, 
e esta parte do instrumento é protegida por uma caixa circular com 



286 NOTA EXPLICATIVA 



dois vidros parallelos para se fazerem as leituras; notou-se porém n'um 
dos eixos uma pequena falha, a qual tornava difficil a observação. 

O instrumento tinha pouca estabilidade, por causa da leveza da ma- 
téria de que a construíram, sendo os movimentos duros; e como os es- 
tudos se realisavam em abrigos defeituosos, para obter uma média de 
confiança era preciso fazerem-se muitas leituras nas diíferentes posi- 
ções da agulha, a qual se magnetisava em sentido opposto a cada in- 
versão, mediante um forte magnete. 

Em consequência da difficuldade das leituras dos extremos da agu- 
lha, achou-se, por um certo numero de observações feitas em Lisboa, 
que o erro provável seria de + 12', devendo talvez apresentar-se maior 
no campo e sobretudo no ponto explorado, em que a declinação é de 
3o® a 40''. Desprezaram-se algumas por estarem influenciadas pelas 
acções magnéticas locaes: como minas de ferro e até ferro magneti- 
sado. 

Os seguintes resultados deduziram-se dos elementos pelo methodo 
dos menores quadrados. 

A inclinação augmenta 1° 24' por cada grau de latitude; as linhas 
isoclinicas são obliquas aos parallelos por um angulo de 17*» 19' su- 
doeste. No intervallo de 7* de latitude nota-se 10° de differença de in- 
clinação. 

As declinações não foram observadas por um instrumento especial 
ou declinometro; empregámos o bem conhecido alto-azimuth de mr. 
> d'Abbadie, o mesmo que este explorador usou na campanha scientifi- 
ca da Abyssinia. 

Obtivemol-as pela comparação dos azimuths do sol, calculados pe- 
las alturas d'este, sendo todas submettidas ao methodo referido, pro- 
duzindo o seguinte : 

As linhas isogonas fazem com. os meridianos ângulos de 34° 56' no- 
roeste. A declinação noroeste decresce para este i° por 109' sobre os 
parallelos e augmenta i» para o sul por i52' sobre os meridianos. 

A força total, cujas linhas isodynamicas estão traçadas na carta, foi 
deduzida da combinação dos valores da componente horisontal e da 
inclinação. 

À terra explorada, comprehendida entre os parallelos de 6" e i5» 
sul e os meridianos de i3® e 20* este de Greenwich, é muito interes- 
sante relativamente ao magnetismo terrestre. Esta região faz parte de 
uma zona em que a intensidade consiste na minima do globo. 

As primeiras observações da força total em Africa, dignas de con- 
fiança, foram publicadas pelo general Sabine em 1837, em cartas que 
mostram uma zona de forma triangular, com a maior dimensão dispos- 
ta éste-oeste, entre os parallelos 10» e 3o° sul e os meridianos 23» e 43" 
oeste de Greenwich, sendo a dita força inferior a 6" i' (unidade ingleza). 



NOTA EXPLICATIVA 



287 



Em 1840 a carta magnética de Gauss e Weber apresenta uma su- 
perfície oblonga disposta do mesmo modo, um pouco deslocada para 
oeste, em que a força é inferior a 6,8, com uma minima (6,1) perto da 
ilha de Santa Helena. Este ultimo valor foi confírmado pelos trabalhos 
mais exactos do observatório magnético de Santa Helena (1840-1842). 

A convexidade para este das nossas curvas isodynamicas, e os va- 
lores de 6,7 a 6,8 na costa e augmentando para este, indicam uma dis- 
posição similhante d'esta região de minima, ainda que se tenha des- 
locado mais para oeste. 

A intensidade magnética augmenta 0,1 (unidade ingleza) para este 
por 2« 10' em longitude no iS» sul; mas mais para o norte, por 8° sul, 
cresce vagarosamente, 0,1 por 2* 40'. 

INSTRUMENTOS EMPREGADOS 



Aneróides de Cazelle 2182 c 2 183 

Barómetro Macneill 


Correcções 


Antes da partida 
Junho, 1877 


Depois da chegada 
Março, 1880 


-1- 0,28 c. 
4- 0,34 
4-0,34 
4- 0,3 1 
-h 0,34 

— 0,27 c. 

— 0,32 

— 0,26 

— 0,2 

— 0,2 
-0,1 

— 0,6 
4-0,3 

4-0,4 

0,0 
+ 0,5 
4-0,2 
4-0,1 

0,0 


(1) 

4- 0,35 
4o,3i 
4-0,27 
4-0,32 

— 0,27 

— o,3o 
(I) 

(I) 
(I) 

(0 
(2) 
{») 


H)'psometros de Baudin n." 107 

Hypsometros de Baudin n.® 108 

Hypsometros de Baudin n.' 109 

Hypsometros de Baudin n.° 1 10 

Hypsometros de Baudin n." 112 

Geísseler 55 


Geisseler 56 


Geisseler 57 , 


Psychronometro Geisseler) 

(molhado .... 

Thermometros n.* 2; 


Thermometro de Funda 


T.. j ,- j Baudin n.« 2 C624 
Thcrmoractro de Funda . 

Baudin n.* 2 6625 

_. I Baudin n.® 2 6622 
1 nermometro máximo . . j 

( Baudin n.® 2 6623 

^ . . l Baudin n." 2 6620 
Thermometro mmimo . .j 

(Baudmn." 2 6621 

Thermometro mínimo Secrctan 


(i) Partiu-se durante a viagem.— (2) Partiu-sc no fogo. 



ABREVIATURAS 

DAS 

OBSERVAÇÕES METEOROLÓGICAS 



a. 


antes do meio dia 


ag.' 


aguaceiros 


app. 


appârcncias 


b. t. 


bom tempo 


C. 


cúmulos 


C. (na casa 


do vento) calma 


c. 


claros no céu 


cac. 


cacimba 


chuv. 


chuvoso 


Ci. 


cirrus 


cor. 


correndo 


duv. 


duvidoso 


Ed. 


eclipse 


for. 


forte 


fr. 


fresco 


firo. 


grossas 


int. 


intenso 


irr. 


regular 


Icv. 


levantaramse 


m. b. t. 


muito bom tempo 


n. 


noite 


ne. 


névoa 


;==! 


ncvoa intensa 


Ni. 


nimbos 


nu. 


nuvens 


P. 


depois do meio dia 


raj. 


rajadas 


rcf. 


refrescou 


rcg. 


irrregular 


som. 


sombra, sombrio 


St. 


stratos 


T. 


tempo 


th. 


thermomctro 


told. 


toldado 


trov. 


trovoada 


V. 


vento 


K 


trovões 


< 


relâmpagos 


e 


aguaceiros 


^^ 


arco iris 


_uu 


vento forte 


10 


atmosphera nublada 





atmosphera limpa 



OBSERVAÇÕES METEOROLÓGICAS 



FEITAS PELA 



EXPEDIÇÃO AO INTERIOR DE AFRICA 

NOS ANNOS DE 1877-1880 



SOB A DIRECÇÃO DE 

4 



H. GAPELLO E R. IVENS 



VOL. I 19 



=00 










OBSERV. 


ÇÚI-S 


















ADVERT 


Nas trcs primcirus coluninns Ja diroita di- cada nmppa, sob a epipraphc A'< 


se os signacs adoptad'íS uhimíinn;nii,- pelos metL-oroloiiiitas. Quando ahi nS 


Fará dctcTniinar a prcisão aimoíphcrii:Li servinio-nos, ate iio IÍni de marçi 


ttr-si: fracturado o tubo do dito baromelro. KiifS instrumenlos comparara 


As obsL-n-afõi:S foram conisidas no observatório metcorolopiío do Infani 


As temperaturas máximas e mínimas ins^riptas nVstts mappas nolam-s 


viagfm litisdc esse mesmo tempo utf ús s^is da miuihã immtdiuia, em que se li 


meridinrtO de referencia é o de Greenwich. As ahitiides esiáo expressa! 


As observaçóts das seis horas da manhã, quando em viagem, corrcspoiub 


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r.EOGRAPHICAS 



279 



Estados 


Alturas 


Azimuth 


Latitude 


Longitude 


Sub. 


1.06.40.00 


a. m. 


60,45 


69,25 


9 


.15.35 


15.19.48 


- 


— 


— 


- 


— 


9 


.3o.3o 


i5.32.3o 


Sub. 


1.07. 15.46 


a. m. 


55,61 


78,7 


9 


.39.52 


15.42.16 


» 


1.07.40.00 


p. m. 


53,78 • 


36o,i 


9 


.39.52 


15./12.16 


» 


1.09.0S.48 


a. m. 


53,02 


89,5 


9 


.5o. 01 


15.46.10 


— 


— 


— 


— 


— 


9 


47.55 


15.57.20 


Sub. 


1.09.23.36 


^p. m. 


53,29 


35o,i 


9 


.46.29 


i6.o3.3o 


— 


— 


— 


- 


— 


9 


44.40 


16.07.30 


Sub. 


1.09.38.24 


a. m. 


55,89 


9» 4 


9 


43.16 


16.20.18 


- 


- 


- 


— 


— 


9 


35.19 


16. 10. 3o 


Sub. 


1.09.54.00 


^p. m. 


52,91 


- 


9 


28.58 


16. 12.58 


- 


- 


» 


57,12 


35o,2 


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40.3o 


15.42.16 


Sub. 


i.io.3o.o5 


- 


— 


— 


9- 


40.3o 


1^42.16 


» 


I. II. 10. 00 


a. m. 


45,20 


106,4 


9- 


40.30 


15.42.16 


— 


- 


- 


— 


— 


9- 


46.35 


- 


Sub. 


I. II. 48. 12 


Q_ p. m. 


26,36 


33 1,8 


9 


40.06 


i5.20.o5 


— 


— 


— 


— 


— 


9- 


40.24. 


i5.ii.3o 


— 


— 


— 


— 


— 


9- 


39.52 


14.31.54 


~ 


— 


— 


— 


- 


9 


41.00 


14.31.54 


Sub. 


1.12.5o. 34 


a. m. 


7í,8i 


96,4 


9- 


41.00 


14.31.54 


» 


I.I5.00.IO 


p. m. 


55,13 


324,6 


9 


41. (X) 


14.31.00 


» 


1.15.14.00 


» 


60,70 


319,75 


8. 


47-56 


13.07.30 


» 


1.15.24.00 


» 


60,33 


319.8 

« 


8 


47-56 


13.07. 3o 



(5) £m Luanda a 26 de outubro, pelo baláo do observatório, obteve se o estado para o chronometro 



292 










OBSERVAÇOHS 
















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— 


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— 


— 


26,9 


- 


28,7 


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16,1 


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- 


— 


WSVV. 


I 


— 


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14.08 


14.49 


1435 


— 


— 


— 


— 


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17,2 


17.9 


69 


— 


— 


C. 





- 


6 


14.02 


14.52 


1399 


- 


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— 


— 


26,6 


- 


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20,7 


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— 


— 


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25,4 


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E. 


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I 


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— 


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- 


— 


C. 





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13.44 


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1642 


— 


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— 


— 


24.4 


- 


24.7 


16,7 


17.4 


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— 


— 


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I 


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1642 


— 


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1642 


- 


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- 


— 


E. 


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- 


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13.44 


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1642 


- 


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— 


— 


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— 


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- 


— 


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I 


- 


M 


13.44 


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1642 


— 


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— 


— 


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- 


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16,6 


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- 


— 


N. 


I 


- 


i5 


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l5.02 


1642 


— 


63o,2 


— 


— 


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— 


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— 


— 


E. 


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- 


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— 


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- 


— 


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— 


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71 


— 


— 


WSW. 


2 


— 


17 


13.44 


l5.02 


1642 


- 


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— 


— 


24,9 


- 


25,2 


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- 


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W. 


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l5.02 


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— 


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— 


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18,2 


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- 


— 


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2 


- 


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13.44 


l5.02 


1642 


— 


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— 


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- 


— 


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2 


- 


22 


13.44 


l5.02 


1642 


- 


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— 


— 


26,4 


- 


22,6 


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— 


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2 


- 


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l5.02 


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- 


26,2 


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16,5 


64 


- 


— 


SVV. 


2 


- 


24 


13.44 


l5.02 


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SVV. 


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- 


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1642 


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25,0 


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28,0 


18,0 


18,4 


73 


— 


— 


SW. 


2 


— 


26 


i3u|4 


l5.02 


1642 


- 


63o,2 


- 


- 


25,9 


— 


26,3 


16,3 


19,6 


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- 


— 


SE. 


2 


- 


27 


13.44 


l5.02 


1642 


— 


631,2 


— 


— 


24,9 


- 


27,0 


16,2 


17,2 


72 


— 


— 


NNVV.. 


3 


- 


28 


13.41 


l5.02 


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- 


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— 


- 


22,7 


— 


25,7 


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16,2 


79 


- 


— 


NNE. 


2 


- 


29 


13.44 


l5.02 


1642 


— 


629,2 


— 


- 


25,6 


- 


25,8 


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- 


— 


\\N\V. 


I 


- 


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13.44 


l5.02 


1642 


- 


629,2 


— 


- 


25,9 


- 


26,2 


i5,3 


14,1 


55 


- 


— 


WNW. 


3 


- 


3i 


1344 


l5.02 


1642 


- 


63 1,2 


— 


- 


24,7 


- 


25,8 


14,7 


Mi7 


62 


- 


— 


WSW. 


I 


- 


(i) EmTiagem.— 


(2)C 


aconda. 











878 












METEOROLÓGICAS 


293 


Quantidade 


e qualidade de r 


luvcns 
S^p. 


2 

> 


6^ ai. 


Notas 
7»» 35°» Wash. 


Shp. 


6»>a. 


7^ 


35™ Wash. 












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- 


7 


C, Ni. 


- 




I 


- 


— '5-7 a.;© 7-8 p. 


- 


- 


2 


C. 


— 


~ 





— 


B. t. 


- 


— 


5 


C. 


— 


— 


3 


— 


B. t.; K' do NE. 3 p.; ^ 


- 


- 


5 


C, Ni. 


- 


"* 





— 


B. t.; KaNE. 5-8p. 


- 


- 


2 


C. 


— 


— 





— 


B. t. 


- 


— 


7 

7 


C, Ni. 
C, Ni. 


— 


— 


I 

I 


: 


Ne. 5 a.; K a NE.; 
KdeEf2-3p.;© 


: 


- 


10 


Told., c. 


— 


— 





- 


B. t. 


— 


- 


10 


Told., c. 


— 


— 


I 


— 


3-4 a.; KaNE. 


- 


: 


10 
10 


C.,Ni., c. 
Told. 


— 


: 



4 


— 


'5-8a.;E. fr. 3-5p.; 
K a SW.; ©• 


— 


- 


10 


Told. 


— 


— 





— 


©• 7 a.; B. t. 


- 


- 


10 


Told. 


— 


- 





— 


Q por vezes 


— 


— 


5 


C, Ni. 


— 


— 





- 


B. t.; SW. for. n. 


- 


- 


5 


C. 


— 


- 





— 


B. t. 


— 


- 


5 


C, St. 


— 


- 





— 


B. t. 


— 


— 


5 


c. 


— 


— 





- 


B. t.; Icv. nu. gro. do NE. 


— 


- 


10 


C, Ni., c. 


— 


— 


I 


— 


K a NW.; R a E. 5 p.; Q 


— 


- 


10 


Told. 


— 


— 


I 


— 


® 5-6a.; B. t. 


- 


- 


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C. 


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B. t. 


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B. t. 


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C. 


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B. t. 


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C. 

C, Ni., c. 


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B. t.;RdoNE. 3-5p.; 

KaE. 7-iop.;© 

T. duv. 


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C, Ni. 
C, Ni. 


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T. duv. 


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10 


Told. 


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C. 
C. 


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B. t.; K a SE. 4 p.; 

N. for. n. 

B. t. 


— 


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c. 


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294 



OBSERVAroES 



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í>ircLção e força do vento 



6'' a. 





7'' 35- 
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2 


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1 


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1 

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1 


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1 


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2 




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2 


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c. 






K^-p. 



(i) Caconda.— (2) Hm viagem. 



1878 



METEOROLÓGICAS 



295 



Quantidade c qualidade de nuvens 



6»» a. 



-j^ 35» Wash. 



5 


C. 


3 


C. 





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C, Ni. 


5 


C. 


/ 


C. 


5 


C. 


2 


C. 


7 


C. 


10 


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10 


ToIJ., c. 


10 


Told. 





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7 


C. 


2 


C. 





c. 


10 


* Told. 


5 


C. 


10 


Told., Ni. 


2 


C. 


5 


C. 


7 


C. Ni. 


10 


Told.. Ni. 


10 


Told., Ni. 


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C, Ni. 


/ 


C, Ni. 


10 


T<;ld. 


10 


Told. 



8''p. 



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C^a. 



Notas 



7b y^m -vvash. 



B. t. 
B. t. 

M. b. t. 

M. b. t.; th. ao sol 3i,5 

B. t.;I<;doNE. 12a.;© 

0«n.;NNW. fr.âsS;B.t 

B. l. 

B. t. 

B.t. 

T. duv.; ©• 2 p. 

T. duv. 

B.t. 

B.t. 

B.t. 

B. l. 

B. l.; til. ao sol 3|.f 

T. duv. 

©9->2 p. 

©' i-3n.;0 1-6 a. 

Told. otc 10 a.; depois cl. 

B. t.;KdoNK. .jp.;0 

T. duv.; [^ a ]•'. 3 p. 

R do NJ:. u.; ©• 
f<; a NIC; O' íitc ás ô 

Tduv.;Q"5p.; 
JT do SK. 

o do N.: o 'á^ SI--- 6 7P- 

O do SE.: 4-r» p.; 

Ra SE. 

KdoNE. 1-3 u: O': K 

do N. (> p.;OS-i2 p. 

© i-ii a.:0 



8''p. 



296 










OBSERVAÇÕES 
















HAB 




1 

2 

2 4» 


^1 


1 

< 
1710 


PrctiiiiD, 


TempiTiTiiro 


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Direcção e [br;i do venta 


í 






5i 


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23,4 


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1 

14,0 


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- 


- 


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24,8 


16,3 


14.2 


74 


- 


- 


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2 


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- 


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- 


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- 


26,5 


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- 




SE. 




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5 


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- 


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- 


- 


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- 


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16,5 


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62 


- 


- 


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26,4 


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26,5 


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- 


- 


S. 




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7 


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.649 


- 


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17,3 


- 


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- 




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- 


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- 


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- 


- 


- 


15,9 


87 


- 




SE. 




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157I 


_ 


528 3 


- 


- 


23.2 


- 


33,0 


i5.7 


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80 


- 




C. 




- 


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157'' 


- 


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- 


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- 


23,3 


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- 


- 


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- 


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13:1 


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157'' 


- 


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- 


32,0 


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33,3 


■7.3 


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- 


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11 




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- 


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- 


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- 


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- 


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- 


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E. 




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1, 


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16 5o 


1'/' 


- 


S281 


- 


- 


22,4 


- 


23,7 


■7.7 


L6.8 


83 


- 


- 


NW. 




- 




IJ- 


16 5o 


157-* 


- 


- 




- 


- 


- 


- 


- 




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- 




- 




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2- 


i0 5o 


,S7'' 


- 


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- 


33,8 


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- 


- 


NW. 




- 






16 5o 


157I 


_ 


61i1 




- 


2S,4 


- 


_ 




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7« 


- 


- 


NW. 




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- 


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- 


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- 


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■7.3 


■4.8 


83 


- 


- 


NW. 




- 


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,C5o 


.573 


- 


639 3 




- 


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- 


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■6.7 


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- 


- 


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M 


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16 (o 


1S7'' 


- 


1,298 




- 


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- 


- 


- 


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- 


- 


NE. 




- 


11 


IJl 


iú5o 


i57'< 


- 


Slí,N 




- 


22.5 


- 


'3.7 


,6,8 


■4.4 


<"•) 


- 




SK. 




- 


2J 


m 


ibSo 


1S7I 


_ 


53,8 




- 


23.1 


- 


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■7.3 


15,5 


7, 


- 




SE. 




- 


= 1 




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.S7I 


_ 


63,,3 


_ 


_ 


l3,4 


_ 


14.7 


■3,0 


,9.4 


00 


_ 


- 


NNW. 




_ 


:l< 


2 1, 


16 5d 


.5,1 


- 


630,3 


- 


- 


23,1 


- 


23,5 


■8,, 


iS,4 


8; 


- 


- 


SSE. 




- 


1' 


I3> 


i6V> 


.573 


- 


53i,8 


- 


_ 


22,y 


- 


=3,5 




14-9 


70 


_ 


- 


SSE. 




- 


36 


3=J 


lã 5o 


.573 


- 


.3.3 


- 


- 


20,5 


- 


23,0 


.7.6 


,6,0 


87 


- 


- 


SE. 




- 


5, 


112 


16 5o 


.573 


- 


r33.8 


- 


- 


30,7 


- 


21,8 




i5,o 


82 


- 


- 


SE. 




- 


58 


„, 


16 ■« 


[57I 


- 


632.3 


- 


- 


22,1 


- 


33,3 


Iw 


i5,3 


76 


- 


- 


SE. 




- 


-Q 


2 3- 


ifi-* 


■^3 


- 


632.3 


- 


- 


22,4 


- 


22,5 


,a,â 


■5,9 


7S 


- 


- 


SSE. 




- 


lo 


,3-. 


.(.5o 


,S73 


- 


blj.8 


- 


- 


l3.2 


- 


23,5 


i5,i 


■4.8 


ÚS 


- 


- 


SE. 




- 


^' 


2.2, 


i6.5(. 


.573 


- 


(.-.3,8 


- 


- 


t3,i 


- 


23,8 


16,3 


14,0 


64 


- 




SE. 




- 


(li ETnvioBem.— <a)NoHió. Ás6''3í'" (p, m.| um K""J'-- WiJe, ca 
mclha; luitmiiM duronlí; olrí|ccto. 





878 












METEOROLÓGICAS 


297 


Quantidade e qualidade de 1 


luvens 


2 




Notas 




6^8. 


f 35" Wash. 




8hp. 


> 

3 

U 
5 


6ha. 


^h 35» Wash. 


S^p. 


— 


10 


Told., Ni, 


— 


— 


» 


T. som.; Q*7-i2 


— 


- 


10 


C, Ni. 


— 


- 


8 


- 


1-8 a.; t. som.; ® 7-9 p. 


- 


- 


7 


C, Ni. 


— 


- 


2 


- 


0' 2-4 a.; t. duv. 


- 


^^ 


7 
10 


C, Ni. 

C, Ni. 


— 


— 


3 
I 


"" 


K a NE.; K do NW. 

6-8p.;©'. 
KdoSW. 3-4p.;©. 


— 


^ 


5 


C.,Ni. 


— 


— 


I 

2 


"" 


KaS.;K'doNE. 

11 n.;©' 

K©o-2a. 


: 


: 


5 
10 


C. 

Told. 


— 


: 



I 


— 


T. duv.; K do N. 2-4 p.; 

®7P- 
T. duv.; © 5 p. 


^ 


- 


10 


C, Ni., c. 


— 


- 


2 


— 


©•;©5-7p. 


— 


_, 


10 

5 


C, Ni., c. 
C, Ni. 


— 


^^ 


2 

I 


: 


T. som.; K do NE. 4 p.; 

©6-7p.;KdeSW.;© 

T. som.; K de VV. 4 p.; © 


— 


- 


7 


C, Ni. 


— 


- 


3 


— 




— 


- 


10 


C, Ni. 


— 


— 


4 


— 


© de NW.; K a NE. 


— 


— 


10 


Ni. 


_ 


— 




5 


— 


KdoSW. 11 a.;©' 


mm, 


- 


10 


C, Ni., c. 


— 


— 





— 


K a SW. 4-5 p.; ©• 


— 


- 


10 


Told. 


— 


— 


2 


— 


© do NW.; K do NE. 2 p. 


— 


- 


2 

7 
10 


C. 
C.,Ni 

Told., c. 


- 


— 


4 
2 

4 


— 


B, t.;KdoSW. 5-7p., 

depois do NE.; © 
T. duv.; © do N. 4 p.; 

R-ddNE.;©' 
T. duv.; © do SE. 7 p. 


> 


- 


5 


C. 


- 


— 


3 


- 


B. t, K do NW. n.; © 9 p. 


— 


- 


5 


C, Ni. 


— 


— 


3 


— 


T. duv.; K ' do SE. 4 p.; © 


— 


- 


5 


C, Ni. 


— 


- 


2 


— 


© do N. 3 p.; © 


- 


- 


5 


C. 


— 


- 





- 


T. duv. 


— 


- 


10 


Told. 


— 


- 


6 


— 


© do SE. 


— 


- 


10 


Told. 


— 


- 


4 


- 


©'V. fr.4-8a.;©doSE. 


- 


- 


10 


Told. 


— 


- 





- 


T. duv. 


— 


- 


5 


C. 


— 


- 





- 


B. t. 


- 


- 


2 


C. 


— 


— 





• 


B. t. 


— 


- 


10 


C, Ni. 


— 


- 


2 


- 


T. duv.; © 7-9 p. 


— 


tal, altura de 10 a 12' durante 


7/^ apparecí 


íu a NNO. c camii 


nhou 5o", desfazendose depc 


)is com luz ver- 



2q8 



OBSERVAÇÕES 



1 



3 



7 

s 
o 

IO 

11 

12 

l'} 

i3 

ir, 

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Dirccvâo c for^a do vento 



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1 


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2 



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878 












.METEOROLÓGICAS 


299 


Qnamida 


de c qualidade de nuvens 


■r. 

2 




Notas 


6»» a. 


7'' 33 » Wash. 


8''p. 


T 

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7'' 35"» AVash. 


8''p. 


— 


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C.Ni. 


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B. t. 


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T. duv. 


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H. t.; rcf. V. pelas 4 p. 


- 


- 


5 


C. 


— 


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— 


H. t.; rcf. V. pelas 3 p. 


~ 


- 


5 


C. 


— 


— 







B. t.; rcf. V. pelas 4 p. 


— 


— 


5 


C. 


- 


— 


C) 


— 


B. t.; rcf. \. pelas 4 p. 


- 


— 


2 


C. 


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C. 


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B. t. 


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C. 


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B. t. 


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B. t. 


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10 


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C. 


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B. t. 


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— 




C. 


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B. t. 


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B. t. 


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B. t. 


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B. t. 


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B. t.; ref. v. pelas j p. 


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B. t. 


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B. t. 


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B. t. 


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— 


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B. t. 


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B. t. 


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B. t. 


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B. t. 


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B. t. 


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OBSERVAÇÕES 












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ssw. 


3 C. 


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11,53 


17.38 


11*9 


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c. 




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17,38 


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663,7 


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1 c. 


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9.3 


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c. 


C. 


c. 


|il Uic.— li) lim viagem. As obscrva<,'ú^s cm vínficni dis fí' d;i manliá carr<:s|K)nJcni il la)., long, e 



DE 


1878 












METEOROLÓGICAS 




3oi 




Quantidade e qualidade de i 


luvcns 


e 



> 

U 



6»>a. 


Notas 
7^ 35» Wash. 


Shp. 




6" a. 


7'' 35- Wash. 


Shp. 


— 


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10 


Told. 


— 


- 


— 


B.t. 


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— 


- 


10 


Told. 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 


- 





Limpo 


— 


- 





— 


B. t. 


- 


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Limpo 


— 


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B.t. 


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B.t. 


o 


Limpo 





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B.t. 


B.t. 


B.t. 


o 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B.t. 


o 


Limpo 





Limpo 





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B.t. 


B.t. 


B. t. 


o 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


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B.t. 


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Limpo 


2 


C. 





Limpo 





B.t. 


B.t. 


B.t. 


2 


CSt. 


2 


C, C-St. 


10 


C. 





B.t. 


B. t. 


B.t. 


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Limpo 





Limpo 





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B. t. 


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B.t. 


B.t. 





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— 


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2 


C. 


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B.t. 


B.t. 


— 


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Limpo 





Limpo 


— 







B. t. 


B.t. 


— 


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Limpo 





Limpo 





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B.t. 


B.t. 


B. t. 


o 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B. t 







Limpo 


10 


Told. 





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B.t. 


B.t. 


B.t 




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Told. 





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B. t. 


B.t. 

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B.t. 


B.t 







Limpo 





Limpo 





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B.t. 


B.t. 


B.t 




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Limpo 





Limpo 





Limpo 





B.t. 


B.t. 


B.t 







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Limpo 





Limpo 





B.t. 


B. t. 


B.t 







Limpo 





C. 





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B.t. 


B.t 







Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t 




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Limpo 


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— 





Limpo 





B.t. 


— 


- 





Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B.t. 





Limpo 





Limpo 





Limpo 





B.t. 


B. t. 


B.t 


do dia anterior.— (3) Quitcque.— Ç\ 


\) NoCu-anz 


a. 









302 










OliUCIiV.V 


CÕLS 
















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1 

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l)íivn-ão c fi-,r;a do vento | 


57 




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18/8 



METEOROLÓGICAS 



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Quantidade 


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Ic nuvens 
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B.t. 


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B.t. 


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B.t. 
B.t. 
B.t. 
B.t. 


B. t., barra do._aW. 

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B. t.; barra do^^aW. 

p. 
B. t.; barra do aW. 

6 p. 

B. t. ; V. de raj.; cac. 

ao pôr do òo\ 


B.t. 
B.t. 
B.t. 
B.t. 
B.t. 


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Limpo 
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Limpo 

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B. t. ; nc. 
B. t. ; ne. 


B. t. ; cac. aW. ató 8 p., 

SK. fr. IO- 12 p. 

B. t. cac. a W.; SE. 

for. n. 

B.t. 


B.t. 
B.t. 
B.t. 


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292 










OBSERVAÇÕES 














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- 


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13-44 


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- 


- 


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- 


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13.44 










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- 


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- 


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- 




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13.44 








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- 


- 


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- 


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- 


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55 


- 


- 


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- 


- 


14.7 


- 


j5,8 


14,7 


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63 


- 


- 


WSW. 


(1) Em y »g m Caco 



1878 



METEOROLÓGICAS 



3o5 



Quantidade < 


e qualidade de n 


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n 

2 


Si 

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Notas 
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6^ a. 


7" 


35» Wash. 




S^-p. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 


Cac. aW. 


B. t. ; ne. de N. 


Cac. aW. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. int. a W. 


B. t.; cac. aW. 


Oic. aW. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. int. a W. 


B. t. ; V. de ra). 


Cac. aW. 


Limpo 


— 


- 


— 


- 





Cac. int. a W. 


- 


- 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. a W. 


B. t.; ne., m. 


B.t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. 


B. t. ; ne., m. 


B.t. 


Limpo 


5 


C. 





Limpo 





Cac. 


B. t. 


B.t. 


C 





C. 





Limpo 





Cac. 


B. t. 


B.t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. 


B.t. 


B.t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cie. 


B. t. 


B.t. 


CSt. 





Limpo 





Limpo 





Cac. 


B. t. 


B.t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. 


B.t. 


B.t. 


Limpo 


2 


C. 


5 


- 





B. t. 


B.t. 


Cac. 


C.,C.-St.,c. 


5 


C, St. 


10 


Told. 





B. t. 


T. som. 


B.t. 


Vrfa| \^»*Ol« 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


Ne. 


Cac. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. 


B. t.; — ' a E. 


B.t. 


Limpo 


3 


C. 





Limpo 





Cac. 


B. t. ; ne. 


Cac. 


Limpo 


3 


C. 





Limpo 





Cac. 


B. t. ; ne. 


B.t. 


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2 


c. 





Limpo 





B. t. 


Ne.; th. ao sol 33,o 


B.t. 


C. 


5 


c. 





Limpo 





Cac. 


B.t. 


B.t. 


Limpo 


— 


- 


- 


- 





Cac. 


— 


- 


Limpo 


— 


- 





Limpo 





B. t 


- 


B.t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t. 


C. 





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Limpo 





Cac. 


B.t. 


B.t. 


) C. 


7 


- 





Limpo 





B. t. 


B. t.; V. de raj.; ne. a S. E. 


B.t. 


Ci.C. 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t.', V. de raj.; ne. a S. £. 


B.t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t.; V. irr. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t. 


C. 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t. 


C. 





C. 





Limpo 





B. t. 


B. t.; ne. 


B.t. 


Limpo 


2 


C. 





Limpo 





Cac. 


B.t. 


B.t. 


ura 35®, divid 


iu-i 


le em dois. — (3] 


Em viagem 


. — (4) N'Dumba' 


Fembo. — (5) NDumba Mu{ 


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VOL. U 



30 



3o6 












OBSERVAÇÕES 
















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2 

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554,6 


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654,6 


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655.5 


656,o 


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14 


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13 


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13 


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31,7 


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11 


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E 


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C 




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S 


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10.46 


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10.46 


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S. 




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10.46 


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563.5 


664,5 


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13 


SSW- 




S. 


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10.46 


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1336 


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11 


ssw. 




SSW. 




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10.46 


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1116 


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663,5 


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11 


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1116 


565,5 


663,5 


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■ 5.6 


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1116 


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■ 5.6 


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10.46 


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10.46 


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661.5 


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10.34 


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- 


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C. 




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10,34 
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566.5 


667,0 


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c. 

s. 


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N. 


N- 


(!) NDumbíMugliandc-W Enuugcm.-ffl Em Catuclii.-Ul Mucnc TdiquilU. 



: 1878 












METEOROLÓGICAS 


3o7 


Quantida 


de 


c qualidade de nuvens 


■ti 

2 


1 
% 




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Notas 
f 35» Wash. 


8^p. 


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35™ Wash. 


^^, 


C. 





Limpo 





Limpo 


B. t. 


B. t.; ne. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


C. 





Limpo 





Limpo 





B. t.; V. deraj. 


B. t.; 6-10 a. V. fr. SE. 


B. t. 


Ci-C. 

. Ni. 


7 
7 


C, Ni. 
C, Ni. 


10 
10 


Ni. 
Told. 


2 



T. duv. 
T. som. 


T. duv.;©»KdoSW. 

3-5 p.; © 

T. duv. 


©•;<aNW. 
T. som. 


C. 


5 


C. 





Limpo 





B. l. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. l. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 


— 


- 





Limpo 





B. t. 


- 


B. t- 


) Told. 





Limpo 





Limpo 





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B. t. 


• B. t. 


) Told. 





Limpo 





Limpo 





Cac. 


B. t.; ne. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





Cac. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


CSt. 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t.; V. NW. for. 3-4 n. 


B. t. 


C. 


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1 


C. 


10 


Told. 





B. t. 


T. duv. 


B. t. 


c. 
c 
c. 


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7 
7 


C. 

C, Ni. 
C. 


10 

5 



Told. 

Ni. 

Limpo 







T. duv. 
B. t. 
B. t. 


T. duv. 

K a SE.; nu. cor. de SE. 

para NW. 
T. duv.; nu. cor.par*NW. 


T. duv.; K 
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T. duv. 

B. t 


c. 


7 


C, Ni. 


10 


Told. 





B. t. 


T. duv. Ni. de E. paraW 


B. t. 


c. 


10 


C, Ni. 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. l. 


c. 


7 


C. 





Limpo 





B. t. 


B. l. 


B. l. 


Limpo 





C 


— 


- 





B. t. 


B. t. 


- 


- 


5 


C. 





Limpo 





— 


B. t. 


B. t. 


Limpo 


10 


Told. 


5 


C, Ni. 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


C. 


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— 


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B. t. 


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OBSERVAÇÕES 
















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- 


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- 


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- 


- 


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1 


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13.0 


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16.0 


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SE. 




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111 


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113 


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SE. 


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1 Em vioEfin.- 


(11 Ne Bii- Ás (i" Jí" (p, m.) um pranJc NiliJe. ca 


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: 1878 












METEOROLÓGICAS 


3 09 


Quantida 


de 
7^ 


e qualidade de nuvens 


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2 

i 

1 

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Notas 
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10 


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10 


Told. 


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C. 


5 


C. 





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B. t. 


T. duv. 


B.t. 


C. 




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Limpo 





T. duv. 


- 


- 


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5 


C, Ni. 


10 


Told. 





- 


T. duv.; Ni. de NE. 


T. duv. 


c. 

> Told. 
Limpo 


10 

5 




C, Ni. 
C, Ni. 
Limpo 


10 
10 
10 


Ni. 
Told. 
Tofd. 


3 

2 



T. duv. 
— 1 

B. t. 


T. duv.; R a NW.; 

R:'doNW. 5-7p. 

K a NE.; K do NE. 5-6 p.; 

Ãn. 

B.t. 


«;KaNW. 

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B.t 


C 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B.t. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 

• 


B. t.; V. fr. das 11-12 a. 


B.t. 


Limpo 





Limpo 


10 


Told. 





B. t. 


B.t. 


Cac. 


Limpo 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t 


Limpo 


5 


C. 


5 


C. 





B. t. 


B. t.; V. fr. do SE. 


B.t 


Limpo 


2 


C. 


10 


Told. 





B. t. 


B.t. 


Cac. 


Limpo 


5 


C. 





Limpo 





B. t. 


B. t.; V. ref. das ii-i a. 


B.t 


C. 


2 


C. 





Limpo 





B. t. 


B. t.; V. ref. das ii-i a. 


B.t 


C. 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t 


C. 





Limpo 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B. t 


Limpo 


5 


C. 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B.t 


C. 


5 


C. 


5 


C. 





B. t. 


B.t. 


B.t 


) Told. 
C. 
C. 

) C, Ni. 
Limpo 
Limpo 


7 

7 

7 
5 

5 
10 


C, Ni. 
C, Ni. 
C, Ni. 
C, Ni. 
C, Ni. 
C, Ni. 


10 

5 

5 



5 

10 


Ni. 
C, Ni. 
C, Ni. 
Limpo 

Ni. 
Told. 


2 


2 
2 



B.t. 
T. duv. 
T. som. 
T. duv. 

B. t. 
T. rcg. 


T. duv.; jZ do NW. 5-7 p.; 

Ni. de SE. para NW. 

T. duv.; f?; do SW. 5-7 p.; 

Ni. de SE. para NW. 

T. duv.;KaSW. 3-4; 

a*; <aNE. 7p. (2) 

T. som.; A do NE. 3 p.; 

nu. a NW. 

T. duv.; K do SW. 3-4 p.; 

^ do NE. 4-5; nu. a NW. 

K para NW. 


KaNW. 

T. de trov. 

B. t; < a NE. 

B.t 

T. duv. 

T.duv. 


C. 
C. 

c. 


7 

7 
10 


C, Ni. 
C, Ni. 
C, Ni. 



10 
10 


Limpo 

Ni. 

Told 




I 
3 


T. som. 
T. rcg. 
T. duv. 


T. som.; nu. de NE. 

para SW. 

T. som.; R de NE. 4-5 p.; 

nn. de NE. para SW. 
T. de ag.« ; K © de E. 9 a. 


T. duv. 
<aNE. 
T. som. 


Told. 


— 


- 


10 


Told. 





— 1 


— 


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OBSERVAÇÕES 
















OUTUBRO 


5 


1 

3 


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1 


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1- 


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16.3 


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1-1.9 


21,9 


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14.6 


15,4 


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C. 





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SSE. 1 


3 


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666,3 


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16,9 


11.9 


30,6 


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16,6 


14.6 


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1 


c. 




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4 


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16.1 


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5 


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17.1 


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663,8 


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11,9 


38,8 


16,6 


11.8 


40 


c. 





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7 


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668,7 


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16.4 


14.9 


19,9 


17.» 


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14,9 


61 


c. 


D 


N. 




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666,8 


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17.4 


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18,4 


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1 


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661,1 


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682,8 


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16,6 


11,1 


35 


C. 


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18,47 


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19.4 


16.9 


=1.9 


31,0 


18, 1 


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C. 





SE. 




C. 1 


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18,40 


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683,8 


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19.9 


14.1 


3.,o 


17.6 


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C. 


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12 


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685,7 


685,8 


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21,4 


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17,6 


16,7 


f^ 


C. 





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687.7 


681,3 


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16.1 


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43 


c. 





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586,3 


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S83.7 


18.4 


15,4 


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17.1 


17,0 


84 


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1 


NNW. 




ENE. 1 


15 


91» 


18.1S 


93S 


686,= 


684.8 


68Ú.0 


18.4 


15,4 


21,4 


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18.1 


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687,3 


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31,1 


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- 


14.1 


43 


C. 





W.NW. 




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17 


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687,7 


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686,3 


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27,9 


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17,1 


16.1 


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c. 





N. 




WNW. 1 


IH 


9.» 


17.S7 


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- 


18.. 


16,9 


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3o,8 


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63 


c. 





WNW. 




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17.5; 


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- 


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- 


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21,1 


,8,9 


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- 


- 


SW. 




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10 


9.35 


'7-?7 


915 


681,7 


579Jt 


- 


18.. 


'S.4 


- 


- 


- 


16,9 


69 


l'SE. 


1 


N. 




- - 


11 


,.!i 


17.5; 


9^15 


681.8 


679,5 


680,1 


10,7 


15.4 


13,4 


16,5 


30,6 


16,3 


66 


WNW. 


1 


WNW. 




ESE. • 


» 


9.!S 


17.Í7 


91^ 


681.1 


679,8 


G8D.0 


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16.9 


15,4 


17,0 


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16,8 


63 


WXW. 


1 


St;. 




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,3 


6.?5 


17.S7 


9-15 


S8r,R 


6So,g 


681,8 


TO,4 


75.4 


=3^ 


36,8 


20.1 


16,7 


Cs 


N. 


■ 


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WNW. I 


^ 


9." 


17.5; 


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58i,7 


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579.> 


11,9 


=7.9 


21-1 


28,0 


20,6 




60 


Esi:. 


1 


WNW. 




SSE. > 


- 


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17.SJ 


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681J 


5783 


679J 


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30,0 


IQ.l 


,3,5 


45 


c. 





NW. 




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■6 


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17.57 


94! 


580,7 


ak)^ 


681,3 


■9.9 


14.5 


10,6 


27,1 


19.1 


17,3 


■fi 


c. 





N\V. 




ESE. ■ 


■7 


,.!i 


T7.57 


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68o,í 


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15,9 


J.7 


26,0 


1K.I 


1N.1 


7J 


KW. 


3J\\->fl-. 




NW. 1 


,S 


9.3! 


17,57 


£.15 


681,7 


579.7 


- 


10,9 


J6.7 


- 


17,0 


19,1 


16,1 


61 


c. 


op\-NW. 




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=9 


,.JS 


1J.5; 


W5 


6g.,8 


130,8 
«ii,i 


681, n 


19.4 


14.4 


11,4 


17.6 


17,6 


.5,9 


6y 


ssw. 


ajWNW. 




SSE. 1 


- 


9.35 


.7-37 


W5 


681.7 


- 


11,4 


v3,9 


- 


=^,B 


-9.fi 


.8,4 


S| 


c. 


WNW. 




- - 


3.í,.35 


17.57 


yi5 


681.3 


579.7 


681,1 




i7.4 


ssí 


27.fi 


,S.i 


.5-7 


50 


c. 


S. 




NNW. 1 


(i) Em vipBtm.— 13) CniMiirc. 









































s 1878 



METEOROLÓGICAS 



3ll 



Quantidade e qualidade de i 


luvens 


2 

i 

è 
õ 

2 

I 


6ha. 


Notas 
7>» 35» Wash. 


8''p. 


õ^a. 


7» 


' 35» Wash. 


8hp. 


C. 
C. 


7 
10 


C, Ni. 
Ni. 


3 
10 


Ni. 
Told. 


B. t. 
T. duv. 


T. chu. mi. a NW.; 

KdoS. 1-2 n.;®' 

K do S.; e 


T. duv. 
T. duv. 


. Told. 


10 


Told. 


10 


C. 





T. duv. 


T. som.; nu. a NW. 


T. som. 


C. 


2 


C. 


10 


Told. 





B. t. 


B. t. 


T. duv. 


C. 


7 


C, Ni. 


10 


C, Ni. 





App. de tro. 


Nu. a NW. 


<^ a SW. 


c. 


10 


C, Ni. 


5 


- 





T. duv. 


Nu. a NW.; R a SW. 


T. duv. 


c. 


10 


C, Ni., c. 


10 


Told. 





T. duv. 


T. duv. 


B. t. 


. Told. 

C. 
. Told. 


10 

7 
3 


C, Ni., c. 

C, Ni. 

C. 



10 



Limpo 

Ni. 
Limpo 




3 



K a NW. 

B. t. 
T. som. 


Nu. a SW.; R a NW. 

7-9«- 
T. duv.; nu. a SW.; K a 

SW.;K'dcNE.6-8p.i©' 

B. t. 


B-t. 

R de NE.; Q 

B. t. 


C, Ni. 
C. 


2 

7 


C. 

C, Ni. 


10 



Told. 
Limpo 


2 



K a SW.; e 
B. t. 


RaNE.; Rdc NE. 4-5 p.; 

nu. a SW. 

B. t.; nu. a SW. 


B. t. 


C. 


2 


C. 


2 


C. 





B. t. 


B. t. 


4 a SE. 


Told. 


5 


C. 





Limpo 





e 


T. duv. 


B. t. 


C, c. 
C. 

Limpo 


7 

7 
10 


C, Ni. 
C, Ni. 
C, Ni. 




10 


Limpo 
Limpo 
Told. 


2 
2 



T. duv. 

T. duv. 

B. t. 


B. t.; K de SE. 3-5 a.; 

^-iLu do SE. 

T. duv. nu. a SW.; R do 

NNE. 3 p.; A; R n. 

Ra NE. 


^ a SE. 

^ a SE. 

< a NW. 


Told. 


7 


C, Ni. 


- 


- 





T. duv. 


B. t. 


- 


- 


10 


C, Ni. 


— 


- 


I 


— 


R a NE. 


- 


C. 


10 


C, Ni. 


— 


- 


2 


B. t. 


RdcE. 


- 


Told. 


5 


C. 


3 


C. 





T. som. 


B. t 


< a NW. 


C. 

Told. 


5 
10 


C. 
C. 


10 
2 


Told. 
C. 






B. t. 
B. t. 


B. t. 

B. t. 


< a NW. e 

SW. 
<r aNE. 


C. 

Told. 


5 
10 


C. 

Told. 


5 
4 


Ni. 
C. 




I 


T. duv. 
T. som. 


B. t. 
B. t.;RdeSW. 11-12 p. 


< a NE. e 

NW. 
App. de tro. 


Told. 


10 


C.,Ni., c. 


10 


Told. 





T. som. 


T. duv. 


T. duv. 


Told. 


5 


C. 


2 


C. 





=^i 


B. t.; — « de a. 


^ a SE. 


Limpo 
Told. 


10 
10 


Told. 
Told. 





Limpo 


2 



Ne. 
B. t. 


T. duv.; R de NE.;©; 

==' de a. 

B. t. 


< a SW. 


C, Ni. 


10 


C, c. 


— 


- 





T. duv. 


B. t.; R a NE. 3 p. 


— 


C. 


2 


C. 


10 


C. 





B. t. 


B. t. 


< a SW. 





3i 














OBSERVAÇÕES 
















MOmOM 


1 


i 
3 


S^ 

t 


< 


Prc«.o 


Tempcrmiir. 


4ii 


Dif eíçSo e força do venlo 


o 

£> 


H 
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d 
1. 




^1 


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1 

1 


1 
J_ 


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1 


6» a. 


ií-r 


8»p. 


•v 


9*3S' 


ifS7 


94Í 


583,3 


- 


683,3 


11.9 


- 


■9.9 


- 


_ 


- 


_ 


C. 





- 


_ 


ENE. 3 


» 


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17.S7 


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METEOROLÓGICAS 


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Quantidade 


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T. chuv. 


C,Ni. 


10 


C, Ni., c. 


10 


Told. 


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T. chuv. 


T. chuv.; 9 de NE. 5 p. 


T. chuv. 


C. 


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C, Ni. 


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T. chuv. 


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B. t. 


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C, Ni. 




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B. t. 
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S.i ! Í.S 


■ã 


\'.>V.. 




NE. 




[ij Qi-aiiia. — U) Emvi.iscm. — (?) AompaJus.- ni ^'.uiipv'i;i.- p 


aiu-NCiiiii. 



1878 












METEOROLÓGICAS 


3i5 


Quantidade 


c qualidade de 1 


nuvens 


2 


*^ 

1 

> 

3 




Notas 


S^p. 


6»» a. 


7^ 


' 35» Wash. 




S^p. 


6»» a. 


7»» 35"» Wash. 




















C, St. 


10 


C, Ni., c. 


5 


C. 


2 


T. duv. 


©«»;©deNW.4-6p. 


T. chuv. 


Told. 
T., St. 


10 

5 


Ni. 
C. 


5 
10 


c. 

Told. 


2 



T. de trov. 
B. t. 


©deE.;F:'deS\V. 

3-5 p. 

B.t. 


Tol. 
B.t. 


Told. 


7 


C, Ni. 


2 


C. 





Ne. 


B. t.; ne. 


B.t. 


Told. 


7 


C. 


5 


C.-St. 


2 


©0 


B. t.; ©'a por vezes 


B.t. 


Told. 


7 


C, Ni. 


7 


C.-St. 


I 


T. chuv. 


©de NE. 2-3 n.; b.t. 


T. duv. 


C, St. 


5 


C. 


7 


C- 





B. t. 


^ B.t. 


B. t. 


Told. 


5 


C, C-St. 


10 


C, Ni. 





B. t. 


B.t. 


B.t. 


Told. 


7 


C. 


— 


- 


1 


B. t. 


©doN. II a.;b. t. 


— 


- 


5 


C. 


— 


- 


I 


- 


B.t. 


- 


Told. 


5 


c. 


10 


Told. 





Ne. 


B. t.; nc. a. 


B.t. 


C.-St., c. 


4 


C, Ni. 


2 


C. 





T. duv. 


KaS. 


< a NE. 


Told. 


7 


C, Ni. 





C. 





B. t. 


B. t. 


B.t. 


Told. 


7 


C, Ni. 





C.-St. 





T. duv. 


B.t. 


B. t. 


Told. 


5 


C, Ni. 





C.-St. 





B. t. 


B. t. (2) 


^a N.;m. b. t. 


Told. 


5 


C. 





c. 





— ' 


B. t.; • a. 


B.t. 


CiC. 


2 


C, C-St. 





Limpo 





B. t. 


B. t. (3) 


B.t. 


C.-St. 


5 


C, C-St. 


10 


Told. 





B. t. 


B. t.; V. de raj. 


B.t. 


Told. 


5 


C. 


— 


— 





B. t. 


B. t. 


- 


C.-St. 





C.-St. 


2 


C.St. 





B. t. 


B.t. 


B.t. 


c. 


7 


C, Ni. 


- 


- 





B. t. 


T. duv.; K a S\V. 


- 


Told. 


7 


C, Ni. 


— 


— 





B. t. 


V. de raj.; R a S\V. 


— 


Told. 


5 


C. 


- 


— 


I 


T. duv. 


B. t.; V. de raj.; ©4-5 a. 


- 


Told. 


5 


C. 


2 


c. 


I 


T. duv. 


B. t.;KaS\V.;©4-5a. 


< a SW. 


Told. 


5 


C. 


2 


c. 


5 


T. chuv. 


B. t.; © de NE. 1-6 a. 


K a SW. 


Told. 


7 


C, Ni. 


5 


c. 


/% 

J 


T. duv. 


T. duv.; © de NE. 2-5 a. 


T. duv. 


Told." 


— 


- 


— 


- 





B. t. 


- 


- 


Told, 


7 


C, Ni. 


10 


Told. 


3 


T. duv. 


T. chuv. 


< a SW. 


NI. 


7 


C.,Ni. 





Limpo 


4 


T. chuv. 


T. chuv.; ©4-8 a. 


T. duv. 


Told. 


10 


Ni. 


2 


C. 


2 


T. duv. 


© de NE. 


T. chuv. 


Told. 


10 


Ni. 


7 


C. 


2 


T. duv. 


KdeNE.;©' 


T. de trov. 


as.— (3) Dia 


»7< 


6»» 30-" p.) Bn 


lha 


mtc bólide a^ 


m 


>W.,i5»deallu 


ra, descendo para \V. por 45^ 


'.— (4) Em via- 



3i6 












OBSERVAÇÕES 












JX(ÍHM 


.2 


í 
3 




1! 
1 

a 


.«í^^.rk» 


Tcmp.r..ur. 


4 


-Si 


DlreccSo c forçado venio 1 


■£ 


■=3 




í 




i 


1 


1 


&■». 


«•£ 


(Cp. 


U' 


°8.14 


Z 


589.5 


687.S 


688,8 


18,5 


36,6 


,M 


17,0 


'7.1 


'7.7 


fi7 


C. 


NNW. 


NHE. I 


1 


5-3) 


i8.ce 


894 


6S9.8 


687.8 


- 


■6,9 


M,^ 


- 


37,0 


.« 


17,9 


w 


ESE. 


E. 


1 - - 


3 


S.3J 


1S.08 


S94 


689,3 


687,8 


- 


'U 


I5,g 


- 


- 


_ 


■6,4 


6£ 


C. 


o C. 




4 


9-3J 


18.08 


a» 


689,3 


68;.3 


- 


19.4 


>5,4 


- 


- 


- 


■7.9 


6s 


c. 


N. 


1 - - 


5 


5.3! 


18.08 


S94 


689,8 


687,3 


688,3 


.7,4 


36.4 


31,4 


37,0 


<6,4 


■7,0 


66 


c. 


NW. 


a NNW. 1 


6 

7 


í.3i 


18.01 


918 


S9".3 


6B7.B 


- 


.9,4 


'9.9 


- 


=8.0 


19,1 


.5,6 


91 


N. 


1 C. 




,.35 


17.57 


«5 


SS7.3 


583,3 


- 


'7-^ 


35,9 


- 


36.0 


16,6 


14,7 


i9 


c. 


NW, 


3 - - 


B 


,.3S 


17.57 


*45 


585.3 


583,3 


- 


J&Ht 


34,4 


- 


3S,6 


19.1 


'6,4 


73 


c. 


WN"\V. 


1 - - 


9 


,.35 


17.S7 


«s 


586.8 


585,1 


- 


10.4 


34,4 


- 


34.6 


17,6 


■5,3 


66 


M-NW. 


3 WNW. 


3 - . 


IO 


9.35 


17.57 


m5 


685,8 


584,8 


- 


■9.4 


3ú,5 


- 


36,1 


,8,6 


16,1 


61 


WNW. 


1 WNW. 


3 - . 


11 


,.35 


,7.57 


945 


6S6,a 


684,5 


686.0 


19,4 


14,4 


Jo,4 


>4,8 


18,6 


i6.g 


74 


\\-mv. 


j ESE. 


1 NNW. ) 


Í7 


,35 


17.57 


ím5 


686,0 


685,1 


685,3 


30,4 


33,9 


11,4 


14,2 


'7,8 


'7.3 


78 


WNW. 


3 ESE. 


1 ESE. 1 


i3 


9.35 


.7.57 


9*5 


68i,3 


684,0 


684,3 


19.4 


37, 


i3í 


37,3 


18,6 


,7,6 


65 


NNE. 


I N. 


3 WNW. . 


14 


5.JJ 


17.57 


<m3 


684,8 


- 


- 


31.4 


- 


- 


- 


_ 


- 


- 


C. 




_ _ 


li 


9.35 


17.Í7 


945 


685.1 


633,6 


583,8 


.8,4 


»7,3 


j3,4 


34,0 


fi,i 


■6,9 


83 


c. 


C. 


C • 


<(, 


935 


17.57 


wS 


685,0 


583,8 


584.8 


ao,9 


35,0 


IM 


íS.5 


'8,9 


.6,9 


71 


c. 


NW, 


3 ESE. 1 


'7 


S35 


17.57 


ímS 


585,3 


- 


683.8 


31.1 


- 


33,4 


- 


- 


- 




c. 




- WTJW. t 


.8 


935 


17.57 


9*5 


685,3 


583,7 


- 


■9.9 


24,5 


- 


9S.1 


.8,9 


■7.6 


78 


c. 


o NW. 




19 


9.35 


i,.57 


9l5 


685,3 


6Sj,8 


683.8 


30,9 


35,4 


Jl,3 


3 5,8 


'7,6 


18,5 


76 


WXW- 


3 ^\'NW. 


3 SSE. 1 


10 


9.35 


17.57 


m5 


685,3 


686,3 


584.3 


«S4 


■",1 


19.6 


5 5.8 


39,' 


'S.7 


S4 


c. 


NNE. 


3 WNW. I 


1 


,.35 


,7.57 


m5 


685,3 


583,8 


083,8 


19hI 


33,4 


11,9 


a3,6 


■7.7 


■ 8.3 


S5 


c. 


N. 


3 NNE. ) 


31 


,.35 


17.57 


ÍHi 


6S5.8 


584.3 


584.8 


JO.I 


24.7 


=5,9 


35,9 


J9.r 


7.5 


76 


c. 


NW, 


3 C < 


13 


9-35 


«757 


W5 


685,8 


684,8 


584,3 


30-4 


35,6 


33.4 


16., 


■8,8 


n.^ 


71 


WNW. 


3 W. 


a WNW. 1 


J4 


,.35 


,,.57 


mS 


685,8 


681,3 


- 


Í0.4 


"4.4 


- 


3ârf 


!g,i 


■7.3 


7* 


WN^V. 


WNW. 




j5 


,.35 


17,57 


ws 


684.3 


583.8 


683,8 


10,9 


a3,e 


31,4 


35,3 


>o,i 


19,3 


B; 


wwv-. 


WNW. 


4 WNW. 1 


3É 


,.35 


1757 


945 


584.8 


584.7 


- 


19,1 


14.B 


- 


35,1 


18.3 


17.4 


74 


c. 


WNW. 


1 _ . 


57 


,.Ji 


17,57 


ím5 


684.3 


684,1 


684,8 


'9,4 


iC.i 


J4.4 


a6,3 


19,3 


,8.. 


73 


NW. 


NW. 


3 C 1 


i8 


9.35 


1757 


945 


685, r 


684,3 


- 


30,4 


14,4 


- 


36,5 


.9,8 


_ 


- 


ESE. 


1 C. 


_ . 


19 


,.35 


„!, 


94S 


5S5,3 


683,3 


684.3 


JO,4 


35,8 


33,4 


36,. 


'8,4 


■9.3 


77 


xw. 


a NW. 


\VNW. 1 


3o 


9.35 


■7.57 


945 


Sf4,3 


693,8 


584,8 


.9.9 


35,1 


11,9 


«. 




18.6 


n 


c. 


D NW. 


4 W. 1 


3i 


93i 


.7.57 


MÍ 


Í8S,Í 


633,8 


584,8 


».4 


14.3 


^.1 


.!.. 


19.1 


■7,4 


77 


c. 


NW. 


Nmv. 1 


{i| Em viagtm.— U) Cassanje. 



1879 



METEOROLÓGICAS 



3i7 



Quantidade 


e qualidade de nuvens 


2 

o 




Notas 




6«»a. 


7" 


35» Wash. 




8«>p. 


1 

> 
3 

u 

I 


6»» a. 


7»» 35«» Wash. 


S^p. 


Told. 


7 


C, Ni. 


IO 


Ni. 


T. de trov. 


T. duv.; 1^ a NE. 5 - 6 p. 


T. trov.; < a 
S. 


Told. 
Told. 


IO 
IO 


Told. 
Told. 


^ 


— 


4 


T. chuv. 
T. duv. 


T. chuv.; 0dcSE.;K' 

1-4 a. de NE. 

T. duv. 


Told. 


IO 


Told. 


- 


- 


I 


T. duv. 


T. duv. 


- 


Told. 


IO 


Told. 


IO 


Told. 


— 


T. duv. 


T. duv. 


<aSW. 


Told. 


10 


Ni. 


— 


- 


4 


T. chuv. 


T. duv.;©' 1-4 p. 


- 


Told. 


5 


C, Ni. 


— 


— 


— 


T. duv. 


T. duv. 


- 


Told. 


7 


C, Ni. 


— 


- 


— 


B.t. 


B.t. 


- 


Told. 


5 


C, C-St. 


— 


— 


— 


B. t. 


B.t. 


- 


Told. 


10 


C, Ni. 


— 


- 


I 


T. duv. 


©•;KdoNW.aNE. 


- 


Toid. 


IO 


C, Ni. 


IO 


Ni. 


2 


T. chuv. 


T. duv.; K a E. 


<aSW. 


Told. 


IO 


C, Ni. 


10 


Ni. 


2 


T. chuv. 


T. duv.; © 1-3 n. 


T. chuv. 


C.-St. 


5 


C. 





Limpo 


— 


B.t. 


B.t. 


<aSW. 


Told. 


— 


- 


— 


- 


2 


T. de trov. 


K'deSE. 9p. 


- 


Told. 


5 


C, Ni. 


5 


C, St. 


2 


T. chuv. 


T. chuv. 


T. chuv. 


Told. 


5 


C. 


IO 


C, Ni. 


2 


T. duv. 


B. t.;KdeE. 8-iop. 


• ;KdeSE. 


Told. 


— 


- 


5 


C. 


— 


B. t. 


— 


B.t. 


Told. 


3 


C. 


— 


- 


— 


T. chuv. 


T. duv. 


- 


Told. 


5 


c. 


4 


Ni. 


2 


T. chuv. 


B. t.; ©' a.; K de E. 4-5 p. 


T. de trov. 


. Told. 


IO 


Ni. 


2 


Ni., C. 


5 


T. chuv. 


T. chuv.; K de SE. 


T. chuv. 


Told. 


3 


C. Ni. 


2 


C. 


2 


— 1 


B.t. 


<aNW. 


Told. 


5 


C. 


2 


C. 


- 


B.t. 


B. t.; Ed. do sol 


B.t. 


Told. 


6 


C. 


IO 


Told. 


— 


B.t. 


B.t. 


B.t. 


Told. 


5 


C. 


— 


- 




B.t. 


B. t.; V. de raj. 


- 


Told. 


2 


C, Ni. 


5 


C. 


— 


B.t. 


B. t.; V. de raj. 


B.t. 


Told. 


4 


C. 


— 


- 


— 


B.t 


B.t. 


- 


C. 


5 


C. 


2 


c. 


— 


B.t. 


B.t. 


<aNW.# 


c. 


IO 


Ni. 


- 


- 


I 


T. de trov. 


0; K de SE. 


— 


c. 


7 


C, Ni. 


IO 


C, Ni. 


— 


T. de trov. 


KaoS. 


<aSE. 


Told. 


IO 


C, Ni., c. 


IO 


C. 


— 


T. duv. 


T. duv.; K ao S. 


T. duv. 


Told. 


IO 


C, Ni. 


IO 


Told. 


— 


T. duv. 


T. duv.; K a SW. 


<aN. 





3i8 












OBSERVAÇÕES 














FEVERE 


i 


1 
3 


li 

,Vi', 


»! 


mmoirtiurií-ii 


■lVr„r.r.u,™ 


i 


83 


Diríi\-úa c fown *> vralo 


St6,3 


684,8 




1 






1 


1 
10.1 


ff' a. 


54-. 


8kp. 


C. 


«NW. 






I 


S-3S 


.,.!! 


9l! 


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684,5 


58S.8 


'9fí 


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J&.3 


'Z 


&4 


NNW. 


1 N. 




N. 


3 


5.5S 


.7.57 


945 


68G,3 


685,6 


585,3 


'8,9 


a3,6 


53,4 


3i,5 


18.3 


•>'• 


83 


C. 


1 KW. 




C. 


4 


,,3S 


i7.!7 


«5 


m3 


684,3 


Í85,8 


iú,i 


rf,6 


30,4 


j6.9 


30,0 


.!,! 


65 


C. 


\v>nv. 




SN-E. 


5 


9.3! 


17.57 


wS 


686,5 


684,8 


586.5 


M,, 


34.( 


lS,Q 


:1J,3 


18.J 


17.1 


74 


c. 


«'NW. 




NNE. 


6 


535 


i;.i7 


9.! 


586,3 


683,8 


687, 


19.4 


3^,- 


31,4 


35,6 


17,6 


17.7 


76 


c. 


WNAV. 




NNW. 


7 


,33 


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- 


19.5 


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4 


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N. 


3 


- 


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- 


39.7 


3 3.6 


- 


39.5 


19.3 


19.5 


% 


C, 


?JN\V. I 


- 


(i) Caís.inje.-(i) Em viagem,— 13) Calondo.— Hl Pio Lui. 



1879 






• 






METEOROLÓGICAS 


3i9 


Quantidade 


e qualidade de nuvens 


u 

1 

> 
3 

I 


6»» a. 


Notas 
7»» 35" Wash. 


8»»^ 


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7" 


35« Wash. 


8»»?. 


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7 


C, Ni. 


— 


— 


T. irr. 


B. t.; 9 do N. 4 p. 


— 


Told. 


IO 


C, Ni. 


10 


Ni. 


3 


T. chuv. 


T. chuv.; K do NE.;©' 


T. de trov. 


Told. 


5 


C. 


o 


Limpo 


o 


B. t. 


B. t. 


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Told. 


6 


C 

• 


(0 


Told. 





B. f 


B. t. 


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Told. 


IO 


C,Ni. 


10 


Ni. 


I 


T. duv. 


T. duv.; K do NE. 6-7 p. 


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Told. 


2 


C. 


3 


C. 


o 


B. t. 


B. t.; v. de raj. 


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Told. 


IO 


Told. 


— 


— 





T. duv. 


T. som. 


— 


Told. 


4 


C. 


— 


- 





T. duv. 


T. dnv. 


- 


- 


5 


C. 


2 


c. 


3 


- 


B.t.;K'doS.8-iip.;0' 


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Ni. 


IO 


C.»Ni. 


IO 


Ni. 


2 


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T. chuv.; de NE. 8 p. 


T. de chuv. 


Told. 


7 


C. 


5 


C. 


I 


T. duv. 


B. t.; K de E. 12 p. 


T. de trov. 


Told. 


5 


C. 


2 


c. 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


C. 


IO 


C, Ni. 


IO 


Told. 


2 


T. chuv. 


T. chuv.; K de K. 


T. chuv. 


Ni. 


IO 


C, Ni. 


IO 


C, Ni. 


2 


K de NE.; ® 


T. chuv.; K de NE. 5-7». 


K a SW. 


Told. 


5 


C. 


— 


— 





B. t. 


B. t. 


— 


C.,Ni. 


6 


C. 


IO 


Ni. 





T. chuv. 


KaS. 


e 


Told. 


2 


C. 


— 


- 





T. de Irov. 


KaS. 


- 


- 


6 


C. 


7 


C. 


2 


- 


B. t.; ® de E. 4-6 p. 


B. t. 


Told. 


IO 


C, Ni. 


5 


C, Ni. 


2 


T. duv. 


©•;KaNE.;K3p. 


K 


Told. 


IO 


C, Ni. 


IO 


C, Ni. 


4 


T. som. 


T. chuv.; © do N e NW. 


©' 


Told. 
Told. 


5 
7 


C. 

C, Ni. 



2 


Limpo 
C. 






B. t. 
T. duv. 


B. t.; V. de raj. 
T.duv.;KaNW. 


< a NE. e 
SW. 


Told. 


5 


C. 


— 


- 





B. t. 


B. t. 


- 


Told. 


4 


C. 


— 


- 


I 


B. t. 


T. duv.; R a NE. 8-9 p. 


— 


Told. 


5 


C. 


2 


C. 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Told. 


6 


C, Ni. 


— 


- 


2 


T. duv. 


T,duv.;KaNW. eSW. 


- 


Told. 


IO 


C, Ni. 


— 


- 


4 


T. duv. 


T. chuv.; K do NE. 


— 


Told. 


5 


C.,Ni. 


— 


- 


o 


T. irr. 


T. som.; R a NE. 


- 


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V 















3o8 












OBSERVAÇÕES 
















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1 


1 

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11 




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II 

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18.7 


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1 


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19.C6 


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19.06 


iiSo 


668,8 


666,7 


S67,7 


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17.6 


11,9 


.1.0 


11,6 


11,0 


38 


NNE. 


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ssw. 


1 


NNE. 








34 


19.06 


■ >*) 


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C. 





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iiSo 




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18.4 


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33 


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c. 





C. 








34 


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1180 


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666.1 


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13.9 


18.1 


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'3,3 


11,0 


41 


c. 




c. 





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j 




34 


19-06 


1180 


«,., 


665.3 


666.7 


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35,4 


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■5,1 


61 


c. 





NW. 


1 


C. 






10 


34 


,9.06 


iiSo 


667,S 


66S,s 


566,8 


16,5 


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,6,1 


■ ',■ 


36 


c. 





NNE. 


3 


C 








34 


19,06 


1,80 


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4 


C. 








34 


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11. 


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666,0 


666,8 


10,4 


59.7 


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3o,o 


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6,1 


16 


c. 





SE. 


3 


C. 








34 


i9.<* 


1.80 


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665,7 


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10.4 


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17 


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NNE. 


1 


C. 








34 




1180 




665,8 


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18,1 


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9,1 


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c. 


o 


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C. 








34 


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666,7 


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38 


c. 





SE. 


1 


C. 








34 


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118a 


m!, 


665,8 


667.3 


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38,3 


10,4 


3o.j 


11,1 


10,4 


34 


c. 





NW. 


' 


NNE. 








34 


19-06 


1180 


668,3 


665,7 


667.7 


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30,9 


31,4 


3o,9 


i3.8 




30 


c. 





ESE. 


3 


WNW. 








34 


19.06 


i.go 


669,7 


666,8 


567.8 


13.9 


3o,5 


19.9 


31. 


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7.0 


18 


c. 





ESE. 


3 


C 








34 


19.^0 


iiSo 


668,i 


665,7 


667,1 


■ 1.1 


"y.9 


■8,4 


31,0 


10,6 


7.3 


30 


c. 





SE- 


1 


ESE. 




18 




34 


19.06 


1180 


668,J 


665.3 


566.8 


9-t 


3iA 


■9.' 


J',S 


7,6 


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NW. 


T 


SE, 


3 


SSW. 






10 


34 


,9.cú 


uSo 


667.8 


664,8 


565,9 


>M 


30,8 


30,4 


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11,1 


7.5 


30 


NE, 


1 


ESE. 


1 


ESE. 






[O 


34 


,9.06 


.180 


667.7 


665.1 


666.8 


"A 


19.4 


31.9 


iifi 


11,1 


8.3 


H 


c. 





SE. 


3 


ESE. 






ro 


34 


19.06 


.180 


663,3 


666,3 


667.7 


.6.9 


37.4 


ÍO,b 


19,8 


i5,i 


14,0 


5o 


c. 





NW. 


1 


NE. 




31 


10 


34 


19.06 


1180 


668,7 


666,7 


667,8 


'5.4 


36,2 


10,6 


tó_4 


14-9 


.s,. 


59 


c. 





C. 





WNW. 




í3 


m 


34 


,9.06 


.180 


668,3 


565,8 


667.0 


13.9 


17,9 


11,7 


»B,o 


13,5 


.>,< 


46 


C- 





NW. 




ENE. 




14 


[O 


34 


19.06 


..*, 


667,9 


665,o 


666.7 


'5,4 


J7.9 


10.1 


38,0 


14,1 


10,3 


35 


ssw. 


1 


NW. 


■ 


W. 




li 


10 


34 


.9.06 


.180 


667,M 


565,o 


566,3 


13,4 


iS^ 


'8,1 


18,6 


13.8 


11,8 


39 


c. 





NW, 




ENE. 




16 


10 


34 


19.06 


1180 


667.7 


664,7 


566,7 


15,4 


tó,9 


"1,4 


19,S 


i5,i 


i3,i 


49 


c 





NW, 


1 


NNE. 




17 


IO 


34 


19-06 


iiSo 


667,3 


56S,o 


556,3 


f7fl 


18,9 


11.4 


19,0 


'7-4 


'3.1 


43 


c. 





W. 


1 


E. 




18 


10 


34 


,9.06 


ii3o 


666.7 


665.0 


EÍ6,3 


Hri 


=9^ 


J1.6 


39.6 


i3.i 


13.1 


37 


c, 





NE. 


1 


NE. 




Ua 


10 


34 


19.06 


m3o 


666.8 


666,3 


66; ,3 


i6,4 


3o,, 


17,9 


3o,3 


i5.i 


10,8 


3i 


c 





N- 


1 


WNW. 




ho 


,0 


34 


19-06 


tiSo 


667,7 


- 


666,) 


13,9 




31,4 


- 


- 


- 


- 


c. 


- 


- 


- 


NNE. 




1 |i| N'Dumha T'chiquilla.- (i) Nu. de SE. para NW. 





1879 



METEOROLÓGICAS 



321 



Quantidade 


e qualidade de nuvens 


2 

o 

1 
> 

5 

I 




Notas 




6»» a. 


7' 


35»Wash. 


8V. 


6»» a. 


7I' 35'» Wash. 


S^p. 


Told. 


7 


Ni., C. 


5 


C. 


T. duv. 


T. chuv.; K de NE. 


< a SW. 


Told. 


IO 


C, Ni. 


10 


Told. 


I 


T. chuv. 


T. chuv. 


T. chuv. 


Ni. 


IO 


C, Ni. 


— 


— 


2 


T. chuv. 


T. chuv. 


. 


Told. 


7 


C, Ni. 


- 


— 


2 


T. chuv. 


T. chuv. 


— 


Told. 


7 


C. 


5 


C. 





B. t. 


B. t. 


B.t. 


Told. 


5 


C. 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Told. 


5 


C. 


— 


— 





B. t. 


B. t. 


— 


Told. 


5 


C, Ni. 


— 


— 


3 


Ne. 


T. duv.; ©8-11 p.; ne. n. 


— 


Told. 


5 


C. 


— 


— 





B. t. 


B. t. 




Told. 


IO 


C.,Ni. 


5 


C. 





B. t. 


KaNE. 


B.t. 


Told. 


8 


C, Ni. 


2 


C. 





•Ne. 


T. duv.; ne. e v. fr. n. 


< a E. e S. 


Told. 


IO 


Ni. 


5 


c. 


5 


— 1 


T. chuv.; — 'a.; W. fr. n. 


T. chuv. 


Told. 
Told. 


7 
5 


C, Ni. 
C. 


IO 


C, Ni. 


2 



Ne. 
B. t. 


T. duv.; ne. a.; J^ de NE. 

8-10 p. 

B. t. 


KdoNE.;© 


Told. 


7 


C. 


5 


C, Ni. 


O 


Ne. 


B. t. 


^ aoN. 


Told. 


7 


C. 


2 


C. 





Ne. 


B.t. 


B.t. 


C. 


7 


C, Ni. 


7 


C. 


I 


T. duv. 


K a SW.; e 


T. de trov. 


Told. 


5 


C, Ni. 


— 


— 


4 


T. chuv. 


T. duv.;KdeNW. 5-6p. 


— 


Told. 


6 


C. 


IO 


Told. 


I 


B. t. 


B. t.;Q 10 p. 


B.t. 


Told. 


IO 


C, Ni. 


IO 


Told. 


3 


T. duv. 


K a SW.; por vezes 


T. chuv. 


Told. 


7 


C, Ni. 


2 


C. 





=r-:I 


KaNE.; — 'a. 


<aN. 


Told. 


5 


C. 


IO 


C, Ni. 


4 


Ne. 


©n.;K'deN. 3p. 


<r a NE. 


Told. 


IO 


C, Ni., c. 


— 


— 





Ne.; © 


B. t.; ne.;©**a. 


— 


Told. 


5 


C. 


IO 


C, Ni. 


5 


T. duv. 


T. duv.;KdeSW. 


K a SW. 


C, Ni. 


IO 


Ni. 


2 


C. 


3 


e 


T. chuv.; I^ de S. 11 p. 


Barra ao NW. 


Told. 
C. 


3 

IO 


C. 

Ni. 


O 
IO 


Limpo 
Ni. 


o 

I 


B. l. 

T. duv. 


B. t. 
K de NE. e SW. 


< a NW. e 

NE. 
T. de trov. 


Limpo 


5 


C. 


IO 


Ni. 


2 


Barra ao N.; 


B. t.;KdeNE. 6-7 p. 


K de NE. 


Ni. 


8 


C, Ni. 


IO 


C, Ni. 


6 


nc. 
T. de trov. 


KdeSW. n.;KdcSE.; 


K de SW. 


Told. 


01 


C, Ni. 


5 


C. 


2 


T. chuv. 


t' 


T. som. 


C. 


5 


C. 





Limpo 


O 


B. t.; ne. 


B. t.; ne. a. 


<aSW.eNW. 





VOL. II 



SI 



1 



3io 












OBSERVAÇÕES 














OUTUBRO 


1 


i 


M 


5 

< 




Tempcralurn 


1! 

< 


li 


Uirecfio c fur^i do vento 


1 


1 




fe 






1 




6" a. 




^■p. 


•í"' 


10.31 


['g.oj 


1307 


ik:iG.8 


Cfi4,3e65,J 


.3,4 


36. t 


.M 






■6,3 


63 


C. 




SSE. 


SSW. 




3 


10.1.1 


19.D0 


1194 


W5,7 


665 ,D 665,3 


H,9 


:i,9 


.8,1 


ifi,6 


.4.S 


■ 5,4 


;K 


C. 





SE. 


SSE. 




1 


,..„;„.„ 


"94 


U6Õ,3 


C64J 666,3 


16.9 


11.9 


«.6 


91.3 


.6,ú 


.4,6 


71 


i:SE. 


1 


C. 


E. 




4 


,..J,„» 


I2G5 


M,5 


660.3 661.7 


■6rt 


«.9 


30,9 


38.8 


iC 


- 


- 


NSK. 


1 


ESE. 


NNE. 




S 


10.A 


19.00 


1365 


ftia.í 


66o,86fiiJ( 


'7,4 


«7,= 


33,4 


38.3 


''■' 


11,6 


45 


C. 




SE. 


SSW. 




6 


IO.IG 


19.00 


ligo 


tiú3^ 


566,3 667.7 


18,3 


17.7 


= .,9 


38,8 


.6,6 


11. 8 


40 


C. 





SSW. 


ENE. 




7 


ID.1] 


■8.S9 


IMã 


668.7 


063,3 6U5.B 


16.4 


M-9 


.9. 


37,3 


15,6 


T4.9 


63 


c. 





N. 


ESE. 




8 


IO.«, 


iS.M 


11S8 


666.8 


93o,8GGi,3 


17^ 


3M 


-M 


=S,4 


■5.7 


1.1.6 


(>■• 


NNK. 


1 


NNE. 


C. 




9 


ia.D> 


iS,5j 


9« 


«.,, 


579,8683,» 


i6,9 


;9,4 


^A 


39,6 


16,6 


11.3 


35 


C. 


D 


WNW. 


NE. 




10 


^■S7 


■8.<I7 


ioi3 


6«3,B 


S78.8J68o,i 


19.4 


,6_,9 


31,9 


3r,o 


ig,i 


17.1 


64 


C 





SE. 


C. 




II 


5.SÍ 


18.40 


970 


681* 


583,1 


683,8 


18,4 


39ÍI 


34.3 


5o.o 


i;,C 


v6fi. 


5a 


C. 





W. 


SSW. 






9!( 


18JS 


«5 


1«5.7 


685.8 


586,7 


17.9 


=5^ 


3M 


3o.3 


t;,c 


.6,7 


f'J 


C. 





KW. 


3 WNW. 




i3 


,.S, 


iB.3( 


qOS 


MM 


SSíJ 


683.8 


I7'4 


'9.9 


33,4 


30,0 


16,1 


.4,3 


Ai 


c. 





WXW, 


3 WNW. 




■4 


5,!J 


18.26 


gG, 


»,, 


S83.3 


GS3,7 


■8.4 


35,4 


30 


3l.3 


.7,1 


17.0 


S.t 


liSii. 


3 


NNW. 


1 ENE. 




■5 


9.^8 


18.1K 


935 


«».. 


i;84,8 


686,0 


18,4 


"5,4 


3M 


íi.S 


m,i 


- 


- 


Nsn. 


1 


\\'N\V. 


1 NNW. 




i6 


94° 


1R.01 


96D 


*,. 


»5.5 


686,1 


.8,9 


39.9 


3T^ 


- 


- 


.4.3 


43 


c. 





WNW, 


1 WNW. 




2 


J-JH 


i7.5y 


gOi 


6S7.7 


583,0 


686,3 


lS,4 


39.7 


= = ,9 


3o.o 


17.' 


i6,i 


ii 


c 





N, 


3 WNW. 




iS 


9,?5 


17.57 


WS 


6M^ 


SS0.8 


- 


18,4 


í6í, 


- 


3o,8 


^li.^ 


i6,a 


63 


c. 





WNW. 


3 - 




'9 


,.JÍ 


■7-S; 


BlS 




58., 8 


- 


- 


14.fi 


- 


36.8 


31,1 


18.J 


83 


- 


- 


SW. 


3 


- 


ID 


,.JJ 


17.57 


9|5 


683,7 


57V,« 


- 


1«,4 


35,4 


- 


- 


- 


16,9 


6q 


ESE. 


. 


N. 




- 


11 


9.JJ 


17.57 


ws 


681.8 


579,S 


680.3 


;o,7 


15.4 


33,4 


30.5 


30,6 


.6,3 


G6 


\\\\V- 


3 


WNW. 


3 ESE. 




13 


9-35 


.7.57 


y|5 


681,? 


579,8 


rA,f, 


ío.n 


16,9 


35,4 


37," 


»,6 


16,S 


63 


w^xw. 


I 


SE. 


3 WNW. 




33 


6.35 


■7.S; 


■mS 


úSl.8 


i8o,8 


GSiJt 


»,4 


'5,4 


=3,4 


36,8 


30,1 


.6.7 


69 


N. 


. 


W. 


3 WSW. 




U 


»J! 


.7.57 


!H5 


681,7 


073.8 


579,= 


31,9 


I7Í1 


33,4 


38,0 


30,6 


17.1 


6a 


i-:ííi-:. 


1 


WNW. 


3 SSE. 




li 


9.?5 


.7.57 


9l5 


C8i,3 


6;8,8 


579.3 


M,B 


37.3 


33,4 


30,0 


20,. 


.2,5 


4i 


c. 





NW. 


C. 


" 


*6 


'■" 


.7.57 


94S 


680,7 


08...I 


Ml, 3 


'9.D 


14.5 


30,6 


37,3 


10,1 


■7.3 


7ti 


c. 





NW. 


I ESE. 




a? 


9.» 


.7.57 


g,S 


fi8i,8 


6So,3 


G8o,8 


19,1 


35.11 


>?.7 


36,0 


18,3 


18,5 


73 


NW. 


3 


WNW, 


i NW. 




i8 


„„ 


[7.5; 


9l5 


681,7 


679.7 


- 


10,9 


16.7 


- 


37.0 


19.1 


16,1 


6. 


c. 





WNW. 






=9 


».!! 


17.57 


!M5 


<»i.3 


680,8 


681,0 


'M 


14.4 


31.4 


37.6 


17.6 


.5,9 


65 


ssw. 


1 


■WN«-. 


SSE. 




3o 


,.» 


17.57 


W5 


Ú8i,7 


6S1.3 


- 


31,4 


33fl 




=4,8 


19.6 


.8.4 


a, 


c, 





WNW. 






3i 


,.!! 


17.57 


0,5 


6S3.3 


679,7 


SSi,i 


^M 


^7.4 


33.6 


37.6 


iS,i 


>5.; 


56 


c. 


" 


S. 


NNW. 




(11 Em viagem.— (5| CaMaiiií. 



1 1879 



METEOROLÓGICAS 



323 



Quantidade e qualidade de nuvens 



%^p. 



ó^a. 


^\ 


' 35» Wash. 


Told. 




C. 


C.,Ni. 


10 


C, Ni. 


Told. 




C. 


C, Ni. 




C, Ni. 


Told. 




Ni., C. 


Told. 




C, Ni. 


Told. 




C, Ni 


C. 




C, Ni. 


Ni. 




C. 


Told. 




C, Ni. 


C. 




C, Ni. 


Told. 




C, Ni. 


C, Ni. 




C. 


Told. 




C. 


Limpo 




C. 


Limpo 




C, Ni. 


C. 




C, Ni. 


Told. 


10 


C, Ni., c. 


Told. 




C, Ni. 


Told. 




C, Ni. 


Told. 




C, Ni. 


C, Ni. 


10 


V>«y lNl*y C» 


C. 




c. 


Told. 




c. 


Told. 




c. 


C, St. 




c. 


C. 


10 


C, Ni. 


C, St. 


— 


— 


Told. 


2 


c. 


Told. 


5 


c. 



o 

IO 
2 

10 



10 

O 

2 

IO 

10 

O 

O 

10 

IO 

O 

10 

IO 

IO 

O 

IO 

O 

IO 

IO 



Limpo 

C, Ni. 

C. 

Told. 



C, Ni. 
Limpo 

C. 

Ni. 
Ni., C. 
Limpo 
Limpo 
C, Ni. 
C, Ni. 

Limpo 

Told. 

Ni. 
Told. 
Limpo 
C, Ni. 
Limpo 
Told. 

C. 

Limpo 



S 

o 
I 

> 

3 



G''a. 



Ne. 

T. chuv. 

©' 

T. chuv. 

T. chuv. 

Ne. 
T. duv. 
— '® 

Ne. 

KaE. 

Ne. 

Ne. 
Ne. 
Ne. 

T. som. 
Ne. 

T. chuv. 
B. t. 
B. t. 

Ne. 

T. som. 

B. t. 



Notas 
7»> 35" Wash. 



B. t.; ne. a. 

KdeSW.;©' 

B. t.; O* A* 

T. chuv.; do SE. 

T. chuv. 

{^ de SE. c NE.; f); nc. a. 

T. chuv.; I^ de NE. n.; 

ne. a. 

T. chuv.; X^ de E. 

T. chuv.; ne. a. 

I^a SE.;ne. a.;KdeNE. 

8-9 p. 

B. t.;Kde E. 8-9 p.; 

ne. a. 

KaW.;JK_deE. 8-9p.; 

T. duv.; 1^ de E. 10 a. 

B. t.;^'a. 

B. t.; ne. a. 

X^ a SE.; ne. a. 

T. duv.; ne. a. 

Ka S.; 0'; ne. a. 

T. duv.; a. 

T. som.; K do S. i p. 

T. duv.; 0de SE. 

lo-ii a.; ne. a. 

T. chuv. 

B. t. 

B. t. 

B. t.;^' a. 

B. t.;9de E. 9-12 p.; 

ne. a. 

T. som. 

B. t.;^'a. 
B. t.;^' a. 



8'»p. 



Nn."?N^V. 
T. chuv. 

<aW. 



<aNE. 



^aN. 

B. t. 

<^aNE.eSE. 

Ra NE. 

RaE.;^a 

NE. c SE. 

<aE. 

< a NE. 

B. t. 

V. de raj.; 

<:aNE. eSE. 

<aSE. 



< a NW. 

T. som.. 

<aE.;0 

<aE. 

<^ a NE. 

^ a SE. c 

S\V. 

Barra aW.; 

< a \V. 

< a SE. c SW. 

T. duv. 

B. t. 

Ne. 



3j4 












OBSERVAÇÕES 












«* 


3 


2 

3 


! 


1 
< 


l-r^íio 


T<nir.r.,„i™ 






Direcção c for^a do vcnlD 


5= 


1-S 


D. 


1 




1 


1 


tí-3. 


iS 


8'r. 


T 


S-,É 


i°â,36 


iiBo 


570J 


663,8 


665,5 


.8,4 


=6.4 ^s 


37,0 


15,6 


14,6 


56 


C. 


F-SE, 


c. 


7 


S-u 


■6.39 


i3ig 


665,8 


660,8 


66r,8 


.8. 


J.9,4 


36.0 


'7.' 


16,8 


73 


F.SE. 


SE. 


c. 


3 


8.34 


-6.«) 


Il53 


663,3 


6663 


668,3 


.6,4 


í3,4 


.8,6 


- 


- 


'5.7 


7' 


SE. 


. NE. 


s. 


4 


8.3t. 


><J.iS 


ioj3 


56S,3 


673,? 


673,8 




3M 


'8.4 


1.3,8 


17.' 


18,3 


95 


KSE. 


C. 


E. 


S 


E.35 


.6.39 


B17 


873,3 


69',3 


698J 


17.9 


26.4 


31.9 


37.0 


17.' 


'7,9 


69 


S. 


ESE. 


C. 


6 


S3i 


.6-39 


767 


594,8 


696,0 


- 


17.1 


37rt 


- 


37.S 


'7.6 


1B,2 


66 


C. 


D SE. 


- 


7 


8.té 


i5.3o 


740 


698,3 


697,8 


698,8 


'7.7 


57.4 


31,4 


>7.ú 


17.1 


19,1 


7° 


c. 


ENE. 


c. 


8 


8.i6 


16.33 


71B 


699-B 


699,8 


700,6 


17.1 


t?.4 


30,0 


27.S 


■7.1 


.9.1 


70 


c. 


ESE. 


ESE. 


9 


S.i5 


1Ú.34 


690 


701,3 


703,1 


703.8 


■6,1 


28,9 


'8,0 


19.D 


"5.1 


'6,4 


55 


SSE. 


E. 


C. 


IO 


a.ifi 


iã.3B 


758 


703,8 


690.8 


696,8 


14.7 


34.<l 


10,; 


18.5 


lí,' 


■5.6 


68 


ESE. 


ESE. 


SE. 


11 


8.1a 


■6.40 


735 


698.5 


698,8 


700,5 


.6,6 


i7.4 


17.4 


28,3 


'5,6 


.0,6 


37 


SSE. 


ESE. 


SSW- 


19 


8.o8 


.6.43 


669 


700.B 


7o3,S 


704,8 


t^A 


37,1 


18,4 


=7,5 


14.. 


'7.S 


65 


SSW. 


ESE. 


SSW. 


i3 


8.o5 


16.47 


659 


704.8 


707.3 


- 


14.1 


i5,7 


- 


37.0 


.3,1 


11,8 


41 


C. 


C. 


- 


M 


S.oi 


■6.47 


669 


709.1 


703,8 


- 


11,4 


37.' 


- 


i7,5 


11,0 


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63 


c. 


ESE. 


- 


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16,4 


- 


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C. 


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657 


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c. 


SE. 


ESE. 


17 


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657 


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705.3 


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SE. 


C. 


19 


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657 


- 


704,8 


- 


- 


38,9 


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33 


- 


- ESE. 


- 


30 


7.45 


i6.56 


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- 


716,3 


- 


- 


16,4 


- 


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- 


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- 


C. 


- 


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- 


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- 


- 


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- 


- 


- 


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57 


- 


ESE. 


- 


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7.43 


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- 


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- 


- 


1S.4 


- 


- 




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39 


- 


- ESE. 


- 


33 


7.^0 


17,06 


4.I" 


- 


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- 


- 


30.4 


- 


- 


- 


13.7 


43 


- 


ESE. 


- 


34 


7.39 


1709 


447 


- 


7ÍÍ.3 


- 


- 


38,9 


- 


- 


- 


14.5 


48 


- 


SE. 


- 


35 


7.3, 


17.09 


453 


- 


730,3 


- 


- 


39,4 


- 




- 


i3,4 


43 


- 


- SE. 


- 


36 


7=7 


17,1) 


495 


- 


7'8,3 




- 


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- 


- 




14,0 


« 


- 


ESE. 


- 


2; 


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- 


719,8 


- 


- 


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- 


- 


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- 


- ESE. 


- 


iS 


7.ao 


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- 


737.0 


- 


- 


37.1 


- 


- 


- 


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- 


C. 


- 


39 


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17,12 


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- 


7>7.3 


~ 


- 


3o,3 




- 


- 


'7.3 




- 


ESE. 


- 


5o 


7.30 




390 


- 


7>7t3 




- 


3o,4 




- 


- 


'7,1 






SE. 


- 


?i 


7.30 


.7ÍI 


V 


- 


716.6 


- 


- 


31.4 


- 


- 


- 


'í,5 




- 


SE. 


- 


|il Emvingem.— (a) As otucnaçSes das O"" dl minhS c S Jo noite p 


rdemrDse no fogo da Duque de Bi 



i879 



METEOROLÓGICAS 



325 



Quantidade e qualidade de i 


luvens 


tf) 

e 






Notas 












1 
CS 








6''a. 


7'' 35°» Wash. 




8»»p. 


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7"» 35» Wash. 


8»>p. 


Told. 
Told. 


7 
5 


C. 
C. 


10 

5 


Told. 
C. 


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de SE. 3-4 a.; ne. 6 a. 


Ne. fra.; 

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B.t. 


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10 


C, Ni. 


10 


C, Ni. 


7 


T. chuv. 


T. chuv.; © a SE. e NE. 


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Told. 


10 


C, Ni. 


10 


C, Ni. 


6 


T. chuv. 


T. chuv. 


©< 


C. 


6 


C, Ni. 


6 


C. 





T. duv. 


T. duv. 


T. duv. 


Limpo 


6 


C. 


— 


- 





B. t. 


B. t. 


— 


Told. 


6 


C. 


10 


Told. 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Told. 


4 


C. 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B.t. 


Told. 


5 


C. 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Limpo 





C, St. 





Limpo 





B. t. 


B. t. 


B. t. 


Told. 


10 


Told. 


10 


Told. 





B. t. 


B. t. 


B.t. 


Told. 


10 


C. 


10 


Told. 





B. t. 


B.t. 


B. t. 


Told. 


2 


C. 


— 


- 





B. t. 


B. t. 


— 


Told. 





c. 


— 


— 





B. t. 


B. t. 


- 


Told. 





C, St. 


— 


- 





Ne. 


B. t.; ne. a. 


— 


Told. 


7 


C, Ci-C. 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t. 


C, St. 


2 


c. 





Limpo 





B. t. 


B.t. 


B.t. 


- 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 


2 


C. 


— 


_ 


\J 




— 


B.t. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


- 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B. t. 


- 


— 


2 


C. 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 


10 


Told. 


— 


— 





— 


B.t.; ©«8-9 a. 


— 


— 


2 


C. 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 


7 


C. 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 


2 


C, C-St. 


— 


— 





— 


B. t.; Ih. ao sol 37*,5 


" 


nça.— (3) Cu-ango. 



326 












OBSERV 


AÇÚEã 
















JU> 


1 


i 

3 


1 

17.10 


J 

401 


<i,m^"ífrica 


Tímpc^tu™ 


1! 

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33 


Uirccíio e fãi\-â do vcnlo 


1 


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1 


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- 


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- 


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7.13 


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16.53 


487 
487 


- 


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- 


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- 


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- 


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- 


- 


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63 


- 


- 


c. 




- 


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7.33 


16.43 


563 


- 


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- 


- 


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- 


- 


- 


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- 


- 


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- 


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- 


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10.33 


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- 


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- 


- 


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- 




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55 


- 


- 


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- 


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7.38 


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- 


JUÍ.f 


- 


- 


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- 


- 




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53 


- 


- 


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16.35 


751 


- 


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- 


- 


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- 


- 


- 


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06 


- 


- 


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- 


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- 


- 


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- 


- 


- 


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- 


- 


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- 




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- 


- 


c. 




- 


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_ 


C«:.S 


_ 


- 


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- 


- 




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51 


- 


- 


s. 




- 


31 


li.01 


<6.17 


io3i 


- 


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- 


- 


31.4 


" 


- 




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64 


- 


- 


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- 1 


91 


8.08 


ie.16 


104Í 


_ 


Í^S,N 


- 


- 


35,4 




- 


- 


,5.1 


63 


- 


- 


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- 


33 


3.11 


i5,io 


,1,5 


_ 


fip.S 


_ 


- 


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- 


- 






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- 


- 


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- 


34 


8.11 


16,30 


1..' 


_ 


67D.K 


_ 


- 


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_ 


_ 




7.7 


33 


- 


- 


Slí, 




- 


j5 


8.30 


i6.i3 


10^ 


- 


671^ 


- 


- 


^u 


- 


- 


- 


1?,0 


59 


- 


- 


KSI-, 




- 


i6 


S.39 


16.13 


iiiK 


- 


66.1,3 


- 


- 


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- 


- 


- 


P,o 


3i 


- 


- 


Msrí, 




- 


>7 


8.39 


16.11 


,.,! 


- 


664,3 


- 


- 


15.9 




_ 1 _ 


.3,3 


5i 


- 


- 


ESE. 




- 


38 


8.38 


'6.1 5 


Mli> 


- 


667,1S 


- 


- 


57^ 




1 

1 


P.4 


3i 


- 


- 


Ksi;. 




- 


39 


Rh5 


16.1 5 


_ 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


1 




- 


- 


- 


- 


- 


- 


3.1 


S.5S 


l5.M 


,o6o 


- 


6; 1,3 


- 


- 


!M 


- 




.,.0 


47 


- 


- 


nsr.. 


' 


- 


(1) i;m vingcm. A! o^ícrvnsõcs da* 6" da nianli.i i fi'' da noilc pcrdím 


^ 


'Ko do ttínmpatticnio dg 



i879 












METEOROLÓGICAS 


327 


Quantidade e qualidade de nuvens 


2 



1 

> 
3 

õ 




Notas 


8»'p. 


C^a. 


7^ 35" Wash. 


S^^p. 


6'' a. 


yh 3301 xvash. 


— 


i 


C. 


— 


— 


, 


B. t. 


— 


— 





Limpo 


— 


- 





— 


B. t. 


— 


— 





Limpo — 


— 





— 


B. t. 


— 


- 


2 


C. 


— 


<l 


— 


B. t. 


— 


— 


5 


c. . 


— 





— 


\\. t.; K í^o S. 3-4 p. 


— 


— 





Limpo 


- 


— 





— 


B. t. 


— 


- 


5 


C. 


— 


— 




/ 1 


— 


B. t. 


— 


^ 


5 


C. 


— 


— 


(i 


— 


B. t. 


— 


— 


2 


C. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


— 


5 


C. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


— 


2 


c. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


- 


/ 


c. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


— 


2 


c. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


— 


5 


c. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


- 





c. 


— 


— 


(J 


— 


B.t. 


— 


V 





c. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


— 


/ 


c. 


— 


— 





— 


B. t.; K<leSW. 6-7p. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


- 


7 


c. 


- 


— 





— 


©• 


— 


- 





c. 


— 


- 





— 


B. t. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





- 


B.t. 


— 


• 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


- 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


• 


- 





Limpo 


— 


— 





— 


B.t. 


— 


— 


2 


C. 


- 


— 





— 


B. t. 


— 


— 





Limpo 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


- 





C. 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


- 





Limpo 


- 


— 







- 


B. t. 


— 


Ic Bragança.— (2) Duque de Bragança. 



328 












OBSERVAÇÕES 
















JULi 


s 

a 


1 
S.S5 


11 

fã 


1 
< 

o6o 


Prcuio 
ai mosph eriça 


Temperatura 


A 

S,7 


II 

35 


Direííáo e for(a do vemo 


i 


6;3.8 


d. 




■4,6 - 


i 


,| 


6>>>. 


?s 


8^p. 


_ 




SE, 






1 


8,55 


O-U 


o6o 


- 


673,3 


- 


- 


J- 


37,0 




9.f 


34 


- 


- 


ESE. 




- 


3 


8.55 


6-11 


060 


~ 


673,8 


~ 


- 


.,.|- 


56,8 


z 


'3,3 


61 


- 


- 


ESE. 




- 


4 


S.55 


6.11 


060 


- 


673.3 




- 


j5,6 - 


i5.8 


13,6 


13,5 


48 


- 


- 


riSK. 




- 


5 


8.5S 


G.I1 


060 


- 


â7-t.3 


- 


- 


rf,4 - 


36,5 


i3,i 


8,0 


39 


- 


^ 


ESE, 




- 


fi 


8,55 


Ú.1I 


060 


- 


674,0 


- 


_ 


34.7 


- 


37.0 


l3,3 




35 


- 


- 


ESE. 




- 


7 


8.55 


6.11 


060 


- 


f.7?,S 


- 


- 


34.4 


- 


a5,5 




9.' 


:m 


- 


- 


ESE. 




- 


a 


B-S5 


6,11 


oGo 


- 


673.H 


- 


- 


33.9 


- 


34,fi 


'3,1 


13,8 


Í7" 


- 


- 


S. 




-• 


y 


B,55 


Ú.ii 


060 


^ 


O7..6 


- 


_ 


■afí 


_ 


35,0 


10,1 


11.0 


53 


- 


_ 


s. 




- 


IO 


8,55 


6.M 


060 


- 


67^5 


- 


- 


14Í 


- 


34.8 


10,8 


10.9 


46 


- 




s. 




- 


11 


8,55 


6.11 


OÚD 


- 


G73,B 


- 


- 


33,9 


- 


35-1 


11,1 


9.8 


43 


- 


- 


s. 




- 


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8.55 


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8.55 


6.11 


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879 



METEOROLÓGICAS 



329 



Quantidade 


e qualidade de nuvens 


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Notas 
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B. t. 


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B.t. 


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B. t. 


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B. t. 


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10 


Told. 


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C. 


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— 





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— 


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B.t. 


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B. t. 


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C. 


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Told. 


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B.t. 


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Limpo 


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B. t. 


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B.t. 


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C. 


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10 


Told. 





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B. t. 


B. t.; ne. 


B. l. 


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10 


Told. 





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B. t.; nc. a. 


B. t. 


Limpo 





Limpo 


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B. t.; ne. a. 


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Told. 





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B. t.; nc. a. 


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C. 


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C. 





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B. t.; ^ — • a. 


B.t. 


3 Duque de Bragança ate 2 


4 de julho. Não 


se tomaram mais ] 


temperaturas máximas e min 


imas d'cssc din 



33o 










OBSERVAÇÕES 
















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SSW- 




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64 


WNW. 




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675.S 


- 


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- 


- 


- 


10.3 


33 


NW. 




WNW- 




- 


Hl EniTisecm.— (DPungoN LJon£o 



,879 












METEOROLÓGICAS 


33 1 


Quantidade e quiliJadc d.^ nuvens | 


Noi« 1 


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1^ 35" Wa^li. 


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10 


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Ne. 


B. 1.; ne. a. 


B.t. 


Told 






Limpo 




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Ne. 


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B.t. 


TolJ 




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Limpo 


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Limpo 


Ne. 


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B, 1. 


TolJ 




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Limpo 


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B. 1. 


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B. t. 


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B.l. 


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Told 




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B. 1.; ne. B. 


B.l. 


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Told 







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B.l. 


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Ne. 


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- 


Told 




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Limpo 


10 


Told. 


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B. t. 


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Limpo 


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Ne. 


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- 


Told 




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Ne. 


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Told 




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C, 




Ni. 


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T.»m?^U, 


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Told 






C. 


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- 


Ne. 


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- 





332 












OBSERVAÇÕES 
















SETEMB 


1 


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1 

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1 

35.3 


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1 


j 




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c. 




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j 


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678,3 


- 


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- 


- 


,5.3 


7' 


c. 




WSW. 




- 


3 


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,010 


579,8 


- 


- 


i5,3 


- 


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- 


- 


_ 


WNW. 




. 




- 


< 


9,39 


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67S.8 


678,3 


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17.S 


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- 


- 


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39 


WNW. 




wsw. 




w. 


5 


9.39 


IÍ.44 


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578,8 


676,8678,8 


,6,3 


16,1 


,6,8 


_ 


- 


13.8 


i4 


W. 




w. 




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6 


9.39 


'5*4 


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580.5 


678,3 6;«,S 


i5,3 


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,8,8 


- 


- 


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70 


\\'N\V. 




w. 




c. 


7 


9.39 


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578,8 


- 


- 


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- 


- 


- 


- 


- 




WNW. 




- 




- 


8 


9.39 


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ioio]67S,3 


676,5 


578,3 


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13,8 


.7.3 


- 


- 


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73 


WNW. 




WT<W, 




- 


9 


9.3.J 


.5.4, 


lgl0t>78,3 


677,8 


578,8 


15,1 


10,3 


17.3 


- 


_ 


■4.9 


88 


NW. 




WNW. 




WNW, 


W 


.39 


.5.« 


.Q!0 678,8 


- 


- 


'5,3 


- 




- 


- 


- 


- 


NW. 




- 




W. 


II 


9.39 


.5.44 


,<,5o]6;9,3 


678,3 


- 


■5.0 


33,3 




_ 


_ 


i3.i 


65 


%\NW. 




WNW. 




_ 


.1 


9-39 


.5.4. 


LOIO 


5S«,J 


679.1 


38(.,3 


iS,6 


13,3 


■9.3 


- 


- 


",9 




C. 




WNW. 




WNW, 


i3 


9.39 


.5.4. 


,02o 


579.8 


677,8 


579.3 


16,8 


'7,5 


i8.:i 


- 


- 


■8.9 


69 


WNW- 




W. 




C. 


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9-t7 


.5.. 


S8i 


"••> 


687.8 


- 


■5,5 


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_ 


- 


- 


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73 


C. 




SSE. 




~ 


>S 


9^ 


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91; 


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S84,3 


586,3 


ii,i 


11,0 


.5,3 


- 


- 


.3,6 




WNW. 




w. 




w. 


iG 


9,40 


,5.19 


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698,8 


701,6 


14,8 


17.8 


■8,8 


- 


- 


,.,0 


57 


c. 




NW. 




w. 


"J 


g.39 


15.13 


68S 


,...8 


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7Í4.3 


.5,5 


'7.3 


i8,8 


- 


- 


,1.9 


46 


c. 




WNW. 




w. 


.8 


9-39 


15.15 


6BS 


704.6 


703,3 


?».8 


■ 5,6 


■ 3,3 


.7.8 


- 


- 


'4.1 


70 


w. 




WNW. 




w. 


"9 


9,4a 


15-56 


5j3 


70..J 


716,8 


7'7.8 


.6,3 


=3,3 


19,5 


- 


- 


T4.3 


67 


wxw. 




WSW. 




sw. 


'," 


g,38 


.4.45 


373 


7.4.3 


738,8 


!40,8 


16,3 


34,8 


^.fi 


- 


- 


,5.1 


64 


WNW. 




WNW. 




c. 


= ■ 


9.4. 


H30 


94 


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- 


- 


18.5 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


c 




- 


- 


- 


i> 


9-41 


,4,3o 


94 


753.4 


- 


- 


19.1 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


d. 




- 


- 


- 


j3 


9.41 


,4,3o 


94 


754.4 


753,6 


- 


30.0 


30,8 


- 


- 


- 


18.1 


99 


c. 




c. 


° 


- 


=1 


9.41 


14.30 


94 


754.4 


75í,4 


- 


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- 


- 


- 


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V 


c. 




«sw. 


. 


- 


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94' 


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754.4 


- 


- 


30,1 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


c. 




- 


- 


- 


jfi 


9.41 


14,3o 


M 


- 


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- 


- 


14,8 


- 


_ 


- 


- 


- 






w. 


1 


- 


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,4.30 


94 


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7ÍM 


- 


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- 


- 


- 


16,0 


55 


c. 




w. 




- 


58 


z 


t4.3o 


W 


753.4 


- 


- 


19,3 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


c. 




- 




~ 


IQ 


9-41 


,4.3o 


91 


;SJ,I 


7So,6 


- 


19,0 


=9,3 


- 


- 


- 


14,8 


49 


NW. 




\VNW. 


3 


~ 


30 


9.4. 


14.3o 


94 


753.9 


7S1.9 


- 


■8,8 


55.3 


- 


- 


- 


17,3 


7= 


WNW, 




WNW 


= 


• 


(i) Pungo N^bongo.— (j) Era viseem,— (3) Dondo. 



i879 



METEOROLÓGICAS 



333 



Quantida 


de 


e qualidade é 
35" Wash. 


le nuvens 


CS 

o 

JZ 

1 

CS 

> 

9 




NoUs 




6^ a. 


6»'a. 


7»» 35"» Wash. 


Shp. 












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o 








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C. 


— 


— 


Ne. 


B. t.; V. de raj.; -^ ' a. 


>- 


Told. 


o 


Limpo 




— 


o 


B. t. 


\. de raj.; =r^' a. 


— 


Told. 


— 


— 


— 


"" 





Ne. 


- 


— 


Told. 


3 


C. 


10 


Told. 


o 


Ne. 


B. t.; ne. a. 


B. t. 


Told. 


3 


C. 


IO 


Told. 





Ne. 


B. t.; ne. a. 


B. t. 


Told. 


3 


c. 


o 


Limpo 





Ne. 


B. t.; ne. a. 


B. t. 


Told. 


— 


— 


- 


— 





r— ^ • 


— 


^ 


Told. 





Limpo 


— 


— 


o 


Ne. 


B. t.;9«a. 


— 


Told. 


mm 

/ 


C. 


10 


C. 





Ne. 


T. som.; ne. a. 


B. t.; v. de raj. 


Told. 


— 


— 


10 


Told. 


o 


Ne. 


— 


B. t. 


Told. 


IO 


C, c. 


— 


- 


o 


Ne. 


V. deraj.;©» 


— 


C 


IO 


C, Ni. 


10 


C, Ni. 


o 


B. t. 


T. som. 


T. de trov. 


C. 


IO 


C, Ni. 


IO 


C, Ni. 


I 


T. duv. 


T. duv.;KdeE. 5-6 p. 


Ra SE. 


Told. 


10 


C, Ni. 


— 


— 





Ne. 


KaSE.;©« 


— 


Told. 
Told. 


7 

3 


C. 
C. 


IO 

o 


C, Ni. 
Limpo 


3 

o 


T. duv. 

Ne. 


T. duv.;©' 3-4 3.; v. fr. 
B. t.; ne. a. 


< a NW. e 
SW. 
B. t. 


Told. 


O 


C. 


O 


Limpo 





Ne. 


• B. t. 


B. t.; V. de raj. 


Told. 





Limpo 


10 


Told. 


o 


Ne. 


B. t.; V. de raj.; ne. a. 


B. t. 


Told. 


IO 


C, Ni. 


IO 


Told. 


o 


Ne. 


T. duv.; ne. a. 


B. t. 


Told. 


IO 


C, c. 


IO 


Told. 


o 


--' 


B. t.; -'a. 


B. t. 


Told. 


- 


— 


- 


— 


o 


Ne. 


- 


— 


Told. 


— 


— 


— 


— 





Ne. 


— 


— 


C,Ni. 


IO 


C, Ni. 


— 


— 


3 


RaE. 


K de E. 7-8 a. 


— 


C. 


10 


C. 


— 


— 


O 


B. t. 


B. t. 


— 


Told. 


— 


— 


— 


— 





Ne. 


- 


— 


— 


IO 


C 


— 


— 





— 


B. t. 


— 


Told. 


IO 


C, c. 


— 


— 


3 


Ne. 


K de E. 9 a. i p. 


— 


Told. 


— 


— 


- 


— 





Ne. 


- 


— 


Told. 


5 


c. 


— 


— 





B. t. 


B. t; ne. a. 


— 


Told. 


IO 


C, Ni. 


— 


— 





B. t. 


T. duv. 


— 



1 



322 












OBSERVAÇÕES 
















* 


1 


i 
í 

8°55' 


i 


1 

< 


l*rc.s>o 
«imosphcrica 


Tempcmluri 


3JI! 


Dirccçuo e Tor^i do vtDlo 


i 


1* 




& 


hi 
ti: 

=S-1 


10.4 


i5,S 


1 

16,1 


2Í 

iSíi 


65 


6" a. 


-1. ,;« 

í\'a,h. 


8*1 


"^ 


676.3 


Í71.3 


671.5 


'9h1 


ESE. 


, 


E. 




E. 


J 


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1060674,3 


671.» 


673.» 


.7.6 


21.. 


18,9 


36,4 


i;.3 


16.Í 


87 


C. 





SW. 




ESE 


3 


8.5S 


.6.,, 


1060 673J 


S7i,í 


67'.3 


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2.I..J 


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35,2 


17.J 


HA 


61 


E. 


2 


E. 




WNV 


i 


8.55 




.060673,? 


57>.- 


- 


■9.4 


23.,, 


- 


24.6 


i7Jt 


,1,5 


5H 


C. 


.. 


ESE. 




- 


S 


8.5S 


iG.li 


.060674.3 


5ji,J 


674.0 


■7^ 




<9.4 


3(,3 


■-.' 


18,1 


SS 


C. 





E, 




WNV 


fi 


ÍI.55 


16.1J 


.o6o673,b 


571,8 


- 




23.., 


- 


3.,.3 


16,6 


.6.7 


75 


c. 





E. 




- 


7 


8.55 


m-u 


1060673,3 


572,0 


- 


'7.9 


14,1 


- 


25,0 


17.6 


.0,0 


69 


c. 





ESE. 




- 


a 


8.5S 


i6.li 


loCo 672.8 


571,6 


573,3 




14 .4 


20^ 


- 


- 


18,2 


80 


c. 





SE, 




\VN\ 


9 


8,55 


i6.li 


.060675/) 


671,5 


673.3 


'9.9 


23,(. 


21,2 


25.4 


.8,1 


18.0 


83 


c. 





W-NW. 




ESE 


>a 


S,S5 


i6.li 


.060673,8 


6ji,8 


674,3 


16,4 


■5,9 


10« 


»6.4 


16,1 


17r4 


6.J 


c. 





E. 




KXE 


n 


8.Í5 


.6.11 


.06067^,3 


672,3 


674.1 


18,6 


=6,;, 


31rl 


27,^ 


18,1 


■Í.TÍ 


73 


c. 





ESE. 




C 


II 


8.55 


i6.li 


1060673.3 


672,3 


673.5 


18,9 


26,J 


33.4 


27,0 


.8,6 


.6.9 


63 


c. 





ESE. 




c 


i3 


8.5S 


i6.li 


.060674.3 


671,6 


674,3 


■9.4 


23,, 


21,1 


26,6 


IW.2 


19,1 


8y 


E, 


1 


!•:. 




c 


M 


8.55 


.6,11 


.006674,? 


673,0 


674.8 


'9,4 


27.1 


>2,4 


"7,^ 


.9,. 


18,? 


66 


c. 





E. 




c. 


li 


«.55 


16.E1 


1060674.3 


672.6 


674,6 


'8,4 


=7.1 




27.5 


18.1 


'7.; 


64 


c. 





E. 




ESE 


>6 


8.55 


i6.li 


1060674.3 


572,0 


674.3 


.8,9 


27M 


7. 


27.5 


iS.O 


iy,6 


71 


c. 





E. 




E. 


17 


8.55 


i6.li 


irtio 674.3 


573.? 


- 


■8-4 


34.f. 


- 


17.5 


17 J» 


17,2 


71 


c. 





W-NW. 




_ 


iS 


8.55 


■ 6. LI 


.060674.3 


57>í 


673,8 


18,7 


=5,3 


".' 


i5,5 


iN.i 


19.^1 


83 


c. 





E. 




C. 


■9 


8,55 


I6..1 


.ofio S7S,3 


574.3 


- 


18,4 


25.« 


- 


16,3 


lfi.l 


iH,? 


73 


c. 





V-. 




~ 


» 


8.55 
8.55 


l6.M 

i6.li 


1060674.3 
1060 S74.3 


573.3 
571,3 


673,3 
674,0 


18,6 
18,4 


25.1 


13 .í 


16,5 
17,8 


16,6 
.7,6 


18,5 
16.8 


76 
6a 


c. 

ESE. 




ESE. 
ESE. 




ESE 
WNTI 


31 


B.S5 


i6.[i 


1060674.3 


57Í.B 


674.3 


18,3 


54-1 


20.4 


38.0 


18,1 


17.3 


■f- 


ESE, 




ESE. 




C 


33 


B,55 


i6.li 


1060674,3 


S7J.3 


6;3,3 


i;.6 


Ikl 


21.4 


15,2 


i7.6 


'5,7 


68 


C, 




ESE. 




C 


J4 


8,55 


i6.li 


1060674,3 


573.? 


674^ 


.<M 


25.1 


13,1 


i5,B 


.8,8 


'7.y 


74 


SE. 




ESE. 




ESE 


i5 


8.55 


.6.11 


1060674,3 


S7',8 


673.3 


I7.S 


=6,7 


SI, 9 


17,0 


17.T 


17.9 


6S 


C. 




ESE. 




C 


a6 


8.55 


i6.li 


.060673,8 


672.- 


674.1 


18,4 


27,1 


12,4 


17.4 


iS,1 


|5,9 


58 


c 




ESE. 




ESE 


=7 


8.5S 


16..1 


106a 


674.. 


673,3 


674.3 


.9,4 


=3.7 


30,7 


17.3 


ly,l 


.-,? 


79 


c. 




ESE. 




SE. 


IS 


8.52 


16. [5 


- 


S74.3 


- 


- 


.8.7 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


c. 




_ 




_ 


SB 


8,5i 


16.ÍQ 


1073 


672,3 


671.3 


572,5 


'4.4 


2S, 


19,1 


- 


- 


18,5 


76 


c, 





SE. 




C. 


3o 


8.5o 


i6.a.l 


1099 


673.:. 


669,K 


Ú70.B 


.5* 


35.B 


19.4 


36,6 


'S,. 


16.0 


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(1) Duque de Eliayama. 



1 1879 



METEOROLÓGICAS 



323 



Quantidade 


e qualidade < 


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nuvens 


E 

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3 




Notas 


8''p. 


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8''p. 


6'' a. 


7»» 35°» Wash. 












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C, Ni. 


10 


C. 

C, Ni. 



10 


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C, Ni. 




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T. chuv. 


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C, Ni. 




C, Ni. 


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T. chuv. 


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10 


Told. 


3 


T. chuv. 


T. chuv. 


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C, Ni. 


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Told. 
C. 




C, Ni 
C.,Ni. 


10 


C, Ni. 


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T. chuv.; £^ de NE. n.; 

ne. a. 

T. chuv.; K de E. 


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Limpo 


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T. chuv.; ne. a. 


B.t. 


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Told. 




C, Ni. 
C, Ni. 

C, Ni. 


2 

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10 


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C, Ni. 




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Limpo 




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10 


C, Ni. 
C, Ni. 


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C, Ni. 


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10 


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T. som.; K do S. 1 p. 


T. som.. 


Told. 
C, Ni. 




C, Ni. 

C, Ni., c. 


10 
10 


Ni, 
Told. 


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3 


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T. chuv. 


T. duv.; ©de SE. 

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T. chuv. 


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10 

10 
10 


C, Ni. 

Limpo 

Told. 

C. 




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2 


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B.t. 


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B.t.;— 'a. 


Ne. 



336 












ÚBSEIlVAÇÕES 
















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13.09 




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13.09 




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13.09 




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5.13 


13-09 




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17.8 


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3 


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1' 


Mossnmcd». 



879 



METEOROLÓGICAS 



337 



Quantidade e qualidade de nuvens 



6»'a. 



7»' 35™ Wash. 



10 

5 

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2 

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10 

5 

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5 
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Limpo 

C. 

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Told. 

C. 

C. 
C. 
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C. 
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Notas 
7I' 35™ Wash. 





B. t. 




B. t. 




B. t. 




B. t. 




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B. t. 




B. t. 




B. t. 




B. t. 




B. t. 




B. t. 




B. t. 




B. t. 




B. t. 




B.t. 




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B.t. 




B.t. 


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B.t. 




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B.t. 



B. t. 
B.t. 



8''p. 



VOL. 11 



23 



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OBSERVAÇÕES 


MAGNÉTICAS 


l-íjil 


DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X P 


BENGUELLA 


DOMBE 


3>ía 27 ãc outubro de 1877 


Dia 18 de novembro de 1877 


S.ii'J4'.L7'/. L™.E.Gr. i3°-i5'.i5" 


Lnt, S. ii-.55'.ií". l.on. E. Gr. ú'.o-/.iV' 


Alt. ú mctrot Tomp. 3l)",o 


Alt gS metros. Tímp. 3i(',o 


5r 


Nume™ 


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Tempo 


Numera 


Dircíçio 


C^lro 


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X = í,n3 


X = 5.Ti4 


. BENGUELLA 


QUILLENGUES 


6 de novembro de 1877 


Dia 22 de dezembro de 1877 


í*.!»'.!?", lAW, E.Gr. i3".25'.tS' 


l.al. S. l4'.o?'. Lon. E. Gr. 14>.oo'.o5'í 


Alt 6 tnelnH, Tcmp, iS",D 


Ali. 8&J melro'*. Tcmp 5S",S 


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Numero 


Du-a(áo 


Tempo 


Numera 


Dura-So 


















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1.49.35.0 


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OBSERVAÇÕES 


► MAGNÉTICAS 


33(j 


DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 

> 


BENGUELLA 
Dia 27 de outubro de 1877 


Dia 18 de 


DOMBE 




novembro de 1877 


Lat. S. I2».34'.i7'/. Lon. E. Gr. i3*».25/.i5'/ 


Lat. S. I20.55/.I2//. Lon. E. Gr. i3».07/.45// 


Alt. 6 metros. Tcmp. 2S'',o 


Alt. 98 metros. Temp. 29^,0 


Tempo 


Numero 


Duração 


Tempo 


Numero 


Direcção 


pelo 


de 


de 


p.lo 


dj 


de 


chronometro 


osciilações 


uma osciliaçâo 


clironomctro 


oscillaçóes 


uma osciliaçâo 


b m s 




m s 


h m s 




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1.33.28,0 





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1.35.49,5 





3,90 


1.34.05,5 


10 


3,90 


1.36.28,5 


10 


3,80 


1.34.44,5 


20 


3,70 


1.37.06,5 


20 


3,75 


1.35.21,5 


3o 


3,Ho 


1.37.41,0 


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3,85 


1.35.59,5 


40 


3,85 


1.38.22,5 


40 


3,70 


1.36.38,0 


5o 


3,80 


1.38.59,5 


5o 


3,80 


1.37.16,0 


60 


3,80 


1.39.37,5 


60 


3,85 


1.37.54,0 


70 


3,75 


1.40.16,0 


70 


3,70 


1.38.3 1,5 


80 


3,70 


1.40.53,0 


So 


3,75 


1.39.08,5 


90 


3,75 


1.41.30,5 


90 


3,70 


1.39.46,0 


100 


Media . . 3,78c; 


1.42.07,2 


100 


Mtdia . . 3,780 


X = 5,ii3 




X = 5,i24 


BI 


lNGUELI 


-A 

) de 1877 


Qli 

Dia 22 de 


ILLENGl 


JES 




Dia 6 de 


novembrc 


dezembr 


de 1877 


Lat. S. I2°.34'.i7". Lon. E. Gr. ^3".25^I5/ 


Lat. S. i4«.o3'. Lon. E. Gr. i4«.oo'.o5// 


Alt. 6 metros. Temp. 28**,o 


Alt. 869 metros. Temp. 28^5 


Tempo 


Numero 


Duração 


Tempo 


Numero 


Duração 


peio 


de 


de 


polo 


de 


de 


chronometro 


oscillaçóes 


uma osciliaçâo 


chronometix) 


oscillaçóes' 


uma osciliaçâo 


h m ■ 




m a 


h on s 




m a 


0.48.33,5 





3,75 


2.44.38,0 





3,75 


0.49.11,0 


10 


3,80 


2.45.15,5 


10 


3,65 


0.49. 19,0 


20 


3,80 


2.45.52,0 


20 


3,70 


0.50.27,0 


3o 


3,73 


2.46.29,0 


3o 


3,60 


0.5 1.04,5 


40 


3,85 


2.47.05,0 


40 


3,70 


0.51.43,0 


5o 


3,80 


2.47.48,0 


5o 


3,70 


0.52.21,0 


60 


3,65 


2.48.19,0 


60 


3,60 


0.52.57,5 


70 


3,85 


2.48.55,0 


70 


3,70 


0.53.36,0 


80 


S80 


2.49.32,0 


80 


3,65 


0.54.14,0 


90 


3,73 


2.5o.o8,5 


90 


3,65 


0.54.51,5 


100 


Media . . 3,780 


2.50.45,0 


100 


Media . . 3,670 


X=5,ii3 






X= 5,440 



340 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



QUILLENGUES 



Dia 23 de dezembro de 1877 

Lat. S. i4*>.oo'.o3". Lon, E. Gr. i40.oo/.o5/^ 
Alt. 86g metros. Tcmp. 28^5 



Tempo 


Numero 


Duração 


pelo 


de 


de 


chronomctro 


osci Ilações 


uma oscillaçãc 


h m 1 




m 1 


3.34.48-5 





3,70 


3.35.25.5 


10 


?,70 


3.36.02,5 


20 


3,65 


3.36.39,0 


3o 


3,75 


3.37.16,5 


40 


3,60 


. 3.37.52,5 


5o 


3,70 


3.38.29,5 


60 


3,55 


3.39.05,0 


70 


3,65 


3.39.41,5 


80 


3,65 


3.40.18,0 


90 


3,60 


3.40.54,0 


100 


.Media .. 3,655 



X = 5,486 



CACONDA 



Dia 17 de janeiro de 1878 

Lat. S. i3°.44'.53//. Lon. E. Gr. i5».02'.35'' 
Alt. 1642 metros. Tcmp. 25*,o 



Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

uma oscillaçác 


h m 1 




m s 


3.00.10.0 


I 


3.5o 


3.00.45,0 


10 


?,7o 


3.01.22,0 


20 


3,70 


3.01.59,0 


3o 


3,5o 


3.02.34,0 


40 


3,60 


3.o3.io,o 


5o 


3,5o 


3.03.45,0 


60 


3,70 


3.0,1.22,0 


70 


3,5o 


3.04.57,0 


80 


3,60 


3.05.33,0 


90 


3,5o 


3.06.08,0 


100 


Media . . 3,58c 



X = 5,704 



CACONDA 



Dia 25 de janeiro de 1878 

Ut. S. l3^44/.^3'^ Lon. E. Gr. i5«.o2'.35// 
Alt. 1642 metros. Tcmp. 26'',o 



Tempo 

pelo 

chronomctro 



h m t 

3.29.10,0 

3.29.46,0 

3.3o.23,o 

3.3o.58,5 

3.3 1.35,0 

3.32.10,5 

3.32.46,5 

3.33.22,5 

3.33.58,5 

3.34.34,0 

3.35.09,5 



Numero 

de 

oscillações 



I 

10 
20 
3o 
40 
5o 
60 

70 
80 

90 

100 

X = 5,664 



Duração 

de 

uma oscillaçáo 



m I 

3,60 

3,70 

3,55 
3,65 
3,55 
3,60 
3,60 
3,60 
3,55 
3,55 
Media . . 3,5i)5 



TCHIMBUIOCA 



Dia 28 de fevereiro de 1878 

Lat. S. l2^53^oo". Lon. E. Gr. i6».2i'.oo'' 
Alt. 1697 metros. Tcmp. 2i'*,o 



Tempo 


Numero 


Duração 


pelo 


de 


de 


chronomctro 


oscillações 


uma oscillaçáo 


li m 5 




ni s 


3.26..?o,5 


I 


3,70 


3.27.07,5 


10 


3,70 


3.27.44,5 


20 


3,85 


3.28.33,0 


3o 


3,70 


3.29.00.0 


40 


?v5 


3.29.37,5 


5o 


-^75 


3.3o. 1 5,0 


60 


3,70 


3.3o.52,o 


70 


3,80 


3.3i.3o,o 


80 


3,65 


3.32.06,5 


90 


3,80 


3.32.41,5 


100 


Media . . 3,740 



X=5,2t5 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



341 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



BIÈ 

Dia 3o de março de 1878 

Lat. S. 12^.22'. loff. Lon. E. Gr. i&'.5o'.ooff 
Alt. 1573 metros. Tcmp. 25*',o 



Tempo 

pelo 

chronometro 



h m I 

4.58.45,0 
4.59.22,5 
5.00.00,0 
5.00.38,0 
5.01.16,0 
5.01.53,0 
5.02. 3 1,0 
5.o3.o8,5 
5.03.45,5 
5.04.23,5 
5.o5.oo,5 



Numero 
de ^ 
oscillaçôes 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 
90 
100 



Duraaáo 

de 

uma oscí Ilação 



m t 

3,75 

3,75 

3,80 

3,80 

3,70 

3,80 

3,75 
3,70 

3,80 
3.70 

Media . . 3,750 



X = 5,2i7 



BIÈ 

Dia 18 de abril de 1878 

Lat. S. \i^.22lAo". Lon. E. Gr. i&^.bd.oo" 
Alt. 1573 metros. Temp. 23'',5 



Tempo 

pelo 

chronometro 



h m s 

3.38.o6,o 
3.38.44,0 
3.39.22,0 
3.39.59,0 
3.40.37,0 
3.41.14,5 
3.41.51,5 
3.42.29,5 
3.43.07,5 



Numero 

de 

oscillaçôes 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 



Duração 

de 

umaoscillação 



m s 

3,80 

3,80 

3,70 

3,80 

3,75 

3,70 

3,80 

3,80 

-Media . . 3,769 



X = 5,i6i 



QUITEQUE 



Dia 23 de maio de 1878 



Lat. S. I2®.i7'.( 


34^'. Lon. E. 


Gr. I70.o2'.io'/ 


Alt. 1464 metros. Tcmp. 25",o 


Tempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 
oscillaçôes 


Duração 

de 

uma oscillação 


h m a 




ra 1 


3.14.23,0 





3,70 


3.1 5.00,0 


10 


3,80 


3.15.38,0 


20 


3,70 


3.i6.i5,o 


3o 


3,75 


3.16.52,5 


40 


3,75 


3.17.30,0 


5o 


3,65 


3.18.06,5 


60 


3,75 


3.18.44,0 


70 


3,75 


3.19.21,5 


80 


3,70 


3.19.58,5 


90 


3,70 


3.20.35,5 


100 


Media . . 3,725 




X«=5.299 




Dia I ( 


CU-ANZi^ 


le 1878 


ie junho c 


Lat. S. ii«.53'. 


29^^ Lon. E. Gr. if.S-jf.^S'' 


Alt. I 


I49'",4. Temp. 25^5 


Tempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 

oscillaçôes 


Duração 

de 

amaoscillaçáo 


h m ■ 




m a 


3.15.54,5 





3,80 


3.16.32,5 


10 


3,75 


3.17.10,0 


20 


3,65 


3.17.46,5 


3o 


3,80 


3.18.24,5 


40 


3,70 


3.19.01,5 


5o 


3,75 


3.19.39,0 


60 


3,75 


3.20.16,5 


70 


3,65 


3.20.53,0 


80 


3,75 


3.2i.3o,5 


90 


3,70 


3.22.07,5 


100 


Media . . 3,7ro 



X --5,30.0 



341 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



CHA-CALUMBO 



Dia i3 de junho de 1878 

Lat. S. ii«».4i/.22'^ Lon. E. Gr. i7*>.58'.3ó' 
Alt. 1078 metros. Temp. 26<',5 



Tempo 

pelo 

clironomclro 



hm* 

2.47.05,0 

2.47.42,5 

2.48.20,5 
2.48.57,0 
2.49.35,0 

2.50.I2,0 

2.50.49,0 
2.51.27,0 

2.52.03,0 

2.52.40,5 

2.53.17,5 



Numero 

de 

oscillaçôes 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 

70 
80 

90 
100 



Duração 

de 

uma oscíllaçâo 



RI S 

3,75 
3.80 

3,65 
3,80 

3,70 
3jo 
3,80 
3,60 

3,75 
3,70 

Media . . 3,725 



X = 5,3i3 



MONGÔA 



Dia 18 de junho de 1878 

Lat. S. ii'».34.'o6'/. Lon. E. Gr. i8«.o5'.5a' 
Alt. 1106 metros. Temp. 26**.o 



Tempo 

pelo 

chronometro 



h m I 

3.c6.5i,5 
3.07.29,5 
3.08.06,0 
3.08.43,5 
3.09.21,0 
3.09.57,5 
3.10.34,5 
3.11.11,5 
3.11.48,5 
3.12.25,5 
3.i3.oi,5 



Numero 

de 

oscillaçõcs 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 

r» 

70 
80 

90 

100 

x= 5,396 



Duraçáo 

de 

uma oscillaçár 

m ■ 

3,80 
3,65 

3,75 
3,75 
3,65 

3,70 
3,70 
3,70 
3.70 
3,60 
Media . . . 3,7c 



CHA-N'GANJI 



Dia I de julho de 1878 

Lat. S. ii°.32'.43//. Lon. E. Gr. i8''.i5/.oo" 
Alt. 1189 metros. Temp. 28**.© 



Tempo 

pelo 

chrouomctro 



h m a 

3.08.48,0 
3.09.25,5 

3.10.02,5 
3.10.40,0 
3.11.17,5 
3,11.54,5 
3.12.31,5 
3.13.08,5 
3.13.45,5 
3.14.22,5 
3.14.59,5 



Numero 

de 

oscillaçõcs 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 



80 

90 

100 



Duração 

de 

uma osciilaçáo 



m s 

3j5 

3,70 

3,75 

3,75 
3,70 
3,70 
3,70 
3,70 



3,70 

3,70 
Media .. 3,7i5 



X- 5,354 



NDUMBA TEMBO 



Dia 9 de julho de 1878 

Lat. S. ii'».2o'.5i'/. Lon. E. Gr. i8''.5o/.oo'/ 
Alt. i3oo metros. Temp. 26**,o 



Tempo 

pelo 

chronometro 



h m s 

3.25.41,5 

3.26.18,5 

3.26.55,5 

3.27.33,0 

3.28.10,0 

3.28.47,5 

3.29.24,5 

3.3o.o2.o 
3.30.39,5 
3.3 1.16,5 
3.31.53,5 



Numero 

de 

oscillações 



00 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 

90 
100 

X== 5,33o 



Duraçáo 

de 

umaoscillação 

m s 

3,70 

3,70 

3,75 

3,70 

3.75 

3.70 

3.75 
3.75 
3,70 
3,70 

Media . . 3,720 





OBSERVAÇÕES 


MAGNÉTICAS 


343 


DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 


N'DUMBA MUGHANDE 

Dia 27 de julho de 1878 


< 

Dia 25 ( 


:atuch] 


[ 


ie agosto 


de 1878 


Lat. S. ii".o5^ooV. Lon. E. Gr. i8«.55'.oo" 


Lat. S. io«.46'.oo'/. Lon. E. Gr. içf*.d&f.oo'f 


Alt. 1340 metros. Tcmp. 26*',o 


Alt. 122Ó metros. Tcmp, 29'*,5 


Tempo 

pelo 

chronomelro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

umaoscillaçáo 


Tempo 

pelo 

chronomelro 


Numero 

de 
oscillações 


Duração 

de 
uma oscillaçáo 


h na • 




m a 


b in s 




m s 


3.41.15,0 


.0 


3,70 


4.13.38,0 





3,80 


3.41.52,0 


10 


3,80 


4.14.16,0 


10 


3,75 


3.42.30,0 


20 


3,70 


4.14.53,5 


20 


3,70 


3-.0.o7,o 


3o 


3,80 


4.i5.3o,5 


3o 


3,65 


3..^3.45,o 


40 


3,70 


4.16.07,0 


40 


3,70 


3.-w.22,o 


5o 


3,70 


4.16.44,0 


5o 


3,Ho 


3.44.59,0 


60 


3,70 


4.17.22,0 


60 


3,60 


3.45.36,0 


70 


3,70 


4.17.58,0 


70 


3,70 


3.46.13,0 


80 


3,70 


4.18.35.0 


80 


3.75 


3.45.50,0 


90 


3,70 


4. 19. 12.5 


90 


3,65 


3.47.27,0 


100 


Media . . . 3,72 


4.19.49,0 


100 


Media ... 3,71 


X = 5,335 




x= 5,389 


( 


:atuch] 


[ 

de 1878 


TCHIQUILLA 
Dia II de setembro de 1878 


Dia 16 ( 


Je agosto 


Lat. S. io«.46'.oo'/. Lon. E. Gr. I9°.o8'.oo// 


Lat. S. io«.33'.io./' Lon. E. Gr. i9<».o6/.oo'/ 


Alt. 122Ó metros. Tcmp. 29®,5 


AU. 1180 metros. Temp. 28*»,5 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

umaoscillaçáo 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

umaoscillaçáo 


h m t 




m s 


h m' 8 




m » 


3.10.09,0 





3,70 


3.06.23,0 





3,70 


3.10.46,0 


10 


3,70 


3.07.00,0 


10 


3,80 


3.11.23,0 


20 


3,70 


3.07.38,0 


20 


3,80 


3.12.00,0 


3o 


3,70 


3.08.16,0 


3o 


3,70 


3.12.37,0 


40 


3,65 


3.08.53,0 


40 


3,80 


3.i3.i3,5 


5o 


3,65 


3.09.31,0 


5o 


3,70 


3.i3.5o,o 


60 


3,75 


3.10.08,0 


60 


3,70 


3.14.27,5 • 


70 


3,65 


3.10.45,0 


70 


3,80 


3.15.04,0 


80 


3,65 


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80 


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3.15.40,5 


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3,65 


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90 


3,75 


3.16.17,0 


100 


Media... 3,68 


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100 


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13 


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74 


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5.i3 
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G 


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17.3 


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ssw, 

ssw. 
ssw. 




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20 


S.i3 


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G 


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- 


- 


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70 


- 


- 


ssw. 




- 


- 


33 


5.i3 


11-O.J 


6 


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- 


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- 


- 


- 


- 


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ssw. 




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5.13 


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6 


- 


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- 


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- 


- 




30.0 


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- 


- 


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- 


- 


iG 


5.13 


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5,i3 


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6 


- 


763.3 


- 


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- 


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73 


- 




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- 


- 


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5.i3 


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73 


- 




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- 


- 


19 


S.i3 


11.0.1 


6 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


- 


~ 


- 


- 




- 


- 


3o 


S,i3 


ii.«) 


6 


- 


76?.3 


- 


- 


36,8 


- 


- 


- 


17.3 


66 


- 


- 


ssw. 




- 


- 


3i 


5.1? 


N.09 


6 


- 


^3.3 


- 


- 


^7.3 


- 


- 




17,8 


C6 


- 


- 


ssw. 




- 


- 


(.1 Mo«aracJíi. 



^79 



METEOROLÓGICAS 



337 



Quantidade c qualidade do nuvens 



6»>a. 



7'' 35™ Wasli. 



10 

5 

7 
o 

2 

5 
10 

5 

2 
2 
2 
o 

5 
5 

10 

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5 



5 
2 
10 
10 

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o 



Told. 

C. 

C. 
Limpo 

C. 

C. 
Told. 

C. 

C. 
C. 
C. 
C. 
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Told. 
Told. 

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Notas 
7'' 35» Wash. 



B. t. 
B.t. 





B.t. 




B.t. 




B.t. 




B.t. 




B.t. 




B.t. 




B.t. 




B.t. 




B.t. 




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B.t. 




B.t. 




B.t. 




B.t. 




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B.t. 




B.t. 


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B.t. 




®8-9a. 




B.t. 



8''p. 



B.t. 
B.t. 



VOL. 11 



23 





OBSERVAÇÕES 


. MAGNÉTICAS 


33() 


DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 

> 


BENGUELLA 

Dia 27 de outubro de 1877 


Dia 18 de 


DOMBE 




novembro de 1877 


Lat. S. i3».3V.i7'/. Lon. E. Gr. i3«>.25'.i5// 


Lat. S. 12*».55/.12//. Lon. E. Gr. i3<'.07/.45// 


Alt. 6 metros. Tcmp. 2b",o 


Alt. 98 metros. Tcmp. 29<',o 


Tempo 


Numero 


Duração 


Tempo 


Numero 


Direcção 


pelo 


de 


de 


p.lo 


dj 


de 


chronometro 


oscillaçúes 


umaoscillaçáo 


chronometro 


oscillações 


uma oscillação 


b m ■ 




m s 


h m s 




m s 


1.33.28,0 





3,75 


1.35.49,5 





3,90 


i.3.|.o5,5 


10 


3,90 


1.36.28,5 


10 


3,80 


1.34.4-1,5 


20 


3,70 


1.37.06,5 


20 


3,75 


1.35.21,5 


3o 


3,80 


1.37.4 J,0 


3o 


3,85 


X. 35. 59,5 


40 


3,85 


1.38.22,5 


40 


3,70 


1.36.38,0 


5o 


3,80 


1.38.59,5 


5o 


3,80 


1.37.10,0 


60 


3,80 


1.39.37,5 


60 


3,85 


1.37.54,0 


70 


3,75 


1.40.16,0 


70 


3,70 


1.38.3 1,5 


80 


3,70 


1.40.53,0 


80 


3,75 


1.39.08.5 


90 


3,75 


1.41.30,5 


90 


3,70 


X. 39.46,0 


100 


Media . . 3,78c 


1.42.07,2 


100 


Mtdia . . 3,780 




X = 5,ii3 




X = 5,i24 


BI 


lNGUELI 


-A 

) de 1877 


QU 

Dia 22 de 


ILLENGl 


JES 




Dia 6 de 


novembrc 


dezenibr 


de 1877 


Lat. S. I2».34'.i7//. Lon. E. Gr. l3^25^I5/ 


Lat. S. i4°.o3'. Lon. E. Gr. i4«.oo'.o5// 


Alt. 6 metros. Temp. 28^,0 


Alt. 869 metros. Temp. 28^,5 


Tempo 


Numero 


Duração 


Tempo 


Numero 


Duração 


pelo 


de 


de 


pelo 


de 


de 


chronometro 


oscillações 


umaoscillaçáo 


chronometro 


oscillações' 


uma oscillação 


h m s 




m 1 


h m s 




m 1 


0.48.33,5 





3,75 


2.44.38,0 





3,75 


0.49. 1 1 ,0 


10 


3,80 


2.45.15,5 


10 


3,65 


0.49. 19,0 


20 


3,80 


2.45.52,0 


20 


3,70 


0.50.27,0 


3o 


3,75 


2.46.29,0 


3o 


3,60 


o.5i.04,5 


40 


3,85 


2.47.05,0 


40 


3,70 


0.51.43,0 


5o 


3,80 


2.47.48,0 


5o 


3,70 


0.52.21,0 


60 


3,65 


2.48.19,0 


60 


3,60 


0.52.57,5 


70 


3,85 


2.48.55,0 


70 


3,70 


0.53.30,0 


80 


S80 


2.49.32,0 


80 


3,65 


0.5.^.14,0 


90 


3,75 


2.5o.o8,5 


90 


3,65 


0.54.51,5 


100 


•Media . . 3,780 


2.50.45,0 


100 


Media . . 3,670 


X=5,ii3 




X=5,«o 



l 





OBSERVAÇÕES 


. MAGNÉTICAS 


33y 


DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 

* 


BENGUELLA 

Dia 27 de outubro de 1877 


Dia 18 de 


DOMBE 




novembro de 1877 


Lat. S. 13«.3V.I7'/. Lon. E. Gr. i3« 25/.i5// 


Ut. S. I2«.55^i2//. Lon. E. Gr. i3<'.07/.45// 


AU. 6 metros. Tcmp. 2b" ,0 


Alt. 98 metros. Temp. 29^,0 


Tempo 


Numero 


Duração 


Tempo 


Numero 


Direcção 


pelo 


de 


de 


p.lo 


dj 


de 


chronometro 


oscillaçõcs 


umaoscillaçáo 


chronometro 


oscillaçócs 


umaoscillaçáo 


b m ■ 




m s 


h m s 




m s 


1.33.28,0 





3,73 


1.35.49,5 





3,90 


1.34.05,5 


10 


3,90 


1.36.28,5 


10 


3,80 


1.34.41,5 


20 


3,70 


1.37.06,5 


20 


3,75 


1.35.21,5 


3o 


3,80 


1.37.4^,0 


3o 


3,85 


1.35.59,5 


40 


3,85 


1.38.22,5 


40 


3,70 


1.36.38,0 


5o 


3,80 


1.38.59,5 


5o 


3,80 


1.37.10,0 


60 


3,80 


1.39.37,5 


60 


3,85 


x.37.54,0 


70 


3,75 


1.40.16,0 


70 


3,70 


i.38.3i,5 


80 


3,70 


1.40.53,0 


80 


3,75 


1.39.08.5 


90 


3,75 


1.41.30,5 


90 


3,70 


X. 39.46,0 


100 


Media . . 3,78c 


1.42.07,2 


100 


Media . . 3,780 




X = 5,Ti3 




X = 5,i24 


BI 


lNGUELI 


.A 

) de 1877 


Dia 22 de 


ILLENGl 


JES 




Dia 6 de 


novembrc 


dezembr 


de 1877 


Lat. S. 12^34^I7". í'On- E. Gr. l3^25^I5/ 


Lat. S. i4°.o3'. Lon. E. Gr. i4*>.oo'.o5// 


Alt. 6 metros. Temp. 28^,0 


Alt. 869 metros. Temp. 28^5 


Tempo 


Numero 


Duração 


Tempo 


Numero 


Duração 


pelo 


do 


de 


pelo 


de 


de 


chronometro 


osci Ilações 


umaoscillaçáo 


chronometro 


osci Ilações' 


umaoscillaçáo 


h m s 




m * 


h m s 




111 9 


0.48.33,5 





3,75 


2.44.38,0 





3,75 


0.49.11,0 


10 


3,80 


2.45.15,5 


10 


3,65 


0.49. 19,0 


20 


3,80 


2.45.52,0 


20 


3,70 


0.50.27,0 


3o 


3,75 


2.46.20,0 


3o 


3,60 


o.5i.04,5 


40 


3,85 


2.47.05,0 


40 


3,70 


0.51.43,0 


5o 


3,80 


2.47.48,0 


5o 


3,70 


0.52.21,0 


60 


3,65 


2.48.19,0 


60 


3,60 


0.52.57,5 


70 


3,85 


2.48.55,0 


70 


3,70 


0.53.36,0 


80 


S80 


2.49.32,0 


80 


3,65 


0.54.14,0 


90 


3,75 


2.5o.o8,5 


90 


3,65 


0.54.51,5 


100 


Media . . 3,780 


2.50.45,0 


100 


Media . . 3,670 


X=5,i»3 






X = 5,440 





340 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



QUILLENGUES 



Dia 23 de dezembro de 1877 

Lat. S. i4*'.oo'.o3'^ Lon. E. Gr. I40.oo^o5^' 
Alt. 869 metros. Tcmp. 28°,5 



Tempo 


Numero 


Duração 


pelo 


de 


de 


chronomctro 


oscillações 


uma oscillaçâí 


h m a 




m 1 


3.34.4^,5 





3,70 


3.35.25,5 


10 


3,70 


3.36.02,5 


20 


3,65 


3.36.3o,o 


3o 


3,75 


3.37.16,5 


40 


3,60 


3.37.52,5 


5o 


3,70 


3.38.29,5 


60 


3,55 


3.39.05,0 


70 


3,65 


3.39.41,5 


80 


3,65 


3.40.18,0 


90 


3,60 


3.40.54,0 


100 


Media . . 3,65f 



X=5,486 



CACONDA 



Dia 17 de janeiro de 1878 

Lat. S. i3«.44'.53^/. Lon. K. Gr. i5°.o2'.35' 
Alt. 1642 metros. Tcmp. 25'',o 



Tempo 


Numero 


Duração 


pelo 


de 


de 


clironometro 


oscillações 


uma oscillaçãc 


h m 1 




m s 


3.00.10,0 


I 


3,5o 


3.oo..|5,o 


10 


3,70 


3.01.22,0 


20 


3,70 


3.01.59,0 


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3,5o 


3.02.34,0 


40 


3,60 


3.o3.io,o 


5o 


3,5o 


3.03.45,0 


60 


3,70 


3.04.22,0 


70 


3,5o 


3.04.57,0 


80 


3,60 


3.05.33,0 


90 


3,5o 


3.06.08,0 


lOU 


Media . . 3,58v 



X = 5,704 



CACONDA 



Dia 25 de janeiro de 1878 

Lat. S. i3".44^53'/. Lon. E. Gr. i5*».o2'.35'/ 
Alt. 16 12 metros. Temp. 26*^,0 



Tempo 

pelo 

chronomctro 



h tn I 

3.29.10,0 
3.29.^6,0 
3.3o,23,o 
3.3o.58,5 
3.31.35,0 
3.32.10,5 
3.32.46,5 
3.33.22,5 
3.33.58,5 
3.34.34,0 
3.35.09,5 



Numtro 

de 

oscillações 



I 

10 
20 
3o 
40 
5o 
60 

70 
80 

90 

100 

X = 5,664 



Duração 

de 

uma oscillaçáo 



m s 

3,60 

3,70 

3,55 
3,65 
3,55 
3,60 
3,60 
3,60 
3,55 
3,55 
Media . . 3,5^5 



TCIIIMBUIOCA 



Dia 28 de fevereiro de 1878 

Lat. S. i2«.53'.oo'^ Lon. E. Gr. i6''.2i'.oo" 
Alt. i6r<7 melros. Tcmp. 2I^o 



Tem|X) 


Numero 


Duração 


pelo 


de 


de 


chronomctro 


oscillações 


uma oscillaçáo 


h m it 




tn 9 


3.26.30,5 


I 


3,70 


3.27.07,5 


10 


3,70 


3.27.44.5 


20 


3,85 


3.28.33,0 


3o 


3.70 


3.29.00.0 


40 


3,75 


3.29.37,5 


5o 


3,75 


3.3o.i5,o 


60 


3,70 


3.3o.52,o 


70 


3,80 


3.3i.3o,o 


80 


3,65 


3.32.0(3,5 


90 


3,80 


3.32..n,5 


100 


Media . . 3.740 



X=-5,2i5 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



341 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



BIÈ 

Dia 3o de março de 1878 

Lat. S. I2».22^Io'^ Lon. E. Gr. i&^.Sof.ooff 
Alt. 1573 metros. Tcmp. 25°,o 



Tempo 

pelo 

chronomctro 



h m I 

4.58.45,0 
4.59.22,5 
5.00.00,0 
5.00.38,0 
5.01.16,0 
5.01.53,0 
5.02.3 1,0 
5.o3.o8,5 
5.03.45,5 
5.04.23,5 
5.o5.oo,5 



Numero 



oscillaçócs 



Duraaáo 

de 

umaoscillaçáo 




X = 5,2i7 



BIÈ 

Dia 18 de abril de 1878 

Lat. S. ii«.22/.io/^ Lon. E. Gr. i6°.5o/.oo'/ 
Alt. 1573 metros. Temp. 23'',5 



Tempo 

pelo 

chronomctro 



h ra 9 

3.38.o6,o 
3.38.44,0 
3.39.22,0 
3.39.59,0 
3.40.37,0 
3.41.14,5 
3.41.51,5 
3.42.29,5 
3.43.07,5 



Numero 

de 

oscillaçócs 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 

70 
80 



Duração 

de 

umaoscillaçáo 



m s 

3,80 
3,80 
3,70 
3,80 
3j5 
3,70 
3,80 
3,80 
Media . . 3,7('»9 



X = 5,i6i 



QUITEQUE 

Dia 23 de maio de 1878 

Lat. S. I2®.i7'.04'/. Lon. E. Gr. i7<'.02'.xoV 
Alt. 1464 metros. Temp. 25",o 



Tempo 

pelo 

clironometro 



h m I 
3.14.23,0 

3.1 5.00,0 
3.i5.38,o 
3.i6.i5,o 
3.16.52,5 
3.17.30,0 
3.18.06,5 
3.18.44,0 
3.19.21,5 
3.19.58,5 
3.20.35,5 



Numero 

de 
oscillaçócs 



Duraçiío 

de 

umaoscillaçáo 




X«= 5.299 



CU-ANZA 



Dia I de junho de 1878 

Lat. S. Il0.53^29/^ Lon. E. Gr. i7».37^45'/ 
Alt. ii49"',4. Temp. 25",5 



Tempo 

pelo 

chronomctro 



h m s 

3.15.54,5 

3.16.32,5 
3.17.10,0 
3.17.46,5 

3.18.24,5 

3.19.01,5 
3.19.39,0 
3.20.16,5 
3.20.53,0 
3.2i.3o,5 
3.22.07,5 



Numero 

de 

oscillaçócs 



o 

IO 

20 
3o 
40 
5o 
60 

70 
80 

90 

100 

X--5,2ço 



Duração 

de 

ama osclllaçáo 



m 9 

3,80 
3,75 
3,65 
3,80 
3,70 
3,75 
3,75 
3,65 
3,75 
3,70 
vlcdia . . 3,7ro 



342 


OBSERVAÇÕES 


MAGNÉTICAS 




DE 1 ERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 


CHA-CALUiV 


IBO 

de 1878 


CF 

Dia I ( 


ía-nganji 


Dia i3 de junho ( 


de julho de 1878 


Lat. S. u^.4if.22". Lon. E. Gr. \f.5S'W 


Lat. S. ii°.32'.43//. Lon. E. Gr. i8''.i5/.oo" 


Alt. 107S metros. Temp. 2C<*,5 


Alt. iiS() melros. Temp. 28^0 


Tempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


Tempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


li m a 




m % 


li m • 




ni s 


2.47.05,0 





3,75 


3.08.48.0 





3,75 


2.4742,5 


10 


3.80 


3.09.25,5 


10 


3,70 


2.48.20,5 


20 


3,65 


3.10.02,5 


20 


3,75 


2.48.57,0 


3o 


3,80 


3.10.40,0 


3o 


3,75 


2.49.35,0 


40 


3,70 


3.11.17,5 


40 


3,70 


2.5o. 12,0 


5o 


?J0 


3.11.54,5 


5o 


3,70 


2.50.49,0 


60 


3,80 


3.12.31,5 


60 


3,70 


2.51.27,0 


70 


3,60 


3.1 3.08,5 


70 


3,70 


2.52.o3,o 


80 


3,75 


3.13.45,5 


80 


3,70 


2.52.40,5 


90 


3,70 


3.14.22,5 


90 


3,70 


2.53.17,5 


100 


Media .. 3,725 


3.14.59.5 


100 


Media ..3,715 




X-5,3i3 


x= 5,354 


J 


MONGOL 


de 1878 


NDL 
Dia 9 < 


IMBA TE 


:mbo 


Dia 18 


de junho 


de julho de 1878 


Lat. S. ii''.34./o6//. Lon. E. Gr. !8«.o5'.5?/ 


Lat. S. ii°.2o'.5i//. Lon. E. Gr. i8«.5o/.oo'/ 


Alt. 1 106 metros, lemp. 26^.0 


Alt. i3oo metros. Temp. 26^o 


Tempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

uma oscillaçár 


Tempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


h m • 




m t 


h in f 




Dl t 


3.c6.5i,5 





3,80 


3.25.41,5 


00 


3,70 


3.07.29,5 


10 


3,65 


3.26.18,5 


10 


3,70 


3.08.06,0 


20 


3,75 


3.26.55,5 


20 


3,75 


3.08.43,5 


3o 


3,75 


3.27.33,0 


3o 


3,70 


3.09.21,0 


40 


3,65 


3.28.10,0 


40 


3.75 


3.09.57,5 


5o 


3,70 


3.28.47,5 


5o 


3,70 


3.10.34.5 


60 


3,70 


3.29.24,5 


60 


3.75 


3.11.11,5 


70 


3.70 


3.?0.02,0 


70 


3.75 


3.11.48,5 


80 


3,70 


3.30.39,5 


80 


3.70 


3.12.25,5 


90 


3,60 


3.3 1.16,5 


90 


3.70 


3.13.01,5 


100 


Media . . . 3,7c 


3.31.53,5 


100 


Media . . 3,720 




x= 5,396 




X = 5,33o 





OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



343 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 


N'DUMBA MUGHANDE 

Dia 27 de julho de 1878 


( 

Dia 25 ( 


:atuchi 


ie agosto 


de 1878 


Lat. S. lI».o3^oo'/. Lon. E. Gr. I8^55^oo'' 


Lat. S. io''.46'.oo'/. Lon. E. Gr. i9®.o8/.oo7 


Alt. 1340 metros. Tcmp. 26^,0 


Alt. 1226 metros. Tcmp, 29'*,5 


Tempo 

pelo 

chronomelro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 
oscillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


b m • 




m • 


b m s 




m • 


3.41.15,0 


.0 


3,70 


4.i3.38,o 





3,80 


3.41.52,0 


10 


3,80 


4.14.16,0 


10 


3,75 


3.42.30,0 


20 


3,70 


4.14.53,5 


20 


3,70 


3.43.07,0 


3o 


3,80 


4.i5.3o,5 


3o 


3,65 


3.43.43,0 


40 


3,70 


4.16.07,0 


40 


3,70 


3.44.22,0 


5o 


3,70 


4.16.44.0 


5o 


3,80 


3.4459,0 


60 


3.70 


4.17.22,0 


60 


3,60 


3.43.36,0 


70 


3,70 


4-17.58,0 


70 


3,70 


3.46.13,0 


80 


3,70 


4.18.35,0 


80 


3.75 


3.45.30,0 


Qo 


3,70 


4.19.12,5 


QO 


3,65 


3.47.27,0 


100 


Media . . . 3,72 


4.19.49,0 


100 


Media ... 3,71 


X = 5,335 


x= 5,389 


( 


:atuch] 


[ 

de 1878 


TCHIQUILLA 
Dia 1 1 de setembro de 1878 


Dia 16 ( 


ie agosto 


Lat. S. ioo.46'.oo'/. Lon. E. Gr. i9».o8'.oo'/ 


Lat. S. lo^33^lo.// Lon. E. Gr. ig'>.o6f.oo'f 


Alt. 122Ó metros. Tcmp. 29*',3 


Ali. 1180 metros. Tcmp. 28*,5 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 
oscillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


h m • 




m ■ 


h m" s 




m • 


3.10.09,0 





3,70 


3.06.23,0 





3,70 


3.10.46,0 


10 


3,70 


3.07.00,0 


10 


3,80 


3.11.23,0 


20 


3,70 


3.07.38,0 


20 


3,80 


3.12.00,0 


3o 


3,70 


3.08.16,0 


3o 


3,70 


3.12.37,0 


40 


3,65 


3.08.33,0 


40 


3,80 


3.i3.i3,3 


5o 


3,65 


3.09.31,0 


5o 


3,70 


3.i3.5o,o 


60 


3,75 


3.10.08,0 


60 


3,70 


3.14.27,5 


70 


3,65 


3.10.45,0 


70 


3,80 


3.15.04,0 


80 


3,65 


3.11.23,0 


80 


3,60 


3.15.40,5 


90 


3,65 


3.11.59.0 


90 


3,75 


3.16.17,0 


100 


Media . . . 3,68 

i 


3.12.36,5 


100 


Media . . 3,735 




x= 5,476 


X = 5,3i7 





34+ 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



TCHIQUILLA 



Dia 22 de setembro de 1878 

Lat. S. 10^33'. 10'^ Lon. E. Gr. i9°.o6^oo'/ 
Alt. 1180 metros. Tcmp. 26,5 



Tempo 


Numero 


pelo 


de 


chronometro 


oscillaçócs 


h m • 




2.41-33,0 





2.45.10,0 


10 


2.45.47,0 


20 


2.46.25,0 


3o 


2.47.01,0 


40 


2.47.38,5 . 


5o 


2.48.15,5 


60 


2.48.51,0 


70 


2.49.29,5 


80 


2.5o.o6,o 


90 


2.50.42,0 


100 



Duração 

de 

uma oscillaváo 



ni « 

3,70 

3,70 

3,80 

3,60 

3,75 
3,70 

3,55 
3,85 
3,65 
3,60 
Media . . . 



RIO SANGUENJE 



3,69 



X = 5,45i 



TCHIQUILLA 



Dia 22 de setembro de 1878 

Lat. S. I0^33^Io'/. Lon. E. Gr. ig^oô^.oo'/ 
Alt. 1180 metros. Tcmp. 26,5 



Dia 3 de outubro de 1878 

I,at. S. lo'•.23'.3o'^ Lon. E. Gr. i9<'.oo'.oo" 
Alt. 1194 metros. Temp. 22,5 



Tempo 

pelo 

chronometro 



li m • 




2.51.19,0 





2.5i.55,o 


10 


2.52.32,0 


20 


2.53.09,0 


3o 


2.53.45,0 


40 


2.54.23,0 


5o 


2.54.58,5 


60 


2.55.35,5 


70 


2.56.12,0 


80 


2.56.48,0 


90 


2.57.25,5 


100 



Numero 

de 

oscillações 



Duração 

de 

umaoscillaçáo 



m • 



3,60 
3,70 
3,70 

3,60 

3,80 

3,55 
3,70 
3,65 
3,60 
3,75 
Media . . 3,663 



Tempo 

pelo 

chronometro 



hm* 

3.08.33,5 

3.09.10,0 
3.09.47,0 
3.10.24,0 
3.11.00,0 
3.11.37,0 
3.12.13,5 
3.i2.5o,o 
3.13.28,0 
3.14.03,5 
3.14.40,0 



Numero 
de ^ 
oscillações 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 
90 
100 



Duração 

de 

uma osci ilação 



m s 

3,65 
3,70 
3,70 
3,60 
3,70 
3,65 
3,65 
3,80 
3,55 
3,65 
Media . . 3,665 



X = 5,494 



SOBA CAMBOLLO 



Dia 14 de outubro de 1878 

Lat. S. i9«.53'.oo/'. Lon. E. Gr. i8°.26'.3o'/ 
Alt. 961 metros. Tcmp. 24,5 



X=»5,45i 



lempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 

oscillações 


Duração 

de 
uma oscillaçáo 


li m f 

2.58.25,0 





m s 

3,60 


2.59.01,0 
2.59.39,0 
3.00 i5,5 


10 
20 
3o 


3,80 

3,65 
3,65 


3.00.52,0 
3.01.29,0 
3.o2.o5,o 


40 
5o 
60 


3,70 
3,60 
3,70 


3.02.42,0 
3.o3.i8,o 


70 
80 


3,60 
3,65 


3.03.54,5 
3.04.31,5 


90 
100 


3,70 
.Media . . 3,CC5 



X-3,5o8 





OBSERVAÇÕES 


MAGNÉTICAS 


345 


DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 


CASSANJE 


CASSANJE 


Dia 23 de outubro de 1878 


Dia 19 de novembro de 1878 


Lat. S. 9«.35'.o6'/. Lon. E. Gr. i7».57'.oo// 


Lat. S. 9'».35'.o6". Lon. E. Gr. if^^.bf.oo'' 


Alt. 9-15 metros. Temp. 28®,o 


Alt. 945 metros, Temp. i7®,o 


Tempo 
pelo 


Numero 
de 


Duração 
de 


Tempo 
pelo 


Numero 
de 


Duração 
de 


chronometro 


oscillações 


uma oscillação 


chronometro 


oscillações 


uma oscillação 


b m ■ 




m • 


h m ■ 




m • 


0.41.38,0 





3,60 


3.01.36,0 





3,60 


0.42.1.1,0 


10 


3,60 


3.02.12,0 


10 


3,70 


0.42.50,0 


20 


3,70 


3.02.49,0 


20 


3,70 


0.43.27,0 


3o 


3,60 


3.03.26,0 


3o 


3,60 


o..44.o3,o 


40 


3,60 


3.a|.02,o 


40 


3,75 


0.44.39,0 


5o 


3,60 


3.04.39,5 


5o 


3,60 


0.45.15,0 


60 


3,53 


3.05.1 5,5 


60 


3,65 


0.43.50,5 


70 


3,65 


3.o3.52,o 


70 


3,70 


0.46.27,0 


80 


3,5o 


3.o<3.29,o 


80 


3.63 


0.42.02,0 


90 


3,65 


3.07.05,5 


90 


3,65 


0.47.38,5 


100 


Media . . 3,6o5 


3.07.42,0 


100 


Media ... 3,66 


X = 5.716 


x= 5,546 


CASSANJE 


FUCHI-IA-CACALLA 


Dia 27 de outubro de 1878 


Dia 23 de dezembro de 1878 


I.at. S. 9''.33^o6/^ Lon. E. Gr. if.b-jf.oof' 


Lai. S. 9°.32^oo'^ Lon. E. Gr. l8^l3^oo// 


Alt. 9.45 TTieiros. Temp. 26" ,0 


Alt. 892 metros. Temp. 23^5 


Tempo 
pelo 


Numero 
de 


Duração 
de 


Tempo 
pelo 


Numero 
de 


Duração 
de 


chronometro 


oscillações 


uma oscillação 


chronometro 


oscillações 


ima oscillação 


h m • 




m • 


h m • 




m 1 


0.24.49,0 





3,70 


3.27.03,0 





3,75 


0.25.27,0 


10 


3,60 


3.27.40,5 


10 


3,70 


0.26.03,0 


20 


3,75 


3.28.17,5 


20 


3,60 


0.26.40,5 


3o 


3,70 


3.28.53,5 


3o 


3,70 


0.27.17,5 


40 


3,65 


3.29.30,5 


40 


3,60 


0.27.54,0 


5o 


3,70 


3.3o.o6,5 


5o 


3,60 


0.28.31,0 


60 


3,60 


3.30.42,5 


60 


3,70 


0.29.07,0 


70 


3,70 


3.3i.io,5 


70 


3,53 


0.29.44,0 


80 


3,65 


3.3i.55,o 


80 


3,70 


o.3o.20,5 


90 


3,60 


3.32.32,0 


90 


3,60 


0.3o. 56,5 


100 


Media.. 3, 663 


3.33.08,0 


100 


Media . . . 3,65 




X- 5,520 




x= 5,567 



346 


OBSERVAÇÕES 


MAGNÉTICAS 




DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 


CASSANJ] 


de 1879 


Dia 12 ( 


VLANDULA 


Dia 5 de 


fevereiro 


de março 


de 1879 


Lat. S. 9''.28/.34". Lon. E. Gr. i6''.55'.3o'/ 


Ut. S. 9*>.27.'57'/. Lon. E. Gr. i6".32'.oo^/ 


Alt. 1196 melros. Temp. 25",o 


Alt. 1116 metros. Temp. 2o**,5 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 
de ^ 
oscillaçôes 


Duração 

de 

umaoscillaçáo 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 

oscillaçócs 


Duração 

de 

uma oscillação 


p m s 




m 1 


p in • 




m s 


3.10.43,0 





3,80 


3.06.44,0 





3,75 


3.11.21,0 


10 


3,60 


3.07.21,5 


10 


3,65 


3.11.57,0 


20 


3,80 


3.07.58,0 


20 


3,75 


3.12.35,0 


3o 


3,55 


3.08.35,5 


3o 


3.70 


3.i3.io,5 


40 


3,05 


3.09.12,5 


40 


3.65 


3.13.47,0 


5o 


3.80 


3.09.49,0 


5o 


3,75 


3.14.25,0 


60 


3,60 


3.10.26,5 


60 


3,(x> 


3.1 5.01,0 


70 


3,õo 


3.11.02,5 


70 


3,70 


3.15.37,0 


80 


3,65 


3.11.39.5 


80 


3.75 


3.16.13,5 


90 


3,65 


3.12.17,0 


90 


3,0o 


3.i6.5o,o 


100 


Media . . . 3,67 


3.12.53,0 


100 


Media ... 3,69 


x= 5,542 




X = 5,449 


N'D. 


ALA SAA 


IBA 

3e 1879 


( 

Dia 25 ( 


3UIMÔCC 


) 


Dia 5 c 


ie março c 


de março 


de 1879 


Ut. S. 9».28/.34". Lon. K. Gr. i6''.55/.3o'/ 


Lat. S. 9*.22/.oaV. Lon. E. Gr. 16^08'. 00" 


Alt. 1 196 metros. Temp. 25*,o 


Alt. 1077 metros. Temp. 22*',5 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 

oàcillações 


Duração 

de 

uma oscillação 


Tempo 

pelo 

chronomctro 


Numero 

de 

oscillaçóes 


Duração 

de 

umaoscillaçáo 


P m f 


m s 


p m ■ 




m s 


2.59.33,5 





3,60 


3.08.33,0 





3,60 


3.00.10,5 


10 


3,65 


3.09.09,0 


10 


3,65 


3.00.47,0 


20 


3,75 


3.09.45,5 


20 


3.70 


3.01.24,5 


3o 


3,60 


3.10.22,5 


3o 


3,55 


3.02.00,5 


40 


3,70 


3.10.58,0 


40 


3.70 


3.02.37,5 


5o 


3,65 


3.11.35,0 


5o 


3,65 


3.03.14,0 


Go 


3,65 


3.12.11,5 


60 


3,0o 


3.o3.5o,5 


70 


3.70 


3.12.47,5 


70 


3,03 


3.04.27,5 


80 


3,60 


3.13.24,0 


80 


3,55 


3.o5.o3,5 


90 


3,65 


3.13.59,5 


90 


3,65 


3.05.40,0 


100 


.Media . . 3,6t)5 


3.14.36,0 


100 


Media ... 3,Ò4 


.. 


x= 5,546 


X-5,6i5 







OBSERVAÇÕES 


MAGNÉTICAS 


347 


DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 

> 


DUQUE DE BRAGANÇA 


CAFUCHILA 


Dia II de abril de 1879 


Dia 17 de maio de 1879 


Lat. S. 8^^5^36'^ Lon. E. Gr. iG\u'.oof' 


Ut. S. 7^53^lV^ Lon. E. Gr. i6«.5i/.28/' 


Ali. loCo metros. Tcmp. 26^o 


AU. 657 metros. Tcmp. 29^,0 


Tempo 

pelo 

chronomelro 


Numero 

de 

oscillaçõcs 


Duração 

de 

uma oscillaçãc 


Tempo 

pelo 

chronomelro 


Numero 

de 

oscillaçóes 


Duração 

de 

uma oscillação 


h m f 




m • 


h ni ■ 




m • 


3.14.59,0 


' 


3,75 


3.09.16,5 





3,60 


3.15.36,5 


10 


3,65 


3.09.52,5. 


10 


3,65 


3.i6.i3,o 


20 


3,60 


3.10.29,0 


20 


3,55 


3.16.49,0 


3o 


3,75 


3.11.04,5 


3o 


3,65 


3.17.26,5 


40 


3,55 


3.11.41,0 


40 


3,65 


3.18.02,0 


5o 


3,65 


3.12.17,5 


5o 


3,60 


3.18.38,5 


60 


3,70 


3.12.53,5 


60 


3,60 


3.19.15,5 


70 


3,60 


3.13.29,5 


70 


3,55 


3.19.51,5 


80 


3,65 


3.14.05,0 


80 


3,65 


3.20.28,0 


90 


3,55 


3.14.41,5 


90 


3,60 


3.21.03,5 


100 


Media . . 3,64.' 


3.15.17,5 


100 


Media . . . 3,6i 


X = 5,622 




x= 5,759 


DUQUE DE BRAGANÇA 


CU-ANGO 


Dia 24 de abril de 1879 


Dia 29 de maio de 1879 


Lat. S. 8°.55^36/^ Lon. E. Gr. i6«.ii/.oo'' 


Lat. S. f.2of.57ff. L011. E. Gr. i-f.VA^.Zf 


Alt. 1060 metros. Tcmp. 26°,5 


Alt. 390 metros. Temp. 3i",5 


Tempo 

pelo 

chronomelro 


Numero 

de 

oscillaçóes 


Duração 

de 

uma oscillaçãc 


Tempo 

pelo 

chronomelro 


Numero 

de 

oscillaçóes 


Duração 

de 

uma oscillação 


h m ■ 




m • 


h ni ■ 




m 1 


3.05.14,5 





3,65 


2.54.31,0 





3,60 


3.o5.-5i,o 


10 


3,75 


2.55.07,0 


10 


3,65 


3.06.28,5 


20 


3,60 


2.55.43,5 


20 


3,60 


3.07.04,5 


3o 


3,70 


2.56.19,5 


3o 


3,60 


3.07.41,5 


40 


3,70 


2.56.55,5 


40 


3.60 


3.08.18,5 


5o 


3,60 


2.57.31,5 


5o 


3,60 


3.08.54,5 


60 


3,70 


2.58.07,5 


60 


3,60 


3.09.31,5 


70 


3,60 


2.58.43,5 


70 


3,60 


3.10.07,5 


80 


3,65 


2.59.19,5 


80 


3,55 


3.10.41,0 


90 


3,70 


2.59.55,0 


90 


3,65 


3.10.2I«O 


100 


Media . . 3.C63 


3.00.31,5 


100 


Media . . 3,6o5 




x= 5,569 






x= 5,792 



348 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



CU-ANGO 



Dia 6 de junho de 1879 

Lat. S. f.o6f.oo'f. Lon. E. Gr. i-f.obLooU 
Alt. 38 1 metros. Tcmp. 3o**,5 



Tempo 

pelo 
chronometro 



h m ■ 

2.46.14,5 
2.46.50,0 
2.47.25,5 
2.48.00,5 
2.48.36,0 
2.49.11,0 
2.49.46,0 

2.50.21, 5 

2.5o.56,5 

2.5l.32,0 

2.52.07,5 



Numero 
de ^ 
oscillaçôcs 



o 

IO 
20 

3o 

40 

5o 
60 
70 
80 
90 
100 



Duração 

de 

uma oscillaçáo 



m s 

3,55 
3,55 
3,5o 
3,55 
3,5o 
3,5o 
3,55 
3,55 
3,55 
3,55 
Media . . . 



5,53 



SAMBA CAMBO 



X = 6,o38 



RIO CUGHO 



Dia II de jnnho de 1879 

Lat. S. f.22'.4Ç)ff. Lon. E. Gr. i6®.47'.02'/ 
Alt. 486 metros. Temp. 3o®,o 



Tempo 

pelo 

chronometro 



b m I 

2.54.30,5 
2.55.o5,5 
f. 5 5. 40, 5 
2.56 17,5 
2.56.52,0 
2.57.29,0 
2.58.04,0 
2.58.40,0 
2.59.16,0 
2.59.51,0 
3.00.27,0 



Numero 

de 

oscillaçóes 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 
90 
100 

X = 5,918 



Duração 

de 

uma oscillaçáo 



m I 

3,5o 
3,5o 
3,70 
3,5o 
3,65 
3,5o 
3,60 
3,60 
3,5o 
3,60 
Media . . 3,565 



Dia 3 de agosto de 1879 

Lat. S. 9''.o3/.39//. Lon. E. Gr. i5«.49/.3o// 
Alt. 1037 metros. Temp. 24^,5 



Tempo 

pelo 

chronometro 



h m ■ 

3.01.21,5 

3.01.58,5 

3.02.35,0 

3.o3.i2,o 

3.03.49,0 

3.04.25,0 

3.o5.o2,o 

3.05.39,0 

3.06.1 3,0 

3.06.52,0 

3.07.29,0 



Numero 

de 

oscillaçóes 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 
90 
100 

X = 5,552 



Duração 

de 

uma oscillaçáo 



m • 

3,70 

3,65 
3,70 
3,70 
3,60 
3,70 
3,70 
3,60 
3,70 

3,70 
Media . . 3,67? 



PUNGO NDONGO 



Dia 18 de agosto de 1879 

Lat. S. 9«.39'.52'/. Lon. E. Gr. i5''.44'.í6// 
Alt. 1020 metros. Temp. 27*',o 



Tempo 

pelo 

chronometro 



h m • 

2.53.11,5 
2.53.49,5 
2.54.25,5 
2.55.o3,o 
2.55.40,0 
2.56.16,5 
2.56.54,0 
2.57.30,0 
2.58.07,5 
2.58.44,0 
2.59.20,5 



Numero 

de 

oscillaçóes 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 

70 
80 

90 

100 

X-5,5j5 



Duração 

de 

uma oscillaçáo 

m 9 

3,80 

3,60 

3,75 
. 3,70 

3,65 
3,75 
3,60 
3.75 

3,70 

3,60 

Media 



3,69 



OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



349 



DETERMINAÇÃO DA COMPONENTE HORISONTAL X 



N'HANGUE 



Dia 17 de setembro de 1879 

Lat. S. 9°.39^'.2V/. Lon. E. Gr. i5^i2'.oo' 
Alt. ()85 metros. Temp. 26*',5 



Tempo 

pelo 

chronometro 


Numero 

de 

osciilações 


Duração 

de 

uma oscillaçãc 


h m s 




m • 


2.38.20,3 





3,75 


2.38.58,0 


10 


3,85 


2.3c).36,5 


20 


3,70 


2.40.13,5 


3o 


3,85 


2.40.52,0 


40 


3,80 


2.41.30,0 


5o 


3,70 


2.42.07,0 


Go 


3.80 


2.42.45,0 


70 


3,75 


2.43.22,5 


80 


3,75 


2.44.00,0 


90 


3,75 


2.44.37,5 


100 


Media . . . 3,7; 



X = 5,296 



DONDO 



Dia 3o de setembro de 1879 

Lat. S. 90.4o'.3o//. Lon. E. Gr. i4®.3o'.oo' 
Alt. 94 mf tros. Temp. 25°,o 



Tempo 

pelo 

chronometro 



hm* 
2.53.17,0 

2.53.53,5 
2.54.31,0 
2.55.08,5 
2.55.45,0 

2.56.22,0 
2.56.59,0 
2.57.36,0 

2.58.12,5 
2.58.5o,o 
2.59.26,0 



Numero 
de ^ 
osciilações 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 
90 
100 

X=5.524 



Duração 

de 

uma oscillaçãc 



m « 

3,65 
3.75 
3,75 
3,65 
3,70 
3,70 
3,70 
3,65 

3,75 
3,60 

Media . . . 3,69 



LUANDA 



Dia 8 de novembro de 1879 

Ut. S. 8'>.48'.i5''. Lon. E. Gr. i3«.07/.3o'/ 
Alt. 40 metros. Temp. 28'',o 



Tempo 

pelo 

chronometro 



h in ■ 

3.26.29,0 
3.27.05,0 
3.27.42,0 
3.28.19.0 
3.28.54,0 
3.29.31,5 
3.30.07,5 
3.30,44.0 
3.3 1.20,5 
3.3i.56,o 
3.32.33,0 



Numero 

de 

osciilações 



o 
10 
20 
3o 
40 
5o 
60 
70 
80 
90 
100 



Duração 

de 

uma oscillação 



m s 



3,60 
3,70 
3,70 
3,5o 
3,75 
3,60 
3,65 
3,65 
3,55 
3,70 
Media . . . 



3,64 



X = 5,704 



OBSERVAÇÕES 

Foram desprezadas alyumas observa- 
ções, por terem sido feitas em logares 
aonde abundavam minas de ferro, c es- 
tarem influenciadas por importantes ac- 
ções locacs. 

Em Lisboa, junho de 1877 (X =4,930 
unidade ingleza) a duração de uma oscil- 
lação a 25,0 C 3",833. Cooflicicnte de tem- 
peratura q = — 0,001. 

X é o valor da componente horisoi^I, 
correcti da perda do magnetismo da bar- 
ra, em consequência das novas observa- 
ções feitas com a mesma barra á chega- 
da a Lisboa. 



< 



1 



■l 

I 

■» 



35i 



RESUMO DAS OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS (i) 



Localidades 



Bengticlla 

Dombc 

Quillcngucs (3) 

Caconda (3) 

T'Chimbuioca 

Bio 

Quitequc 

Cu-anza 

Bandua 

Chá Calumbo 

Mongòa 

Cha-N'ganji 

N'Dumba Tembo . . . 
N'Dumba Mughande 

CaUichí 

TChiquilla 

Rio Sanguengne . . . . 
Soba Cambollo (3) . . 

Cassanje 

Fuchi-ia-Cacalia 

NDalla Samba 

Calandula 

Quimôco 

Banza Quiluange — 
Duque de Bragança . 
Canda-Ria-Massango 

Rio Quimbaxe 

Calunga N'ganga . . . 

Cafuchílla 

N'Guenguc 

Cu-ango 

Mafungo 

Cu-ango 

RioCugho 



r3 



«3 



2.34 
2.55 
4.o3 

3.44 
2.53 

2. 22 

2.l8 

1.53 
1.45 
1.41 
1.33 
1.33 
1.21 
i.o5 
0.46 

0.34 
0.24 
9.53 
9.35 
9.32 
9.26 
9.28 
9.20 
9.12 
8.56 
8.41 
8.25 
8.04 
7.53 
7.27 
7.21 
7.05 
7.06 
7.21 



=1 



o / 

i3.25 
i3.o8 
14.05 
i5.o3 

10.22 

16. 5o 

17.02 

17. 3í) 

1744 

17.59 

18.07 

18. i5 

18. 5o 

19.00 

19.08 

19.06 

19.00 

18.27 

17.57 

18.12 

16.57 

16.23 

16.00 

16.01 

16.04 

16.27 

16.29 

16.48 

16. 5o 

17.11 

17.13 

17.04 

17.04 

16. 5o 



T3 



6 

(»8 

869 

1642 

1697 

1572 

1464 

1149 
1188 
1078 
1112 
1189 
i3oo 
1340 
1226 
1180 

IIÇH 

961 

945 

882 

1126 

1100 

1100 

1029 

1060 

1319 

817 

659 

657 

495 
390 
395 
38i 
463 



o 

•CS 



o / 
21. .48 

21.44 

21.21 

20. 58 

19.58 
18.32 
18.23 
18.59 
18.22 

18. 3o 
18.06 
17.13 



19.04 

18.55 
17.33 
18.37 
17.56 
18.06 

17.27 

17.44 



o 

•í3 






o / 

3o.2Õ 

39-41 
40.37 
40.11 
39.55 
40.00 
39.52 
39.00 

39.53 
39.54 

39.39 
39.05 

39- 14 
38.58 
37.46 

38.22 

35.18 

35.33 
35.33 
35.06 
35.14 

35.00 



33.18 

33.20 

33.03 
32.16 



C3 



5,ii3 
3,124 
5,463 
5,684 
5,2i5 
5,189 
5,299 
5,290 

5,3i3 
5,396 



5,595 



Õ 



£ 



0,619 

6,C63 

7,198 

7.440 

6,799 
6,773 

6,905 

6,807 

6,924 
7,o33 



5,33o 


6,923 


5,335 


6.873 


5,432 


7,oí3 


5,384 


6,916 


5,494 


6.949 


S,So8 


7.025 


5,58i 


6,837 


5,567 


6,870 


5,546 


6,817 


5,449 


6,661 


5, 61 5 


6,874 



6b83i 



5,7594 
5,793 

6,o38 
5,918 



6,890 
6,934 

7,204 
6,999 



352 



RESUMO DAS OBSERVAÇÕES MAGNÉTICAS 



Localidades 



Songanlic 

Samba Cango. . . . 
Bondo-ia Quilcsso 

Ambaca 

PungoNDongo.. 

Cabailo 

Quibindj 

Nhanguc (3) 

Dondo 

Luanda 



7) 
'j 

12 




^— 

4-1 
*-> 


Declinação 

W. (2) 


ç 

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C 
■j 

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1— < 


Tl 

B 

2 


C 

u 

á 


/ 

7-í3 


/ 
16.17 


898 


/ 
17. 28 


/ 


^ 


_ 


9.04 


15.49 


io?7 


17.41 


35.24 


5 552 


6,Si2 


9.13 


15.2G 


731 


1S.42 


— 


— 


— 


9.15 


l5.20 


— 


1S.I9 


— 


— 


— 


g.40 


15.42 


1020 


18. 5o 


35. ?o 


5,525 


6,787 


9.46 


15.59 


— 


18.04 


— 


— 


— 


9.43 


16.18 


— 


18. 3o 


— 


— 


— 


9.40 


l5.12 


692 


— 


35.15 


5,296 


6,486 


9.40 


14.30 


93 


19.12 


36.00 


5,525 


6,829 


8.48 


i3.xo 


5o 


19.18 


33.24 


5,704 


6,833 



(1) Os elementos expostos sáo resultante d;is observações directas ou a media d'cs- 
tas, quando par i a mesma localidade havia mais de um elemento observado. 

(2) No regresso da expedição a Lisboa, determinaram-se no observatório do Infmte 
D. Luiz ai: umas dcclin;'çócs magnéticas com o instrumento que para este fim tinha 
servido durante a viagem, c pelo confronto d'estas com as determinadas pelos instru- 
mentos do observatório, se achou a correcção a fazer aos resultados então obtidos: 
correcção esta que, tendo-se agora devidamente applicado, dá origem às dilTerenças 
encontradas entre as declinações magnéticas incluídas n'cstc mappa c as que foram 
publicadas antes. 

Este erro instrumental pôde altribuir-se á falta de concordância da linha de fé da rosa 
com o eixo óptico do óculo, á impossibilidade de inverter a agulha magnética, aosattri- 
ctos d'esta sobre o seu pião, etc, etc. 

(3) Vendo se que este producto divergia consideravelmente das médias obtidas por 
um piimeiro reconhecimento feito ás observações, talvez por causas locaes que não se 
podem bem precisar, rcsolveu-sc não o incluir no trabalho da rcducção geral das obser- 
vações pelo mcthodo dos menores quadrados. 

A carta magnética adjunta representa o resultado d'esta reducçáo, sendo porém as 
curvas da força total deduzidas dos valores da inclinação e força horisontal, járegularí- 
sadas pelo methodo supra. 



CAPELLO E IVENS 

CARTA SSASNSTICA 




I 



1 . 



J ■ » 



subsídios para a fauna e flora 

DA 

AFRICA CENTRAL E OCCIDENTAL 



FAUNA 

DE BENGUELLA AO BIÈ-DO BEÈ A CASSANJE' 

mamíferos 

]'• SOREX, Sp.(?) 

Colhido nas proximidades do rio Cu-bango. N. vulgar Onhunga. 

2. Heliophobius argenteo-cinereus, Peters. 

Dois exemplares, um de Caconda, outro do Biè. Os indígenas 
d*aquella localidade chamam-lhe Oneta, e os d'esta Oguim, Vive 
debaixo da terra, onde se alimenta das raizes das arvores; os 
indígenas comem-o. 

3. Galago Monteiri, Bartiet; Proc. Z. S., London, 1868, 

p. 23 1, pi. 28. 

Na collecção remettida pelos nossos exploradores Capello e 
Ivens encontrámos um exemplar d'esta espécie, que já se acha- 
va representada no Museu de Lisboa por diversos specimens 
provenientes de outros pontos do sertão de Angola. Nem todos 
concordam exactamente nas cores com o exemplar typo, que o 
sr. Monteiro remettêra vivo para Londres em i8ó3 e ali fora 
descripto pelo sr. Bartlet: dois exemplares de Caconda, que de- 
vemos ao sr. Anchieta, têem o pello de um cinzento mais puro; 
os outros são mais tintos de fiilvo, por ser esta cor a extremi- 
dade dos pellos. Os indígenas de Caconda dão a esta espécie o 
nome de BobOj segundo nos diz o sr. Anchieta; na etiqueta do 
exemplar remettido pelos srs. Capello e Ivens vem indicado o 
nome indígena Tchicafo. 



' Extracto ào Jornal de sciencias mathematicas, phyticat e naturaet, num. xxvi, Lisboa, 
1879. Os productos zoológicos aqui descríptos foram classificados pelo ex.'"^ sr. dr. Barbosa du 
Bocage, illustre director do Museu de Lisboa. A primeira remessa fd colligida até ao Biè, 
e a segunda do Biè até Cassanje. 

TOL. n 13 



354 FAUNA 

4. Galago senegalensis, Geoff. Saint-Hillaire. 

Um exemplar macho. O seu nome indígena é Catoto, 
Esta e a precedente são os únicos Lemurideos que até ao pre- 
sente temos recebido de Angola. Os outros exemplares que já 
tinhamos de G, senegalensis são todos de Caconda, onde lhe dão 
o nome de Nono, 

5. Vesperus minutus, Temm. (?) 

Um exemplar em álcool, e em mau estado de conservação. 

6. Kerivoula argentata, Tomes; Proc. Z. S., London, 1 86 1 , 

p. 32. 

Uma fêmea, cujos caracteres parecem concordar com os que 
o sr. Tomes attribue a esta espécie, salvas as dimensões, que são 
inferiores ás mencionadas por este auctor. No seu excellente 
catalogo dos Chiropteros do Museu Britannico o sr. Dobson in- 
clina-se a que a K. argentata possa ser unicamente um individua 
muito adulto ou uma raça local de maior estatura da AT. lanosa, 
que vive na costa sueste da Africa, do Zambeze ao Cabo. O seu 
nome indigena no sertão de Angola é Ca/uen/uco, 

7. Herpestes melanurus, Fraser. (?) 

H./ulvescente-rufus nigro punctulatus, capite supra, dorso me- 
dio caudaque rubiginosis, abdomine et artubus unicoloribus ochrã'- 
ceo-rufis; cauda fere corporis longitudinem aequante, ápice late 
nigro, L. /. 53o m.; corporis cum capite 280 m.; caudae 2S0 m. 

Assimilha-se na conformação geral, e algum tanto nas cores, 
ao Çynictis melanura, Martin, representado na estampa 9.* da 
Zoologia typica de Fraser, que é hoje considerado como um 
verdadeiro Herpestes com cinco dedos nos membros anteriores e 
posteriores; porém faltando-nós exemplar authentico d'esta es- 
pécie com que possamos comparar o nosso, não podemos affir- 
mar que lhe seja idêntico. N^este a parte superior da cabeça, o 
dorso e a cauda, mormente do meio para a extremidade até á 
porção terminal negra, são de um ruivo ardente, avermelhado, 
que não vejo indicado nas descripções que pude consultar do H. 
melanurus, e de que não dá a menor idéa a estampa citada de 
Fraser. Já ha annos nos tinha mandado do rio Chimba, no ser- 
tão de Mossamedes, o sr. Anchieta outro exemplar de Herpestes, 
que também nos parece próximo do H. melanurus e do presen- 
te exemplar; mas diifere de ambos por ter a cauda sensivelmente 
mais comprida do que o corpo (tronco e cabeça reunidos) e pela 



FAUNA 355 

muito maior extensão da côr negra na extremidade da cauda; 
além d'isso a sua côr é de um ruivo mais baço e pardacento, e 
n'este particular concorda melhor com a figura publicada por 
Fraser do i/. melanurus. 

8. Myoxus (graphiurus) murinus, Desm. 

Um só exemplar idêntico a outros que já tinhamos do Duque 
de Bragança e Caconda, determinados pelo professor Peters de 
Berlim. \,Jom, Acad, Sc. Lisboa, num. x, 1870, p. 126. 

Dizem-nos os srs. Capello e Ivens que esta espécie se encon- 
tra nas cavidades das arvores velhas, e é conhecida dos indíge- 
nas pelo nome de Ca/uenho. 

AVES 

I. Scops cAPENSis, Smith. 

«Nome indígena Caculo. Olhos amarellos. Come ratos e outros 
animaes pequenos.» 

Concorda perfeitamente nos caracteres com os exemplares 
que temos de outras localidades de Angola. V. Om. de Angola, 
p. 60. 

2. PiONIAS FUSCICOLLIS, Kuhl. 

«Nome indígena Tchiquangue* Olhos amarellos. Come semen- 
tes.» 

D'esta espécie, encontrada por Andersson ao norte da terra 
dos Damaras, temos exemplares obtidos pelo sr. Anchieta em 
Quillengues e no Humbe. 

3. PiONiAS Meyerii, Riipp. 

«Nome indígena Ci//^e.» 

Dos dois exemplares que recebemos, um vem marcado como 
do Cassanje. Parece ser esta a localidade de Africa occidental 
mais próxima do equador, onde até ao presente esta espécie tem 
sido observada. 

4. Dendrobates namaquus, Licht. 

«Nome indígena Mangula. Olhos vermelhos.» 
Os exemplares d'esta espécie que o sr. Anchieta nos tem man- 
dado de outros pontos do sertão de Angola trazem nas etiqu»* 
tas um nome indígena um pouco dítferente, Bangula em vez de 
Mangula, o qual é indístinctamente applicado a outras espécies 
de pica-paus. 



356 FAUNA 

5. Merops hirundinaceus, Vieill. 

«Nome indígena Mutico, Olhos vermelhos. Vive perto dos rios, 
e alimenta-se de insectos e outros animaes inferiores.» 

Esta espécie, que Monteiro encontrara em 3enguella, foi obser- 
vada no Humbe peio sr. Anchieta. 

6. Gentropus monaghus, Riipp, 

«Nome indígena Mucouco,* 

7. Caprimulgus Shelleyi, Bocage. 

«Nome indígena Huicumbamba. Olhos pretos. Come insectos.» 
Contém um só exemplar d'esta espécie interessante a collec- 
ção dos srs. Capello e Ivens. Comquanto deixe a desejar o seu 
estado de conservação, não nos resta a menor duvida acerca da 
sua identidade com os exemplares de Caconda, que considerá- 
mos representantes de uma espécie inédita. V, Jorn, Acad. Sc* 
Lisboa, num. xxiv, 1878, p. 266. 

8. Bradyornys murinus, Hartl. 

«Nome indígena Cesso, Olhos pretos.» 

9. Bradyornis diabolicus, Sharpe. 

«Nome indígena Mungange.» 

IO. DiCRURUS DI VARIG ATUS. 

«Nome indígena Mxmgange» Olhos castanho-claros.>» 

11. Fiscus Capelli, nov. sp. 

F, collari simillimus, vix minor, spatio ante-oculari albo. L. t, 
220 m.; alae g2 m,; caudae 118 m,; rostri j6 m.; tarsi 2S m. 

Vieram apenas dois exemplares d'esta espécie, um adulto com 
a cauda incompleta, reduzida ás duas pennas intermediarias, e 
outro completo sem indicação de sexo como o primeiro, em plu- 
magem de joven. N'este, em logar da malha branca entre a base 
do bico e o olho, de cada lado da cabeça, vê-se já bem distincta 
uma malha de um cinzento amarellado. 

Dedicamos esta espécie a um dos intrépidos exploradores a 
que devemos esta valiosa remessa, o sr. Hermenegildo Capello. 

Estes dois exemplares foram colhidos em Cassanje e trazem 
nomes differentes, o novo Quiquecuria, o adulto Quimbimbe, 

12. Prionops RETzii,Wahlb. 

«Nome indígena Céella. Olhos côr de canário.» 



FAUNA 357 

l3. MeRISTES OLlVACEUS,VÍeÍll. 

«Nome indígena Muango. Olhos amarellos. » 

14. PicNONOTUS TRICOLOR, Hartl. 

«Nome indígena Tumba-camlmngo.» 

ib. Crateropus Hartlaubí, Bocage. 

«Nome indígena Ceque. Olhos vermelhos.» 
16. TURDUS STREPITANS, Smith. (?) 

«Nome indígena Quissocola-lôa. Olhos castanhos. Come inse* 
ctos. 

Veíu um exemplar adulto. Comparado com outros spcimens 
áoT, strepitans de diversas procedências, notámos-lhe as se- 
guintes diíferenças: é sensivelmente mais pequeno; as regiões 
inferiores são de um branco puro sem a menor tinta de ruivo 
ou de fulvo; as malhas que lhe cobrem o pescoço, peito e parte 
do abdómen, são maiores do que as do T. strepitans, mais con- 
fluentes e estendem-se mais pela parte inferior do abdómen. 

17. TuRDus LYBONiANus, Smith. 

«Nome indígena Quissomda. Olhos pretos.» 

18. MoNTicoLA BREviPES,Waterh. 

«Nome indígena Tchicamba. Olhos castanhos. Come fructos e 
insectos.» 

19. MvRMECOaCHLA NIGRA,VÍeÍll. 

Dois exemplares, macho e fêmea; esta cor de café e sem dra-> 
gonas brancas. 
•Nome indígena Munhamba.n 

20. Pholidauges Verreauxi, Botage. 

«Nome indígena Quicé.» 

21. Lamprocolius acuticaudus, Bocage. 

«Nome indígena Gonve, Olhos vermelhos. Come fructos.» 

22. Passer diffusus, Smith. 

«Nome indígena Mussuesso*» 



358 FAUNA 

23. Treron calva, Temm. 

«Nome indigena Bun^o, Olhos cinzentos. Come fructos.» 

24. Francolinus Schlegeli, Heugl. 

«Nome indigena Cambango, Olhos castanhos. Vive no mato.» 
É a primeira vez que recebemos esta espécie, ainda hoje rara 
nas coUecçóes da Europa; é também o primeiro exemplo da 
sua captura em tanta proximidade da costa occidental. Era con- 
siderada até aqui como própria de uma região assas limitada 
da Africa central, onde a descobriu o celebre naturalista Von 
Heuglin. A primeira descripção d'ella foi publicada por este au- 
ctor em i863 no Jornal de Cabanis. (V. Jom, /. Omith., i863, 
p. 275; e Heugl., Orn. N. O. A/r,, p. 898, tab. xxx.) 

25. Ardea rufiventris, Sundev. 

«Nome indigena Bouda, íris com dois círculos concêntricos, 
um interno amarello, outro externo vermelho. Vive nos rios e 
alimenta-se de peixe.» 

26. Ardeola minuta. 

«Nome indigena Cassoucua. íris cor de canário.» 

27. EOBIVANELLUS LATERALIS, Smith. 

«Nome indigena Macó. íris amarello claro, pálpebras cor de 
canário, a membrana que está por diante dos olhos no terço su- 
perior vermelha e no resto amarella. Encontrasse nos logares 
pantanosos e vive dos animaes que encontra ali.» 

REPTIS E AMPHIBIOS 

1. Chameleo dilepis, Hall. 

Um exemplar de Caconda, onde é \ailgar. 

2. Agama armata, PeterS. 

Dois exemplares também de Caconda. 

3. Agama pianiceps, Peters. 

Um exemplar das proximidades do rio Calae. 
4. EUMECES RETICULATUS, PcterS. 

Um exemplar sem indicação de procedência. 



FAUNA 359 

5. EUPREPES BINOTATUS, BoCagC. 

Um exemplar de grandes dimensões de Caconda. 

6. BoEDON QUADRiLiNEATUM, Dum. & Ribr. 

Colhido no Biè. 

7. Naja Anchietae, nov. sp. 

tNaja haje, L. var. viridis, Poters, Monatsb, k. Akad. Berlin, 
mai 1873, p. 411, tab. x, fig. i. 

Tête courte; rostrale triangulaire fortement rabatue sur le de- 
vant du museau et séparant presque entièrement les naso-fron- 
tales; un cercle complet autour de Toeil forme par une sus-or- 
bitaire, une pré-orbitaire, deux post-orbitaires et trois ou quatre 
sous-orbitaires; sept labiales supérieures, dont la troisième s'arti- 
cule par son bord supérieur à la pré-orbitaire ; temporales i-f2. 
Dix-sept rangées d'écailles lisses sur le milieu du trone. Plaques 
abdominales cent quatre-vingt-onze ; anale simple; cinquante- 
quatre paires de souscaudales. 

Dimensions. Longueur totale 80 centimètres ; queue 14 centl- 
mètres. 

Coloration. En dessus d'une teinte brun-olivâtre, plus foncée 
sur les bords des écailles; en dessous jaunâtre, varie de taches 
brunes. Un large coUier noir ou brun-foncé sur le cou à une 
petite distance de la téte. 

M. Anchieta nous envoya de Caconda, 11 y a quelque temps, 
deux individus de cette curieuse espèce, qui nous semble bien 
distincte de la Naja haje d'après Técaillure de la tête. Les in- 
digènes de Caconda Tappelent Turulangila, 

8. ECHIDNA ARIETANS, Mcrr. 

Dois exemplares, um do rio Calae, outro colhido n'uma ilhota 
do rio Cabindango. Chamam-lhe os indigenas Buta. 

9. Monitor saurus, Laurenti. 

«Nome indígena Sangoé^ rio Lu-ando.» 

10. Stellio atricollis, Smith. 

«Nome indigenaT^c/rico.Vive nas arvores. Come insectos.» 

II. EuPREPES IVENSI, nOV. Sp. 

Corps à forme cyclotetragone, allongé; membres relativement 
courts; queue três longue.Téte petite, à museau court et coni* 



36o FAUNA 

que. Nasales en contact, triangulaires, la narine s'ouvrant près 
de Tangle supérieur; supéro-nasales étroites, également en con- 
tact et s*articulant par rextrémité opposée à une freno-nasale, 
qui vient s'appuyer sur la première labiale; deux frénales, T^n- 
térieure carrée, la postérieure pentagonale et plus grande; in- 
ternasale triangulaíre à bord antérieure arrondi, en contact par 
ses bords postérieurs avec les freno-nasales ; celles-ci de forme 
pentagonale et s'articulant à la frontale, qui est de forme hexa- 
gonale et bien développée; deux frontoparietales distinctes, á 
peu près de la forme et de la grandeur des fronto-nasales; inter- 
parietale en forme de fer de lance, séparant complètement Ics 
deux parietales. Rostrale emboitant Textrémité du museau et 
présentant en dessus deux bords concaves qui reçoivent les na- 
sales ; sep habiales supérieures, les quatre premières quadrangu- 
laires, la cinquième située au dessous de Toeil, plus haute et plus 
allongée que les precedentes et superposée à la quatrième par 
un court prolongement de son bord antérieur, les sixième et 
septième de forme plus irrégulière. Ouverture auriculaire gar- 
nie à son bord antérieur de trois lobules pointus. Paupière infé- 
rieure écailleuse, présentant au centre un petit disque trasparent. 
Scutelles digitales carénées, les écailles des paumes et des plan- 
tes des pides légèrement tuberculeuses. Trente-deux rangs 
d'écailles sur le trone; cdles du dos à trois carènes três distin- 
ctes et rapprochées, celles des ílancs lisses. 

Dimensions. Le plus grand de nos individus porte une queue 
de nouvelle formation assez court ; deux autres plus jeunes Tont, 
au contraire, assez longue.Voici les dimensions d'un de ces in- 
dividus : 

Longueur totale 290 millim.; queue 200 m.; tête i5 m.; memb. 
ant. 21 m.; memb. post. 3o m. 

Coloration. En dessus et sur les côtés d'un noir-olivâtre, mar- 
que de cinq raies longitudinales jaunes; Tune plus large, occu- 
pant le milieu du dos, de la nuque à la base de la queue, et 
deux de chaque côté, dont la supérieure suit la ligne qui separe 
le dos des ílancs, et Tinférieure s'étend de Touverture auriculaire 
au ticrs postérieur de la queue. En dessous d un bleu clair uni- 
forme. 

Habitat. Nos trois individus nous ont été envoyés du Biè, dans 
rintérieur de Benguella par MM. Capello et Ivens pendam le 
cours de leur voyage d'exploration du Cu-ango. D'après nos har- 
dis voyageurs, Tespèce y est connue sous le nom de Mtmtam- 
bandonga. 



FAUNA 36 I 

, — 

12. EuPREPES Bayonii, Bocagc. 

«Sertão de Cassanje.» 

i3. Onychocephalus Angolensis, Bocage. 

«Nome indígena Chico-chico. Sertão de Cassanje. Vive na ter- 
ra.» 

• 

14. LiMNOPHis BICOLOR, Gunthcr. 

«Nome indígena Mw[u:ço. Rio Lu-ando.» 

i5. Leptodira rufescens, Gunther. 

«Nome indígena Quintadagila. Sertão de Cassanje.» 
ib. Rhagerrhis tritaeniatus, Giinfher. 

«Nome indígena Calombolo. Dizem que é venenosa.» 

17. Philothamnus heterolepidota, Gunther. 

«Nome indígena Calumberembe.» 

18. Bucephalus typus. Smith. Var. D. Smith, H. S. Af. 

ZooL, reptiles, tab. xi. 

«Nome indígena Quilengo4engo. Tida por venenosa.» 

19. Causus rhombeatus, Dum. & Ribr. 

«Nome indígena Qi/i^o/o-^o/o. Venenosa.» 

20. Dactylethra Mulleri, Peters. 

«Nome indígena 'Pchiula.*» 

21. Dactylethra Mulleri, Peters. 

Um exemplar do Dombe. Nome indígena Chimboto. 

22. Rana ornatissima, Bocage, nov. sp. 

De la grandeur à peu-près de notre R^ temporária d'Europe. 
Téte aussi longue que largue, à museau légérement prominent ; 
langue large, éctancrée en arrière; deux groups de dents vomé- 
riennes situes à Tangle interne des ouvertures postérieures des 
narínes et separes par un intervalle ; narines à égale distance de 
Textrémité du museau et de Toeil ; tympan distinct, ínférieur en 
díamètre à Touverture oculaire; pas de parotides ni de plis glan- 
duleux sur le dos; peau íinement granuleuse en dessus et en 



362 FAUNA 

dessous; membres postérieurs et orteils modérément longs, ceux- 
ci reunis à la base par une petite palmure ; le quatrième orteil 
beaucoup plus long que le troisième et le cinquième, qui sont 
légaux; un tubercule saillant et aplati au bord interne du meta- 
tarse. 

Dimensions. Longueur de la tête 23 millim. ; du trone 45 m. ; 
du memb. ant. 33 m. ; du memb. post. 98 m. 

Coloration. II est difficile de bien faire saisir, autrement que 
par une figure, le système de coloration, assez complique, de 
cette belle espèce. Sur la tête, le dos, la partie moyenne des 
ílancs et la face supérieure des jambes règne une teinte d'un 
vert-clair que le séjour dans Talcool tend à changer en gris de 
plomb ; les ílancs, une partie de la face latérale de la tête et le 
bord externe des extrémités sont d'un rose-lilas; les régions in- 
férieures sont d'un jáune-verdâtre, qui prend sur Tanus, la face 
postérieure des cuisses et la face interne des jambes un ton plus 
vif et ocracé. Des taches nombreuses, variées et symétriques, 
d'un noir profond se montrent sur le dos et les ílancs, à la face 
dorsale des membres et sur la gorge ; telles sont : une large ban- 
de partant de Textrémité du museau, traversant Toeil et termi- 
nam sur Tangle de la machoire après avoir contourné le tympan, 
qui est aussi noir: deux taches allongées formam chèvron sur 
le milieu du dos derrière la tête, suivies plus en arrière d une 
autre paire de taches allonguées ; des taches variées sur les ílancs; 
des taches et des bandes transversales sur les membres; eníin sur 
la gorge une tache allongée, au centre, et deux de chaque côté 
formem un dessin três caractéristique. Les paumes et les plan- 
tes des pieds noirâtres. 

Habitat. L'individu unique que nous possédons de cette espèce 
a été recueilli au Biè par MM. Capello et Ivens. 

23. Phrynobatrachus Natalensis, Smith. 

Dois exemplares do Biè. 

24. Hyperolius citrinus, Gunther. 

Do Biè. 

25. Hyperolius Huillensis, Bocage. 

Do Biè. 

26. Bufo Guineensis, Schleg. (?) 

Um exemplar novo do Biè. 



FAUNA 363 



PEIXES 1 
Fam. LABYRINTHICI— Genus Ctenopoma, Peters. 

1. Ctenopoma multispinís, Peters; Gthr., Cat. Fishes Brit. 

Mus., vol. III, p. 373; Peters, Mossamb. Flussfiche, p. 
16; Gthr., Ann. & Mag. Nat. Hist., vol. xx, p. iio. 

Dois specimens: a. Comprimento total 100 millim.; b. Com- 
primento total 78 millim. 

Fam. CHROMIDiE— Genus Chromis, Cuv. 

2. Cromis Mossambicus, Peters; Gthr., Cat. Fishes Brit. 

Mus., vol. IV, p. 268. 

Dois specimens: a. Comprimento total 80 millim.; b. Com- 
primento total 88 millim. 

3. Chromis Sparrmanni, Smith; Gthr., Cat. Fishes Brit. 

Mus.^ vol. IV, p. 269. 

Concordância completa com a descrípção do dr. Gunther, ex- 
cepto no numero de espinhos dorsaes, que n'este specimen é 
i5 em vez de i3 ou 14. 

Um specimen, comprimento total 88 millim. 

Genus Hemichromis, Peters. 

4. Hemicromis robustus^ Gthr.; Proc. Z. S., London, 1864, 

p. 3l2. 
Um specimen, comprimento total 82 millim. 

5. Hemicromis Angolensis, Steind. ; Mem. Ac. Sc. Lisbon, 

i865. 

Um specimen, comprimento total 90 millim. 
Habitat. Rio Cu-anza. Nome vulgar, Moaca. 



' Extracto do Jornal de sciencia» mathemaiicat, phyticat e naturaet, num. zxx, Lisbot, 
1881 . Foram classificados no Museu de Lisboa pelo ex."® sr. António Roberto Pereira Guima- 
rfies, naturalista adjunto. 



364 FAUNA 



Fam. SILURIDAE— Genus Ciarias, Gronov. 

6. Claria anguillaris, Linn.; Gthr., Cat. FishesBrit. Mus., 

vol. V, p. 14. 

Dois specimens: a. Comprimento total 20 cent.; b. Compri* 
mento total i2,5 cent. 
Habitat. Rio Cuito. Nome vulgar Ébande. 

Fam. MORMYRIDiE— M)rm^ru5, Gthr. 

7. MoRMYRUs Lhuysi, Steliid.; Steindachner, SB. AkWien 

1870, LXi, p. 553, tab. 2, fig. 3, Senegal. 

O specimen único que temos á vista assimilha-se muito ao 
Mormyrus Lhuysi, Steind., não só na forma geral do corpo e 
suas dimensões relativas, mas também no systema de coloração ; 
diífere porém no numero de espinhos e de escamas. 

Assim, o dr. Steindachner n'um specimen do Senegal achou os 
seguintes números: 

P— 14, D— 20, A— 28, L. lat. 48 

emquanto que a formula do exemplar depositado no Museu 
de Lisboa é : 

P— 10, D— 25, A— 33, L. lat. 53 

Um specimen, comprimento total 85 millim. 
Habitat. Rio Lu-ando — Nome vulgar Dembe, 

Fam. CYPRINIDiE— Genus Barbus, Gthr. 

8. Barbus Kessleri, Steind.; Gthr., Cat. FishesBrit. Mus., 

vol. VII, p. 107. 

Um specimen, comprimento até á origem da cauda 97 millim. 



Ainda nos restam quatro specimens por descrever, um do género 
Ctenopoma e três do género Barbus, mas faltam os elementos de com- 
paração para o seu estudo. 



FAUNA 365 

INSECTOS 1 

HYMÉNOPTEROS 
APIDJE 

1. Apis Adansonii, Latr. 

Apis Adansonii, Latr., Ann. du Mus, d*hist. nat, v, p. 172, n.« 6. 
Apis scutellata, Lep., Hist, nat d. Hym,, i, p. 404. 
Apis melMfica, var, Gerst., Insekt. v. Mossamb! p. 439. 
a.— c. 

2. Anthophora flavicollis, Gerst. 

Antkophora flavicollis, Gerst., Insekt, v. Mossamb, p. 445, pi. 
XXIX, íig. 5. 
a. $. long. corp. i5 millim. 

3. Antrophora atrocincta, Lep. 

Anthophora atrocincta, Lep., Hist, nat, d. Hym,, n, p. 35. 
a. 

4. Xylocopa nigrita, Fab. 

Xylocopa nigrita, Lep., Hist, nat, d, Hym,, ix, p. 179; (J) Gerst., 
Reis. in Ost-Afr,, p. 314. 
a.-? 

5. Xylocopa combusta, Smith. 

Xylocopa combusta, Smith., Cat, Hym, Ins., p. 35o. 
a. 

6. Xylocopa inconstans, Smith. 

Referimos a esta espécie um exemplar colhido pelos srs. Ca- 
pello e Ivens, porque, apesar de não conhecermos a descripçao, 
comparámol-o com outro mandado para o Museu de Lisboa pelo 
sr. Anchieta, e classificado com este nome, e vimos que ditfe- 
ria unicamente em ter pellos amarellos na parte posterior e nos 
lados do thorax, bem como no primeiro segmento abdominal; 
emquanto que no exemplar do sr. Anchieta estes mesmos pel- 
los são brancos. 

a. $. long. corp. 33 millim. 



' O trabalho que apresentámos sobre insectos d.TemoI-oao ex.*° sr. Alberto Girard, na* 
turalista adjunto do Museu de Lisboa. 



366 FAUNA 

7. Xylocopa calens, Lep. 

Xylocopa calens, Lep., Hist nat d. Hym., 11, p. 196. J 
a.? 

VESPID^ 

8. EUMENES TINCTOR, Christ. 

Eumenes Savignyi, Guérin, Icon. rég, anim. Ins., pi. 72, fig. 4, 

Eumenes tinctor, Gerst., Reis, in Ost-Afr., p. 32 1. 

a. 

9. Belonogaster, sp. (?) 
a. 

CRABR0N1D.£ 

10. Hemipepsis vindex, Smith. 

Mignimia vindex, Smith, Cat. Hym, Ins,, iii, p. 186. (Ç) 
Hemipepsis vindex, Gerst., Reis,, in, Ost-Afr,, p. 327. 
a. $ long. corp. 37 millim. 

11. Priocnemis, sp. (?) 

a.-? 

12. Ammophila ferrugineipes, Lep. 

Antmophilaferrugineipes, Lep., Hist, nat. d. Hym., in, p. 383. (Ç) 

a.(?) 

l3. SCOLIA CYANEA, Lcp. 

Scolia cyanea, Lep., Hist. nat. d. Hym., ni, p. 525 {$)\ Gerst., 
Insekt. V. Mossamb., p. 494. 
a.-? 

FORMICID.C 

14. Paltothyreus pestilentia, Smith. 
a. 

i5. Ponera, sp. (?) 
a. 

16. Formiga maculata, Fabr. 

Formica macuta,\Lep,y Hist. nat, d. Hym.y i, p. 2, i5; Gerst., 
Insekt. V. Mossamb., p. 509. 
a. 



FAUNA 367 



CHRYSIDIDiE 



17. Stilbum splendidum, Fab. 

Stilbwn splendidum, Lep., Hist nat. d, Hym,, iv, p. i5; Gerst., 
Insekt. V. Mossamb., p. 519. 
a.— 5. Long. corp. 11 millim. 



DIPTEROS 

TÀBÀNID^ 

I. Tabanus exclamationis, nov. sp. 

Muito próximo do Tabanus longitudinalis, Lew. (Insekt v. 
' Mossamb., p. 2). Cabeça branca, olhos bronzeados com facetas 
muito pequenas, intervallo entre elles largo, com duas callosi- 
dades vermelhas dispostas em (!) face guarnecida de pellos bran» 
cos inferiormente, tromba de um pardo escuro, palpos brancos, 
antenas rosadas, primeiro e segundo articulo guarnecidos de pel- 
los brancos e alongando-se para cima n'uma ponta negra (o ter- 
ceiro falta em todos os exemplares), thorax rosado por cima, 
sendo quatro riscas pretas muito approximadas, fazendo quasi 
desapparecer o fundo por baixo de uma cor azulada; abdó- 
men cónico, começando a estreitar no terceiro segmento, tão 
comprido como a cabeça e o thorax reunidos, amarello, sem 
pellos, tendo uma linha dorsal castanha, occupando um terço da 
largura, tendo no meio e a cada segmento um signal triangular 
branco, com um angulo voltado para a base, guarnecido de preto 
no segundo segmento, e não existindo no primeiro e no ultimo 
e tendo (o abdómen) uma risca lateral estreita da mesma côr 
que a dorsal começando no segundo ou terceiro segmento. De- 
ve-se notar que emquanto a côr do fundo se torna mais clara 
para a extremidade do abdómen, as riscas escurecem, o que faz 
com que o ultimo segmento seja quasi preto; ventre amarello, com 
as margens lateraes esbranquiçadas, meio dos dois últimos se- 
gmentos preto; coxas cinzentas com alguns pellos brancos, abun- 
dantes na base; tibias vermelhas; tarsos negros por cima, ver- 
melhos por baixo; azas transparentes; nervura costal preta, as 
outras castanhas. 

Long. corp. 16 a 17 millim, Exp. ai. 34 millim. a. 



FAUNA 

Julgímoa ao principio que os nouos exemplares se referiam 
BO T. longitudinalis, Loew; mas lendo attentamente a descri- 
pção, parece^nos, se a comprehendemos bem, que o desenho do 
thorax e do abdómen é completamente diãerente, assim como 
B cãr geral, o que julgámos bastante para separar as duas es- 
pécies. 

Os Lépidopteros acham-se representados por alguns «fotir- 
reaure" de Leyortas, da família Psychidce. São formados por 
uma reunião de ramos seccos e delgados, dispostos longitudi- 
nalmente e que cobrem e protegem um casulo de seda em que 
se acha a lagarta. Monteiro na sua obra sobre Angola dá d'es- 
tes casulos uma figura exacta (V. Angola and lhe river Congo 
by J.J.Monteiro, London, 1875, vol.n,p. 295, pL xvi, fíg. da es- 
querda}. 

NÊVHOPTEROS 



, Palpares caffer (?), Burm. 

Um único exemplar estragado. 



ORTHOPTEROS 

O sr. D. Ignacio Bolívar publicou ha pouco um trabalho notá- 
vel sobre os Orthopteros de Angola que se acham no Museu de 
Lisboa, e estudou ao mesmo tempo os exemplares dos srs. Ca- 
pello e Ivens. 

É este trabalho que transcrevemos aqui, não entrando em 
nada, como se vé, o nosso estudo'. 

1 . Camoensia ínsignis, Bolívar,, nov. sp. 

Jom, SC. math. phys. nat. num. xxx, p. 1 1 1, n.* 18. 
Cu-ango (Capello e Ivens). 

2. ACRIDIUM TARTARICUM, Litl. 

Acridium tartaricnm. Bolívar, loc. cit., p. 112, n.' aa. 
Cu-ango (Capello e Ivens). 



Vcja-M Jornal dat K 



FAUNA 369 



HEMIPTEROS 
HÉTÉROPTERA 

I. SpHíErocoris p^xiLLS, Dallas. 

Sphcerocoris pcecilus, Dallas, List. of Hé^nip. insect. in thecolL 
ofthe Brtt. Mus., 1, p. 9. 
a. b. 

2. C(ENOMORPHA NERVOSA, Dallas. 

Ccenomorpha nervosa, Dallas, loc. cit., i, p. 192. 
a. d. 

3. Phillocephala plicata, Reiche et Fairm. 

Phillocephala plicata, Reiche et Fairm., Voy. eti Abyss,, iii, p. 
447; At. Zool, pi. 29, fig. 2. 
a.~? 

4. Petascelis, sp. (?) 

a.— í 

5. MicTis HETEROPus, Latr. 

Miciis heteropus^ Schaum., Insekt, v. Mossamb., p. 41. 
a.— <J 

6. Platimeris guttatipennis, Stal. 

Platimeris guttatipenis, Stal. Ofvers, Velensk Akad, Filrrha" 
nell, XVI, p. 188. 
' a. 

7. ACANTASPIS, sp. (?) 

a. 

8. Appasus, sp. (?) 

a. 

9. Laccotrephes grôssus, Fab. 

Nepa grossa, Amyot. et Serv., Hist. nat, d, ííém,, p. 440. 
a. 

TOL. n S4 



3,0 



IO. Laccotrephes BRACHiALis, Gcrst. 

Laccotrephes brachialis, Gerst., Reis. in Osl-Afr., p. 421. 

li. Belostoma Algeriense, Duf. 

Belosíoma Algeriense, Duf., Mént. soe. roy- d. se. de Liége, v. 
p. 186, pi. I, 
Hydrocyrius herctileus, Gerst., Reis. in. Ost-A/r., p. 423. 
a.— c. Long. total. 65 milUm. Larg. 27 millim. 

HOMOPTERA 

1. Platypleura Capensis, Lin. 

Platypleitra Capensis, Amyot. et Serv., Hist. nal. d. Hètn., p. 46b 
n.* 3.; Walker., List. o/Homopt. Ins. Brit. Mus., 1, p. 3. 

a.-J 

b.-S 

2. Platypleura, sp. (?) 

a.— c.J 
d.-S 



Os srs. Capello e Ivens reuniram na sua viagem um certo nume- 
ro de plantas, que, enviadas para a secção botânica do Museu Na- 
■ cíonal, foram encorporadas nos herbarios. Provém todas estas plan- 
tas, com excepção de um pet^ueno numero coUigido nas terras baina! 
do Dombe, da região elevada do plan'aIto da Africa austral, de Cacon- 
da, Biè e do caminho entre estes dois pontos. 

O dr. Welwitsch havia já penetrado n'essa região e explorado umí 
parte do plan'alto da Huilla, e de sua detida investigação feita com uir 
fim exclusivamente botânico resultou o reunir uma magnilica coUec- 
çâo de exemplares que hoje se acham pela maior parte estudados < 
determinados. Os dois recentes exploradores não podiam dedicar to- 
dos os seus cuidados á botânica; occupados de muitos e importante! 
assumptos, só incidentemente colligiram algumas plantas. É no emtan- 
to muito interessante a collecçáo que formaram. Penetrando na ele- 
vada rcgtáo central, mais ao norte c muito mais profundamente d( 
que havia feito Welwitsch, tiveram occasião de visitar terrenos cu)i 
ilora era até hoje absolutamente desconhecida. 



FLORA 371 

Sc a esta collectjão juntarmos impoitantes remessas que de Cacon- 
da tem enviado o sr. Anchieta, o qual, já conhecido como admirável 
collector zoológico, se mostra agora collector botânico não menos 
zeloso e intelligente, e alguns exemplares reunidos pelo sr. Serpa Pin- 
to nas margens do rio Ninda, veremos que as recentes viagens feitas 
pelos portuguezes, tão importantes sob outros pontos de vista, for- 
necem também um contingente valioso para o conhecimento da vege- 
tação africana. 

Todas estas plantas serão successi vãmente estudadas e descriptas 
em memorias especiaes, tendo eu tido a subida vantagem de collabo- 
rar n'este trabalho com o sr. W. P, Hiern, botânico notável e particu- 
larmente versado- na Hora tropical africana. 

O exame definitivo d'estas plantas é necessariamente demorado, 
sendo necessário comparal-as com os specimens conservados em vá- 
rios museus da Europa, e por isso só posso dar agora algumas notas, 
resultado de uma primeira revisão feita pelo sr. Hiern e por mim, e 
destinadas a dar apenas uma idéa da importância da collecção reuni- 
da pelos srs. Capello e Ivens. 

Contém esta collecção proximamente cento e quarenta espécies di- 
versas, representadas na maior parte por exemplares que as tornam 
susceptiveis de rigorosa determinação, e que, á parte algumas correc- 
ções que um exame mais detido levará a fazer, se distribuem pelas fa- 
mílias naturaes do modo seguinte: 

Ranunculacp:ak. — Algumas espécies do género Cleinatis, uma das 
quaes é porventura nova. 

Menispekmaceae. — Uma espécie do género Stepliania. 

NiMPHAEACEAE.— Uma cspccie do género Nyiufhaca, proveniente 
do Cubango. 

Capp.vridaceae. — Uma espécie de Cleome. 

PoLVíiAi.EAE. — Espécies do género Polygala, e uma do género Sc- 
curidaca. 

Malvaceae. — Espécies dos géneros Sida e Hibiscus. As grandes 
malvaceas, como, por exemplo, o imbondeiro, não existem a grandes 
altitudes. De Quilengues para cima é muito raro, e a 1:000 metros des- 
apparece completamente, segundo uma nota dos exploradores. 

T1LIACEAE. — Uma espécie de Triumfetta. 

Malpighiaceae.— Uma espécie de Sphedamnocarpus. 

OcHNACEAE.— Uma espécie de Ochna, talvez inédita. 

Meliaceae.— Uma espécie de Ekeber^ia. 

Ampelideae. — Espécies de Vitis. Uma d'estas que se encontra com 
frequência, e a que os indigenas dão o nome de Quinjuanjua, produz 
um fructo comestível e que serve a preparação de uma bebida fermen- 
tada. 



1! 



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372 FLORA 

Anacardiaceae.— Uma espccic de Khus. 

Leguminosae. — Espécies dos géneros Crotalaria, índigo/era, Tc- 
phrosia, Sesbauia, Hermimera, ^Eschynomene, Erythrina, Eriosetiia, 
Swart:{ia, Cássia,, Bauhinia, Brachystcgia, e Acácia. As espécies de 
Urachystegia provém do Dombe, e formam ahi a base das florestas 
atravessadas pelos exploradores. A Hcrminiera foi colhida na mesma 
regiáo, e sem duvida nas margens de algum rio. 

RosACEAE.— Uma espécie de Parinariunu 

Melastomaceae. — Espécies dos géneros T^issotis e Antherotoma. 
■j ' Samydeae. — Uma espécie, que provavelmente pertence ao género 

! Homaliwn. 

Passiflorp:ae. — Uma espécie de Paropsia, provavelmente nova. 

Ccci:rbitaceae. — Uma espécie, que provavelmente é do género Ze- 
hneria. Exemplar muito imperfeito. 

Umbellikerae. — Exemplares pouco completos, parecendo perten- 
cer aos géneros Foeniculum e Canmu 

Rubiaceae. — Espécies dos g(:Tn:vos Mitssaenda, Oxyanthus, Trycalv- 
sia, Vangiteria, Fadogia, Ancylanthas, Gnanilca e Spettiiacoce,, sendo 
algumas d'estas espécies muito interessantes e sem duvida novas. 

C0MPOSITAE. — Espécies dos géneros Ventania, Cony':fa, Hclichry- 
stnu, Aspilia, Coreopsis, Bidens, Emilia, Bo'kheya, Pleioíaxis, e ^iat- 
ma, algumas das quaes são inéditas. 

Ebenaceae. — Uma espécie de ^iospyros, e uma de Euclca. 

Asclepiadeae.— Espécies do género Asclepias. 

Gentianeae. — Uma espécie do género Chironia. 

Solanaceae. — Uma espécie de Daiura. 

Scrophularineae. — Espécies que parecem pertencer aos géneros 
Striga e Sopubia. 

Pedalineae.— Uma espécie de Sesamothamr.us, 

Acanthaceae. — Espécies de Barleria. 

Verbenaceae. — Espécies dos géneros Lantana, Vitex e Clcrodendron. 

Labiatae. — Uma espécie de Tinnea. 

P0LYGONACEAE. — Uma espécie de Polygonum. 

Proteaceae. — Exemplares imperfeitos, parecendo pertencer a esta 
familia. 

Thymaeleaceae. — Espécie de Gnidia e Lasiosiphon, que é provavel- 
mente nova. 

EupHORBiACEAE.— Espccics dc BridcUa, Phyllanthus, Manihot, Aca- 
lypha e Ricinus, 

Orchideae. — Uma espécie provavelmente do género Habenaria. 

Irideae.— Espécies de Gladiolm e de Moraea, algumas das quaes 
são provavelmente novas. 

S.MiLACEAE. — Uma espécie de Smilax. 



ri-ORA 373 



LiLiACEAE.— Espécies de Asparagus e de Btãbinc.. 

Cyperaceae.— Espécies de Çypents, 

Gramineae. — Espécies, entre outros, dos géneros Panicwn, Andropo- 
gon e Eleiísine. 

FiLiCEs. — Espécies em pequeno numero, quatro apenas. 

Esta lista, resultado de uma primeira e muito rápida revisáo, está 
sujeita avarias correcções e alterações; pôde no emtanto dar idéa do 
valor e interesse da collecçáo. No trabalho definitivo serão aproveita- 
das as notas, sobre nomes vulgares e usos de algumas d'estas plantas, 
que acompanhavam os exemplares e muito interessam a sciencia. 

Lisboa, junho de 1881.= Cow^íe de Ficalho, 



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DIALECTOS DIVERSOS 



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3,6 



DIALECTOS DIVERSOS 



PRONOMES EM SEIS DIALECTOS AFRICANOS 



I o„ unindo ^"i"''' ou^lkl^c tia™ne.nia Q, 



VÓS 
EUes 



Mino . . 
Jeei . . . 
N'andt. 
Btífo. . . 
Behenu. 
Báo, Ba-bonse 



k-na. 
Runa 
Quim 
Quibona 



Oanò . . 
Guiohé. 



Vona-luíi 



DECLINAÇÃO DOS PRONOMES DA LÍNGUA NBUNDA ' 



— emè. 



INom. 
Gen. — ia-mò. 
Dal. — cu-mè. 
Ahl. -mi. 
íNom. — eií. 
iGen. — i-È ou ri-t. 
Segunda Jij^j_ „cu-i-è. 
pessoa Ivoc.-ekM 
[Abl. — e, iè. 
(Nom.— enè ou munÈe 
TercsiralGen. ~oÈ ou iè 
pessoa jDat. — cu-ène 



Abi. 



-Ètu. 



(Abl. 



-oèo 



iè 



Nom. — Ènu. 

Gen. — i-ènu. 

Dat. — cu-èmi. 

Voe, — enuÈ! 

Ab!. — ènu. 

Nom. — ène. 

Gen. — iènc. 

■muÈne Dat. — cu-Ènc. 

Abl. —Ène. 



CONJUNCÇOES 

E— Né. Que— Na. Também — Oé. 



De dor -Ail 

De admiraçáo-Ao-ah! E-o 
Deafflieçáo..-Ai-0-è! 
De espanto. .-Hé! 



De dar, espanto, etc, .-Mame! 

De silencio -T'chibi 

Para applaudir -Qui-o-a 

Para chamar -Chè! 



VOCABULÁRIO N^BUNDA 



Abaixar, cu-butalala, cu-butama. 

Abalar, cu-cumuna. 

Abalroar, cu-balacanha. 

Abanar, cu-buquirila. 

Abcesso, qui-jimbo. 

Abelha, n'hique. 

Abelhas, ji-nhique. 

Abóbora, ri-nhango*. 

Aborrecer, cu-zemba. 

Abortar, cu-secula. 

Abraçar, cu-ribubala. 

Abraço, n'dando. 

Acabar, cu>azuba, cu-assuca,cu-bua. 

Acabou-se, iabo (quando o sujeito 
é masculino ou feminino), cu-abo 
(quando é neutro); bu-abo, signi- 
fica acabou-se aqui, mu-abo quan- 
do se trata de cousa contida em 
um vaso. 

Accender, cu-bia, cu-uica. 

Achar, cu-aquimona, cu-sanja. 

Acompanhar, cu-batessa. 

Acordar, cu-toma. 

Acostumar-se, cu-irila. 

Adiantar-se, cu-rianga. 

Adivinhar, cu-suma. 

Adoecer, cu-cata. 

Afastar, cu-songoloca. 

Afogar-se, cu-fua-mu-menha. 

Agradecer, cu-tondela. 

Agua, menha. 

Agua doce, menha-matome. 

Agua salgada, menha-malula. 



* Ri ou li índistinctamente pronunciado. 



Águia, n*jinji. 

Ajudar, cu-cuatessa. 

Ajuntar, cu-cula, cu-bongolola. 

Alegre, leia. 

Aleijado de nascença, n'gonga. 

Aleijado por moléstia, n'mana. 

Aleijão, qui-nema. 

Algodão, mujinha. 

Aloés, quicalango. 

Altercar, cu-richinga. 

Alto, leba, zangura. 

Alumiar, cu-muica. 

Amadurecer, cu-bia. 

Amamentar, cu-amuissa. 

Amanhecer, cu-cuaque. 

Amante, n'bassa. 

Amargo, lula. 

Amigo, ri-camba. 

Ancião, qui-culacaje. 

Andar, cu-enda. 

Andar depressa, cu-longa. 

Andar devagar, cu-riomba. 

Andorinha, piápia. 

Animal, qui-ama. 

Anno, muvo(?) 

Anoitecer, cu-lembeca. 

Apagar, cu-jima. 

Apalpar, cu-babata. 

Apanhar, cu-bonga. 

Apertado, colo. 

Apertar, cu-colessa. 

Apontar, cu-riquiza. 

Approximar-se, cu-sueta e cu-zu- 

cama. 
Aprender, cu-rilon^a. 
Aquecer, cu-temessa. 
Ar, mulenghe. 
Aranha, qui-jandanda. 
Arco-iris, congolo. 



378 



VOCABULÁRIO 



Arder, cu-t'chichima. 

Areia, qui-sequele. 

Arma, uta. 

Arrancar, cu-catula. 

Arrecadar, cu-luca. 

Arregaçar, cu-zacula. 

Arriar, cu-tuluca. 

Arvore, mu-lemba (?) 

Aspirar, cu-fenta. 

Assar, cu-ribia, cu-zuza, 

Assentar-se, cu-t'chicama. 

Assoar-se, cu-bemba. 

Assustar, cu-atucumuca. 

Atar, cu-cuta. 

Atirar, cu-tacula. 

Atmosphera, cu-cama (?) 

Atravessar, cu-cangalala. 

Atraiar-se, cu-n'guenica. 

Atrever-se, cu-buma. 

Atrevido, mucu-an^ganje. 

Atrevimento, n'ganje. 

Aturar, cu-amburila. 

Aurora, cú-guia. 

Avarento, ca-cória. 

Ave, ii'jila. 

Avistar, cu-amutala- 

Avô ou avó, cuco. 

Aia, ri-zaza. 

Azas, ma-zaza. 

Azedo, r.'gangama. 

Azeite, maji. 

Azeite de dendem, maji-ma-dendé. 

Azeite doce, maji-ia-puto. 

Azeite de rícino, maji-ma-mono. 

B 

Baba, zeza. 

Babar, cu-riuzila. 
Bacia, ri-lo nga. 
Baço, candjila. 
Baile, n'gon)a. 



Baixo (adjectivo), abulo. 
Banana, ri-conjo. 
Bananeira, ma-conjo (?) 
Banhar- SP, cu-rissulula. 
Banquete de carne humana, 

congo ou di-congo. 
Bao-bab, imbondo- 
Barba, muezo ou olonjeri (?) 
Barrete, cajinga. 
Barriga, ri-vumo. 
Barroca, ri-cungo. 
Basso, mu-toto. 
Bastão, m'bassa ou m'bassi. 
Bater, cu -bunda. 
Bêbado, cólua. 
Beber, cu-nua. 
Beiço, mu -zumbo. 
Beliscão, qui-n'fonjo. 
Beliscar, cu-jangona. 
Bel lo, euába, uába. 
Bexiga, qui-sut'chÍno. 
Bexigas (variola), quin'gongo. 
Bezerro, mona-ia-n*gombe. 
Bico, mu-sungo. 
Boba, qui-tanga. 
Boca, ri-cano. 
Boçal, mu-zenza. 
Bofes, n'zalazala. 
Bofetão, hutche. 
Bofetões, ]i-hutche. 
Boi, n'gombe. 
Bom, m'bote. 
Borboleta, qui-ml>iámbia. 
Borbula, bulo. 
Borrifai, cu-sassa. 
Bosque, mu-chito. 
Bracelete, ma-lunga. 
Braço, qui-cuaco. 
Branco (adjectivo), izela. 
Branco (homem), mu-n'delc. 
Branco (plebeu), ca-n gundo. 
Brando, lenduca. 
Bravo, tema. 



N BUNDA 



•» 






Hraza, ri-cala, ri-tubia. 

Hrazas, ma-cala, ma-tubia. 

Brigar, cu-zoca. 

Brincar, cu-toncca. 

Brinco ^adorno), qui-n gucrcnguéle. 

Buraco, ri-zungo. 

Buscar, cu-tocana, como synonymo 
de trazer; cu-sóla, como synony- 
mo de procurar. 



c 



(Jabaça, ca-binda. 

(Cabeça, mú-tuc. 

Cal>cllo, n'demba. 

Cabo, m'binhc. 

Cabra, n'combo. 

Caça, n'hanga. 

Caçador, ri-nhangá, ri-cong.). 

Caçar, cu-losa, cu-nhango. 

Cadeado,- ri-cumba. 

Cadeia ou corrente, ri-bambo. 

Cadeira, qui-alo. 

Cadeira de bambu, n*benza. 

Cair, cu-ribala, cu-nóca. 

Calar a boca, cu-richiba. 

Calcar, cu-bata, cu-banda. 

Calcular, cu-ricanda. 

Caldo, mu-zongué. 

Calor, n'tema. 

Calva, ri-bala. 

Cama, ri-londe. 

Camaleão, ri-mugucna. 

Caminho, njila, coca. 

Campo, ri-canga. 

Cânhamo, ri-amba ou li-amba. 

Canoa grande, dongo. 

Canoa pequena, qui-m'bola. 

Cansado, n'buila. 

Cansar-se, cu-buila. 

Cantar, cu-imba. 

Cantiga, mu-imbo. 



Cão, imboa. 

Capim, iango. 

Capinar, cu-combcla. 

Capital, n'banza. 

Cara, n'polo. 

Caranguejo, qui-ala. 

Carabana, qui-buca. 

Careca, ri-bala. 

Carga, m'bamba. 

Carne, t'chit(). 

Carneiro, m'buri. 

Caroço, n'tendo. 

Carrapato, ri-bata. 

Carregar, cu-ambata, cu-loga, cu- 
tuta. 

Carvão, ri-cala. 

Casa de palha, cubata. 

Casa de pedra, lumbo. 

Casar, cu-socana (?) Este verbo tam- 
bém significa trabalhar, mas so- 
mente trabalhos domésticos, de 
mulher casada. 

Casca de arvore, qui-bato. 

Casca de fructo, qui-ango. 

Caspa, qui-biache. 

Castigar, cu-beia, cu-muba. 

Cauda, mu-quila. 

Cavacos, jibato. 

Cavar, cu-canda. 

Caximbo, mpciche. 

Cego de nascença, qui-Iembo. 

Cego por moléstia, qui-fofo, 

Ceremonia, n'sonhe. 

Certo, leno. 

Cesto, qui-nda. 

Céu, iulo. 

Chamar, cu-ambela, cu-cola. 

é 

Chamma, qui-lecuca. 
Chegar, cubichila, cu-zucama. 
Chegar (na accepção de ser bastan- 
te), cu-atena. 
Chegar-se, cu-suela. 
Cheia, izala. 



I 



Clit'ir;ir, cu-fcnha. 

Cheiro, ri-zumba. 

Chibo (cabrito), n'coinbo. 

Chifre, n'guela. 

Chorar, cu-rila. (Este verbo expri- 
me também o grito de todos os 
animaes.) 

Chover, cu-noca, 

Choviscar, cu-sucomuca. 

Cho visco, suco-suco. 

Chuço, mu-songo. 

Chupar, cu-l 'chiba. 



Chuv; 



'vula. 



Cigarra, m'bangarnla. 

Cinto, n'ponda. 

Cintura, canho nga (?) 

Cinza, otucua. 

Circumcisão, saia. 

Circum cisar, cu-sáia. 

Ciúme, ri-fuba. 

Clarear, cu-n'zcla. 

Claro, n'zcla. 

Cobra, nhoca. 

Cobre, londu. 

Cobrir, cu-futu. 

Coçar, cu-asa. 

CocOga, hugota. 

Cola (fruclo), ri-tjueso. 

Colher, n'guto. 

Começar, c«-mateca- 

Começou o luar, m'begcia tctama. 

Comilão, qui-riacaje. 
Commercio, uendji. 
Compatriota, mu-cuache. 
Compor-se, cu-ricotecn (fallando de 

lollclte). 
Comprar, cu-sumba, cu-senga. 
Comprido, seba. 
Coiiiprimentar, cu-menequena. 
Comprimento (medida), cu~Ie1ia. 
Concha, qui-quesse. 
Concha (moeda do Congo}, n'jimbo. 



er 



Conhecer, cu-ijia. 
Conselheiro, n'pung:i- 
Consentir, cu-amhurila. 
Consorte (feminino), mu-ca 
Consorte (masculino), mu-li 
Contar, cu-tanga. (Este v* 

gnilica também 

rar.) 
Capado, nzanda. 
Coração, n'/undo. 
Corda, mu-cólo- 
Cordão, qui-bo. 
Applica-se igualmente ao c 

umbilical. 
Coroa, qui-landa. 

Correr, cu-lenga, cu-songueln 
Cortar, cu-batula. 
Coruja, ca-coco. 
Coivo, qui-lombc-lomhe- 
Coser (a costura), cu-tunga. 
Costas, ri-cunda, 
Costellas, m'banje. 
Costume, quifa. 
Cotovelio, qui-pomuna.' 
Couro, qui-ba. 
Cousa, qui-ma. 
Cova, ri-cungo. 
Coxa, ri-catacaia. 
Coxear, cu-tcngunha. 

Cozitihar, cu-ulamba. 
Creança, n 'dengue. 
Crear, cu-sassa. 
Creoulo, buchilo. 
Crepúsculo, n'guióchc. 
Crer, cu -t 'chicana. 
Crescer, cu-cula. 
Crime, qui-iuchc- 
Crista, qui-coacoa. 
Criticar, cu-iongolola. 
Crocodilo, n'gando. 
Cuidar, cu-fica. 



Cultivar, cu-rima. 
Cunhado, n'u(.Te. 
Cunhados, ji-uyrt. 
Curandeiro, *]ui-n'l'anda. 

Curral, qui-búDga. 
Curto, buto. 

Curvar-sc, cu-bolama. 
Cuspir, cu-tamatc. 



D;ir 



, qui-i 



, cu-quina, cu-hc-k-hi. 
Dansiir (batuque;, cu-stinba. 
LWr cu-ubana. 
);ir nó, cuta-ribumbo. 
IX-do, mu-!embo. 
Dcltar-se, cu-zcca, cu-zcndalalu. 
Dtixar, cu-ambula, cu-rechiisa. 
Deixar pass;ir, cu-bitcssa. 
Dente, ri-jo. 
Dentes, ma-jo. 
Depositar, cu-tula. 
Derradeiro, suquínína. 
Desagradar, cu-ibila. 
Desatar, cu-ji[una> 
Desbocado, qui-sebuisso. 
Descansar, cu-nhoca. 
Descansar a carga, cu-tula. 
Descarregar, cu-longorola, cu-tu- 

Dcscascar, cu-tela. 
Descer, cu-toluca. 
Descobrir, cu-rirolumunu. 
Desdobrar, cu-futumuna. 
Desfazer, cu-sangumuna. 
Desgostar, cu-zemba. 
Desgraça, cu- 1 "chichi ma, lamba. 
Desmanchar, cu-bula, cu-sangumu- 

Despedir, cu-zula. 



Despedir-se, cu-t'chakssn. 
Despejar, cu-lund ulula. 
Desperto, chichc. 
Desprender-se, cu-sutumuca. 
Destinar, cutchinda, 
Hestruir, cu-jimonuna. 
Deus, n"zambi, 
Dc\'astar, cu-bunda. 
Dever, cu-Jeva!a. 

Diarrhea, m a la-m anhinga. 

Dinheiro, qui-tqre. 

Dinheiro de conchas, njimbo. 

Direito, Julama. 

Disirahir-se, cu-laleca. 

Diurno, ia-luanha. 

Dividir, cu-uana. 

Dizer, cu-amba. 

Dobrar, cu-bunjica. 

Doce, tola, toalela. 

Dócil, lenduca. 

Doença, cu-cata. 

Doende, cu-zumbi. 

Doente, ache, ucate. 

Poer, cu-cata. 

Dono, mu-áre. 

Dor, n "gongo. 

Dormir, cu-zeca, cu-lambarala. 

Duro, colo, colocota. 

Duvida, pata. 

Duvidar, cu-cachicana. 

Dysenteria, mala. 



Echo, cu-dumina. 
Elephantc,n'zamba. 
Elogiar, cu-ch imana. 
Embora, maie, mê. 
Emprenhar Cverbo neutro), c 



límprcnhiir (verbo ;ictivo), cu-cmc- 


EscHpto, mu-canda. 


linu. 


Escuridão, cumuda. 


Kmpurrar, cu-t'chiiigiiicc- 


Escuro, n'vundo. 


Knciílhiir, cu-cuúcií. 


Escutar, cu-bulacana, cu-ivi 


lOncíintiimcntfi, ()ui-liuis:i. 


Esfolar, cu-tala. 


KiichtT, cu-izalfssa. 


Esfregar, cu-t'chissa. 


Encolher, cu-riconhii, cu-cutec;i, cu- 


Esfriai-, cu-talala. 


cunana. 


Esmagar, cu-bonda. 


Kncontnir, cu-tacana. 


Esmigalhar, cu-tutula. 


Kncontrar-sc, cu-l'chann;nt;na. 


Espaço, bulubo. 


Kndireiíar. cu-rinica. 


Espada, mu-cuúU. 


Enfeitado, quembo. 


Espalhar, cu-muanga. 


Knfeilar, cuquemba. 


Espancar, cu-bcta, cu-muba 


Enfeite, cu-qucmbii. 


Espantar, cu-atucumuca. 


Enpinar, cu-fumha. 


r.spcrar, cu-quinga. 


Engasgiir-se.cu-vimenha. 


Espernear, cu-ri bonda. 


Engordar, cu-nctcssa. 


Esperteza, qui-muca. 


Engulrr, cu-minha. 


Esperto, muca. 


Enrolar, cu-burica. 


Espetar, ca-sona, cu-soneca 


Ensinar, cu-lnnga. 


Espinheiro, mu-banga. 


Entender, eu-Írua. 


Espinho, manha. 


Enterrar, cu-funda. 


Espirrar, cu-gachacha. 


Entornar, i;ii-t"chamuna. 


Esposa, mu-caje. 


Entrar, cu-bociila. 




Envenenar, cu-loa. 


Espraiada, quin-íenza. 


Enxada, ri-temo. 


Esprcguiçar-se, cu-visonun; 


Enxadas, ma-temo. 


Espremer, cu-i'china. 


Enxugar, cu-outa. 


Espuma, quifulo. 


Errar, cu-tundala. 


Esquecer, cu-jan-.ba. 


Escama, qiti-beretete- 


Esquentar, cu-temessa. ■ 


Escamar o peixe, cii-banga-ni'biji. 


Esquerdo, quiasso- 


Escapar, cu-laia. 


Eslaca, ri-taca. 


Escapar-se, cu-sentcmuca. 


Esiar, cu-a, cu-ala, cu-cala. 


Escarnecer, cu-seba, cu-muelela. 


Esteira, ri-chissa, luando, g; 


Escolher, cu-nona, cu-sola. 


Estender, cu-sonuna, 


Esconder, cu-guana. 


Estender a scccar, cu-aocca. 


Escorrciíndiço, tchanana. 


Estéril, m'baco, cavale. 


Escorregar, cut'clianana. 


Esticar, cu-nana. 


Escorrer, cu-sonsumuna. 


Estimar, cu-sola. 


Escravo, mlsica. 


Estômago, mu-t'chima. 


Escrever, cu-soneca. (Este verbo 


Estourar, cii-baza. 


significa propriamente espetar. 


Esirada, n'jila. 


cravar.) 


Estranho (forasteiro), qui-n' 



y 



y^ 



NBUNDA 



383 



Estreito, sossa. 
Estrella, tetémboa. 
Estremecer, cu-tequéta. 
Estúpido, t*chimba. 
Excellente, poena. 
Expulsar, cu-lundumuna. 
Extinguir, cu-ljimonuna. 



Faca, n'poco. 

Fado (sorte), mut'chinda. 

Faisca, sosso. 

Falcão, olococo. 

Falhar, cu-burica. 

Fallador, asueri. 

Fallar, cu-zuela. 

Fallar em segredo, cu-feta. 

Faltar (não apparecer), cu-monequè. 

Faltar (ter falta de qualquer cousa), 

cu-camba. 
Fardo, ri-cuba. 
Farinha, fubá. 
Farrapos, ma-nhango. 
Fatigar-se, cu-builia. 
Fazer, cu-banga. 
Fazer queixa, cu-funda. 
Fazer-se tolo, cu-ritobessa. 
Fealdade, cu-iba. 
Fechar, cu-jica. 
Feio, iba. 

Feiticeiro, mu-roje. 
Feitiço, uanga, izango. 
Feixe, qui-ta. 
Feliz, zelúa. 
Fêmea, mu-hato. 
Ferir, cu-tua, cu-cuama. 
Fermentar, cu-bóta. 
Ferro, itari. 

Ficar, cu-it*chala, cu-cala. 
Figado, izavo. 
Filho, mo-na. 
Filho ultimo, ca-súla. 



Filhos, a-ana. 

Fino, atolo (?) 

Flexivel, lenduca. 

Fogão, ri-jico. 

Fogo, túbia. 

Folhas, ma-fo. 

Fome, n'zála. 

Fomentar, cu-jola. 

Força, n'guzo. 

Formiga, qui-t*chiquinha. 

Formiga branca, ri-talamena. 

Formiga grande, qui-sonde. 

Formiga preta, íindja-songo. 

Fortaleza, qui-mbaca. 

Forte, colo-suina. 

Fraco, berequete. 

Frente, pólo. 

Fresco, talala. 

Frigir, cu-canga, cu-canghela. 

Frio (adjectivo), talala. 

Frio (substantivo), n*bambe. 

Frondoso, n^zanda. 

Froxo, n'zoza. 

Fugir, cu-alenga, cu-toleca. 

Fumar, cu-nua. 

Fumo, ri-t'chi. 

Funeral, itame. 

Furar, cu-tubula. 

Furo, ri-zungo. 

Furtar, cu-nhana. 

Furúnculo, cazangambo. 

Fuso, n*zelele. 



Gabar, cu-t'chimana. 
Gafanhoto, qui-n'jongo. 
Gallinha, sanji. 
Gallo, corombolo. 
Ganhar, cu-vua. 
Ganho, n'gamba. 
Garbo, tolomba. 
Garça, n'dele. 



384 



VOCABULÁRIO 



Garganta^ qul-quelengo, mu-ino. 
Gargantas, mino. 
Gato do mato, t'chiinba. 
Gemer, cu-quema. 
Gémeo, n 'gongo. 

Gémeo que nasce primeiro, ca-cuto. 
Gémeo que nasce em segundo Io- 
ga r, ca-baça. 
Gengiva, cufufuoha. 
Genro, olome. 
Gente, mun-tu. 
Giboia, mu-ma. 
Gomma, oasso. 
Gordo, neta. 
Gostar, cu-nabela< 
Governar, cu-iumina. 
Grande, onène. 
Grandeza, mu la la. 
Grelo, ri-esso. 
Grelos, m'esso. 

Grelo de abóbora, mu-^ngueleca. 
Grelo de mandioca, qui-zaca. 
Grilo, ri-zenze. 
Gritar, cu-ricóla. 
Grosso, n'jimba. 
Guardar, cu-lunda. 
Guela, qui-quelengo. 
Guerra, n'jita. 
Guloso, benga, laluve. 



H 



Habilidade, n'dungue- 
Habitar, cu-cala. 
Habituar-se, cu-ijiríla. 
Herva, m'boa. 
Hervas, ji-m'boa. 
Hiena, qui-malanca. 
Hippopotamo, n'guvo. 
Hombro, qui-suche. 
Homem, rí-ala. 
Hospede, mu-sonhe. 



I 

ídolo, qui-teque. 

{gual, suquela. 

Igualar, cu-suquela. 

Ilha, qui-sanga. 

Ilharga, miocoto. 

Immundicie, cut'chila. 

Impertinente, temanana. 

Incendiar, cu-bambuca. 

Inchado, n'jimba. 

Inchar, cu-jimba. 

Inclinar-se, cu-hetama. 

Incommodar, cu-temanana. 

Infeliz, mundama. 

Ingrato, n'gulá. 

Inhame, qui-ringo, quiá, n'zai) 

Inimigo, n'guma. 

Insultar, com palavras, cu-rtt' 

Inteiro, n'vimba. 

Inveja, lungué. 

Ir, cu-enda, cu-á. 

Ir-se, cU'ianiage-ia-mé. 

Ir-sc para sempre, cu-endezelí 

Ira, n'jenda. 

Iras, )i-n'jenda. 

Irmão, á, pangué. 

Isca (engodo), qui-t'chica. 

Isolado, ubeca. 



tda, m 'bimba. 

loelho, qui'pomuna. 

logo, m' bamba. 

loven, n'zanga, n'zangala. 
iramento, loca. 
irar, cu-ricuba, cu-loca. | 
verbo somente se applica ac 
ramentos feitos ante os n'gaD 

Justo (certo), tena, suquela. 



N BUNDA 



385 



K 



Kagado, m*bache. 



Lábio, mu-zumbo. 

Lábios, ri-zumbo. 

Laço, ri-bumbo. 

Lacraia, n*gueínga. 

Lado, m^banji. 

Ladrão, mu-ije. 

Ladrar, cu-boza. 

Lagarta, m'bamba. 

Lagartixa, ri-tende. 

Lagarto, sengué. 

Lago, ri-zanga. 

Lagosta, qui-ala. 

Lagrima, ri-soche. 

Lama, ri-cúa. 

Largar, cu-ambula. 

Largo, sancomuca. 

Largura, cu-sanzamuca. 

Lavar, cu-sucula. 

Leão, hoje. 

Lebre, cabulo. 

Lembrar, cu-t*chinguenca. 

Lenha, ji-ninhe. 

Levantar, cu-balumuca, cu-betula. 

Levantar-se, cu-fundumoca. 

Levar, cu-beca. 

Leve (ligeiro), lenguluca. 

Limpar, cu-conda, cu-sucula. 

Limpo, n^zela, n'conda. 

Lingua, ri-mi. 

Línguas, ma-rimi. 

Lobo, qui-n'bungo. 

Lodo, ri-lua. 

Lombriga, ri-buca. 

Louco, lage. 

Louva-adeus, capopolo, mucondo. 



VOL. U. 



Louvar, cu-t'chimana. 

Lua, ri-ége. 

Lua (A) mostra-se sem nuvens, ri- 

cge iato. 
Luz, luanha. 

M 

Maca, oanda. 

Macaco, ima. 

Machado, n'guimbo, guit'chalo. 

Macho, ri-ala. 

Macio, lenducatete. 

Madrugar, cu-rimeneca. 

Maduro, iabi. 

Mãe, mama. 

Magia, qui-leroba. 

Magro, n*bela. 

Maior (em idade), ri-cota. 

Mal, iba. 

Maldizer, cu-longolóla. 

Mamar, cu-ámoa. 

Mandar, cu-tuma, cu-zuela. 

Mandioca, qui-ringo. 

Manhã, qui-menemene. 

Manilhas, malunga. 

Mão, maço. 

Mão direita, maco-mu-cúria. 

Mão esquerda, maco-ma«quiasso. 

Mar, lunga. 

Marca, m^bica. 

Maré, n'vula. 

Maré cheia, nVula iata. • 

Maré vasia, n'vula iabo. 

Marrar, cu-luica. 

Mastigar, cu-)anguta. 

Matar, cu-jiba. 

Mato, mu-chito. 

Mau, tema. 

Medir, cu-zonga. 

Medo, uóma. 

Meio, uachachc. 

Mel, uique. 

i5 



386 



VOCABULÁRIO 



Menina, ca-quiáto. 

Menino, ca-iala. 

Mentir, cu-tamacuto. 

Mentira, macuto. 

Mercado, qui-tanda. 

Mergulhar, cu-ta-m'fimba. 

Mergulho, m'íimba. 

Mestre, messéne. 

Metade, cachache. 

Metter, cu-ta. 

Mez, m'beje. 

Miar, cu-rila. 

Mijar, cu-sassa. 

Mijo, masso. 

Milho, ri-sa. 

Milhos, ma-sa. 

Milho miúdo, massa-m'bala. 

Miolos, hongo. 

Misturar, cu-funga. 

Mó, mu-isso. 

Moeda, m*bongo. 

Moedas, jim-bongo. 

Moer, cu-nocona. 

Moita, ri-vunda. 
Molhado, n'zula. 
Molhar, cu-zula. 
Molle, nengana. 
Mondar, cu-sonzuela. 
Monte, mu-lundo. 
Monturo, ri-chita. 
Morar, cu-cala. 
Morcego, qui-m'biambire. 
Morder, cu-lumata. 
Morno, lubuca. 
Morrer, cu-fua. 
Morte, cúfiia. 
Morto, (feminino), iafo. 
Morto (masculino), uafo. 
Mosca, n'je. 
Moscas, jin-je. 
Mostrar, cu-riquiza. 
Mover, cu-tengueita. 
Mudo, ri-bubú. 



Mugir, cu-zila. 
Muito, dumba. 
Mulher, mu-hato, n'çási. 
Mulher casada, mu-hato. 
Mulher que trabalha, mu-ocana. 
Multidão, qui-puche. 
Mundo, mugongo. 
Muro, lumbo. 



N 



Nadar, cu-coqueá. 

Nádega, ri-taco. 

Nádegas, ma-taco. 

Namorar, cu-ta-ríbassa. 

Namoro, ri-bassa. 

Nariz, ri-suno. 

Nascer a planta, cu-sabuca. 

Nascer o homem, cu-rivala. 

Negar, cu-rituna. 

Negocio, uenje. 

Negro (adjectivo), itchi-querela. 

Negro (substantivo), m'bundo. 

Névoa, ri-mume. 

Ninho, qui-anzo. 

Nó, ri-bumbo. 

Noite, o-suco. 

Nome, ri-jina. 

Nora, baracaje. 

Novo, iobe. 

Nú, uazula. 

Nua, iazula. 

Nuca, ri-cuche. 

Numeroso, dumba. 

Nuvem, ri-tula. 

o 

Obrigado, saquirila. 
Obscenidade, n'daca. 
Obscenidades, jin-daca. 
Obsceno, n'daca. 
Observar, cu-tongueinica. 



N BUNDA 



387 



OíTensa, malebo. 

Officio, mufumo. 

Officios, miíiimo (?) 

Oiro, ulo. 

Olhar, cu-tala, cu-tongueinina. 

Olho, n*isso. 

Olho do pé, quínama. 

Olhos, ma-isso. (Pronuncía-se més- 

so.) 
Onça, hingo.(Designa-se em geral a 

panthera ou leopardo). 
Orelha, ri-tue. 
Osso, qui-fuba. 
Outono, cu-samano. 
Ouvir, cu-ivua. 
Ovo, ri-caque. 
Ovos, má-iaque. 



Pae, tatá. 

Pagar, cu-futa. 

Paiz, coche. 

Palavra, mu-longa. 

Palha, t' chita. 

Palma, mu-soco. 

Palma da mão, ri-cunda-ria-macu. 

Palmas, mi-soco. 

Palmeira, dende, rié. 

Panella, imbia. 

Panno, mulele. 

Panno tecido de vegetaes, mabella. 

Pão, m'bolo. 

Papagaio, n'cusso. 

Papo, ri-colocumba. 

Papyro, mabú. 

Parar, cu-imana. 

Parasita, lua. 

Parir, cu-avala. 

Partir (ausentar-se), cu-catuca. 

Partir (dividir) cu-uana. 

Partir de noite, cu-lcmbeca. 

Passar, cu-bila. 



Pátria, coche. 

Pau, mu-chi. 

Paus, mi-che. 

Pé, qui-nama. 

Pedaço, qui-chinhe. 

Pedir, cu-binga, cu-bomba. 

Pedra, ri-tave. 

Pegada, ri-canda. 

Pegar, cu-cuata. 

Peito, n'tulo. 

Peito (seio de mulher), ri-éle. 

Peixe, m'bije. 

Peixe fresco, m'bije-ia-lelo. 

Peixe mulher (Manatus), qui-anda. 

Pellado, cunuca. 

Pelle, qui-conda. 

Pendurar, cu-nhingue éneca. 

Peneira, qui-sessalo. 

Peneirar, cu-sessa. 

Penna, qui-sala. 

Pensar, cu-banza, cu-fíca. 

Pequeno, ofele, tete. 

Perder, cu-jimberila, cu-fula. 

Perdiz, n*guáre. 

Perguntar, cu-ibula. 

Perna, qui-nama. 

Persevejo, qui-isso. 

Pesado, cneme. 

Pesar, cu-eneme. 

Pescar com anzol, cu-lôa. 

Pescar com rede, cu-tamba. 

Pescoço, ri-t'chingo. 

Pessoa, mun-tu. 

Pessoas, a-to ou ban-tu. 

Pezar, mahulo. 

Pilão, qui-no. 

Pimenta, n'dungo. 

Pingar, cu-buba. 

Pintar, cu-t'chissa. 

Piolho, ina. 

Pisar com o pé, cu-riata. 

Plantar, cu-cuna. 

Pobre, ri-ama. . 



388 



VOCABULÁRIO 



Poço, i-t'chima. 

Pôde ser (talvez), t^chila, cu-cala 

ngó. 
Poder, cu-atena. 
Podre, n'bolo. 
Pólvora, fundanga. 
Pomba, ri-cmbe. 
Ponta, ri-sunga. 
Pôr, cuta, cutula-cu-ata. 
Pôr de parte, cu-mughenga. 
Pôr fóra, cu-teche. 
Porco, n'gulo. 
Porco espinho, qui-saca. 
Porco montez, ianvo. 
Porrinho, n*ghimbo. 
Porta, ri-bito. 
Portas, ma-bito. 
Possuir, cu-ava. 
Posta de peixe, tumba. 
Pote, ri-sanga. 
Pouso (de viagem), fundo. 
Povo, mun-tu. 
Povoação, sanza; quando capital de 

soba, banza. 
Prato, ri-longa. 
Preceder, cu-rianga. 
Precipitar (depositar), cu-quenzama. 
Precisar, cu-messena. 
Preguiça, usuri. 
Preguiçoso, suri. 
Prender, cu-cuica. 
Prensa, calaquelle. 
Preparar, cu-banga. 
Presença, polo. 
Presença (Na) de alguém, mu-polo- 

ia-muntu. 
Preso, cuica. 
Pretender, cu-acana. 
Primavera, cu-tano. 
Primeiro, ri-anga. 
Primo, panghé. 
Principe, mani, muene. 
Principiar, cu-mateca. 



Privação, obunga. 
Privado, quibunji. 
Procurar, cu-sota. 
Produzir, cu-ima. 
Prompto, longo. 
Provar, cu-lóla. 
Próximo, zucama. 
Publicar, cu-fumanena. 
Pular, cu-tumbuca, cu-subuca. 
Pulga, ina-ia-imboa.(Do mesmo mo- 
do piolho de cão.) 
Puro, cucuto. 
Puxar, cu-sunga, cu-mana. 



Quarto, inzo, monzo. 

Quarto de dormir, monzo-ia-quilo. 

Quebrar, cu-burica, cu-bula, cu-tu- 
lola. 

Queda, cu-ribala. 

Queimar, cu-bia, cu-sumica. 

Queixada, n'gandelo. 

Queixo, mu-ezo. 

Quente, temo. 

Querer, cu-andala, cu-t'chicana, cu- 
messena. 

Quiabo, qui-n*gombo. 

Quitandeira, mu-bare. 

Quitandeiras, a-bare. 



R 

Rã, qui-n'gololo. 
Rachar, cu-bassa. 
Raia (peixe), papa. 
Raio, n'zaje. 
Raiva, n'jcnda. 
Raivas, ji-n*jenda. 
Raiz, n*danje. 
Ralhar, cu-basela. 



N BUNDA 



389 



Ramo, n^tango. 

Rapariga, qui-lucmba. 

Rapaz, n*zanga, n'zangala. 

Rápido, mulengo. 

Raposa, m'bulo. 

Rasgar, cu-tandula. 

Raspar, cu-colola. 

Rato grande, ri-bcngo. 

Rato pequeno, mun-dongo, ca-mun- 

dongo. 
Rato do mato, n'puco. 
Rato de palmeira chitWjanghcle. 
Rebentar, cu basa. 
Receber, cu-tambulula. 
Recontar, cu-tangulula. 
Recostar-se, cu-sendalala. 
Rede (maca), oanda. 
Relâmpago, cuteluca. 
Remediof milongo. 
Remela, qui-póta. 
Repugnância, n'ghenghe. 
Resina, cocoto. 
Respirar, cu-buima. 
Responder, cu-curobulula. 
Revirar, cu-bilula. 
Revistar, cu-ongola. 
Ribombar, cu-cumina. 
Ribombo, cumina. 
Rico, nVama. 
Rio, mu-guije. 
Riqueza, cu-vúa. 
Rir, cu-elela. 
Riscar, cu-canda. 
Risco, mu-canda. 
Risonho, mu-ema. 
Rivaes, a-cajina. 
Rival, mu-cajina. 
Roca, qui-fuco. 
Roçar mato, cu-sola. 
Roças, a-rimo. 
Roda, conda. 
Roer, cu-cunha. 
Rogar, cu-bomba. 



Rola, ri-embe. 

Rolar, cu-cundumuna. 

Roncar, cu-cona, cu-mucona. 

Rua, n'zunga. 

Rugir (o leão) cu-rila. 



Saber, cu-ijia. 

Sacerdote, n'ganga. 

Sacudir, cu-cumuna. 

Sair, cu-tunda. 

Sal, múngua. 

Saltar, cu-tumbuca, cu-somboca. 

Sangue, manhinga. 

Sanguesuga, ri-zaie. 

Sanguesugas, ma-zaie. 

Sapo, ri-sundo. 

Sarampo, caíife. 

Sarna, cáhana, )i-cáhana. 

Saudar, cu-menequena. 

Seccar, cu-cucuta. 

Secco, cucuta. 

Sede, rinhota. 

Segredar, cu-cufeta. 

Segredo, feta. 

Segurar, cu-cuata. 

Semente, m'buto. 

Sementes, ji-m'buto. 

Senhor, n'gana, fumo, muave. 

Senhora, n'ga-muáto. 

Sentar-se, cu-t'chicama. 

Sentar-se de pernas cruzadas, cu- 

t'chicama ma-cáta. 
Sentir, cu-riusa. 
Separar, cu-mughenga. 
Sepultar, cu-funda. 
Sequestrar, cu-bunda. 
Sertanejo, mucu-ia-tunda. 
Sw-rtão, tunda. 
Silencio, rit^chibiena. 
Sino, n'gunga. 
Soberbo , ri-tula. 



Sgo 



VOCABULÁRIO 



Sobrar, cu-subuca. 

Sobrinho, muebo. 

Socar, pilar, cu-sula. 

Soffrer, cu-n'gonga. 

Soffrimento, n'gongo. 

Sogro, ocué. 

Sol, ricumbe. 

Sol (O) poz-se, rícumbe-riafo. 

Soltar, cu-jituna. 

Solteiro, ri-cure. 

Soluçar, cu-t*chucomuca. 

Soluço, qui-t'chuco-t*chuco. 

Sombra, qui-lumbequeta. 

Somno, quilo. 

Sonhar, cu-anda-n*zoje. 

Sonho, n'zoje. 

Soprar, cu-bussa. 

Sorte, muchinda. 

Sovaco, mu-cábia. 

Subir, cu-banda. 

Suja, iat'chirc. 

Sujar, cu-chirissa. 

Sujo, uat^chire. 

Sumir-se, cu-jiquinina. 

Surdo, mu-chilo. 

Surra, muchinga. 

Surrar, cu-chinga. 

Suspender, cu-betula. 

Susto, uóma. 



Tabaco, macanha. 
Taboleiro, qui-tanda. 
Tábua, ri-baia. 
Tamarindeiro, mu-tamba. 
Tamarindo, ri-tamba. 
Tambor, n'goma. 
Tanque, it*chima. 
Tapar, cu-futa. 
Tartaruga, qui-covo. 
Tecer, cu-leca. 
Tecto, hongo, ianzo. 



Teimar, cu-n'jiza. 

Teimoso, n'jisa. 

Tempo, ri-cumbe. 

Tenda ou barraca, casassamba. 

Tenro, n'zeta, tete. 

Ter, sê, saia, cu-cala, cu-ala. 

Terminar, cu-assuca. 

Terra, mapo, dunda. 

Tigela, ri-tamina. 

Tingir, cu-teca. 

Tio, tia, século. 

Tirar, cu-calula. 

Tirar do sol, cu-lola. 

Tocar, cu-t*chica. 

Tolice, cutoba. 

Tolo, toba. 

Tomar, cu-tambula, cu-zama. 

Tomar sentido, cu-aluca. 

Tomate, mate. • 

Tomates, ji-mate. 

Tornozelo, risso-ria. 

Torrar, cu-canda. 

Torto, n^hunga. 

Tossir, cu-cocôna. 

Tosse, quichinda. 

Trabalhar, cu-calacala, cu-socana. 
(Este verbo significa também os 
trabalhos domésticos da mulher 
casada.) 

Trapo, n^bomba. 

Trapo de toilette, n'zumbi. 

Travesseiro, n'peto. 

Trazer, cu-beca, cu-tama. 

Tremer, cu-tequéta. 

Trilho, pambo ? 

Tripa, mu-ria. 

Tripas, mi-ria. 

Tronco, muche. 

Tropeçar, cu-ribucana. 

Trovão, n'vula. 

Trovejar, cu-tonóca. 

Tubarão, mu-ando. 

Tumulo, qui-bila. 



N BUNDA 



391 



u 



Ubre (de vacca), qui-ele. 

Ultimo, suquinina, quinguinina. 

Umbigo, n'gombo. 

Unha, qui-ala. 

Universo, mugongo. 

Untar, cu-t'chissa. 

Útero, qui-saje. 



Vaccinar, cuta qui-n'gongo. 

Vadiar, cu-laleca. 

Vadio, qui-lalo. 

Vagaroso, qui-muanho. 

Valiado, nTjamba. 

Valente, qui-n'danda. 

Vara, ri-bamba. 

Varíola, qui-n'gongo. 

Varrer, cu-comba. 

Vasar, cu-baba. 

Vasio, cucuto. 

Vassoura, qui-ezo. 

Veia, mu-t*chiba. 

Velho (adjectivo), ocúlo. 

Velho (substantivo), qui-culacaje. 



Vender, cu-sumbissa. 

Veneno, oanga. 

Vento, qui-tembo. 

Ventosa, n'zungo. 

Ventre, ri-vumo. 

Ver, cu-mona, cu-tanghilila. 

Verdade, quiri. 

Verde, uisso, acansa. 

Vergonha, sonhe, ri-jino. 

Verme, m'bamba. 

Verruga, t*chimbolocoto. 

Vestir, cu-zuata. 

Vida, muenho. 

Vinho de milho, u-ala. 

Vinho de palmeira, maruvo. 

Vingar-se, cu-rifuta. 

Vir, cu-iza. 

Virar, cu-biluca. 

Viscosidade, n*zeza. 

Visitar, cu-acumunequena. 

Viuvo, mu-ture. 

Viúvos, a-ture. 

Viver, cu-muenha. 

Voar, cu-luca, cu-nhunga. 

Voltar, cu-vutuca. 

Vomitar, cu-lussa. 

Vou por terra, n*ghia-cu-tunda. 

Voz, rí-zue. 




l 



VOCABULÁRIO NUENJI' 



Apodrecer, cu-poriré. 

Apparecer, cu-támobona. 

Aprender, cu-líluta. 

Arder, cu-t'chÍ2a. 

Areia, messeque. 

Arimbo (lavra), mu-zimo. 

Arma, toboro. 

Arma de carregar pela culatra, to- 

boro-iá-cutoani. 
Arvore, (pau) cota. 
Assar, cu-bessa. 
Assentar, cu-na. 
Atar, cu-tama. 
Avarento, afani. 
Azeite, mafura. 



B 



Beber, cu-nôa. 



Comer, cu-t'chia. 
Correr, cu-titima. 

D 

Dormir, cu-lubala. 



Fugir, cu-saba. 
Fumar, cu-zuba. 



H 



Haver, cu-tabona. 



I 



Ir ou andar, cu-zamaia 



Parar, cu-luquema. 

Q 

Querer, cu-abata. 



Elephante, li-tou. 



Saltar, cu-tura. 



Ver, cu- bona. 
Vestir, cu-apára. 



* Os dialectos N'jenji e Cariuiana, i2o os faltados, ao que julgámos, na grande regifio do 
Barôze, sendo o ultimo talvez usado pelos amigos ma-cok>Io. 



i 



! 



li 



li 



VOCABULÁRIO GARANGANJA 



Alegre, liatócs. 
Algodão, mu-lecana. 
Alma (mortos), va-mufo. 
Alto, cu-leha. 

Alumiar, cu-minica. 
Amanhecír uaquerílôa. 
Amante, mu-cut'chia. 
Amargo, ussoca. 
Amarrar, cu-uba. 
Amigo (xneuj, muno-oamí. 
Andorinha, cafifia, 
Anno, muaca. 
Anoitecer, UU-cu-íiicula. 
Apagar cu -z ima. 
Apanhar, cu-lola. 
Apartar, ulaja-niculitulila. 
Apertado, Uacossa. 
Apodrecer, cu-iabóra. 
Apontar cu-inica. 
Apparecer, cu-mobona. 
Aprender, cu-libula. 
Aquecer, cu-tumessa. 
Arco (sertã), lu-cassa. 
Arder, cu-ratetna. 
Areia, masseque. 
Arimbo (lavra), mu-rimi. 
Arma, tobola. 
Arranhar cu-suenha. 
Arremessar cu-ela. 
Arrependido, nalípupa. 
Arvore (pau),qui-ti. 
Assar cu-sóca. 

Avarento, u-latana. 



Azas, ma-cara. 
A/eite, mafuto. 



Despir, cu-rula. 
Dormir, cu-laia. 



Fugir, cu-fiuca. 
Fumar, cu-péha. 

H 

Haver, cu-lobassL 

I 
Ir ou andor, cu-jia. 

s 

Saltar, cu'ZOmboca 

V 
Ver, cu-lola. 
Vestir, cu-apára. 



í 



p 

I 

I 

i 

I 






VOCABULÁRIO QUIOCO 



Abelhas, ma-puca. 
Agua, meia 
^ Alma, uafa. 
Arco-iris, congólo. 
Arma, uta. 

Arvore, (paus) mi-tondo. 
Assentar, cu-tuama. 
Avô, caca. 
Avó, cuco-mama. 

B 

Banco, mu. 
Barbas, uenvo. 
Barriga, d'jimo. 
Beber, cu-nôa. 
Beiços, ni-vumbo. 
Boca, canoa. 
Boi, n*gombe. 
Bonito, m'pema. 
Branco (cor), t*chitoma. 
Branco (homem), d*jungo. 
Braços, móce. 



Cabeça, mutoè. 
Cabellos, n cambo. 
Cabra, m*pembé. 
Cachimbo, m*peixe. 
Cadella, boloa-cáôa. 
Calor, matocota. 
Cama, mu-ghela. 
Cão, cáôa. 
Capim, muhambo. 
Cara, maquille. 



Carneiro, m'panga. 
Casas, mu-n'zúo. 
Cavallo (marinho), n*guvo. 
Chapéu de sol, caíiianda. 
Chuva, nvula. 
Cobra, lulóca. 
Comer, cu-ria. 
Coração, bunguè. 

D 

Deus, nzambi? 
Dentes, ma-se. 
Dia, tangua. 
Doente, canaínd)e. 
Dormir, cu-pomba. 



Elephante, n'djamba. 
Estrellas, tugonoche. 



Farinha, lupa. 

Feio, mupi. 

Filha, cuemba. 

Filho, camiquè. 

Fogo, caghia. 

Formiga, tunguenha-guenha. 

Frio, t*chica. 

Fumar, cu-ma. 



Gallinha, cassumbi. 
Gallo, demba-cassumbi. 



398 



VOCABULÁRIO QUIOCO 



H 



Homem, sunga. 



I 



Ir ou andar, cu-enda. 
Irmã, dum-boame. 
Irmão, ouèto. 



Lado direito, cut'chi-zumé. 
Lado esquerdo, cut'chi-meso. 
Leão, tamboé ou temboé. 
Lua, cacuje. 
Luz, deia. 

M 

Mãe, mã-ma. 
Mandioca, mucamba. 
Mão direita, zumc. 
Mão esquerda, messi. 
Mãos, minue. 
Mar, calunga. 
Meio dia, nonga-eimoala. 
Mel, uit*chi. 



xnei, uii cm. 
Mulher, pó. 



N 



Nariz, n*zuio. 



o 



Olhos, messo. 
Orelhas, má-t'chi. 



Pae, tala. 
Peito, pambo. 
Pernas, mólo. 
Pés, mi-uoé. 
Pescoço, cota. 



R 



Rio, n*guije. 
Rola, catelia. 



Sal, múngua. 
Sangue, manhenga. 
Soba, muene-n*gana. 
Sol, muálua. 
Sul, culuanda. 



Tabaco, macanha. 
Terra, mutifut*chi. 
Tia, tata-pó. 
Tio, mat*cho. 
Tipóia, uanda. 
Trovão, djoji. 
Trovoada, íundji. 



u 



Unhas, djala. 



Vacca, n*bôlo. 
Veias, ma-chahá. 
Verdade (É), fchaquênc. 



VOCABULÁRIO LUNDA 



Agua, meme. 

Agulha, càtumo. 

Amanhã, diamachica. 

Amante, mu-caje ; plural, a-caje. 

Amigo (meu), mu-run'ame. 

Amigo (teu), mu-run'ei. 

Amigos (meus), arun'ame. 

Amigos (teus), a-run'ei. 

Anoitecer, cu-t'chuco. 

Arco (seta), djiriau. (Setas?) 

Arma, uta ; plural, muta. 

Arvore, mu-tondo, (pau) mi-tondo. 



B 

Boi, n'gombe. 
Boi, (silvestre), m'bau. 
Branco (homem), mona-cu-meme 
(íilho da agua). 



Cabellos, d'ji-n'suque. 

Cabra, m*pembé. 

Caça (em postas), dji-riama. 

Caça, nama. 

Caças, a-nama. 

Cama, ulálo. 

Camas, ma-lálo. 

Caneca, lu-passa. 

Canecas, dji-en'passa. 

Canoas, ma-oato. 

Cão, cabo; plural, a-tubua. 

Capim, massuco. 



Carneiro, mu-cóco. 

Carneiros, ama-coco. 

Carregador (tipóias), t*chimangata. 

Casa, t'chi'cumbo. 

Casas, i-cumbo. 

Cavallo (marinho) n'guvo. 

Copo, lu-sumo. 

Copos, d'ji-sumo. 

Corça, n*cai. 

Corpo, mu-djumba. 

Coser (com agulha), cu-t'chima. 

Cosido (Está) uássuca. 

Cozinhar, cu-suca. 



D 



Dia, dichuco. 
Dias, ma-chuco. 
Dormir, cu-langala. 



E 

Elephantes, n'zovo. 
Enxada, lu-casso. 
Enxadas, djin'casso. 



Faca, n'passa. 
Facas, djin^passa. 
Fazendas, ma-suma. 
Feijão n*zengo. 
Feiticeiro, mu-ladji. 
Fogo, n^casso. 
Folhas, ma-iji. 
Fumo, cunanga. 



400 



VOCABULÁRIO LUNDA 



Gallinhas, a-n'zollo. 



H 

Homem, icunguè. 
Homens, ama-cunguè. 
Hontem, n'galoche. 



I 



Infundi, nico. 



Lenha, n'cunhe. 
Longe (É), palepe. 



M 

Machado, ca-sau. 
Machados, tu-sau. (?) 
Mandioca, candínga. 
Mão, t'chi-cassa. 
Mãos, ma-cassa. 
Mulher, mi-n^banda. 
Mulheres, n'banda. 



N 



Nuima (oryx), m'chilla. 



Nuimas, ama'chilla. 
Nuima garella, m'ceifo. 
Nuimas, ama*ceifo. 



O 



Olho, di-ce. 
Olhos, mô-ce. 
Orelha, di-to. 
'■ Orelhas, ma-to. 



Palanca antilope, t*chi-fembe. 
Palancas, i-fembe. 
Pé, mu-nto. 
Pés, mi-ento. 



R 



Rio, u-ita. 
Rios, ma-uita. 



Setas, dji-ineu. 

Sim senhor, muán-ini. 

Sol, mutenhe. 



Tabaco, ruanda. 
Terra, divo. 
Tipóia, moa. 



VOCABULÁRIO CA-LUIANA 



Cavallo (marinho), n'gufo. 



D 



Dormir, cu-langana. 



Feio, oatama. 
Feiticeiro, urot*chL 
Feitiço, n'ganga. 
Feixe, icundi. 
Fêmea, m^banda. 
Filho, moana. 
Flor, li-cumbi. 
Flores, mia-cumbi. 
Fogo, quesse. 
Folha, li-fo. 
Folhas, ma-fo. 
Folies, miniba. 
Fome, n*dala. 
Força, n'gofo. 
Formiga, tumôe-môe. 
Fraco, gufone. 
Fresco, t'cha6sosoma. 
Frio, t*chissica. 
Fugir, cu-temoca. 
Fumar, cu-féba. 
Fumo, t*chisse. 
Furar, cu-fumla. 
Furtar, cu-combe. 
Fuzo, t chitina. 



Gafanhoto, bimba. 

Gallinha, n'zolo. 

Gallo, li-corombollo. 

Gallos, ma-coromboUo. 

Gato do mato, caonzo. 

Gémeos (o que nasce primeiro), 
nhana-ca-cu-sema; (o que nasce 
segundo), nhana-ca-cu-atama. 

Gemer, cu-ima. 

Gengiva, caluvira. 

Giboia, boma. 

Gordo, oanuna. 

Grande, oénene. 

Grilo, canzenzL 

Gritar, cu-moanga« 

Grosso, chacatambi. 

Guardar, cu-sueca. 

Guellâ, caraça. 

Guloso, oassupa« 

Guerra, n'jita. 

H 

Herva, t'chicoco« 
Hombro, t'chi-péoca. 
Homem, n'jára. 
Hyena, n'ganga. 

I 

Ilha, li-seque-íatimda. 
Ilhas, ma-seque-iat\mda« 
Inchado, t'chanana. 
Infeliz, oabindamoa. 



voL. n 



402 



VOCABULÁRIO CA-LUIANA 



Inimigo, oatama. 
Inveja, ulinoa-ca-noquenje. 
Ir ou andar, cu-cnda. 
Irmã, mana-oaiala. 
Irmão, mana-cueto. 



Joelho, mendo. 



Lábio, cano. 
Laço, luobi. 
Lácraia, carique. 
Lado direito, sinarui. 
Lado esquerdo, canibau. 
Ladrão, u-combe. 
Lagartas, ma-cubi. 
Lagarto, cambo. 
Lago, cana-ca-calunga. 
Lagrimas, ma-zossi. 
Lama, iloba. 
Largo, clucatambe. 
Lavar, cu-cussa. 
Leão, mu-nhime. 
Lebre, calumba. 
Leite, maiére. 
Lenha, itiabo. 
Leve, t'chapepera. 
Limpar, cu-combora. 
Lingua, lilaca. 
Lobo, quimbo. 
Lodo, iloba. 
Lombriga, caboba. 
Louco, oassaluca-coloba. 
Lua, n'zoro. 
Luz, moera-cuessi. 



M 



Macho, iára. 

Macio, t'chassenena. 

Maduro, cuia. 

Mãe, ma-mãe. 

Magro, oago-cama. 

Maior, t*chicatampe. 

Mamar, cu-atama. 

Mandioca, macamba. 

Manhã, tete-mena. 

Manilha, m'buro. 

Mão direita, t'chaculida. 

Mão esquerda, quimosso. 

Mãos, ma-cassa. 

Mar, calunga-munêne, 

M assar, cu-cassa. 

Mastigar, cu-polocota. 

Matar, cu-t'cha. 

Mato, micula. 

Medir, cu-esseca. 

Medo, uoma. 
Mel, ut'chi. 
Menino, cauzi. 
Mentira, oalimba. 
Mestre, gangura. 
Metade, cat'chibele, 
Mez, n'zolo. 
Milho, cabaça. 
Miolos, quipuji. 
Molhado, chazula. 
Monte, pide. 
Morcego, capapa. 
Morto, mufo. 
Mosca, cadeanc. 
Mosquito, camama. 



Macaco, buia. 
Machado, sirepe. 



Querer, cu-t'chinga. 



Ver, cu-bona. 



índice 



Âbba, alto-azimuth, 25. 

Acampamento, abalada do, 3o. 

Acampamentos, modo por que eram 
construídos, 7. 

Acantaceas, em Quicongo, 88. 

Adansonia, género, 88. 

África, considerações sobre a escra- 
vatura, 54 e 55; observações geo- 
graphicas, magnéticas, meteoro- 
lógicas, etc, de, 269 a 352; subsí- 
dios para a fauna e flora de, 353 
a 373; dialectos em, 375 a 399. 

Alimentação, considerações sobre, 
157 e i58. 



Ambaca, morros de, 41 ; Lu-calla 
em, 182; producções cm, i85. 

Ambaquistas, considerações sobre 
os, 38 a 40. 

Aquiionda (lago), 144; considera- 
ções sobre, 145. 

Arachnidios, 28. 

Arundo phragmites, no Su-i, 10. 

Ateuchus africanuSj 28. 

Athene perlata, 184. 

Auctores, sua alimentação, 8; dis- 
curso feito aos ma-hunga, 76. 

Avelino Fernandes, 224. 

Aves, no N'guri, 1 5. 



B 



Ba-congo, tribus dos, 87. 

Bale, riacho do, 12; perigo das mar- 
gens do, 1 3. 

Ban-bondo, terras dos, 5. 

Ban-gaia, embaraços dos, 3; terras 
dos, 5; tentativa para os illudir, 
II. 



Bango, morros de Cassanje, 10; de 
Malanje, 40; sua ascensão, 41. 

Ban-sumbi, seus soí&imentos, 1 10. 

Banza-e-Lunda, em Cassanje, 12. 

Bao-babs, em Cassanje, 10; em Am- 
baca, 186. 

Basaltos, na serra Hengue, 1871 



404 



índice 



Bembc, caminho de Encoge, 148. 
Binda, loó. 
Boceta, 21. 

Bondo-ia-Quilesso, sitio de, 182; im- 
bundeiros em, 182. 



Borassus, 87. 

Buccorax caffer (?) no N*guri, 1 5 e 

210. 
Bulo Jango, sitio de, 182; vegetação 

e terras de, 182. 



Bondos, tabaco nos, 26; entomolo- ' B\imb2L^jagga de Cassanjc, 10. 



gia dos, 28; arvore perigosa dos, 
120 e 121. 



Buphaga erythrorrhyncha, 211. 
Burseraceas, em Quicongo, 88- 



Caballo, cachoeira de, 195. 

Cabcnda-Candambo, i5i. 

Cabeto, sitio de, 209. 

Cabullo, cataracta de, 199. 

Caçadores, furtivos, 104; fugida dos, 
107. 

Cachingc, serras de, 189. 

Cacol-Calombo, grutas em, 2o3. 

Caculo-Cabaça, i53; guerras com, 
i63. 

Cafuchila, primeiro soba do Hungo, 
68; confusões sobre, 69; questão 
com o guia em, 75. 

Cajinga, districto de, 10. 

Calamus florus, 86. 

Calanduia, do Ca-quilo, 12. 

Calundo, trilho de, 2o3. 

Gz/un^a-Canjimbo, soba, i52. 

Calunga-Kbotíáo^ presente força- 
do, 66 e 67. 

Calunga (N*Dombo Acambo), rei de 
Jinga, 5i. 

Camaxe, rio, i53; imprevidência fu- 
nesta, 154. 

Camba, rio, 141. 

Cambamba, libata de, 89. 

Cambaxe, soba, 63. 

Cambo, rio de, 24; suas origens, 25; 
seu percurso, 26; partida de, 29; 
rio, 141. 



Cambollo (Cangonga), jagga, 6; 
ban:{a do, 6; descripção da ha- 
bitação, 9; idéa sobre o jagga, 
9; presentes. 

Camicungo, rio de, 37. 

Camoaxi, rio de, 37. 

Gzni^-ia-Legho, 49. 

dnia-ria-Massango, na Jinga, 57. 

Candas, na Jinga, 52. 

Cawia-ia-Canzella, questão em, 57 
e58. 

Candumbo, senzala de, 195. 

Canna, no Danjc, 148. 

Cannabis sativa, 26; seus effeitos, 
27. 

Canoas, em Porto Real, i83; de 
m*badji, i83. 

Capambo (Tabanus), 19. 

Capanda, trilho por, 208. 

Capata-ieu, ninhos dos, 28 

Capelles, na Jinga, 52. 

Capiangos, 16. 

Capricórnios, 28. 

Caprimtãgidoe, familia, 180. 

Caprimulgos Shelleyi, 180. 

Capuchinhos, 145. 

Capulca, seus afazeres no campo, 7; 
proezas de, 55 e 56. 

Caquilla, ilha de, 195. 

Caríombo, rio, de 182. 



índice 



4o5 



Carregadores, fiiga de, 6i ; morte de 
um, 154; numero dos mortos em 
viagem, i56; enumeração dos, 195 
e 160. 

Cassai, filho da, 9. 

Cassai, rio, 100. 

Cassalla, morro de, 10. 

Cassanje, ultimo dia de residência 
em, i; carrapatos em, 3; atalho 
de oeste, vegetação, quadro pit- 
toresco em, 5; insalubridade de, 6 ; 
clima de, 23. 

Cassasio, serra de, 216. 

Cassoqui, estabelecimentos em, 2 1 8. 

Catalla Canjinga, 26. 

Catanha, terra de, 14; ao longo de, 
58. 

Cateco, o guia, 49; sua exposição, 
5o; na Jinga, 52; questões com, Sj, 

Catenda, serras de, 189. 

Catenha, morro de, 197. 

Catraio, o ajudante observador, 4; 
vigésima fuga da esposa, 4; seu 
esquecimento, 17; descuidos de, 
174 e 175. 

Catuma Caimbo, soba, i5i. 

Catuma Cangando, soba, 148; re- 
cepção e um incidente curioso, 
149. 

Cauali, rio, 145. 

Canda-ia-Lumbomho^ na Jinga, 60. 

Caughi, logar de, 209. 

Caxita, pedras de, 141. 

Celli, sertão do, 97. 

Cemitérios, em Cassanje, 6* 

Cha-cala, senzala de, 128. 

Cha-Landa, soba, 38. 

Cha-Massango, trilho por, 91, 

Chamcerops, 87. 

Chiça, 36; túmulos no, 37. 

Chili, pimenta do, 8. 

Chromis mossambicus, 200. 

Chromis Sparmanni, 197. 



Chronometros, considerações sobre, 
201 e 202. 

Cicadas, 28. 

Climatologia, da flora, 146. 

Cobras, encontro de, i3; susto pro- 
vocado por, 14. 

Cochlospennum angolensis^ 210. 

Comitivas, modo por que marcham, 
1 5 ; quibucas e m*bacas, 17 e 2 1 3 ; 
encontro de, 214. 

Concelhos da provincia, 2o5. 

Conclusão, 227 a 268. 

Condo, cataracta do, 199; conside- 
rações sobre, 199. 

Copla gentilica, i5i. 

Coradas espatulata, iii. 

Corythaix paulina, 28. 

Cosinetomis vexillarius, 160 e 180. 

Cosmogonia gentilica, 157. 

Costume curioso entre ma-hungo, 

l52. 

Creanças, considerações sobre os 
infantes gfricanos, 166 e 167. 

Crocodilos, historia de um, i56. 

Cryptogamicas, em Cassanje, 6. 

Cu-ango, cataractas do, 26; perdi- 
dos na margem do, 1 1 1 a 1 16; far- 
tura de mantimentos em, 119; 
hyppopotamos, fermentação pú- 
trida ali, 128; em lácca, 141. 

Cu-anza, considerações sobre, 195; 
fauna do, 196 a 198; duas palavras 
sobre, 222. 

Cu-gho, descoberta do, 87; aífluen- 
cia do Fortuna, 10 1 ; chegada a, 
137; origens do, 144. 

Cu-iji, rio de, 35. 

Cu-ilo, rio, 68 ; ponto de entrada no 
Cu-ango, i33. 

Cunga, viagem para, 223. 

Cimga-ria-Cunga, cachoeira de, 141. 

Cu-viji, rio, 93. 

Çynocephalus porcarius, 86. 



4o6 



índice 



D 



Danje, districto de, 145; canna e 
tabaco do, 148; nascentes do cau- 
ali, do Sussa e do Luando no, 1 52 ; 
subdivisão de Jinga, 5o. 

Danjc-ia-menha, sitio de, 217. 

Decamera-tonantis, 210. 

Dembe (Monnyrus Lhuisi), 200. 

Dembo (Naboangongo), 82. 

Dembos, terras dos, i53. 

Diário, extracto do, 64, 65, 102, i23 
a 126, i35 e i36. 

Domingos (carregador, N'jinji), 4; 
chorosa despedida de, 4. 



Dondo, chegada a, 221 e 222. 

Dongo, subdivisão de Jinga, 5o; che 
gada a, 221 e 222. 

Dumba (soba), terra do, 217. 

Duque de Bragança, concelho de, 
5; chegada a, 44; partida de, 47, 
posição do, 162; seu estabeleci- 
mento, i63; fertilidade e clima, 
164; povoadores, 164; volta ao, 
168; explicações sobre, 169; fogo 
no acampamento do, 171 a 174; 
partida do, 178; insectos em, 206. 

Dembei, na Jinga, 52. 



Edetnonas, no Lu-i, 10. 
Elais, 87. 
Eleini, 86. 

Empacaceiros, 211 e 212. 
Encoge, pambo de, 148. 
Ento:foarios, notável exemplar, 206. 
Eriodendron anf., em Quicongo, 88, 
148 e 210. 



Erithrinas, 210. 

Eschinomenes, no Lu-i, 10. 

Euphorbiaceas, em Quicongo, 88. 

Euprepes Ivensi, 197. 

Extractos do diário, cm 6 e 7 de 
maio, 64 e 65; em 26 de maio, 
102; em 28 de maio, i23 a 126; 
em 8 e 10 de junho, i35 e i36. 



Faba, rápidos de, 44. 

Fauna, subsidios para a fauna afri- 
cana, 353 a 370. 

Fetos, nó Lu-i, 10. 

Figueiredo (António de), 57. 

Finde, plateau do, 146; caminho do, 
147. 

Flora, zonas climatológicas no Hun- 
go, 146; subsídios para a flora afri- 
cana. 370 a 3'73. 

Formigas, espécie mal cheirosa, 2c. 



Fortuna, mu-sumbi, 97. 

Fortuna, rio, 96; descoberta do, 97; 

perdidos nas margens do, 98. 
Fructos indígenas, 33; perigos dos, 

34. 
Fugeras, em Quicongo, 88. 
Funante, 24. 

Funda-Imbi, senzala de, i5i. 
Fundamento, em Cassanje, 6. 
Fundos, sua disposiçãc, 7. 
Futa, terras de, 87. 



índice 



407 



Gamba, rio, 19. 
Gongôlo, 28. 



* Guingas, pedras de, 190 ; limite leste 
de Pungo N'dongo, 191. 



H 



Hango, terreiro do, 182. 

Heleji, rio, 188; bifiircação dos ca- 
minhos, 188. 

Heinichromis angolensis, 200. 

Hcngue, basaltos em, 187. 

Hcrminiera E,y i3. 

Holo, trilho do, 82 e 148. 

Horários, no Duque, 161. 

Huicwnbamba (Caprimulgo Shel- 
leyij, 180. 



Flunga, porto de, 192. 

Hungo, terras do, 71 ; seus habitado- 
res, cores, penteados, uso do ta- 
baco, processo para favorecer o 
inhalamento, 72; as mulheres, 78; 
desprezo pelo vestuário, habita- 
ções, 74; vegetação ali, 89; limite 
do, 90; ílora no, 148; porto do, 
192; distracções em, 194. 

Hyphcene, 87. 



I 



lácca, 91 ; informações acerca d'este 
povo, seus usos e originalidade 
dos penteados, 1 23 a 126; o rom- 
per do dia ali, 127. 

Ibari N'Kutu, 141. 

leú, 28. 



Imbundeiro, notável em Pungo 
N'Dongo, 192; no trilho do Don- 
do, 210. 

Indígenas, considerações sobre, 214 
e 2i5. 

longo, districto de, 12. 



Jagga, Cambollo, G, 8 e 9; Bumba, 
10; dos Bondos, 12; presente do, 

14- 
Jimbolamento, no Cambollo, 9. 

Jindiingo, pimentas, 8. 

Jinga, projecto de atravessar a, 4; a 
caminho da, 48 ; descnpçáo da, 5o ; 
população, monarcha, aristocra- 
cia, 5i e 52; chuvas na, 61. 



Jingas, algibeira dos, 53 ; sua desi- 
gnação, 53; pannos dos, 59; habi- 
tação dos, 60. 

José de Seabra da Silva, 192. 

José, o guia, 4; novo processo de 
afastar as cobras, 14; um tio de, 
36 ; descobertas importantes, ale- 
gria que produziu o aparecimento 
de, 104 e io5. 



4o8 



índice 



Landolphias, cm Quicongo, 89. 
Lcmba (a mulher de Mutu), 117 e 

119. 
Liamba, 26. 

Lianzundo, cataracta de, 44. 
Li vingstone, curiosa descoberta, 199. 
Lombe, rio, 190; ponto de aflluen- 

cia no Cu-anza, 190; cm Caballa, 

202; do Motta, 202. 
Lu-amba, terras de, i52. 
Luanda, noticia sobre, 223 ; chegada 

a, 224; recepções c distincçóes ali 

recebidas, 224 e 225. 
Luango (senzala), 10. 
Lu-angue, rio, 1 00. 



Lubenda, senzala de, 129; dansas 
em, 129. 

Lu-calla, rio, 44; margens do, 48; 
origem do, i52; valles e campos 
marginaes do, i56. 

Lucta, entre indígenas, 24; conside- 
rações sobre, 25. 

Luena, serra de, 220. 

Lnghias, 32. 

Lu-handa, rio, lagoas salgadas, 14. 

Lui-i, rio em Cassanje, 5; suas mar- 
gens e vegetação, 10. 

Luiza, quedas, 141. 

Lungue, divisão do, 1S8. 

Lu-oje, rio, 147. 



M 



Macacos, no Hungo, 8G. 

Macolo, rio, i3i. 

Macume-N^jimbo, terras de, 87 e 144; 
nascente do Cu-gho, 87. 

Ma-cunhapamba, 28. 

Mafungo, senzala de, 128. 

Mahabo, senzala de, 66. 

Ma-hungo; 72 : discurso dos, 76; cer- 
cados por, 80; exigência dos, 82 ; 
discussões com, 83. 

Malanje, concelho de, 37; chegada 
a, 40. 

Ma-libimdo, 29. 

Ma-hmga, na J ingá, 52. 

Maluvo, brindes de, 106; processo 
para extrahil-o, 143. 

Malvaceas, no Quicongo, 88. 

Manatus senegalensis, 1 98. 

Ma-n^cuba, 3. 

Mandioca, gosto da, 25. 



Mangongo, libata de, 89. 

Man tis, 28. 

Mapemba, rio, 107. 

Marchas, modificações nas, 192 e 
193. 

Mariangas, em Cassanje, 5 ; na li- 
bata de Cambollo, 9. 

Ma-songo, comitivas de, 1 5 ; discus- 
sões com, 16. 

Matamba, subdivisão daJinga, 5o; 
districto de, 147 e i52. 

Ma-tomu^umos, na Jinga, 52. 

Ma-tutatinwi (Atexichiis africamis), 
28. 

Ma-inn'!, 28. 

Afbacas, em Africa, 17. 

M'bangarala (Cicadas), 28. 

M*brichc, rio, 148. 

Mctroxilon, varas da, 92. 

Moaza-N*gombe, rio, 100. 



índice 



409 



Mocambe, ao longo da serra de, 228. 

Mona-N'Gola, denominação dos j in- 
gás, 53. 

Monnyrus IJndsi, 200. 

Mortalidade emMalanje e Cassan- 
je, 37. 

Mosca, do boi, 19. 

Mpafu, 86. 

M'pembas, na Jinga, 52. 

Miiaca (Hemichromis angolensis), 
200. 

Mu-an^a, 32. 

Mu-canda, dos ambaquitas, 40. 

Mu-cano, 6. 

Mucari, rio, 37. 

Mu-chito, no Hungo, 86; em Qui- 
corigo, 92. 

Muco N'Gola, denominação dos jin- 
gas, 53. 



Mucole-Maiale, senzala de, i5i. 
Mucole-Quipanzo, senzala de, 86. 
Mucuna, rio, 66; perdidos em, 66. 
Mu-curulumbia, 28. 
Muene Puto Cassongo (Quianvo), 

120. 
Muen^iche, na Jinga, 52. 
Mu-liamba, de ambaquista, 40. 
Muhambo, rio, 10; chuva em, 10. 
Muhunzo, serra, 41. 
Munda, senzala de, i52. 
Muntalandonga (Euprepes Ivensi), 

198. 
Mussalla, rio, 122. 
Muta, sitio de, 216. 
Mutemo-Ambuilla, i52. 
Mu-topa, 26. 
Mutu, 119. 
Mutula, rápidos de, 194. 



N 



Naja (?) i3. 

N'burututo, 210. 

N'cusso, 125. 

N'Dala Quissua^ jagga dosBondos, 
24. 

N'Dala Samba, 36; linha divisória 
de aguas, 37. 

Ndengue, 4. 

N'dui (Decamera-tonantis), empre- 
go que lhe dão os indígenas, 210. 

Negocio, tendência dos indígenas 
para o, 16. 

Ncnuphares^ em Cassanje, 5. 

Ncphila bragantina, 28. 

Ngana Nzendo, soba, i52; óbito 
em, i52. 

N' ganga- ia-puto, 43; considerações 
sobre, 43. 

Nganga Nzumba, soba, 14. 

Nganga, riacho, 124. 



Ngola-n^bóles, na Jinga, 56. 

Ngola Quituche, soba, 194. 

N golas (Quilluanjes Quiassambas), 
5i. 

N*gumbe, 28. 

N^gungiiachito, 210. 

N'guri, districto do, 10; viagem para 
o, 12; diíTiculdades do caminho, 
12. 

Nhangue-ia-Pépe, cabeços e cerros 
de, 216. 

N^hongos districto dos, 216. 

Niger, bacia do, 233. 

Nimia Luco-em (?), 232. 

Noitibós, 180. 

Nota explicativa dos methodos em- 
pregados nas observações, 283 a 
287. 

Nymphaceas, em Quicongo, espé- 
cies numerosas de, 88. 



410 



índice 



O 



Obsen'açóes meteorológicas, 290 a ! Orchideas epidendres, 88. 

337; magnéticas, 339 a 349. Otubo, encargo especial, 7; roubos 

Odonata, 28. de, 172. 



Pacaça Aquibonda, divisão da Jin- 

ga, 5o; districtode, i52. 
Palanca, pedras de, 216. 
Palancas, em Quicongo, 109. 
Pamba, visita a, 1S4; descripção e 

considerações sobre, i85 e 186. 
Pambo, 60. 

Panibo, de Encoge, 148. 
Pambos, no Dondo, 221. 
Papa, serras de, 182. 
Papyrus, em Cassanje, 5. 
Paschoal (Narciso António), 4. 
Pedras Negras, a caminho de, 186. 
Peinde, terras do, 21. 
Peixe mulher (Manatus senegalen- 

sis), 198. 



Pelopceus spirifex, 2q; noticia so- 
bre, 20. 

Penteados, em lácca, 121 e 12 5. 

Petro, senzala, i5i. 

Porto Real, i83; novo género de 
canoas, i83 

Praça velha, i83. 

Processos, systema seguido em Afri- 
ca, 56 e 57. 

Ptyelus olivaceus, 179. 

Pulex penetrans, 206. 

Pungo N'Dongo, pedras de, 189, 
constituição geológica, 190; con- 
siderações sobre, 190; notáveis 
pegadas em, 191; villa de, 192; 
ventos em, 207 ; partida de, 208. 



Queimadas, no Hungo, 85. 

Quiangolo, ilha de, 195. 

Quianvo (Muene Puto Cassongo), 

120; residência do, i33. 
Quibinda, logar de, 199. 
Quibucas, em Africa, 17; luctas, 24. 
Quicanga, senzala de, i5i. 
Qui-colos, 195. 
Quicongo, districto de, 87; aspecto 

e vegetação, 88; perdidos em, 92; 

desertos de, 94; sofTrimentos ali 

experimentados, 95; novamente 



perdidos em, 102 ; rápida fermen- 
tação em, 129; sofrimentos em, 
i3o; luctas com o guia, i3i. 

Quicunji, cachoeira do Cu-ango, 
140 e 141. 

Quifíicussa, soba, 26. 

Qui-jinga, na Jinga, 52. 

Qidlluanjes, na Jinga, 52. 

Quilulo, serras de, 189. 

Quimana, aldeia de, 148. 

Quimbamba (Cosmetornis vexilla^ 
riusj, 180. 



índice 



41 1 



Quimbaxe, rio, 64 e 178. 
Quinbungo Quiássama, 5o. 
Quissaquina C aboco, cachoeira de, 

216. 
Quissongo, velho do Biè, i55. 
Quitanguca, aldeia de, i5i. 
Quitaxe, cachoeira de, 199. 
Quiteca-N*bungo, terras de, 87. 
Quitoche, pedras, de 190. 



Quitoeto, morros de, 197. 
Qitituche, 6. 
Quitumba-caquipungo, banza de 

Cassanje, 12. 
Qui'Vwi, 137. 

Quizau Malunga, senzala de, 87. 
Quizengamo, quilolo do Quianvo, 

122; primeira vizita na margem 

do Cu-ango, 12 3. 



R 



Rana ornatissima, 201. 

Raparigas, da caravana, 117; con- 
siderações sobre, 118; «casamen- 
tos, 1 19. 

Raphael Gorjáo (Manuel), 223. 

Raphias, no Hungo, 86; em Quicon- 
go, 88; zonas onde existe, 146. 



Rãs, ruido especial das, 5. 

Resumo das observações magnéti- 
cas, 35i e 342. 

Rios, difficuldade da sua passagem, 
89; no Cu-gho, 89. 

Roberto Franco (José), 225. 

Riíbiaceas, em Quicongo, 88. 



Sá da Bandeira, mappa de, 199. 
Samba Cango, 181; notável edital, 

181. 
Sanza Manda, sitio de, 209. 
Sapos, ruido dos, 5. 
Scarabens, 28. 
Schutt (Otto), II. 
Sciencias naturaes, resumo dos tra- 

L alhos, 353 e 370. 
S^:ops leucotis, 184. 
Scopus umbretta, 21 1. 
Seda, em Africa, 188. 
Sengue, sitio de, 216. 
Serpa Pinto, primeira noticia sobre, 

192. 
Shinge (Xinge?), terras do, 21. 
Silva Americano, vapor, 223. 
Silvério (A.), 44; sua residência, 45 ; 

chefe do Daque de Bragança, 1 58 ; 



lantar com, 164; animaes de, 179; 
despedida, 208 e 209. 

Sobas, um compadre, i65; cegos, 
194. 

Sobetas, questões com, 38. 

Songanhc, aldeia de, 148. 

Songo, planicies do, 196. 

Sosso, naturaes do, 145. 

Sousa (António de), 223. 

Spathodea campanulata, 148. 

Spirostreptus gongòlo, 28. 

Suco-ia-muquita, cataracta do Cu- 
ango, 126. 141. 

Suco-ia-n'bundi, cataractas do Cu- 
ango, 26. 

Sussa, rio, 147. 

Sy cômoros, em Cassanje, 2. 

Synagris comuta, as suas mordedu- 
ras, 19 e 28. 



412 



índice 



Tabeliãs, de temperaturas e profun- 
didades, 263 a 266; de determina- 
ções geographicas, 270 a 279; de 
altitudes, 281 ; de instrumentos em- 
pregados, 287; de observações 
magnéticas, 339 a 349; de obser- 
vações meteorológicas, 390 a 397. 

Tacula, na Jinga, 58; emprego da, 

59. 

Tala-Mogongo, quebrada de, 5 ; ata- 
lho em, 20; sua vegetação, 20. 
Tanagra erythrorrhyncha, 210. 
Telphusa AnchietiVj 196. 



Telpltusa Bayoniana, 196. 

Tembo Aluma, soba, 3o. 

Thalweg, dos riachos de Cassanje, 
5. 

Thyphos, em Cassanje, 5. 

Tibre, lagoa do Hungo, 78; consi- 
derações á beira de, 79; perse- 
guidos por ladrões, 80. 

Tipóias, perigos das, 187. 

Tira-olhos, 28. 

Tito (Pedro de Almeida), 224. 

Tuaza, cachoeira de, 141. 

Tunda, sertão da, 97. 



u 



Umba (namorada de Domingos), 4. 
lindado, na Jinga, 52. 
Unguiji, rio, 106. 
Uta, i3. 



Uta-ia-ma^a, i3; processo feiticeiro 
para a afastar, 14. 

Utumba, immenso charco, 33; que- 
da no, 33. 



Vasco Guedes de Carvalho e Me- 
nezes, 223. 

Viagens, cm Africa, 114; sofFrimen- 
tos experimentados nas, 144; con- 
siderações sobre as, r 1 5 ; 

Viajantes, modificação de caracte- 
res, 99; considerações, 100. 

Viciarias, em Cassanje, 5. 

Viduas paradiseas, 180. 

Vocabulários, de n'bunda, 377 a 391; 
de difiTerentcs dialectos, 392 a 399. 

Von Mechow, encontro com, 218; 
dialogo estabelecido, 219; despe- 
dida, 219. 



Fwwiíi-ia-Buta, na Jinga, 63; soba, 
i53; valor da vida de um homem 
ali, i55. 

Fwwiti-ia-Cassanda, i56. 

Vwída-iti-Ebo^ enterro em i56. 

Ti/nij-ia-Miquenha, na Jinga, 03. 

Fi/wirt-ia-Navuia, na Jinga, 63. 

rwwJa-ia-N^gola-Quilluanje, na Jin- 
ga, 63. 

FM;í4fa-ia-T'chirimbimbe, ió6. 

Fwniti-ia-Vimda-N*gola, soba. im- 
portante, l52. 

Vundas, na Jinga, 5i. 

Vunji, serra de, 182. 



índice 



4i3 



X 



XilophageSj 28. 



Xinge (Shlnge), terras de, 21. 



Zamba, cataracta, 141. 
Zombo, naturaes do, 145. 
Zt/nJo-ia-Cassungo, na Jinga, 60. 



Zw?íio-ia-Faco, 48; aptidões marce- 
neiras, 49. 
Zundos, na Jinga, 52. 




: 









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LIN. 


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285 


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286 


12 


286 


38 



ERRATAS 



ERROS CORRECÇÕES 

fDasypogon Capambo ?J ( Tabanus Capambo) 

Luba Lisboa 

declinação inclinação 

intensidade consiste na intensidade é mínima no 
minima do globo globo 



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412 



índice 



Tabeliãs, de temperaturas e profun- 
didades, 263 a 2ÓÒ; de determina- 
ções geographicas, 270 a 279; de 
altitudes, 28 1 ; de instrumentos em- 
pregados, 287; de observações 
magnéticas, SSq a 849; de obser- 
vações meteorológicas, 890 a 397. 

Tacula, na Jinga, 38; emprego da, 
59. 

Tala-Mogongo, quebrada de, 5 ; ata- 
lho em, 20; sua vegetação, 20. 

Tanagra erythrorrhynchãj 210. 

Telphusa Anchietcv, 196. 



Telphusa Bayoniana, 196. 

Tembo Aluma, soba, 3o. 

Thalweg, dos riachos de Cassanje, 
5. 

Thyphos, em Cassanje, 5. 

Tibre, lagoa do Hungo, 78; consi- 
derações á beira de, 79; perse- 
guidos por ladrões, 80. 

TipoiaSj perigos das, 187. 

Tira-olhos, 28. 

Tito (Pedro de Almeida), 224. 

Tuaza, cachoeira de, 141. 

Tunda, sertão da, 97. 



u 



Umba (namorada de Domingos), 4. 
UudadOj na Jinga, 52. 
Unguiji, rio, 106. 
Uia, i3. 



iro 



Uta-ia-ma:^a, i3; processo feiticei 
para a afastar, 14. 

U tumba, immenso charco, 33; que- 
da no, 33. 



Vasco Guedes de Carvalho e Me- 
nezes, 223. 

Viagens, em Africa, 114; soffrimen- 
tos experimentados nas, 144; con- 
siderações sobre as, 1 1 5 ; 

Viajantes, modificação de caracte- 
res, 99; considerações, 100. 

Victorias, em Cassanje, 5. 

Vidiias paradiseas, 180. 

Vocabulários, de n'bunda, 377 a 391; 
de differentes dialectos, 392 a 399. 

Von Mechow, encontro com, 218; 
dialogo estabelecido, 219; despe- 
dida, 219. 



Twwífj-ia-Buta, na Jinga, 63; soba^ 
i33; valor da vida de um homem 
ali, i55. 

Fimífii-ia-Cassanda, i36. 

FM;7ifa-ia-Ebo, enterro em i56. 

T «7;íía-ia-Miquenha, na Jinga, 03. 

Fwwíía-ia-Navuia, na Jinga, 63. 

rimífa-ia-N'gola-Quilluanje, na Jin- 
ga, 63. 

Fw;ííídi-ia-T'chirimbimbe, 166. 

í'w;ít/í2-ia-Vunda-N'gola, soba- im- 
portante, l52. 

Vundas, na Jinga, 5i. 

Vutijij serra de, 182. 



índice 



4i3 



X 



Xilophages, 28. 



Xinge (Shinge), terras de, 21. 



Zamba, cataracta, 141. 
Zombo, naturaes do, 145. 
Ztmio-ia-Cassungo, na Jinga, 60. 



Zim^o-ia-Faco, 48; aptidões marce- 
neiras, 49. 
ZúndoSj na Jinga, 52. 




ERRATAS 



PAG. LIN. 



ERROS 



CORRECÇÕES 



19 4 fDasypogon Capambo?) (TabanutCapambo) 

385 i3 Luba Lnboa 
286 13 declinação inclinação 

386 38 intensidade consiste na intensidade c minima no 

minima do globo globo 




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